sábado, novembro 14, 2009

MERVAL PEREIRA

Plutocracia

O GLOBO - 14/11/09

A tendência de realizarmos uma campanha polarizada entre o PT e o PSDB, com uma definição já no primeiro turno, como seria de gosto tanto do presidente Lula como dos tucanos, é cada vez mais acentuada, e uma das razões mais perversas é o financiamento das campanhas eleitorais. O risco de caminharmos para uma plutocracia, onde o dinheiro desequilibre as campanhas eleitorais, só é neutralizado pelo já existente financiamento público, cujo principal item é a propaganda partidária pelo rádio e televisão.

Mas as pressões do Palácio do Planalto para inviabilizar alianças partidárias do PDT e do PCdoB com o PSB, que dariam mais tempo de televisão para a candidatura do deputado federal Ciro Gomes, por exemplo, vai estreitando a competição.

Ao mesmo tempo em que as discussões sobre o mensalão e o caixa dois nas campanhas eleitorais voltaram ao centro político com o processo contra o senador Eduardo Azeredo na eleição para o governo de Minas, em 1998, os partidos preveem que a campanha presidencial do próximo ano poderá custar R$ 500 milhões.

O PT, protagonista do mensalão denunciado em 2005, já anuncia que a campanha de Dilma Rousseff poderá custar R$ 200 milhões.

Se o PSDB gastou oficialmente em 2006 o mesmo que o PT, cerca de R$ 160 milhões cada um, para ser competitivo terá que repetir a dose em 2010. Entre as muitas barreiras às candidaturas à Presidência do deputado federal Ciro Gomes e da senadora Marina Silva, pelo Partido Verde, o financiamento de suas campanhas será das mais difíceis de superar.

O PSB considera que, para ser competitiva, a candidatura terá que arrecadar pelo menos R$ 100 milhões. O PSOL, que deve apoiar a candidatura de Marina, gastou com a então senadora Heloísa Helena em 2006 menos de R$ 400 mil e, segundo o deputado federal Chico Alencar, “prefere correr o risco de se tornar irrelevante no cenário político nacional a aderir a esse esquema das campanhas milionárias”.

O sucessor do tesoureiro Delúbio Soares no PT é Paulo Ferreira, que não se intimida com o passado polêmico nesse quesito do partido, e é tão pragmático quanto o antecessor, abatido no inquérito do mensalão: “É preciso ter competitividade, eleição é operação de guerra”.

Plutocracia consentida e estimulada pelos grandes partidos, que concentram entre si os recursos de financiamentos privados e agora também tentam ampliar as alianças partidárias para dominar o maior tempo possível da propaganda eleitoral gratuita.

Se, por hipótese, o PT conseguir manter sua ampla aliança partidária em apoio à candidatura da ministra Dilma Rousseff, terá mais que o dobro de minutos que o PSDB, ficando a senadora Marina Silva com pouco mais de dois minutos.

As propostas de financiamento público ou de teto de gastos, e doações só de pessoas físicas, não conseguem ser votadas. Bem a propósito, a Campanha da Fraternidade de 2010 será ecumênica, reunindo várias igrejas cristãs, e tem como lema “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus, cap. 6, v. 24), e como tema “Economia e vida”, e tem um capítulo dedicado integralmente à influência do dinheiro nas eleições.

O leitor Job Rodrigues Teixeira Junior, economista, que não acredita na existência do mensalão, mas se preocupa com o uso indiscriminado do caixa dois pelos partidos políticos, diz que esse problema poderia ser resolvido com uma reforma política que contemplasse regras rígidas de repressão a gastos eleitorais elevados e financiamento público de campanhas.

“Não interessa à democracia brasileira que somente dois partidos tenham recursos para fazer sua propaganda eleitoral”, ressalta. Ele aponta como a causa do uso do caixa dois a assimetria do financiamento de campanha, que se concentra nos cargos majoritários para o Executivo, e no PT e PSDB no plano federal e em parte dos estados da federação, havendo nesse caso espaço para o PMDB, fazendo com que os parlamentares eleitos fiquem dependentes do financiamento do candidato a presidente que seu partido apoia.

O financiamento de campanhas eleitorais é problemático em todo o mundo. Na França, o Estado criou a figura do “reembolso de despesas”. Os candidatos que obtiverem mais de 5% dos votos podem receber até 50% dos gastos de um teto estabelecido pelo governo a cada eleição. Candidatos menos votados recebem menos de volta.

Nos Estados Unidos, há um conflito permanente entre dois valores básicos para os americanos: liberdade de expressão e garantia de uma eleição justa e equilibrada para todos os candidatos.

Na prática, a teoria é outra.

O candidato independente Michael Bloomberg acaba de se reeleger pela terceira vez prefeito de Nova York, depois de mudar a legislação e de gastar R$ 100 milhões do próprio bolso.

Mas quase foi castigado pelo eleitorado: teve uma vitória apertada, de 5%, sobre o praticamente desconhecido democrata William Thompson.

O país utiliza o sistema de financiamento público, mas, se o candidato quiser abrir mão dele, pode gastar seu dinheiro próprio sem limitações, ou receber doações privadas com limites: empresas não podem doar, e indivíduos têm um limite de US$ 2 mil.

O atual presidente, Barack Obama, inovou na captação pela internet e acabou sendo ajudado por cerca de 2 milhões de eleitores, que fizeram doações. Para tanto, ele abriu mão do financiamento público.

Mas as brechas existem: empresas, sindicatos e ONGs colaboram com seus candidatos, seja estimulando doações pessoais de seus executivos ou mesmo financiando organizações civis que defendem temas específicos — como contra ou a favor do aborto — que acabam fortalecendo as candidaturas.

Mas o país valoriza o vínculo dos partidos com a sociedade, e considera a captação de recursos uma forma de participação cívica. Uma forma de um candidato a presidente mostrar força política é divulgar quanto já arrecadou.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Bibas fazem o apagay!

