terça-feira, março 05, 2013

DIRETO DO INFERNO: O Diabo mostra com exclusividade...


DIRETO DO INFERNO: 


O Diabo mostra com exclusividade para o blog, a 


fornalha onde o canalha Chaves vai arder.

Segundo explicou o Diabo, a fornalha já está ligada na 


temperatura máxima.


CHAVES VAI PARA INFERNO!

MORREU UM VAGABUNDO!

O BLOG COMEMORA!

O INFERNO NÃO PODE ESPERAR!

TE CUIDA LULA, A FILA COMEÇOU A ANDAR

PIB da Copa - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 05/03

Estão sendo recrutados 400 motoristas bilíngues para trabalhar, durante a Copa das Confederações, nas cidades sedes (Rio, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife e Salvador).

Segue...
Esta frota de carros de luxo vai ser usada, em grande parte, por turistas de 78 países, que virão pelo Programa de Hospitalidade , espaços vips vendidos pela Fifa.

Por falar...
O governo brasileiro ainda não engoliu as palavras de Thierry Weil, diretor de marketing da Fifa.

Na semana passada, em Fortaleza, com patrocinadores, ele malhou a organização da Copa. Disse que estava tudo atrasado.

Golpe no Rio
Veja como o destino do Rio está sendo, em grande parte, jogado hoje em Brasília.

Pela última conta que chegou à mesa de Cabral, uma eventual derrubada do veto de Dilma à lei dos royalties provoca uma perda de uns R$ 4 bilhões para o estado e municípios fluminenses este ano.

Em resumo
O Rio perde R$ 1,64 bilhão em 2013 e R$ 26,7 bi entre 2014 e 2020.

Já os municípios perdem R$ 2,4 bilhões este ano e R$ 32,6 bi entre 2014 e 2020.

Libera, Dilma
Dilma, em seu discurso, sexta, na inauguração do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, contou que esteve presa, no início de 1971, no prédio ao lado, onde funciona a Polícia Federal.

Foi a deixa para Eduardo Paes pedir a ela, depois, a cessão do prédio da PF para a prefeitura.

Segue...
O prédio, que ocupa quase um quarteirão, poderá se transformar numa praça ou ter um destino mais condizente com o Porto Maravilha.

Análise de conjuntura
O ministro Guido Mantega se reúne, amanhã, em Brasília, com os presidentes de seis confederações patronais: Robson Andrade (indústria), Kátia Abreu (agricultura), Antonio Oliveira Santos (comércio), Luiz Trabuco (instituições financeiras), Clésio Andrade (transportes) e José Carlos Abrahão (serviços).

Dilma com Cristina
Dilma estará em El Calafate, terra dos Kirchner, na Patagônia, na quinta-feira agora.

Outro lado
Antonio Grassi, da Funarte, sai em defesa de Antônio Gilberto, diretor da casa, acusado de favorecer José Mauro Brant para gerir o Teatro Dulcina:

- A escolha foi feita por cinco pessoas, sendo três delas de fora. Desabilitar os profissionais que têm relação com Gilberto seria dispensar grande parte dos concorrentes.

A originalidade não existe - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 05/03

Não existe autor que não tenha apresentado como seus os conceitos que nasceram de outras penas


Em 1916, um obscuro autor alemão, Heinz von Lichberg, escreveu um conto. O "Times Literary Supplement", anos atrás, publicou esse conto. História simples: um jovem estudante aluga um quarto de hotel e apaixona-se pela filha pré-púbere dos donos. O final é lúgubre para a "ninfeta" em questão. Nome do conto? "Lolita."

Quando li essa revelação, caí do céu. "Lolita", o romance de Vladimir Nabokov publicado em 1955, é um dos meus livros da vida. Mas agora existia uma sombra de ilegitimidade a pairar sobre a obra: teria Nabokov roubado a história a Heinz von Lichberg?

Nas semanas seguintes, a polêmica instalou-se nas páginas do "TLS". Conclusão possível: sim,

Nabokov provavelmente lera o conto durante a sua passagem pela Alemanha. Mas era impossível estabelecer com certeza se o roubo foi consciente ou inconsciente.

E não seria de excluir que, décadas depois de o ler, Nabokov tenha iniciado a sua "Lolita" como se a ideia fosse sua e apenas sua.

