quarta-feira, fevereiro 04, 2009

PARA....HIHIHIHI

 É cara ou Coroa!
 
  Para os caras Madurões por ai!
 
 O cara, madurão, na faixa dos 60 anos de idade... sai com
 aquela gata e a leva a um restaurante de 1ª linha, depois a uma
 danceteria idem
  acabam no melhor motel da cidade, um duplex com piscina,
  hidro e solarium.
  Depois do bem bom, para impressioná-la, dá um lindo anel de ouro a ela.
 Após mais umazinha, fumando um cigarro e dando um tapa no
 whisky 12 anos, ela pergunta:
 - Benzinho, você me acha cara?
  E ele responde na hora:
 - Meu amor, na minha idade não tem jeito:
 ou é cara ou é coroa.
Enviada por apolo

PAINEL

Notícias populares


Folha de S. Paulo - 04/02/2009
 

Está na página 252 da mensagem que Lula enviou anteontem ao Congresso Nacional: entre as "principais ações" na área de comunicação, o governo pretende produzir neste ano uma coluna denominada "O Presidente Responde", para distribuição aos chamados jornais populares, que respondem por cerca de 50% da circulação média dos maiores diários do país.
Além disso, a mensagem diz que haverá "produção de entrevistas gravadas do presidente para divulgação nas rádios regionais antes das viagens presidenciais". A intenção é anunciada no ano que antecede as eleições presidenciais, um dia antes da divulgação de mais um recorde de popularidade de Lula -e pouco mais de 12 meses após a entrada no ar da TV Brasil.

Lista
Na mesma mensagem, o governo anuncia os projetos que priorizará no Congresso: entre outros, o que altera o funcionamento das agências reguladoras, o que limita despesa com pessoal e encargos sociais, o que cria o cadastro de bons pagadores no comércio, o que altera a Lei de Licitações e, mais uma vez, o da reforma tributária. 

Dominado
Caiu ontem o último remanescente da era Paulo Lacerda à frente de uma superintendência da Polícia Federal. Foi exonerado o delegado Anderson Rui Fontel, que comandava a PF no Amapá. Antes dele, no último dia 20 de janeiro, Delci Teixeira (Paraná) deixou o posto. Agora, todos os 27 superintendentes são fruto de nomeação do atual diretor, Luiz Fernando Corrêa. 

Novos tempos
Deputados comentavam ontem que, desde a eleição de Michel Temer (PMDB-SP) na Câmara, até a escolha do novo líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), mudou o perfil da articulação governista. Motivo: a avaliação é que o petista é um dos poucos na bancada que, assim como Temer, mantém boa interlocução com o governador José Serra (PSDB-SP). 

Interminável
Tião Viana (PT-AC) se irritou por ter sido comparado por Romero Jucá (PMDB-RR) ao ex-candidato republicano John McCain. "McCain é herói de guerra. Nervoso ficaria de ser chamado de Romero, o avicultor", disparou. Jucá foi acusado de ter pego financiamento para um abatedouro de frangos inexistente. Ele nega. 

Ao vivo
O segundo dia de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado foi acompanhado de perto por uma equipe da TV Mirante, de propriedade de sua família.

Lotes
Sarney deve criar o cargo de líder da minoria (oposição) no Congresso, com estrutura própria de assessores, e destiná-lo ao DEM como pagamento ao apoio recebido. O favorito ao posto é Efraim Morais (PB). 

Coruja
Em sua festa da vitória, o peemedebista relatava a senadores que o bisneto Rafael, 7, havia acordado cedo e colocado terno para acompanhar sua vitória pela TV. 

Trincheira
Observadores que acompanharam a inédita eleição dos trio de senadores do Piauí -Heráclito Fortes (DEM), João Vicente Claudino (PTB) e Mão Santa (PMDB)- para a Mesa do Senado notaram clara tentativa de montar um "front" para resistir à provável candidatura do governador Wellington Dias (PT-PI) à Casa em 2010. 

Briga no ninho
Do deputado tucano Antonio Carlos Pannunzio (SP) contra a articulação de José Aníbal (SP) para se reeleger, hoje, líder da bancada: "Mudar as regras [para permitir a reeleição] no dia da eleição é golpe de Estado. Um tucano que tem ética e respeita o estatuto do partido jamais chegaria a esse ponto". 