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/11/09

As causas do apagão são tempestade, raio e temporal. A Dilma agora é Dilma Furacão!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Piada Pronta URGENTÍSSIMA! De Pelotas, Rio Grande do Sul: "Os convites para o show da Ana Carolina no dia 22 de novembro estão à venda na loja SAPATARIA!". E o adesivo no carro: "Domingueira Chique! Bonde Tesão! As Panteras do Funk!". Onde? Na PRAÇA DA BÍBLIA!
E as bibas não esmorecem nem no escuro. Aliás, muito menos no escuro. Vão promover uma festa: Grande Noite do Apagão! APAGAY! E só entra RAPAGÃO?! E o adesivo no carro da Madonna no apagão: "Só Jesus é a Luz!". E os cariocas falam: "Quando é que a Madonna vai embora, hein?!". O Brasil quer saber: quando é que a Madonna vai embora?!
E a Loira da Uniban? Diz que vai posar pra "Playboy". O quê? Depois da Fernanda Young?! Aquele véio dono da "Playboy" vai se atirar da cobertura. De desgosto! "Meu Deus, eu fundei a "Playboy" pra isso?" Playbaranga! E a chamada: "Veja o que os estudantes da Uniban não quiseram ver!". Esses UNIVERSOTÁRIOS sofrem das faculdades mentais!
E o governo diz que as causas do apagão são três: raio, temporal e tempestade. Então o nome da Dilma agora é Dilma Furacão! Não tem a Hilda Furacão? Agora é DILMA FURACÃO! E sabe o que um amigo me perguntou? Se o Lobão é ministro de Minas e Energia, o Leo Jaime é ministro de quê? E a melhor camiseta: "Apagão 2009! EU TWITTEI!".
O Palmeiras é a bandeira do Brasil: é verde, joga de azul, deu um branco e, no final, amarelou! E muita gente ficou de mau humor no apagón. Mas o cúmulo do mau humor é o portão desse cara: "Se você for político de qualquer partido, crente de qualquer religião, vendedor de qualquer caralho, faz favor de não bater na porra desse portão". Esse bateu o recorde do mau humor. É mole? É mole, mas sobe! OU, como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece.
Antitucanês Reloaded, a Missão! Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Porto de Galinhas tem o restaurante Madrugão. "O pior galeto de Porto de Galinhas, ruim mesmo é a pizza!" Deve ser um sucesso! Mais direto impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Apagão": companheiro que puxou neurônio da tomada. O lulês é mais fácil que o ingrêis.

JAPA GOSTOSA

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JAMIR DE SOUSA LIMA

Lula e o Apagão

O BLOG DO JAMIR - QUANDO TUDO É IMPORTANTE- 14/11/09
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A maior prova de que nosso "companheiro" é inteligentíssimo É que mandou os "bois de piranha" (Lobão, Tarso Genro e Dilma) falassem pelos cotovelos dizendo as maiores barbaridades, para depois dar a sua versão mais sensata, aguardando dados concretos para se pronunciar a respeito.
Declarar que o assunto está encerrado, que é microincidente, que não é apagão é blecaute, é fazer pouco caso da população, que sofreu as consequências. É de uma irresponsabilidade sem tamanho atribuir à natureza a causa do apagão, bem como minimizar um problema tão grande quanto esse, com as repercussões e os prejuízos. Gente presa no elevador, doentes nos hospitais em situação de emergência, respiradores e outros equipamentos de socorro desligados, foi uma série de contratempos que só o tempo dirá. Esses governantes que tentaram fugir do problema com declarações estapafúrdias e parlapatices à la Collor, deveriam ser demitidos e serem recolhidos ao seu devido lugar. Temos, urgente, de olhar melhor nossos políticos, avaliá-los bem, dando o troco que merecem no próximo pleito, em outubro do ano que vem. Chega!

JUDITH BRITO

Longe do fim da História

O GLOBO - 14/11/09


Francis Fukuyama teorizou sobre a democracia liberal como o fim da história — mas em certos casos a história tem muito a avançar, inclusive para voltar aos trilhos, como em certos países da América Latina. É preocupante, por exemplo, a onda autoritária contra a liberdade de imprensa que ganha corpo. Governos com DNA autoritário mostram sua incompatibilidade com a crítica e a livre circulação de informações e opiniões, voltando-se contra jornalistas, jornais e os meios de comunicação em geral, por meio de leis casuísticas, ações e declarações que visam a encurralar a mídia e jogar contra ela a opinião pública. Superados os anos de chumbo das ditaduras militares latinoamericanas, está claro que ainda levará tempo — entre avanços e retrocessos — para se firmarem nesses países os valores democráticos.

Democracia não é apenas eleição e consulta popular, mas uma cultura permanente de transparência e de convivência tolerante com a crítica, por mais contundente que seja. E a plena liberdade de expressão, a aceitação de opiniões divergentes, sem nenhum tipo de cerceamento, é um de seus fundamentos essenciais. O que vemos hoje, em países como Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina, é a negação desses princípios elementares, com os governos usando de retórica populista no seu desprezo pela liberdade e no seu desejo de impor monoliticamente sua visão.

A assembleia semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), recém-encerrada em Buenos Aires, foi mais uma oportunidade para expor o longo rol de exemplos dessa tendência obscurantista e totalitária antiliberdade de imprensa.

A própria Argentina, sede do evento, tem sido vítima de uma agressiva campanha governamental contra os meios de comunicação, incluindo a recente aprovação da Lei de Serviços Audiovisuais, com endereço certo, o grupo “Clarín”, extremamente crítico em relação à administração Kirchner. Um casuísmo gritante, que levou o grupo de mídia a recorrer ao Poder Judiciário.

Não satisfeito, o governo instrumentaliza sindicalistas por ele beneficiados e os estimula a prejudicar os veículos de comunicação que lhe são críticos.

Foi esse o objetivo dos piquetes organizados por caminhoneiros argentinos, bloqueando a distribuição dos jornais “Clarín” e “La Nacion” e da revista “Notícias”.

Não podia ser mais emblemática uma ação que visa a impedir fisicamente a circulação de veículos da mídia impressa.

Na Venezuela, de onde Hugo Chávez dá o tom de tudo o que se tem feito de pior contra a liberdade de imprensa na América Latina, em 2007 foi fechada a mais importante e tradicional rede de televisão do país, a RCTV. Agora, o canal de notícias Globovisión é sufocado por meio de processos e multas, enquanto foram fechadas 34 emissoras de rádio e outras 240 estão ameaçadas de fechamento. Ao mesmo tempo, Chávez incentiva a hostilidade contra os que não rezam por sua cartilha. Relatório apresentado na SIP mostra que, apenas de junho para cá, já ocorreram 107 ataques contra jornalistas e veículos de comunicação, incluindo agressões físicas a paus e pedras. Há dez anos no poder, intolerante a críticas e opiniões diversas, Chávez quer perpetuar-se e também perpetuar sua visão do que deve ser a Venezuela.

No Equador, tramita no Congresso projeto de lei que regulamenta os meios de comunicação, com a criação de um Conselho Nacional de Comunicação, sendo cinco dos seus oito membros designados pelo governo e com poder para fechar jornais e interferir em seus conteúdos. O presidente equatoriano, Rafael Correa, faz da retórica violenta contra jornalistas, a ponto de xingá-los, uma marca dos seus pronunciamentos.

Na Bolívia, o presidente Evo Morales também guerreia crescentemente contra a mídia, cevando um ambiente de tensão que já provocou, apenas neste ano, segundo a SIP, 111 agressões a jornalistas e 36 ataques a veículos de comunicação. Em Honduras, o governo golpista fechou uma emissora de rádio e outra televisão que apoiavam o presidente deposto.