Eis a tese do neurocientista Oliver Sacks em ensaio magistral para o "The New York Review of Books". Sacks não se ocupa de Nabokov, claro, embora o título do seu texto seja, ironicamente, um evocação do escritor ("Speak, Memory"). Sacks está interessado em analisar o fenômeno da "criptomnésia", que por vezes se confunde com o rasteiro "plágio".

Um erro, avisa Sacks. "Plagiar" é roubar de forma intencional e consciente o trabalho intelectual de terceiros. Mas "criptomnésia" é outra coisa: esquecermos as fontes do que lemos, deixando que a memória construa a sua própria "originalidade" sobre elas.

Isso é recorrente no trabalho intelectual e não existe autor -de Shakespeare a Coleridge, de Milton a T.S. Eliot- que não tenha apresentado como seus os conceitos, as ideias e até as frases que nasceram de outras penas esquecidas.

Mas a "criptomnésia" não precisa do trabalho literário para tiranizar a nossa memória. O próprio Sacks relata uma experiência da sua juventude na Inglaterra, durante a Segunda Guerra, que nunca foi uma experiência real. Sim, ele julgava ter escapado a dois bombardeamentos nazistas. Até escreveu sobre eles com impressionante vivacidade.

Mas foi preciso o testemunho de um irmão mais velho para que a "verdadeira verdade" substituísse a "subjetiva verdade": ele, Oliver, experienciou o primeiro bombardeamento, não o segundo. Do segundo, lera apenas a respeito -e o impacto dessa leitura fez com que a memória diluísse a fronteira entre a "verdade histórica" e a "verdade narrativa". Ou, melhor dizendo, a "verdade narrativa" transformou-se em "verdade histórica".

A nossa memória é ambígua porque toma como verdade o que por vezes não foi verdade. Incorpora experiências, ou ideias, ou conceitos que não são radicalmente nossos. Mas que se oferecem como nossos quando as pegadas da originalidade já desapareceram do nosso areal interior.

Será isso uma fraqueza, que no limite impede qualquer criação ou recordação "autênticas"?

Longe disso, escreve Oliver Sacks: a "criptomnésia" é fundamental para qualquer atividade criativa. Se o nosso cérebro fosse um arquivo rigoroso, catalogando cada experiência ou referência com precisão mecânica, nós seríamos incapazes de funcionar ou criar. Não pela consciência insuportável de que nada é nosso.

Mas pelo motivo mais básico de que todas as informações, mesmo as mais desprezíveis, ocupariam todo o "espaço" mental.

Paradoxalmente, criamos porque esquecemos. E esquecemos, de forma ainda mais paradoxal, o que a nossa memória registrou como significativo para nós: um reservatório de conhecimentos ou encantamentos onde iremos voltar um dia -anos depois, décadas depois- para construir as nossas "originalidades".

Por mim falo: escrevo porque leio. E esqueço o muito que li. Mas sei que nesse esquecimento a minha memória não dorme. Ela será sempre um ladrão silencioso e noturno, jogando para dentro da sacola uma ideia aqui, uma imagem acolá, uma provocação mais além.

Sem falar das minhas experiências de vida -as experiências vividas, as experiências escutadas, as experiências inventadas- e que já fazem parte do meu DNA.

Serei uma fraude, como o velho Vladimir e a sua "ninfeta"?

Melhor, leitor, muito melhor: como todos nós, sou uma fraude que se julga original.


Tudo certo com Neymar! - TUTTY VASQUES

O ESTADÃO - 05/03

Craque é craque, mas o de futebol se diferencia de outros artistas de primeira grandeza pela vantagem de volta e meia poder entrar em cena absolutamente apagado, sem prejuízos para sua imagem de astro nacional!
O Wagner Moura, por exemplo, põe em sério risco a carreira de sucesso que construiu no cinema brasileiro se protagonizar meia dúzia de filmes em sequência com qualidade de desempenho à altura das últimas apresentações de Neymar, seja pelo Santos ou pela seleção.
No caso do Ivo Pitanguy, pior ainda, o cirurgião plástico não seria o craque que é se não estivesse sempre nos trinques para passar o bisturi na testa da Sophia Loren ou nas pálpebras da Stephanie de Mônaco! Não podia, a rigor, errar nem com a Suzana Vieira!
Só no futebol o craque pode não sê-lo de vez em quando, sem culpas a expiar! Acontece, e pronto!
A torcida - ô, raça! - chegou a relacionar a atual fase de Neymar com a namoradinha da novela das 9, mas vem ganhando força nas arquibancadas a tese de que o futebol do menino da Vila perdeu o brilho depois que ele descoloriu o cabelo.
Bobagem! Daqui a pouco ele volta a comer a bola! Quer apostar?