Visita à Folha
Alan Charlton, embaixador do Reino Unido no Brasil, visitou ontem a Folha. Estava com Martin Raven, cônsul-geral britânico em São Paulo.

Tiroteio 

"
Diante de tudo o que o José Nery e o seu partido sempre pregaram, tenho certeza de que o senador veio para Brasília de cegonha."

Do senador WELLINGTON SALGADO (PMDB-MG), ironizando a carona que José Nery (PSOL-PA) pegou em um jatinho particular para chegar a tempo à votação de anteontem, em Brasília.

Contraponto

Torre de Babel

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, causou confusão na reunião ministerial de anteontem. Ao falar da diferença entre o juro pago pelos bancos ao investidor e o cobrado do cliente, Meirelles afirmou que a Nossa Caixa, vendida recentemente pelo Estado de São Paulo ao governo federal, liderava o ranking do "spread".
-Mas é a "nossa" Caixa?-, questionou Dilma Rousseff (Casa Civil), se referindo à Caixa Econômica Federal.
-É, a Nossa... quer dizer, não, é a caixa "deles"!-, explicou Meirelles, que ouviu de colegas: "Mas agora é a "nossa" Caixa". Guido Mantega (Fazenda) resolveu ajudar:
-Não é "nossa". A nova diretoria ainda não assumiu.

GOSTOSA


COMIDA JAPONESA

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FERNANDO RODRIGUES

Janela de oportunidade


Folha de S. Paulo - 04/02/2009
 

A história é pródiga de exemplos políticos em que o grande reformador de direita é o político de esquerda e vice-versa.
Foi o republicano Richard Nixon o responsável pelo reatamento dos EUA com a China comunista.
Os democratas Bill Clinton, Robert Rubin e Larry Summers (hoje com Obama) foram os ideólogos da liberação das fusões entre bancos comerciais e de investimento, um dos motores da crise financeira atual. No Brasil, a ortodoxia econômica só se estabeleceu, de fato, com o petista Lula no poder.
Agora, no Congresso, abre-se uma janela de oportunidade semelhante. Nada se espera do PMDB no comando da Câmara e do Senado. O passado da legenda é um filme de terror. Não há como sustentar qualquer previsão otimista. Sem falar da aliança de interesses obscuros salivando no entorno de José Sarney e de Michel Temer.
É a chance perfeita para os dois nomes à frente do processo. Sarney, 78 anos, e Temer, 68, chegaram a um ponto de suas carreiras políticas no qual podem se dar ao luxo de arriscar mais.
Ambos ao tomar posse fizeram os discursos convencionais de sempre. Sugerem encaminhar a reforma política, a tributária. Falam em mais transparência e em aproximar o Congresso dos eleitores.
Seria ingênuo acreditar na liberdade de Sarney e de Temer para patrocinar determinadas reformas. Mas os dois têm, de longe, muito mais autonomia do que a imensa maioria dos congressistas.
O regime dentro do Congresso é presidencialista. Quando os presidentes da Câmara e do Senado querem algo, é meio caminho andado. Se Sarney e Temer enfrentarem o desafio de derrubar as resistências de sempre, daqui a dois anos sairão maiores do que entraram. Se deixarem prevalecer a política miúda, confirmarão tudo o que já foi dito e escrito sobre o PMDB.

INFORME JB

A pauta polêmica do novo PDT


Jornal do Brasil - 04/02/2009
 

O PDT ESTÁ DE cara nova na Câmara. Alçado a líder da bancada de 25 deputados, Brizola Neto (RJ), 30 anos, quer mostrar trabalho. Ao estilo do saudoso avô, aparece com discurso pró-trabalhismo. E na esteira, duas pautas polêmicas. Respaldado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, gerentão do partido, Neto vai debater com líderes a ideia de ressuscitar projetos que são pesadelos de tubarões. Um deles dorme numa comissão do Senado. É uma proposta de Aloizio Mercadante (PT-SP) que regulamenta o fluxo de capitais. Outro é do Executivo, mas do então presidente João Goulart, e descansa num gaveteiro. Trata-se de um mecanismo de limitação da remessa de lucros para o exterior. Em suma, dois tiros no capital especulativo  o mesmo que, disfarçado aqui em grandes empresas, banca muitas campanhas. Aí mora o perigo.