A ditadura em Cuba já é tão antiga que muitas vezes deixamos de lado a implacável repressão contra qualquer voz dissonante que vigora na ilha. Yoani Sánchez, a blogueira do “Generación Y”, é o mais contemporâneo exemplo da pesada mão do autoritarismo castrista.

Impedida de sair do país e com seu blog interditado para os cubanos, foi recentemente detida e agredida por agentes de um governo que mantém atualmente no cárcere 27 jornalistas dissidentes, cujo “crime” foi exercer seu direito à opinião.

No Brasil, felizmente vivemos situação diversa, e o mais preocupante são as seguidas sentenças judiciais impondo censura prévia. Com certeza o recémpublicado acórdão do Supremo Tribunal Federal detalhando os termos do histórico fim da Lei de Imprensa deverá mudar a disposição de alguns juízes que, em afronta à Constituição, têm determinado censura prévia aos meios de comunicação.

A situação privilegiada do Brasil não oculta, no entanto, a percepção de que há, vez por outra, manifestações de certo inconformismo com a essência da liberdade de imprensa, e com o próprio conceito maior da liberdade de expressão.

Para alguns, vale o que disse de forma simples, mas contundente, o ministro Carlos Ayres Britto, do STF, no acórdão sobre o fim da Lei de Imprensa: “Quem quer que seja tem o direito de dizer o que quer que seja.” O “fim da história”, ainda inatingido, mas mais próximo no caso brasileiro, jamais poderá significar o fim da atenção com os princípios democráticos da liberdade de expressão. Esta vigília não acaba nunca. Mas ela será menos árdua quando cada cidadão compreender em profundidade que o pleno acesso à informação e à diversidade de opiniões não é direito apenas dos jornais ou das empresas jornalísticas. Trata-se, acima de tudo, de um direito da sociedade.

GOSTOSA

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MÍRIAM LEITÃO

Em gelo fino

O GLOBO - 14/11/09


A Coca-Cola vai investir US$ 6 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos. O Brasil é o quarto maior mercado da empresa, depois de Estados Unidos, México e China. O presidente mundial da companhia, Muhtar Kent, me disse que a economia americana vai se recuperar lentamente e que, em 2020, haverá um bilhão de consumidores a mais na classe média, a maioria de mercados emergentes.

Na entrevista que me concedeu, na Globonews, eu perguntei o que ele pretende fazer para neutralizar os danos ao meio ambiente causados pela Coca-Cola. Ela tem a maior “pegada de carbono” (carbon footprint) da indústria de consumo do mundo. Movimenta mais caminhões do que a UPS, DHL e Fedex juntas para entregar os produtos aos seus vinte milhões de pontos de revenda. Isso representa uma quantidade gigantesca de emissões de gases de efeito estufa.

— Nós determinamos uma meta clara sobre a nossa pegada de carbono. Os negócios vão crescer, mas as emissões, não. Faremos isso de três formas: primeiro, com carros híbridos. Temos a maior frota de veículos híbridos pesados do mundo. Segundo, temos 10 milhões de refrigeradores no mundo para nossos produtos, nos varejistas. Nesses aparelhos, vamos reduzir entre 30% a 40% da energia e vamos usar gases de baixo impacto ambiental.

Terceiro, vamos aumentar a reciclagem dos produtos — afirmou Kent.

Além disso, garante que será em 2020 a primeira empresa do mundo com “consumo neutro de água”, ou seja, promete devolver ao meio ambiente cada litro de água que retirar dele. Ela usa um oceano: 300 bilhões de litros por ano: — Porque estamos crescendo, usaremos em 2020 entre 500 a 600 bilhões de litros.

Mas a meta é: reduzir 20% o nosso consumo, reciclar a água que usamos, e, além disso, coletar água da chuva e armazená-la.

Um dos primeiros experimentos dessa nova forma de produzir é a fábrica inaugurada por ele, esta semana, em Curitiba. Uma fábrica da Matte Leão.

Hoje, qualquer conversa com um executivo de grande empresa global tem que ter uma grande parte dedicada ao tema das mudanças climáticas. Não é possível mais cobrar apenas dos governos. O desafio é ir além da aceitação pura e simples do marketing verde que domina a propaganda institucional de todas as empresas.

Perguntei a ele se essa ideia de “fábrica verde” era uma criatura do marketing ou um fato real. Ele disse que acredita que a empresa só será sustentável se ela tiver um papel significativo no esforço global de redução das emissões.

Sobre a crise, ele acha que a economia americana já bateu no fundo do poço, mas terá uma recuperação lenta porque a criação de empregos está muito baixa. No longo prazo, está otimista.

Disse que nos anos 80 todo mundo achava que a economia americana seria engolida pela japonesa, e ela conseguiu se recuperar. Fará de novo agora: — Os Estados Unidos vão mudar de uma economia movida a consumo e endividamento para um sistema movido a tecnologia — biotecnologia, nanotecnologia — porque o país continua tendo os maiores centros de pesquisa do mundo e os maiores centros acadêmicos do mundo.

De qualquer modo, mesmo nesse cenário de renovação da economia americana, ele acredita que o peso econômico dos países vai continuar mudando nos próximos anos.

— A demanda global não será puxada por uma única economia. Até 2020, o mundo terá um bilhão de consumidores a mais na classe média, apesar da crise global atual. E esses consumidores estarão em países como Brasil, China, Índia, México, Indonésia, Rússia.

No Brasil, a empresa investiu US$ 3 bilhões nos últimos cinco anos e vai investir US$ 6 bilhões nos próximos cinco. Criou dois mil empregos diretos por ano, todos os anos. Ao todo, tem 38 mil empregos diretos: — Acho que com os investimentos vamos criar mais empregos por ano do que criamos recentemente.

Muhtar Kent nasceu em Nova York, filho de um diplomata turco. Estudou na Turquia e na Inglaterra, entrou na Coca-Cola por um anúncio de jornal e fez carreira na empresa. Foi enviado como executivo para vários mercados, um deles, o Leste Europeu, exatamente na época da queda do muro de Berlim.

— Nós previmos um ano antes que aquilo iria acontecer e nos posicionamos.

Tínhamos apenas pequenos negócios lá. Depois da queda do muro, nós abrimos 24 fábricas em 30 meses.

Ao começar a entrevista, perguntei de que país ele vinha: — Ontem, estava no extremo norte do Canadá, a menos 10 graus, e hoje estou aqui, a mais 40 graus. Fui com a WWF ver os ursos polares.

Este ano, o frio está atrasado cinco semanas, eles não podem sair para caçar. O que no ano passado era gelo em novembro, agora é onda, dá para surfar. Não há mais dúvida científica em relação à mudança climática.

