A história é pródiga de exemplos políticos em que o grande reformador de direita é o político de esquerda e vice-versa. Foi o republicano Richard Nixon o responsável pelo reatamento dos EUA com a China comunista. Os democratas Bill Clinton, Robert Rubin e Larry Summers (hoje com Obama) foram os ideólogos da liberação das fusões entre bancos comerciais e de investimento, um dos motores da crise financeira atual. No Brasil, a ortodoxia econômica só se estabeleceu, de fato, com o petista Lula no poder. Agora, no Congresso, abre-se uma janela de oportunidade semelhante. Nada se espera do PMDB no comando da Câmara e do Senado. O passado da legenda é um filme de terror. Não há como sustentar qualquer previsão otimista. Sem falar da aliança de interesses obscuros salivando no entorno de José Sarney e de Michel Temer. É a chance perfeita para os dois nomes à frente do processo. Sarney, 78 anos, e Temer, 68, chegaram a um ponto de suas carreiras políticas no qual podem se dar ao luxo de arriscar mais. Ambos ao tomar posse fizeram os discursos convencionais de sempre. Sugerem encaminhar a reforma política, a tributária. Falam em mais transparência e em aproximar o Congresso dos eleitores. Seria ingênuo acreditar na liberdade de Sarney e de Temer para patrocinar determinadas reformas. Mas os dois têm, de longe, muito mais autonomia do que a imensa maioria dos congressistas. O regime dentro do Congresso é presidencialista. Quando os presidentes da Câmara e do Senado querem algo, é meio caminho andado. Se Sarney e Temer enfrentarem o desafio de derrubar as resistências de sempre, daqui a dois anos sairão maiores do que entraram. Se deixarem prevalecer a política miúda, confirmarão tudo o que já foi dito e escrito sobre o PMDB. |
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