Meia dose 
Brizola Neto fica na liderança até julho, por trato com Dagoberto (MS), o sucessor a partir de setembro. Já o PSDB está numa encrenca de bicadas tucanas entre quatro candidatos. 

Estrela
 
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) desceu do trono mas não perdeu a majestade. É o senador mais paparicado pelos visitantes do Salão Azul. Ontem, três mulheres o puxaram pelo braço, encantadas. 

Vaga aberta
 
Sumiu a famosa picape cor preta que ficava ao lado do Senado, de onde se via pelo corredor do Salão Azul o seu adesivo "Vergonha nacional". Ou o dono está de recesso, ou é aliado do presidente José Sarney. 

Fred & Suplicy
 
O senador Eduardo Suplicy virou soldado oficial da luta de Cesare Battisti no Congresso. Fica em contato direto com Fred Vargas, a escritora que comanda o Comitê Pró-Battisti na França. 

Fred & UE
 
Fred embarcou ontem de Bra- sília para o Rio, e depois para Paris. Aconselhada pelo senador, ela vai escrever uma carta à cúpula da União Europeia, pedindo que não interfira no caso no Brasil.

O trio 
Pelas lentes experientes de Or- lando Brito, a foto (acima) de quem mandará no Senado neste biênio: Renan Calheiros (PMDB-AL), Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP). 

Bené & Obama
 
Bené encontrará o presidente Barack Obama antes de Lula. Bem feito para o petista. Quem mandou não ter uma fundação com seu nome nos EUA? A ex-senadora tem. É a Benedita da Silva Foundation, em Atlanta. Tem fortes laços com senadores democratas. 

Blocão
 
O jantar do blocão de 14 par- tidos do presidente eleito na Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), segunda-feira, foi no mesmo hotel de Brasília onde se pagava o mensalão. 

Energia preta
 
Os últimos editais da Agência Nacional de Energia Elétrica para leilão de venda de energia nova privilegiaram a mais barata  a de carvão. Denuncia o deputado Mendes Thame, da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. 

Bolas
 
São Gonçalo (RJ) terá seu pri- meiro boliche. Será inaugurado dia 15, no shopping da cidade, com 14 pistas de última geração, com um bar em anexo. 
Orlando Brito

DORA KRAMER

O melhor remédio


O Estado de S. Paulo - 04/02/2009
 
A melhor parte da proposta de Michel Temer, de estender a cobertura da TV Câmara às atividades legislativas nos Estados, é que o novo presidente da Casa não fala sério. Isso é dito em prol do deputado, em cuja trajetória não se inclui a falta de juízo.

Graças às boas relações do circunspecto Temer com o bom senso é possível afirmar com ínfima margem de erro que a sugestão tem por objetivo único fazer uma média com os colegas, agradecer os votos recebidos e deixar esse tipo de tolice morrer de fritura na gordura dela mesma.

O problema do Congresso, os dois presidentes pemedebistas estão cansados de saber, não é falta de divulgação de suas atividades. Esta está plenamente garantida no noticiário dos veículos privados de comunicação e por meio dos instrumentos oficiais: informativos, sites, emissoras de televisão e rádio.

O problema do Congresso, os dois presidentes pemedebistas estão cansados de saber - embora possam não concordar em admitir -, é ausência de compostura.

Temer usa como premissa uma verdade, desenvolve um raciocínio equivocado e chega obviamente a uma conclusão falsa.

Parte do princípio de que as atividades legislativas não se resumem ao plenário. É certo.

Argumenta que a imprensa só presta atenção aos momentos de votação, criticando o Parlamento com base na presença dos deputados nessas sessões e levando a população à errônea impressão de que a atividade parlamentar é um "dolce far niente" sustentado a benesses financiadas com dinheiro público.

Está parcialmente certo. Há muito tempo as críticas a respeito da conduta do Parlamento deixaram de lado o critério da presença no plenário para se dedicar aos inúmeros e crescentes exemplos de indiferença do Poder Legislativo com as demandas da sociedade.

Quando elas não se confrontam com os interesses da corporação, a "Casa faz o que o povo quer"; quando estes afrontam demais aquelas, dá-se um jeito, providenciam-se recuos, tomam-se meias medidas à guisa de satisfação. Mas, quando é possível administrar as reclamações e juntar esforços para enfrentá-las, a primeira vítima é sempre a voz da rua.