Ontem, saiu uma frase truncada aqui. “Dilma está mudando”, em relação à questão ambiental. É isso que o governo quer que acreditemos, mas é apenas uma ficção do marketing político. Portanto, o que eu quis dizer é que a sociedade brasileira está mudando, e isso é realmente animador.

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Lula no céu

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/11/09


SÃO PAULO - A revista "Forbes" incluiu Lula na sua lista das pessoas mais poderosas do mundo. O presidente brasileiro aparece na 33ª posição, por coincidência a idade de Cristo. A tolice que cerca esse tipo de ranking costuma ser imensa, mas este, além disso, é infamante.
Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, está quatro posições atrás, em 37º, e o traficante Joaquin Guzmán, criminoso mais procurado do México, vem em 40º. Lula, obviamente, não merece tais companhias. Nem o 1º lugar destinado a Barack Obama é capaz de aplacar o vexame do conjunto. Petistas, no entanto, festejam a "Forbes" por aí.
A revista "The Economist" desta semana também nos rende homenagens, como fez há pouco o "Financial Times", a outra bíblia dos mercados. "Brasil decola", diz a capa da publicação, que dedica 14 páginas à emergência econômica e social do país, tudo feito com a sobriedade e a competência habituais, conforme o receituário liberal. Mas nada do que a "Economist" diz é novo para brasileiros acostumados a ler. É, literalmente, para inglês ver.
Mais reveladora parece ser a recepção deslumbrada do petismo ao elogio que vem do celeiro do pensamento conservador. Mesclam-se, aqui, a velha mentalidade colonizada e o novo oportunismo político.
Para nós, a imagem da capa talvez seja o aspecto mais sugestivo e intrigante da edição da revista. Quem "decola" como um foguete, deixando um clarão atrás de si, é o Cristo Redentor. Não é preciso ir longe para imaginar que pode ser o próprio Lula quem se desprende e descola da cidade (ou do país) que abençoa com os braços abertos. Enquanto a paisagem (o país) permanece na penumbra e em segundo plano, o presidente-redentor se projeta de modo fulgurante no espaço sideral.
Abaixo da imagem de Cristo, a revista destaca que a "hubris" é o novo risco para o maior caso de sucesso na América Latina. "Hubris", ou "hybris", palavra de origem grega, significa o orgulho desmedido, a arrogância do herói, responsáveis por sua queda. Faz algum sentido.

GOSTOSAS

MINHA PESCARIA
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ROBERTO LUIS TROSTER

A imprensa Argentina

O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/11/09


Desaparecidos são heróis argentinos que no seu país têm estado novamente nas manchetes das últimas semanas por conta da nova Lei de Radiodifusão, que foi dedicada a 118 deles, que eram jornalistas. É paradoxal, pois essa lei vai contra os seus ideais.

As referências aos desaparecidos, jornalistas ou não, são feitas geralmente sem o artigo definido. Muitos são anônimos, não se sabe ao certo quantos foram e como deixaram de existir. Os números mais mencionados estão entre 20 mil e 30 mil, dos quais cerca de 600 desaparecidos antes da ditadura iniciada em março de 1976, no governo populista que a antecedeu. Sacrificaram-se por uma causa nobre, a Argentina Grande desenvolvendo-se de acordo com o seu potencial. Um sonho que existe desde a fundação do país, em 1810.

Todos fizeram parte da juventude que, na virada da década de 1970, ajudou a derrubar o governo militar, no ano de 1973, e foi surpreendida pelo populismo inconsequente que se seguiu. As manifestações de frustração pelo mau desempenho dos eleitos tornaram-se cada vez maiores e a opção foi "apagar" os descontentes mais notórios. Alguns, como Mercedes Sosa, emigraram. Outros simplesmente sumiram sem deixar vestígios.

A partir do início da ditadura de 1976, a repressão aumentou e o número de desaparecidos disparou. Na época as denúncias eram raras, não havia evidências em nenhum lugar, a cumplicidade da máquina governamental assegurou o desconhecimento do que estava acontecendo. Começaram a ganhar notoriedade por conta das "Loucas".

Assim eram chamadas as "Mães da Praça de Maio", que, com lenços brancos na cabeça e sem dizer nada, caminhavam em frente à Casa Rosada com cartazes pedindo informações sobre o paradeiro de seus filhos. Seu silêncio fez barulho e chamou a atenção mundial para as atrocidades que estavam ocorrendo no país, acelerando o fim do governo autoritário.

A volta à democracia, em 1983, foi uma festa cívica memorável que reacendeu a pretensão da Argentina Grande. Foi também o momento de revelação das atrocidades cometidas na ditadura pelos que ousaram sonhar. Entretanto, a fantasia de um país entrando nos eixos aos poucos se evaporou e foi substituída pela frustração da realidade.

O primeiro governo após a ditadura foi atribulado e terminou com a crise da hiperinflação. O sucessor, Carlos Menem, estabilizou a economia e o país teve alguns anos de crescimento expressivo. Entretanto, a inépcia na economia e o populismo clientelista fizeram germinar o desastre de 2001. Depois de um breve interregno, o casal Kirchner está prestes a repetir o padrão bonança-crise.

É um ciclo recorrente, só que cada vez a retomada é num patamar mais baixo. A Argentina era a 10ª economia mundial há um século, quando comemorou o seu centenário. Atualmente é a 78ª e as perspectivas são de que continue caindo no ranking. Há sinais de que uma nova crise está em gestação e a ação do governo é ir de pires na mão ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para postergar a hora da verdade. Mudanças que coloquem o país na direção do desenvolvimento estão fora de questão.

A política econômica é neomercantilista, focada num redistributivismo clientelista. Ilustrando o ponto: o país era chamado o celeiro do mundo por suas exportações de carne e trigo, mas vai ter um déficit na balança desses itens em 2010; e de importador de empresários ambiciosos e jovens talentosos é um grande exportador deles há tempos.

Os méritos da presidente e seu marido incluem o fato de terem sido contemporâneos dos desaparecidos (e de delatores da época) e a capacidade de aumentarem seu patrimônio pessoal de forma considerável. Os números de seu governo, no entanto, são fracos e as perspectivas, piores. A bem da verdade, até estatísticas oficiais estão sendo desacreditadas em razão das denúncias de manipulação.

Um exemplo é a declaração recente do papa Bento XVI: "A pobreza na Argentina é um escândalo." Não se sabe o tamanho: o Indec (o IBGE da Argentina) estima em 15% da população e a UCA, um órgão de pesquisa independente, em 39%. Algo semelhante acontece com as estatísticas de inflação, emprego e crescimento. As diferenças entre as estimativas oficiais e extraoficiais aumenta a cada novo número divulgado e a crise do país fica mais evidente a cada dia que passa.