Gastroenteritezinha

Internação da rainha Elizabeth em hospital de Londres foi excesso de zelo da família real! O trono, como se sabe, é lugar mais que apropriado para curar dor de barriga.

Tem coisa pior

Com o Blairo Maggi, o Motosserra de Ouro, à frente da Comissão de Meio Ambiente do Senado e o tal de Marco Feliciano - pastor evangélico que ataca negros e homossexuais - cotado para comandar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, convenhamos, até que Renan Calheiros na presidência do Congresso não chega a ser nenhum grande absurdo.

Pibinho, e daí?

Depois que o Verissimo elogiou o slogan O fim da miséria é apenas um começo, os marqueteiros do governo se encorajaram a lançar nova frase de efeito na propaganda oficial: "O PIB é pequeno, mas ninguém deixa de comer por causa disso!"

Melhor assim!

Há males que vêm para o bem: se o Flamengo não perde para o Botafogo no domingo, ia ter gente ontem no Rio indicando o Zico para papa. Faz tempo que não se comemorava tanto os 60 anos de alguém no Brasil.

Há controvérsias!

Fãs de Michel Teló estão inconsoláveis: a rede americana de notícias CNN elegeu Daniela Mercury a "Madonna brasileira"!

Campanha

Tem pichação nova nos muros do Vaticano: D. Odilo - papa essa Brasil!

Rei posto

Handra, 24 anos, a namorada de Rondônia que Joaquim Barbosa conheceu no Leblon, confirma o que todo carioca já suspeitava: Aécio Neves perdeu de vez a hegemonia no bairro.

Neymar! Deixa de ser loiro! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 05/03

Volta pro castanho, pro ruivo, pro acaju Jassa ou pinta o moicano de azul! Qualquer tom!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E um apelo da nação: Neymar, deixa de ser loiro! Esse é o grande motivo da má fase O Neymar enloirou, piorou!

Volta pro castanho, pro ruivo, pro acaju Jassa ou pinta o moicano de azul! Qualquer tom! Neymar já usou 50 tons de Wellaton!

Aliás, eu vou escrever uma biografia do Neymar: "50 Tons de Wellaton". Rarará!

E o Neymar vai virar gramólogo. Vive estatelado na grama. Ou chutado ou se jogando!

E o site Futirinhas mostra o novo comercial do Neymar: "Cair sem fronteiras. TUM!". Rarará! E qual a posição do Neymar? HORIZONTAL! Rarará!

E o PIB? Agora só se fala em PIB! PIB, PIB, PIB! Lei de Murphy! O PIB caiu com o Mantega pra baixo! Rarará.

E uma amiga minha disse que PIB na casa dela quer dizer Pinto Irremediavelmente Broxa! Ou melhor, Pinto Indo pro Brejo! Rarará!

E o site Kibeloco revela o novo filme estrelado pelo Mantega: "As Aventuras de PIB". Oscar de melhores efeitos especiais!

E notícia econômica é a coisa mais democrática que existe: ninguém entende nada!

E o Vaticano? Já tá tudo pronto para o Big Papa Vaticano! Mas por enquanto estamos numa situação descrita como Sé Vacante. Tamo sem Papa! Oba!

A gente vai trepar, usar camisinha e ouvir rock! Ou como disse uma amiga: "E beber leite condensado direto da lata em pé na porta da geladeira". Tá tudo liberado! Rarará!

E como diz aquele ditado: "Onde há fumaça, há papa!". E se a fumaça branca sair com cheiro de pneu queimado é parente do Rubinho!

E já imaginou se, em vez da fumaça, sair um arco-íris? Eu vou virar um fumaçólogo! Rarará!

E a Dilma: "Maaaantega, joga fermento nessa porra de PIB!". Que ninguém sabe direito o que é! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Olha a placa numa bicicleta em Maceió: "Livramos o Senhor de todos MAU!". Inclusive do Lobo Mau!