Aí é que reside o motivo da desmoralização do Parlamento como instituição representativa da população. Esta fica com a obrigação de votar e aquele não se sente minimamente obrigado a se conduzir nos conformes mais confortáveis ao eleitorado.

Há a semana de três dias que, assim como privilégios inaceitáveis, indispõe o Legislativo com a opinião pública.

Se nesses três dias e com todos os benefícios já devidamente incorporados aos costumes suas excelências andassem na linha, a imprensa ainda assim reclamaria por dever de ofício, mas haveria argumentos para contrabalançar a situação.

Nenhum deles, porém, suficiente para tornar a proposta de Michel Temer algo aceitável. Deputados federais são eleitos para prestar serviço no Parlamento. Por isso recebem auxílio para pagar telefonemas, despesas de correio e moradia na capital.

O trabalho "nas bases" diz respeito às respectivas carreiras, é com ele que sobrevivem politicamente e garantem a renovação dos mandatos. A propaganda disso equivale a financiamento público (ilegal) de campanha.

Inclusive porque os trabalhos transmitidos pela TV Câmara em Brasília não são editados e as transmissões das andanças estaduais se fariam mediante escolha unilateral - e induzida - de melhores momentos. 

Nó da madeira

A eleição de José Sarney devolve a Renan Calheiros instrumentos de poder. Este é, para ele, o lado bom da história.

O outro é que essa eleição o põe de novo na ribalta junto com seus contenciosos com a Justiça e o decoro parlamentar. Em geral, a luz dos holofotes e o som dos microfones não fazem bem a quem tem contas em aberto para com a sociedade.

Foi o conselho dado pelos companheiros de partido, em 2001, ao então senador Jader Barbalho quando ele insistiu em presidir o Senado. Seis meses depois renunciou, levado pela folha corrida.


Anacronismo

Em seu discurso final antes da eleição, o senador José Sarney lamentou que o considerem "velho" para presidir o Senado, quando não era esse o foco da questão. 

Não são os 78 anos de idade que tornam Sarney antiquado, mas a opção por um modo de fazer política sinuoso, personalista e patrimonialista.

A confusão proposital de conceitos faz parte do método. Amplamente aceito em todas as faixas etárias, correntes ideológicas e posições da República. 


Serrador

Muito mais que derrotar Sarney no Senado, o PSDB queria eleger Michel Temer na Câmara. O resultado final, contudo, saiu melhor que a encomenda, pois o partido assistiu à derrota do PT e ainda fez ar de moço bom.

DIFERENÇA ENTRE O HOMEM E A MULHER


EDITORIAL

Tudo isso continua aí

O Estado de S. Paulo - 04/02/2009
 
É sintomático que o noticiário da escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado tenha se concentrado nos presumíveis efeitos para a sucessão do presidente Lula da dupla vitória do PMDB, com a eleição do deputado Michel Temer e do senador José Sarney, ambos pela terceira vez. Um, por sinal, está no sexto mandato consecutivo, e o outro tomou posse de sua primeira cadeira parlamentar também num dia 2 de fevereiro - de 1959. A ênfase nas implicações eleitorais dos resultados que deram ao PMDB o comando das duas Casas do Congresso, repetindo o precedente de 1991, é significativa porque, ao ignorar a questão do Legislativo sob nova direção, as páginas políticas concordaram tacitamente com a opinião da maioria dos brasileiros que hoje julga a instituição parlamentar menos importante do que o Executivo e até mesmo que o Judiciário (nestes tempos de ativismo do Supremo Tribunal Federal). 

Além disso, ficou implícito o ceticismo em relação a qualquer mudança de monta no seu desempenho, em matéria de produtividade, austeridade e probidade. Registrou-se, por dever de ofício, a fabulosa promessa do presidente Temer de regulamentar em dois anos (um dos quais eleitoral) toda a Constituição de 1988, assim como o não menos sonoro compromisso assumido pelo presidente Sarney com a aprovação das reformas política e tributária e a solução do problema das medidas provisórias, que subordinam as votações do Congresso à agenda do governo. Ambos, naturalmente, falaram em mobilizar as suas Casas no combate à crise econômica, seja lá o que isso queira dizer. Temer pretende criar uma comissão para "discutir o assunto". Sarney anunciou a intenção de fazer um corte linear de 10% em todas as despesas do Senado.