Se a notícia é ruim, mata-se o mensageiro. Esse é o espírito da Lei de Radiodifusão aprovada em regime de urgência no mês passado. Sintetiza bem o que é a política lá. Busca controlar a imprensa com um sistema de autorizações renováveis a cada dois anos, quer-se desmantelar o grupo Clarín, um crítico esclarecido do governo, com restrições aos meios de difusão que podem possuir, e fazer com que apenas um terço dos órgãos de comunicação sejam de empresas privadas - os outros dois terços seriam do governo e de organizações não governamentais (ONGs).

A imprensa argentina insiste em divulgar a triste realidade. A atitude do governo é de mais pressão: piquetes sindicais para impedir a distribuição dos jornais, fiscalizações da Receita Federal de lá e um discurso da presidente destacando que os pobres não têm acesso à mídia. Se não têm, então para que a coação?

A justificativa da lei e das pressões é a de evitar o monopólio da imprensa e de homenagear os 118 jornalistas desaparecidos. Na prática, é o controle da imprensa e, o que é mais grave, muito mais grave, uma tentativa de transformar o sonho dos desaparecidos num pesadelo. O desejo da Argentina Grande, que completa dois séculos no ano que vem, já superou situações piores. E permanece como esperança.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA
Roberto Pompeu de Toledo

Em defesa do Muro de Berlim

"Sem sua derrubada, onde as cores, onde o movimento,
onde a emoção de que carecem os grandes eventos da
história - o assassinato de César, a queda da Bastilha?"

Que bom que o Muro de Berlim foi construído. Se não tivesse sido construído, não teria sido destruído. E, se não tivesse sido destruí-do, como assinalar no curso da história, da maneira vistosa e dramática que merece, esse evento capital que foi o desmoronamento do mundo comunista? Com que cenário? Com que povo? Com que artefato, concreto como um muro, contra o qual investir? Ainda bem que existem os eventos simbólicos a marcar a marcha da história. Sem eles, estaríamos condenados aos "processos", essas fluidas cadeias de circunstâncias políticas, relações sociais, estados psicológicos, oscilações econômicas, percepções e acidentes que, temperadas por inevitáveis doses de acaso, conduzem a corrente da história, de forma frequentemente misteriosa, para este ou aquele leito. Atos como a derrubada do muro que dividia a antiga capital do Reich dão visibilidade à história. Servem de farol contra a falta de rosto, de cor e de volume dos "processos".

A derrubada do Muro de Berlim é evento da mesma natureza da queda da Bastilha. Claro que não foi a investida contra a mal-afamada fortaleza da Rua Saint-Antoine, em Paris, ainda mais que àquela altura já andava meio desativada, como prisão, e não continha senão sete escassos prisioneiros, que determinou a Revolução Francesa. Mas, sem o episódio da Bastilha, como dar corpo e - de fundamental importância - como dar uma data ao conjunto de transformações ocorrido naquele período da vida francesa? A própria história brasileira contém um exemplo similar - o "independência ou morte" das margens do Ipiranga. O evento salvou o advento da independência do destino de, submerso num mar de "processos", apresentar-se sem corpo e sem data. Os atos simbólicos têm o efeito de agarrar o tempo e forçá-lo a uma parada, majestosa e densa como uma escultura. Eles dão inteligibilidade à história da mesma forma como a sucessão das estações dá inteligibilidade ao ano.

A queda do Muro de Berlim, no dia 9 de novembro de 1989, permitiu que, na semana passada, houvesse uma festa na capital alemã e comemorações pelo mundo afora, pelos vinte anos da data. Sem ela, como comemorar a derrocada do império soviético e as tiranias do Leste Europeu? Uns indicariam as greves conduzidas na Polônia pelo movimento Solidariedade de Lech Walesa. Outros se inclinariam para as manifestações que compuseram a "Revolução de Veludo" da Checoslováquia. Mas qual das greves e qual das manifestações, se foram várias? Mais seguro seria apontar para o dia da ascensão de Mikhail Gorbachev à secretaria-geral do Partido Comunista - 11 de março de 1985. Mas, se foi possível a Gorbachev ascender ao mais alto cargo da hierarquia soviética, e junto com ele o impulso reformista que fermentava no interior do regime, é porque algum tipo de fissura já minava a carapaça do poder comunista.

E minava mesmo. A União Soviética já não tinha fôlego para sustentar a corrida armamentista imposta pela concorrência com os Estados Unidos. Além disso, via-se num atoleiro sem saída em seu envolvimento militar contra os talibãs do Afeganistão. Além disso, já ficara irremediavelmente para trás do Ocidente nas conquistas tecnológicas. Além disso, seu sistema econômico mostrava-se pateticamente incompetente no provimento dos bens de consumo de que carecia a população. Pronto. Estamos no emaranhado de fios que tecem os "processos", e tantos fios acharemos quanto mais nos detivermos a procurá-los. O historiador inglês Timothy Garton Ash lembrou a "lei da cornucópia infinita", formulada por outro historiador, o polonês Leszek Kolakowski. Para qualquer evento, segundo a lei de Kolakowski, é possível encontrar um número infinito de explicações.

Onde, se nos atemos aos processos, a cenografia, onde as cores, onde o movimento, onde a emoção de que carecem os grandes eventos da história - o assassinato de César, o martírio de Joana d’Arc, a batalha de Waterloo? Precisamos de teatro, esta é que é a verdade, como de ar para respirar. Dai-nos uma cena e com ela marcaremos o tempo, de forma a tirá-lo da uniformidade sem graça e sem sentido de seu fluxo contínuo. No campo das miudezas cotidianas, o momento do "parabéns a você" é o teatro que assinala a passagem de mais um ano de vida. No campo das grandiosidades históricas, o muro forneceu o cenário, e as pessoas que trepavam em cima dele, dançavam e lhe arrancavam pedaços, num misto de levante e festa popular, compuseram a dramaturgia de que carecia um evento do porte da queda da fortaleza comunista.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO

Quem não se comunica...