E adorei este motel: "Motel Garças. Rapidinha do Amor. 3 horas a partir de R$ 28,00". Rapidinha de três horas deve ser com a garça! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Política econômica - gestão à deriva - PAULO PAIVA

O ESTADÃO - 05/03

A inflação cresce e o PIB desacelera. Será que o governo mudou o rumo da política econômica? Amplia-se no mercado a convicção de que o tripé macroeconômico foi abandonado, embora autoridades governamentais insistam em dizer que não. O debate sobre opções de política econômica toma maior espaço na mídia, por meio do embate entre convicções ideológicas: neoliberais, de um lado, e neokeynesianos, de outro. Será que o baixo crescimento econômico e a aceleração inflacionária resultam de mudança na estratégia ou de inadequada gestão da política econômica? Analistas mais pragmáticos e com experiência na administração pública concordam que, diante do novo cenário internacional, há necessidade de revisão na orientação da política econômica. Redução das taxas de juros, política fiscal anticíclica e alguma proteção à produção doméstica compõem um leque de novas opções no ambiente atual. Mas sem gestão eficiente os resultados não chegam.

No âmbito da política macroeconômica, falta coerência entre decisões tomadas nas diferentes áreas. O compromisso com a meta anual de 4,5% de inflação parece ter sido abandonado, embora o Banco Central insista em não admitir. A principal arma para fazê-la convergir para o centro da meta - a taxa de juros - não tem sido utilizada. Ao contrário, são adotados procedimentos pouco usuais em economias maduras, como "congelamento" de preços de combustíveis e postergação nos ajustes de preços de passagens de ônibus. Um importante instrumento de auxílio à política monetária - a meta de superávit primário - não é corretamente usado. Nesse caso, o governo lança mão de artifícios contábeis para encobrir o desacerto na gestão orçamentária. A expansão do crédito do BNDES se faz à custa do aumento da dívida bruta. A política fiscal não contribui para a estabilidade monetária.

A política cambial passou a seguir objetivos opostos. Ora a intervenção no câmbio visa a estimular a produção industrial, e toma-se desvalorização do real. Ora visa a conter a alta de preços, e toma-se valorização do real. Tudo dentro de um ambiente externo cujo impacto nas variações das moedas é maior do que o que o governo pode fazer. Bastou um possível sinal de instabilidade na Itália e lá foi o dólar para cima, tornando inócuo o esforço de sua desvalorização, dias atrás.

No âmbito dos investimentos em infraestrutura há também grandes incoerências. De um lado, a correta decisão de estimular a participação do capital privado para melhorar a infraestrutura não tem correspondência no formato das concessões. No caso dos aeroportos, o modelo impõe a participação de empresa pública; no caso das rodovias, as taxas internas de retorno são inferiores à remuneração de títulos públicos e, para compensar, oferece-se o crédito subsidiado do BNDES. De outro lado, a opção, também correta, de rever a estrutura de preço da energia resultou na perda no valor de várias empresas, como Cemig e Eletrobrás, porque o processo não seguiu o caminho natural do diálogo e do respeito aos contratos. O mesmo pode-se dizer da interferência na gestão da Petrobrás, adiando reajustes de combustíveis e comprometendo o seu patrimônio.

Voltar a um tipo de capitalismo de Estado, como no governo Geisel, não parece ser o maior problema na economia, no curto prazo. Naquela época, a gestão da política econômica era coerente com uma visão estratégica predeterminada. Hoje, ao contrário, não parece haver um rumo. Não são utilizados princípios básicos de governança, como definição de objetivos, transparência e prestação de informação correta aos stakeholders. As medidas tomadas não são coerentes entre si e sofrem mudanças constantemente. Ademais, inexiste a presença de liderança na área econômica que possa transmitir segurança ao mercado, como foram Pedro Malan e Henrique Meirelles nos governos FHC e Lula, respectivamente. Enfim, a gestão está perdida. Como a campanha eleitoral já foi antecipada, poucas esperanças restam para encontrá-la. Agora é aguardar 2015, porque a gestão econômica está à deriva.