Como era de esperar, ambos prometem também reabilitar a imagem do Congresso. Não vai ser fácil. Todos os mais ativos cabos eleitorais de Sarney, como os senadores Gim Argello, Romero Jucá e Valdir Raupp, têm contas a acertar com a Justiça. Isso para não falar do primeiro dos sarneysistas, Renan Calheiros, investigado pela Procuradoria-Geral da República por denúncias de corrupção. Em 2007 ele renunciou à presidência do Senado para não ser cassado pelo Conselho de Ética sob a acusação de ter despesas pessoais pagas pelo lobista de uma empreiteira. Calheiros ressuscitou com a corda toda: é o novo líder do bloco PMDB-PP, com 21 membros, e, nessa condição, o principal interlocutor da base governista no Senado com o presidente Lula. Na Câmara, o novo primeiro vice-presidente, Marco Maia, do PT, ganhou notoriedade por votar invariavelmente pela absolvição dos acusados do mensalão no Conselho de Ética. E o segundo vice-presidente, Edmar Moreira, do DEM, foi denunciado pelo Ministério Público por apropriação indébita de recursos destinados à Previdência.

A ascensão de Temer marcou ainda a volta ao noticiário de outra figura notória, o atual deputado Jader Barbalho, com a memorável declaração de que "o PMDB pode vir a ampliar a participação no governo, dependendo das negociações de 2010 e da composição para a disputa presidencial". Nenhum problema para Lula. Afinal, não foi pouco o que fez desde o primeiro mandato para consolidar a promiscuidade entre o governo, os partidos cooptados e as oligarquias que continuam controlando o Congresso, como se acabou de ver. O PT amargou no Senado a derrota do companheiro Tião Viana, mas de há muito as mágoas petistas não comovem o nume tutelar da agremiação. Se Sarney tivesse perdido, Lula seria o primeiro a lastimar o triunfo da legenda de que ainda faz parte nominalmente, porque isso significaria o provável desembarque do velho soba da candidatura presidencial de Dilma Rousseff - a "sacerdotisa do serviço público", como a chamou, meses atrás.

O problema de Lula, para quem a sucessão no Congresso saiu conforme a encomenda, não é o PT, que só pode fazer o que ele mandar. O seu problema é negociar a composição para a disputa presidencial de modo a trazer para Dilma a ala do PMDB, liderada por Temer e Orestes Quércia, que mantém relações de mútua conveniência com o presidenciável tucano José Serra. Lula, como já se diz, terá dois guichês para negociar.

A propósito: o leitor lembra do candidato Lula prometendo, em 2002, mudar "tudo isso que está aí", se fosse eleito?

MÍRIAM LEITÃO

Contra-ataque

Panorama Econômico 
O Globo - 04/02/2009
 

A munição para atenuar a crise virá das reservas cambiais. Elas serão usadas para financiar exportação e empresas com dívida externa. Não é função do Banco Central, mas o governo diz que são "tempos emergenciais". O Brasil não teve uma queda de produção industrial tão grande em outras crises. Detalhe: o BC ganhou US$10 bilhões apostando nos títulos do Tesouro americano. 

Ontem apareceu o tamanho da devastação. Os números divulgados pelo IBGE foram todos horrorosos: quedas generalizadas e muito acentuadas. O tombo na produção de veículos em dezembro foi de 39,7% e na produção de equipamentos de comunicação foi de 48,8%. Numa nota divulgada aos clientes, a MB Associados afirma que o país está em recessão e que foi revista, com base nos dados da produção industrial, a previsão da consultoria para o PIB do último trimestre do ano passado. Agora é de 2,5% de queda em relação ao terceiro trimestre de 2008. A CNI também divulgou seus dados ontem e afirmou que o país terá recessão técnica; ou seja, dois trimestres de queda do PIB. 

O gráfico abaixo, enviado pelo economista Marcelo Sperb, da Nobel Asset Management, mostra que essa crise é pior que as outras. Ele comparou outros períodos de retração, como o de agosto de 91, na recessão do Collor; o do fim de 94, na crise do México; o de outubro de 97, na crise cambial da Ásia; em dezembro de 2000, no começo do apagão; e no fim de 2002. O início de todas as curvas é nas datas mostradas abaixo de cada uma e o gráfico vai até 10 meses depois da crise se iniciar. A queda acumulada da produção é contada a partir do momento em que começou cada um desses períodos. 