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/11/09


CELULARES gratuitos para os beneficiários do Bolsa Família. A ideia, capaz de provocar inveja no mais delirante marqueteiro, foi apresentada ao presidente Lula pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, e conta com a previsível simpatia das empresas do setor.
Fechando um circuito de generosidades que interliga a sucessão presidencial, as aspirações de Hélio Costa ao governo de Minas Gerais, a população pobre e os interesses das telefônicas, a ideia -nestes tempos de apagão- terá parecido luminosa.
Tão luminosa que salta aos olhos o seu intuito eleitoreiro, do qual só o ministro aparenta duvidar. Se a atitude de "atender às pessoas mais pobres" tem alguma função eleitoral, declarou Costa, "alguém vai ter que me mostrar isso, e nós, evidentemente, vamos atrasar o projeto até depois das eleições."
Alcançando quase 12 milhões de famílias, o programa de transferência de renda do governo Lula tem evidente efeito eleitoral -aspecto que, aliás, não o desqualifica. Trata-se de oferecer, em troca de assiduidade escolar e aos postos de saúde, uma base mínima de sobrevivência para o estrato mais carente da população, necessidade incontestável num país como o Brasil.
De recurso paliativo, o Bolsa Família vai seguindo entretanto um roteiro de desvirtuamento. Em vez de medir o sucesso do programa pela diminuição do número dos que dele necessitam, o Executivo tem se empenhado em estendê-lo ainda mais.
Mesmo para os padrões do populismo, a ideia dos celulares gratuitos chama contudo a atenção pelo que tem de bizarro, de extravagante, de inessencial. Por que não cimento e tijolos, iogurte ou dentaduras, chinelos ou computadores, filtros de água ou cápsulas de vitamina?
O próprio ministro das Comunicações explica: é que o mercado de telefonia móvel já atingiu seus limites de expansão nas faixas de maior renda. Trata-se de ampliar a freguesia, nas classes D e E. As empresas agradecem.
"Vocês querem celular?", poderia perguntar o ministro Hélio Costa, a exemplo do Chacrinha, aos beneficiários do Bolsa Família. A resposta só pode ser: "Sim, é claro". Afinal, quem não se comunica se trumbica.

BRASÍLIA - DF

O palanque de Cabral

CORREIO BRAZILIENSE - 14/11/09


Além de render royalties do pré-sal para o Rio de Janeiro, a conversa da semana passada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Sérgio Cabral (PMDB) deixou evidentes divergências sobre a formação do palanque da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no estado. Lula prometeu apoio ao senador Marcelo Crivella (PRB) e gostaria de tê-lo na chapa de Cabral e não na de seu desafeto, o ex-governador Anthony Garotinho (PR). A segunda vaga caberia ao prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), uma espécie de compensação ao PT para desistir de lançá-lo candidato ao Palácio Guanabara.


O cenário idealizado por Lula, entretanto, é um pesadelo para Cabral. Seu compromisso para o Senado é com o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), de quem depende para manter maioria na Casa e controlar o PMDB. Traí-lo significaria jogar o cacique do PMDB fluminense no colo da candidatura tucana. Além disso, por causa do voto evangélico, é difícil para Crivella abandonar a candidatura de Garotinho (PR). No fundo, Lula trabalha com a possibilidade de Dilma ter dois palanques no Rio.


Os mineiros

Esqueçam os políticos mineiros. Treze viadutos da Linha Verde, que ligará o centro de Belo Horizonte à Cidade Administrativa, futura sede do Governo de Minas, vão ganhar nomes de escritores. O time é da pesada: Henriqueta Lisboa, Abgar Renault, Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa, Paulo Mendes Campos, Pedro Nava, Otto Lara Resende, Oswaldo França Júnior, Hélio Pellegrino, Aníbal Machado, Murilo Rubião, Fernando Sabino e Roberto Drummond.

Paim

Cobrado pela rebeldia do senador Paulo Paim (foto), do PT-RS, por causa dos aposentados, o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), é generoso com o colega de bancada: “Ele tem uma visão sindical que considero antiquada, mas é muito criativo e tem projetos importantes, como o Estatuto do Idoso. Além disso, a presença dele na base aqui no Senado é muito importante para o governo”, argumenta.

Pires

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) fez circular na Câmara dos Deputados sua preocupação com a perda de recursos decorrente do marco regulatório do pré-sal. Com o fim das participações especiais no regime de partilha, o órgão perde a fonte financiadora das pesquisas geológicas e geofísicas. A ANP terá de se contentar com recursos do Orçamento e dos campos explorados sob regime de concessão.

Pé de meia

Por meio de remendos no Orçamento deste ano, o governo fez uma reserva caso o Congresso não aprove a proposta de 2010 até 31 de dezembro. Somente em restos a pagar empenhados, o governo terá, livres para gastar no ano eleitoral R$ 47 bilhões

Candidato
Neófito no PMDB, o ex-ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger (foto) tenta arregimentar correligionários, no dia 18, para voltar a defender a tese da candidatura própria à Presidência. A proposta foi levada à mesa pelo professor em sua apresentação à bancada do partido. Mangabeira tenta colocar o assunto na roda antes da veiculação da propaganda política da legenda, em 26 de novembro.


Cantor/O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) roubou a cena na abertura da exposição Outsider, do artista plástico Oscar Fortunato, na Galeria Renome (SCRN 716), toda inspirada no cantor norte-americano Bob Dylan. O petista cantou à capela Blowin in the wind e foi acompanhado pelos presentes. Ontem, a performance foi parar no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=ECi2dq3O-5E

Breu/O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Ronaldo Caiado (GO), encomendou um lote de camisetas pretas para distribuir na oposição, na próxima semana. Os parlamentares circularão estampados com os dizeres: “Onde está Dilma?”, cobrando a ministra-chefe da Casa Civil pela submersão de 40 horas depois do apagão de quarta-feira.

Cortiço/As cinco diretorias da Infraero estão de mudança marcada. Até 31 de dezembro, a cúpula da estatal será transferida do Setor Comercial Sul para o hangar da extinta Transbrasil, no Aeroporto de Brasília, que passa por reformas depois de seis anos de abandono. Idealizada pelo novo presidente, Murilo Marques Barboza, a mudança tem dividido a cúpula da estatal, que avalia não haver condições de trabalho no local.

Sobreviventes/O diagnóstico do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as políticas do governo para combate às mudanças climáticas traça um retrato desolador sobre a situação da renascida Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Seu quadro de pessoal é de 130 servidores — teve mais de 1 mil em seu auge. Destes, 20% já têm tempo de serviço para se aposentar, mas permanecem no cargo por conta de um abono de permanência.


Pressa

O PMDB pretende reduzir em uma semana o prazo para conclusão das convenções estaduais. A nova data final para as eleições dos dirigentes estaduais, que começam em 13 de dezembro, será dia 20. Com os resultados das convenções, será possível prever o rumo da legenda em 2010.