Os gatos gordos, mal-amados - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 05/03

Plebiscito na Suíça evidencia forte irritação com os salários e prêmios abusivos nas empresas

Plantu, o grande mestre da "charge" política, trouxe ontem para a capa do "Monde" um grupo de suíços que correm para a fronteira com a França aos gritos de "a Suíça está demasiado à esquerda; queremos nos refugiar na França".

Razão da fuga: uma sólida maioria de suíços (67,9%) votou domingo a favor de um projeto contra "remunerações abusivas" no mundo empresarial, a chamada "iniciativa gatos gordos", como ficou conhecida.

A sacada de Plantu é genial porque brinca com o fato de que a França é que é conhecida como perseguidora dos "gatos gordos", tanto que o ator Gérard Depardieu criou um baita escândalo recentemente, ao se mudar para a Bélgica para fugir aos impostos sobre os mais ricos.

A Suíça, ao contrário, é famosa por proteger as fortunas e seus segredos, o que torna a votação de domingo "uma pequena revolução", diz o "Monde".

O projeto prevê que caberá à assembleia-geral de acionistas votar, a cada ano, a soma global de remunerações do conselho de administração e da diretoria. Nada mais democrático, certo?

Além disso, ficam vetados os "paraquedas dourados", como são tratados os fabulosos bônus concedidos aos "gatos gordos" quando deixam a empresa, ou prêmios por compra ou venda de companhias.

Foi exatamente um "paraquedas dourado" recente que puxou votos a favor das limitações no plebiscito de domingo: o anúncio de que Daniel Vasella, presidente do grupo farmacêutico Novartis, receberia 72 milhões de francos suíços (R$ 151 milhões) ao deixar o cargo. Vassela renunciou ao pagamento, ante a rebelião que se seguiu ao anúncio.

O tiro nos "gatos gordos" ainda tem que ser regulamentado pelo Parlamento, e provavelmente acabará aguado.

Mas, ainda assim, ouso dizer que a votação na Suíça reflete melhor a ira da sociedade europeia com os abusos em que o capitalismo está se esmerando desde que derrotou o comunismo do que o espetacular avanço de Beppe Grillo na Itália.

Afinal, a Itália tem sido sinônimo de corrupção há muito tempo e está em processo de estagnação econômica desde o início do século. Surpresa seria se não emergisse um voto de protesto.

Já a Suíça é aquela conhecida placidez. Chama a atenção o fato de que a "iniciativa gatos gordos" não tenha sido da esquerda, que, no mundo inteiro, finge conviver mal com as fortunas. Foi proposta por Thomas Minder, empresário e senador da direita xenófoba, que costuma atribuir todos os (poucos) males da Suíça aos imigrantes mal remunerados, quando remunerados, e não aos executivos de salários dourados.

Sinal de que o mal-estar está se tornando insuportável, em especial com a banca, aquela cujos salários e bônus chocam mais ainda porque continuaram a ser colossais, mesmo depois da crise pela qual seus executivos foram em parte responsáveis.

A revista francesa "Marianne" interpreta o voto suíço como uma expressão do desejo de que "o sistema financeiro seja saneado e colocado à disposição da recuperação econômica, o que não está sendo o caso, hoje mais que nunca".

Trava na educação - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 05/03

SÃO PAULO - A notícia de que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo está convocando para atuar como professores temporários docentes que não conseguiram acertar nem a metade das questões do último processo seletivo da pasta tem duplo significado.

Em primeiro lugar, é bem-vinda a admissão, pelas autoridades educacionais, de que a realidade existe. Quando o modelo de teste para temporários foi introduzido, em 2009, a secretaria dizia que a prova seria eliminatória; agora a classifica como "classificatória".

Não é preciso ser nenhum mestre do empirismo para constatar que o salário e as condições de trabalho oferecidos às pessoas incumbidas de educar as próximas gerações de paulistas não estão atraindo multidões. Como, por definição, o Estado só pode contratar quem está disposto a aceitar o cargo, a utilização dos "reprovados" torna-se uma necessidade prática. A alternativa seria deixar milhares de alunos sem determinadas aulas, o que é provavelmente pior do que ter um mau professor.

A segunda mensagem é mais inquietante: dos 139 mil temporários que se submeteram ao último exame, no fim de 2012, 39 mil (28%) tiveram um desempenho ruim, acertando menos de 50% das questões, que, vale observar, não visavam a selecionar Prêmios Nobel. São pessoas que já atuavam no sistema e nele deverão permanecer. Mais do que isso, é gente formada pelo sistema.