O governo está montando a resposta em várias frentes, mas uma delas se passa dentro do Banco Central, que está assumindo funções que não são as clássicas de um banco central. Esta semana, ou no máximo no começo da próxima, o BC vai divulgar as regras pelas quais ele vai emprestar para as empresas que têm dívidas no exterior. 

Pela lei, o Banco Central só pode fornecer dinheiro para instituições financeiras. Então, ele emprestará parte das reservas para que bancos emprestem para empresas. Eles terão que provar que estão fazendo isso. Uma fonte do governo explica que o BC poderia ter simplesmente vendido mais dólar no mercado à vista. 

O risco é que esses dólares acabassem indo atender à demanda por dólar no exterior. Por isso, o Banco Central fará uma operação direcionada. 

A origem da queda tão forte da produção industrial de dezembro está no colapso do crédito em dólar. Quando as linhas foram interrompidas, os exportadores não puderam financiar sua produção para exportar. Reduziram a produção. Como a taxa de renovação das linhas externas está baixa, as empresas estão tendo que quitar essas dívidas. Mesmo empresas brasileiras que atuam no exterior enfrentam um outro fenômeno desses tempos: "o protecionismo financeiro". Os pacotes de cada país são para ajudar as empresas daqueles países. 

Diante disso, o BC está usando as reservas para financiar exportação. Hoje, 90% dos adiantamentos de contratos de câmbio, os ACCs, são com dólares fornecidos pelas linhas do Banco Central. Agora, a instituição prepara uma nova modalidade de crédito que será anunciada em breve, destinada a empresas endividadas. O risco disso quem conhece a história econômica do Brasil sabe qual é: a estatização da dívida, como aconteceu nos anos 80. No governo, as autoridades alegam que estão todos atentos a esses riscos, mas que em outros países o intervencionismo estatal e o ativismo dos bancos centrais são muito maiores. 

O BC brasileiro teve um ganho de US$10 bilhões com a valorização dos títulos do Tesouro americano. No auge da crise, os investidores correram para estes papéis e eles se valorizaram, mas o Brasil já estava aplicado nestes papéis por razões prudenciais, e ganhou com a crise. 

Só que a pressão sobre o Banco Central depois da hecatombe da produção industrial será maior. Vai recomeçar a pressão para a queda dos juros. A ideia que está embutida na ata do Copom, de que a maior parte da queda já ocorreu, dificilmente faz sentido diante desses números de produção. Outros e mais fortes cortes terão que ocorrer, não por pressão política, mas porque a conjuntura econômica permite e exige. Os juros reais estão no nível mais baixo da história recente. Estão em 6% ex-ante, ou seja, comparado com a previsão de inflação. Mesmo assim, é alto para um momento em que se contabiliza um retrocesso de quatro anos na produção industrial e uma queda mensal só comparável a números que se atingiram no governo Collor.

ÉLIO GASPARI

Battisti e os três Georges do Chacrinha


O Globo - 04/02/2009
 

Este artigo destina-se a aumentar a confusão em torno do destino do italiano Cesare Battisti. O Supremo Tribunal Federal julgará o pedido de sua extradição encaminhado pelo governo da Itália, onde a Justiça de um país democrático o condenou a prisão perpétua. Como militante da organização "Proletários Armados pelo Comunismo" ele teria participado do assassinato de quatro pessoas, entre as quais um joalheiro e um açougueiro. Battisti nega a autoria desses crimes. 

Os ministros do STF decidirão questões de competência e de legitimidade que estão mais ou menos demarcadas pelas leis. O Judiciário pode extraditar um cidadão a quem o comissário Tarso Genro concedeu a condição de refugiado? O Supremo pode julgar a legitimidade da condenação italiana? 

Há outra componente, dominante no debate. Tendo sido condenado pela prática de crimes de sangue, ainda que por motivos políticos, Battisti foi um criminoso comum ou um combatente? 