JAPA GOSTOSA

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CLÓVIS ROSSI

Drogas, o real inimigo na fronteira

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/11/09


SE O BRASIL quer mesmo ajudar Colômbia e Venezuela a se entenderem para o monitoramento conjunto da fronteira entre eles, como disse Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático do presidente Lula, a Cláudia Antunes, desta Folha, tem que começar por entender claramente o que acontece na fronteira.
As autoridades brasileiras poderiam, para começar, ler reportagem publicada na quinta-feira pelo jornal espanhol "El País" sobre San Antonio del Táchira, o passo mais transitado da fronteira.
O relato é assustador não apenas pelo que descreve em si mas também pelo fato de que há impressionantes pontos de contato com o que sucede em favelas do Rio de Janeiro e em outros pontos do Brasil em que o Estado perdeu o controle para o crime organizado.
Em San Antonio Táchira, como em certas favelas do Rio, chegaram as milícias para acabar com a pequena delinquência. Em cinco anos, tomaram conta dos negócios mais lucrativos como o contrabando de combustível e de alimentos e o tráfico de drogas em larga escala.
Cobram um pedágio, chamado "vacuna", de comerciantes e até de taxistas e mototaxistas, numa faixa entre 40 e 400 por mês (para comerciantes) e de mais de 360 para empresas de táxi.
O problema da fronteira colombiana-venezuelana não é, portanto, de cunho militar ou diplomático. É de delinquência, como, de resto, o é a ação dos narcoterroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Demorou, mas Marco Aurélio finalmente reconheceu que "a Colômbia tem hoje problema que não é de fronteira, é interno, um problema que se estendeu e assumiu dimensão maior, dada a vinculação da guerrilha com o narcotráfico".
O único erro nessa avaliação é o de considerar "interno" o problema da Colômbia. Não é. Narcotráfico só é menos globalizado do que as transações financeiras. Não se vai resolver sem que haja uma ação coordenada pelo menos no âmbito regional, o único em que o Brasil pode ter um papel de liderança.
É tanto um problema também brasileiro, que Luiz Eduardo Soares, que foi secretário nacional de Segurança, no início do primeiro governo Lula, em artigo recente para a revista "Nueva Sociedad", informa que cerca de 65% dos mais de 6.000 crimes letais que ocorrem todos os anos no Rio de Janeiro "têm relação direta ou indireta com o tráfico de drogas" . Dá, portanto, 4.000 mortes/ano pela violência associada ao narcotráfico.
Detalhe relevante: os mortos por consumo excessivo são menos de cem ao ano, sempre no Rio.
Não estou dizendo que consumir é saudável, mas é óbvio que o problema principal é a violência inevitavelmente ligada ao narcotráfico.
Também na Venezuela, como no Brasil e na Colômbia, há um grave problema de segurança que dez anos de governo Hugo Chávez só fizeram agravar.
A ameaça de guerra à Colômbia, feita por Chávez há dias, é portanto, escolher o alvo errado (além da habitual bufonaria chavista). O inimigo não são as bases dos Estados Unidos na Colômbia, mas as incontáveis bases -e soldados- do narcotráfico em todos os países da América Latina.

PAINEL DA FOLHA

Dia de fúria

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/11/09

Confrontados com a irritação exibida por Dilma Rousseff em entrevista coletiva anteontem sobre o apagão, aliados envolvidos na preparação da campanha avaliam que, se a ministra já mudou muito em alguns aspectos, aceitando delegar a maioria das tarefas de governo para mergulhar na agenda de candidata, ainda tem dificuldades de outra natureza.
Apoiadores atribuem o tom contrariado e professoral de Dilma na entrevista ao fato de que o tema "pega na veia" da ministra. As mesmas pessoas, porém, lembram que durante a campanha haverá um assunto desses por dia, e que ela terá de aprender a "moderar a intensidade". Só que, por enquanto, "ninguém tem coragem de dizer isso a ela", admite um assessor.




Sacou? Um governista resume a diferença entre Dilma Rousseff (Casa Civil) e Edison Lobão (Minas e Energia) no enfrentamento do apagão: "Ela entende do assunto, mas não se controla. Ele se controla, mas não entende".

Dúvida. Quem conhece os sinais de Lula diz que o presidente não se sente seguro com Lobão à frente do caso.

Rubro-verde. O PV criou comissão para negociar aliança com o PSOL de Heloísa Helena (AL), que ontem manifestou apoio à candidatura de Marina Silva (AC). "Vamos viabilizar uma forma de estarmos juntos. Além da amizade, essa declaração vale pela intenção de voto", diz Marina.

Trio. Um assessor palaciano resume o perfil da delegação brasileira que irá à cúpula do clima em Copenhague: uma articuladora (Dilma), um negociador (Celso Amorim) e um agitador (Carlos Minc).

É guerra. O site oficial do governo de Mato Grosso traz um artigo intitulado "Governo José Serra continua lesando o Brasil". Assinado pelo secretário estadual da Fazenda, Éder Moraes, o texto acusa o presidenciável tucano de fazer "vista grossa" à prática de grande lojas de departamento que, estabelecidas em outros Estados, faturam produtos em SP via internet.

Lembrete. O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), é apoiador de primeira hora da candidatura de Dilma.

Missão. Jilmar Tatto (PT-SP) foi o escolhido para liderar o bloco governista na CPI do MST. Será relator ou presidente da comissão. O outro cargo ficará com o PMDB.

Castigo. O deputado Devanir Ribeiro (SP) defende que o PT adote medida disciplinar contra o senador Paulo Paim (RS), autor de projetos pró-aposentados que vêm tirando o sono do governo pelo potencial de dano às contas públicas. "Ele não tinha o direito de causar embaraço tão grande. Tinha pelo menos de discutir antes com o partido."

Quebra essa. Faltando pouco mais de uma semana para a visita de Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, o Itamaraty enviou ontem ao Congresso um pedido para que o presidente iraniano seja recebido nas Casas. O sinal verde ainda não é dado como certo.

Data e local. O acordo entre Brasil e Estados Unidos para que a Embraer venda cem aviões Supertucanos aos americanos deve ser fechado na primeira semana de dezembro em Washington.

Rural 1. O TCU determinou nesta semana que a Anara (Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária), ligada ao MLST de Bruno Maranhão, devolva R$ 2,2 milhões aos cofres públicos. Maranhão ganhou notoriedade ao liderar, em 2006, a invasão da Câmara dos Deputados. Rural 2.O tribunal apontou "falhas graves" na prestação de contas da ONG relativa a repasses realizados pelo Incra entre 2005 e 2006. A ligação da entidade com a invasão do Congresso foi detectada pela Procuradoria do Ministério Público no TCU.

com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

Serra ignorou o resultado da eleição interna e colocou na reitoria da USP um ex-assessor de seu secretário Aloysio Nunes Ferreira. E depois dizem que o PT aparelha.

Do deputado CARLOS ZARATTINI (PT-SP), sobre o fato de o governador ter escolhido o segundo colocado, João Grandino Rodas.

Contraponto

Teoria conspiratória Oriundo do setor elétrico, Delcídio Amaral (PT-MS) fez na quarta-feira um discurso para tratar de questões técnicas relativas ao apagão da véspera. Em dado momento, o senador mencionou o Erac (Esquema de Rejeição e Alívio de Carga), sistema de proteção existente nas usinas.
Ao ouvir a sigla desconhecida, Wellington Salgado (PMDB-MG) fez cara de reprovação e sugeriu:
-Olha, eu acho que nós temos que mudar esse negócio de Erac. Erac é quase Heráclito...
Ele se referia ao colega Heráclito Fortes (DEM-PI).
-Quando Vossa Excelência disse que o sistema se chama Erac, pensei: o que a oposição teve a ver com isso?