Considerando que existe um grande corpo de pesquisas em educação mostrando que o nível do professor é uma das mais importantes, se não a principal, variável a impactar na excelência do ensino, nós chegamos a um ponto em que a má qualidade do sistema se tornou sua própria trava.

Sair dessa armadilha não é trivial e exige tempo. O horizonte é o de gerações, não administrações. O que preocupa, porém, é que não se percebe nas autoridades atitudes resolutas para começar a reverter o quadro.

Curiosa generosidade - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 05/03
Como devem ser as relações entre órgãos do Estado e a iniciativa privada? Cordiais e respeitosas, obviamente, mas também devidamente cautelosas, já que ele é o fiscal dela.

Essa afirmação do óbvio vem a propósito de um assunto em debate: discute-se se o Ministério Público pode receber patrocínio de empresas particulares.

Na primeira decisão a respeito, no Conselho Nacional de Justiça, decidiu-se que seminários e outros eventos do Judiciário podem receber, de empresas não identificadas, até 30% dos custos de eventos, seminários e outros convescotes.

Mas existe oposição, e o assunto ainda depende de decisão do Conselho Nacional do Ministério Público.

Há opiniões enfáticas contra e a favor. Um dos conselheiros, o advogado Almino Afonso, usou um argumento que, para o observador leigo, parece definitivo: a Constituição, disse ele, não permite que promotores recebam auxílio ou qualquer contribuição de entidades públicas ou privadas. Afinal de contas, o que está em questão não é o volume da ajuda e sim o fato de que ela existe.

Não há, até agora, qualquer denúncia de influência indevida de generosos patronos em decisões de promotores. Mas é inegável que o risco sempre existe, além do estabelecimento de um precedente perigoso. Obviamente, não parece prudente que um órgão público deva favores a instituições ou cidadãos que podem vir a depender de suas decisões. E uma coisa é certa: empresários não costumam jogar dinheiro fora.

Também não existe explicação para a falta de financiamento oficial desses eventos. Ou o governo não os considera necessários?

Não parece ser saudável o patrocínio particular de convescotes de agentes do Estado. A generosidade é, em princípio, uma virtude.

Na prática, nem sempre.

O magistrado como agente político - ELIANA CALMON

CORREIO BRAZILIENSE - 05/03

Os 26 novos juízes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) iniciarão, no próximo dia 12 de março, uma jornada cujo objetivo é torná-los agentes políticos da nossa sociedade. Os jovens brasilienses, que já estão em atividade judicante, integrarão a segunda turma do curso de Iniciação Funcional para Magistrados, projeto desenvolvido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados Ministro Sálvio de Figueiredo (Enfam).

O curso é uma qualificação complementar à formação obrigatória oferecida pelas escolas judiciais e de magistrados vinculadas aos tribunais estaduais e federais do país. Nasceu da necessidade que verificamos, sobretudo no período à frente da Corregedoria Nacional de Justiça, de "nacionalizar" os juízes, inseri-los de forma mais incisiva no ambiente político e institucional do país e, além disso, apresentá-los a todo o arsenal de ferramentas de controle e fiscalização desenvolvidas pelos diversos órgãos da União e que podem auxiliá-los decisivamente em seu cotidiano de atividade judicante.

A iniciativa foi empreendida, em dezembro, ainda enquanto projeto-piloto, com 62 juízes recém-empossados no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP. A experiência superou nossas expectativas, sendo extremamente proveitosa. Não apenas para os jovens magistrados, que retornaram para o interior paulista - a maioria deles - com uma consciência muito mais apurada acerca do funcionamento das instituições políticas nacionais, inclusive dos mecanismos de controle e combate à corrupção nesses órgãos. Nós, da Enfam, também pudemos aprimorar o projeto, que será oferecido de forma mais concisa e focada às próximas turmas, a começar pela do TJDFT.

É evidente que não cabe muito falar em "nacionalizar" aqueles que nasceram ou se criaram em Brasília. Afinal, aqui se respira política desde cedo. Entretanto, o objetivo de dotar os novos magistrados de um instrumental teórico e prático, que lhes possibilite transitar no ambiente político-institucional com a desenvoltura necessária, continua o mesmo.