É aí que se instala uma confusão que obriga qualquer juízo a aceitar um legítimo ingrediente de arbítrio pessoal. Há no Brasil inúmeros beneficiários do programa Bolsa-Ditadura que em suas ações armadas mataram pelo menos dez pessoas que nada tinham a ver com o regime ou com a manutenção da ordem. Eram bancários, motoristas ou vigias de estabelecimentos comerciais. Fazendo-se de conta que esses casos não aconteceram, podem-se enumerar três exemplos, a partir dos quais sente-se o peso da toga de ministro do Supremo: 

"Georges 1" é um professor francês e em 1943 assumiu a direção do Comitê Nacional de Resistência, braço armado da mobilização comandada de Londres pelo general Charles De Gaulle. Os alemães e o governo do marechal Pétain consideravam "insurgentes" os quadros da Resistência e mataram milhares deles. 

"Georges 2" é o ministro das relações exteriores da França. Derrotada a Alemanha, ele caça colaboracionistas e pede ao governo da Dinamarca a extradição do romancista Louis Ferdinand Céline, propagandista antissemita durante a ocupação. Outro escritor, Robert Brassilach, que pedira a execução sumária dos combatentes da Resistência, foi fuzilado. Céline só voltou a Paris em 1951, anistiado. 

"Georges 3" é um político que defende o domínio colonial francês na Argélia. Liga-se a militares que tentam um golpe contra o governo de Paris e organizam uma rede terrorista que pratica milhares de atentados e mata cinco mil pessoas. Em 1961, com a prisão do general que comandava a organização, "Georges 3" assume o seu lugar. 

Encurralado, foge para a Alemanha, pede proteção do chanceler Konrad Adenauer, mas ele não responde à sua carta. Temendo ser sequestrado, vai para Portugal e pede um visto de entrada nos Estados Unidos. 

Barrado, exila-se no Brasil, onde vive de 1962 a 1966 e chega a lecionar Direito no Rio. Beneficiado por outra anistia, "Georges 3" voltou à França em 1968. 

Os três Georges foram uma só pessoa: Georges Bidault. Numa mesma vida esteve em todas as pontas do problema, foi caçado por defender a França do general De Gaulle e juntou-se a gente que tentou matá-lo pelo menos vinte vezes. No poder, tentou o recurso da extradição contra um fascista que jamais tocara em alguém. 

Como diria Abelardo Chacrinha, Bidault não explica, complica. Todavia, ajuda a pensar. 

ANCELMO GOIS

Questão da maconha


O Globo - 04/02/2009
 

O Ministério da Justiça estuda mudanças na legislação sobre usuários de drogas. 

O ministro Tarso Genro discutiu o tema segunda com o colega Carlos Minc, autor de lei no Rio que trata o usuário mais como problema de saúde pública. 

Em tempo... 

Aliás, Genro contou a Minc episódio ocorrido neste Fórum Social, em Belém, quando, por acaso, foi cercado por um grupo pró-legalização da maconha. 

A polícia, que veio em seu socorro, foi obrigada a ouvir o coro: "Alô, polícia/A maconha é uma delícia..." Há controvérsias.

Porta de saída 

A Odebrecht vai assinar acordo com o ministro Patrus Ananias para capacitar pessoas do Bolsa Família. Só este ano, a meta é capacitar 10 mil.


Tijolo e Bolsa
 

O anúncio de Lula da construção de 500 mil casas populares repercutiu na Bovespa. As ações da Gafisa subiram 9,4%; as da Cyrela, 10,1%.

Crise afasta apagão 

Lula pode festejar. Com a crise, está praticamente afastada em seu mandato a hipótese de apagão elétrico que tanto eletrocutou a imagem de FH. 

Veja só. Em setembro, um estudo do renomado consultor Mário Veiga, da PSR, estimava que a oferta de energia assegurada em 2009 seria insuficiente para atender ao consumo previsto. A situação se agravaria, progressivamente, até 2013. 

Segue... 

Quatro meses depois, Veiga reviu a previsão por causa, principalmente, da queda da demanda industrial. Agora, diz que, em 2009, não haverá problema. 

E por aí vai, nos anos seguintes.

ILIMAR FRANCO

Ecos da derrota

Panorama Político 
O Globo - 04/02/2009
 

O PSB não se conforma por ter sido esmagado nas eleições para a presidência da Câmara. Os socialistas apoiaram Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e estão mordidos com o fortalecimento do PMDB na aliança para 2010. "O PT está optando por uma aliança mais à direita", criticou o líder, deputado Rodrigo Rollemberg (DF). Em jantar na noite de anteontem, os socialistas falavam até em desafiar Ciro Gomes e fechar uma aliança com o PSDB de José Serra. 