QUE TAL UM GUARANÁ?

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

Porky’s contra a liberdade

"A cada dois anos, o ‘subperonismo lulista’ cria uma
sigla para controlar a imprensa. Atacando em duas frentes:
editorial e comercial. A imprensa, de bombardeio em bombardeio,
de anúncio em anúncio, de chantagem em chantagem,
amedronta-se e domestica-se"

Lula tem de parar de alisar os cabelos. Em 14 de dezembro, ele inaugurará a Confecom. Por extenso: Conferência Nacional de Comunicação. Uma das propostas encaminhadas à Confecom pelo Conselho Federal de Psicologia é proibir a propaganda com pessoas de cabelos alisados, com o argumento de que ela pode causar "transtornos de toda ordem", comprometendo "a integridade física e psicológica" de quem a assiste. O que dizer de Lula? O que dizer de seu cabeleireiro Wanderley?

A Confecom é igual à Ancinav. Ela é igual também ao CFJ. A cada dois anos, o "subperonismo lulista" cria uma sigla para controlar a imprensa. Atacando em duas frentes: editorial e comercial. Inicialmente, as empresas do setor concordaram em participar da Confecom. Depois, elas se deram conta da armadilha preparada por Franklin Martins e pularam fora. Só restaram entidades como CUT, Abragay e Conselho Federal de Psicologia. Que, além de proibir a propaganda com pessoas de cabelos alisados, recomenda proibir igualmente a propaganda de carros, porque "o estímulo ao transporte individual ofusca as lutas por um transporte público de qualidade" e aumenta "o número de mortes em acidentes de trânsito".

A Ancinav fracassou. O CFJ fracassou. O que acontecerá com a Confecom? Fracassará. Mas a imprensa, de bombardeio em bombardeio, de anúncio em anúncio, de chantagem em chantagem, amedronta-se e domestica-se. Lula sabe disso. Franklin Martins sabe disso. O resultado é que, nos últimos dias, Dilma Rousseff também passou a atacar a imprensa, com aquele tom autoritário de professora de ginástica da série Porky’s, sempre com o apito na boca.

Os repetidos ataques à imprensa do Porky’s subperonista fazem parte daquilo que o lulismo chamou de "campanha plebiscitária". Em 2010, Lula, Franklin Martins e Dilma Rousseff pretendem estabelecer "o confronto entre dois programas, entre dois Brasis": o de Lula e o de Fernando Henrique Cardoso. Trata-se da estratégia eleitoral mais obtusa de todos os tempos. Sempre que o PT apostou na tese dos "dois Brasis", ele se danou: o Brasil do passado e o Brasil do presente, o Brasil do Norte e o Brasil do Sul, o Brasil branco e o Brasil preto, o Brasil rico e o Brasil pobre, o Brasil das empresas estatais e o Brasil das empresas privadas, o Brasil educado e o Brasil analfabeto, o Brasil dos cabelos alisados e o Brasil em que ninguém pode alisar os cabelos, o Brasil da imprensa independente e o Brasil da Confecom. Contra a campanha plebiscitária do PT, o PSDB já tem a campanha pronta. Basta dizer: "O Brasil é um só".

ILIMAR FRANCO

PANORAMA POLÍTICO

O GLOBO - 14/11/09

A frase “Olhe aqui, minha filha”, dita pela ministra Dilma Rousseff, ao responder sobre o apagão, acendeu a luz amarela no governo. Seus conselheiros já disseram mais de 15 vezes que ela precisa se controlar e adotar a tática “Lulinha paz e amor”, que consiste em respirar e contar antes de dar uma resposta atravessada. Eles avaliam que a ministra foi à entrevista na defensiva e estava armada, como se fosse para a guerra.

As voltas que a vida dá

Em abril de 2008, no olho do furacão da crise econômica internacional, o presidente Lula chegou a convidar o economista Luiz Gonzaga Belluzzo para substituir Henrique Meirelles na presidência do Banco Central. A informação consta de reportagem de Cristiano Romero e Alex Ribeiro, publicada ontem no jornal “Valor Econômico”. A demissão acabou não se consumando e Belluzzo virou presidente, mas do Palmeiras. Ironicamente, Belluzzo, que chegou a ser visto como salvação pelo presidente Lula, foi o principal mentor do documento “Sem mudança não há esperança”, de 2004, que levou o PPS para o lado da oposição.

"Se há dinheiro para criar cargos, apoiar o MST, lançar Bolsa Celular, tem que haver dinheiro para fazer justiça com os aposentados” — Solange Amaral, deputada federal (DEM-RJ)

PUXÃO DE ORELHA. O ministro José Gomes Temporão (Saúde) levou uma reprimenda em público do presidente Lula durante o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Olinda (PE). O motivo foi o atraso nas obras da fábrica da Hemobrás. “É importante lembrar que está atrasada, viu, Temporão? De vez em quando eu penso que eu venho inaugurar a fábrica, e ela nem começou ainda.

É preciso saber por que atrasou tanto”, disse ele.

Dobradinha O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), conversaram duas vezes esta semana. Se Lindberg vencer a disputa interna no PT e for candidato, Crivella será seu candidato ao Senado.

No seco O presidente Lula ficou irritado, quinta-feira, na reunião com as centrais sindicais.

Lá pelas tantas, protestou: “Cesar Alvarez, quase uma hora de reunião e não teve café nem água. Já começou e ainda falta um ano para acabar o governo”.

Velhos vícios no Senado O projeto de reforma administrativa do Senado, elaborado pela Fundação Getulio Vargas, prevê 122 cargos comissionados para livre nomeação, sem concurso, na área administrativa. O senador Renato Casagrande (PSBES) quer acabar com essa possibilidade de empreguismo.

Ele afirma que é “inadmissível nomeações de ‘estrita confiança’ para cargos da estrutura permanente”.

Lobby da Monsanto

A bancada ruralista pressiona o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio para barrar pedido da Monsanto para elevar a tarifa antidumping nas importações do herbicida glifosato da China. Segundo o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), a multinacional entrou com um pedido para que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) reveja para cima o percentual da sobretaxa, que está em 2,1%.

Se a Monsanto levar, os produtores dizem que o custo de produção vai subir.

JOGO DE CENA. Ciro Gomes (PSB-CE) irá novamente a Minas na terça-feira visitar o governador Aécio Neves.

EM CAUSA PRÓPRIA. Dono das bolachas Mabel, o deputado Sandro Mabel (PRGO) indicou o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Sussumu Honda, para receber a Medalha do Mérito Legislativo.

LEI SECA. O deputado Hugo Leal (PSC-RJ) participa da Conferência Mundial de Segurança Viária, hoje, em Moscou. Um dos objetivos do encontro é montar um banco de dados de boas práticas.

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics, sucursais e correspondentes