O foco desta iniciativa é utilizar a educação - razão de ser da Enfam - para acelerar a modernização do Judiciário por meio de magistrados cientes das missões e atribuições instituídas pela Constituição Federal de 1988 e aprofundadas pela reforma implementada a partir da Emenda Constitucional nº 45 de 2004. Cabe lembrar que a magistratura, antes no papel secundário de chancelar as decisões dos outros dois Poderes, foi imbuída de competências que impõem uma sintonia fina e permanente com os anseios da sociedade.

Afinal, desde 1988, é papel do Judiciário fiscalizar a correta implementação das políticas públicas do país, bem como garantir os direitos humanos e proteger o cidadão frente à força dos poderes políticos e econômicos. Tudo isso num contexto em que a transparência é cada vez mais exigida por uma sociedade que se comunica e tem acesso às informações em tempo real.

Definitivamente, a ideia do juiz enclausurado já é por demais ultrapassada - o que não significa menor rigor teórico nas uas decisões processuais. O magistrado, mesmo que não queira, é um agente político, inserido num contexto econômico-social no qual desempenha papel determinante. Ele é o elo final de toda uma cadeia que envolve uma série de organismos do Estado e interesses diversos da sociedade civil. Afinal, é na Justiça em que desaguam as controvérsias derivadas das fiscalizações, controles e repressões.

E é no sentido de forjar a necessária modernização dos magistrados e do Judiciário que a Enfam propõe essa qualificação complementar a que os jovens juízes brasilienses terão acesso durante duas semanas. Eles participarão de 26 palestras, muitas delas nas próprias instituições, com magistrados e altos dirigentes de órgãos como o Banco Central, a Polícia Federal, a Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, a Receita Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU), a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Na pauta de discussões estarão assuntos fundamentais que desafiam a magistratura atualmente: tráfico de drogas, violência contra a mulher, inadequação do sistema carcerário, infância e juventude, lavagem de dinheiro e combate à corrupção. Além disso serão abordadas questões funcionais como a atuação dos Juizados Especiais Cíveis, o Processo Judicial Eletrônico e a relação entre a magistratura e mídia, ressaltando a necessidade de se construir uma interação transparente e madura entre o Judiciário e a imprensa.

Nós, da Enfam, estamos certos de que o curso de Iniciação Funcional para Magistrados será mais uma vez um sucesso. Com isso, esperamos colaborar com toda a população do Distrito Federal, que poderá contar com juízes mais ciosos acerca de seu papel vital na sociedade e de suas responsabilidades contemporâneas.

Agrotóxicos sem veneno - XICO GRAZIANO

O ESTADÃO - 05/03

Pragas e doenças ameaçam a produtividade das lavouras em todo o mundo. No combate a esses organismos danosos, produtores rurais recorrem ao uso de defensivos agrícolas, que, por sua vez, afetam o meio ambiente. Seria possível praticar agricultura sem agroquímicos? Dificilmente.

No bê-á-bá da agronomia se aprende que um inseto somente pode ser considerado uma praga se causar danos econômicos às plantações. Isso porque, na natureza bruta, folhas e grãos são normalmente mastigados pelos bichinhos, que se reproduzem no limite estabelecido por seus predadores naturais. Quando, por qualquer motivo, se rompe o equilíbrio do ecossistema, altera-se a dinâmica das populações envolvidas naquela cadeia alimentar. Advêm problemas ecológicos.

Tudo começou quando, há cerca de 10 mil anos, a população humana se tornou sedentária. Surgiu daí a agricultura, inicialmente nos deltas fluviais, provocando os primeiros desequilíbrios ambientais. Pragas e doenças são relatadas desde essas remotas origens da civilização. Gafanhotos nas plantações, pestes no rebanho e piolho nos campos se encontram entre as dez pragas bíblicas do Egito.

Cinzas de madeira foram os primeiros defensivos agrícolas. A partir de 1850, quando a população humana já atingira seu primeiro bilhão, alguns produtos químicos, como o arsênico e o mercúrio, começaram a ser utilizados. Muito tóxicos, acabaram abandonados. Em 1930, os habitantes da Terra chegavam aos 2 bilhões. Foi quando se descobriu a ação inseticida do DDT, derivado do cloro, utilizado na saúde pública para combater os insetos transmissores de doenças. Somente nos anos de 1960, quando a explosão populacional elevou para 3 bilhões a espécie humana, os defensivos químicos passaram a ser utilizados em grande escala no campo.

