BRASÍLIA - Prever o efeito político-eleitoral do apagão de terça-feira é tão difícil quanto apontar já o nome do próximo presidente. Ainda demorará até as causas serem conhecidas. O problema pode persistir ou ser só um caso isolado.
Mas o apagão teve utilidade colateral na área política. Foi um perfeito "stress test" -como os norte-americanos se referem a episódios provocados para verificar o comportamento de pessoas ou instituições sob grande pressão.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apareceu comentando a falta de luz em tom ríspido e irritadiço. Revelador. Sobretudo para uma pré-candidata ao Planalto nunca submetida à tensão de uma eleição presidencial. Aliás, a nenhum tipo de eleição.
Ao responder sobre o apagão, Dilma Rousseff abandonou o figurino "Dilminha paz e amor" das semanas anteriores. Parecia uma professora passando uma carraspana em alunos indisciplinados -no caso, os repórteres presentes.
Antes de assumir quase publicamente sua candidatura, a ministra tinha o costume de usar sua abordagem professoral tratando jornalistas por "minha filha" ou "meu filho". Fez então uma inflexão para "minha querida", sobretudo ao se referir às repórteres. No aperto do apagão, o "minha filha" voltou com tudo nas respostas de Dilma.
É compreensível o nervosismo do governo. O blecaute atingiu 18 Estados. Cerca de 70 milhões de brasileiros (muitos deles eleitores) ficaram sem luz. No comando do setor energético estão apadrinhados políticos do PMDB sarneysista.
Com sarcasmo, a ministra também perorou sobre o imponderável: "Nós humanos temos um problema imenso. Infelizmente não controlamos chuva, vento, raio.
Sempre quisemos, mas não conseguimos ainda". É verdade. O governo só consegue controlar e ter poder sobre as indicações políticas que faz para o setor elétrico.
sábado, novembro 14, 2009
FERNANDO RODRIGUES
Teste de estresse
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/11/09
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