PSDB, nervos à flor da pele 

Aos gritos, os tucanos trocaram acusações na reunião da bancada da Câmara na noite de ontem. Zenaldo Coutinho (PA) afirmou, aos berros, sobre a reeleição de José Anibal (SP): "É golpe!". Silvio Torres (SP) retrucou: "Não consigo entender. O Zenaldo era líder da minoria até ontem, agora quer ser líder do PSDB e vem dizer que reeleição é golpe". Walter Feldman (SP) proclamou que era contra a reeleição. Irônico, José Aníbal lembrou que tinha apoiado a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Enquanto isso, do exterior, o governador José Serra pediu a sua assessoria para dizer que a única coisa que deseja é a unidade. 

É meia hora mesmo, até na Bahia" - José Pimentel, ministro da Previdência, explicando para o ministro Orlando Silva (Esporte), que é baiano, como funciona o programa de aposentadoria em meia hora 

CONSOLIDANDO
A nova pesquisa CNT/Sensus confirma que a ministra Dilma Rousseff se deslocou dos demais nomes da base governista na corrida para as eleições presidenciais de 2010. Enquanto ela teve 13,5% (contra José Serra, 42,8%) e 16,4% (contra Aécio Neves, 23,3%), Patrus Ananias (PT) chegou a 7% e Marta Suplicy (PT) caiu para 7,5%. Ciro Gomes (PSB) foi para 10,6% (contra Serra) e para 16,1% (contra Aécio). 

Protesto 

A ministra Ellen Gracie reclamou ontem, no STF, da reforma ortográfica: "Outras línguas civilizadas não mudam os acentos de lugar com tanta frenquência que se muda em português". Foi apoiada pelos colegas Eros Grau e Celso de Mello.

Cochilo 

No primeiro dia da gestão Michel Temer (PMDB-SP), a sessão de discursos da Câmara passou das 19h, o que tinha sido proibido por Arlindo Chinaglia (PT-SP). A medida gerava uma economia de R$450 mil por dia em horas extras. 

Ops! Sempre alerta 

Na festa de comemoração da vitória de Michel Temer (PMDB-SP) na eleição para a presidência da Câmara, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração) discorria sobre suas possibilidades eleitorais para 2010: "Eu posso ser governador, senador e dizem que estou cotado para ser o vice da Dilma". De repente fez uma pausa e caiu em si: "Daqui a pouco fico sem nada. Sabe como é, quem é candidato a tudo acaba sendo candidato a nada". 

Congresso x Paulo Bernardo 

A cúpula da Comissão Mista de Orçamento do Congresso reagiu às críticas do 
ministro PauloBernardo (Planejamento). O relator, senador Delcídio Amaral (PT-SP), e o presidente, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), ressaltaram que foi feita uma reserva de estabilização fiscal, no valor de R$2,5 bi, para corrigir eventuais distorções causadas pelos cortes, feitos em função da crise internacional. "O choro é legítimo, mas fizemos isso juntos", disse Delcídio. 

O GOVERNADOR Aécio Neves está arranjando uma agenda em Brasília. Desculpa para cumprimentar pessoalmente o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), desafeto do governador José Serra. 

A PRESIDENCIÁVEL Dilma Rousseff contratou uma maquiadora. A profissional agora tenta convencê-la a abandonar o batom vermelho e usar um cor de boca. 

O RIO vai ganhar o Museu Nacional sobre a Ditadura. A informação foi dada pelo ministro Tarso Genro (Justiça) ao presidente da OAB do Rio, Wadih Damous. A anistia está completando 30 anos.

PIADA


QUARTA NOS JORNAIS

Globo: Indústria cai pelo 3º mês e aponta recessão no país

 

Folha: Indústria tem maior queda desde 91

 

Estadão: Produção da indústria desaba

 

JB: Guerra contra a recessão

 

Correio: Niemeyer desiste da praça na Esplanada

 

Valor: Ajustes prosseguem após queda recorde da indústria

 

Gazeta Mercantil: Queda de 12,4% na produção deve afetar PIB do trimestre

 

Estado de Minas: Governo promete 500 mil casas a preços populares

 

Jornal do Commercio: Acidentes deixam 12 mortos em um dia