Em 1962, a bióloga norte-americana Raquel Carson publicou seu extraordinário livro Primavera Silenciosa, mostrando que ovos de pinguins da Antártida continham resíduos de pesticidas clorados. O alerta forçou os governos a atuar e obrigou a indústria a evoluir. Persistentes no meio ambiente, a primeira geração de produtos agrotóxicos clorados acabou mundialmente banida. Desde 1985 encontram-se proibidos no Brasil.

Nessa época, organizados na Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Paulo (Aeasp) e liderados por Walter Lazzarini, os profissionais exigiram leis mais rígidas para regular o uso e a aplicação dos agrotóxicos, incluindo, à semelhança dos médicos, a exigência da receita agronômica para a venda desses insumos. Nossa palavra de ordem era o "uso adequado e correto" dos defensivos agrícolas, não sua proibição total. O foco residia na agricultura de qualidade. Saímos vitoriosos.

Pois bem, Nem o aumento dos humanos, que já ultrapassaram 7 bilhões de habitantes, nem a expansão rural, que já ocupa 37% da superfície da Terra, cessaram. Embora a tecnologia tenha conseguido notáveis sucessos, o vetor básico continua atuando: novas bocas para alimentar exigem mais alimentos, que pressionam o desmatamento, que aumenta o desequilíbrio dos ecossistemas, que favorece o surgimento de pragas e doenças. Trajetória da civilização.

A safra brasileira tem batido recordes, ampliando o uso de defensivos agrícolas. Além do mais, nos trópicos o calor e a umidade favorecem o surgimento de pragas e doenças nas lavouras. Graças, porém, ao desenvolvimento tecnológico, nos últimos 40 anos se observou forte redução, ao redor de 90%, nas doses médias dos inseticidas e fungicidas aplicados na roça. Quer dizer, se antes um agricultor despejava dez litros de um produto por hectare, hoje ele aplica apenas um litro. Menos mal.

Fórmulas menos tóxicas, uso do controle biológico e integrado, métodos de cultivo eficientes, inseticidas derivados de plantas, vários elementos fundamentam um caminho no rumo da sustentabilidade. Os agroquímicos são mais certeiros, menos agressivos ao meio ambiente e trazem menores riscos de aplicação aos trabalhadores rurais. Nada, felizmente, piorou nessa agenda.

Surge agora, nos laboratórios, uma geração de moléculas que atuam exclusivamente sobre o metabolismo dos insetos-praga, bloqueando sinais vitais. Funcionam de forma seletiva, combatendo-os sem aniquilar os predadores naturais, nem afetar insetos benéficos ou animais mamíferos. No sentido ambiental, configuram-se como pesticidas não venenosos, deixando de ser "agrotóxicos". Sensacional.

Existe, ainda, contaminação de alimentos por agrotóxicos tradicionais. O problema, contudo, difere do de outrora, quando resíduos cancerígenos dominavam as amostras coletadas. Hoje a grande desconformidade recai sobre o uso de produtos químicos não autorizados para aquela lavoura pesquisada, embora permitidos em outras. Raramente se apontam resíduos químicos acima dos limites mínimos de tolerância.

Isso ocorre por dois motivos. Primeiro, o governo tem sido extremamente lerdo no registro de novos defensivos agrícolas. Segundo, mostra-se muito onerosa, para as empresas, cada autorização de uso para lavouras distintas.

Resultado: inexistindo produto "oficial" para o canteiro de pimentão, por exemplo, o horticultor utiliza aquele outro vendido para tomate. O problema, como se percebe, é mais agronômico, menos de saúde.

Muita gente critica os defensivos químicos, considera agrotóxico um palavrão. Mesmo na agricultura orgânica, imaginada como solução milagrosa, todavia, se permite utilizar caldas químicas elaboradas com sulfato de cobre, hidróxido de cálcio e enxofre.

Resumo da história: na escala requerida pela população, as lavouras sempre exigirão pesticidas contra organismos que as atacam. Importa o alimento ser saudável.

Eu sou mais que a minha cor - ROBERTA FRAGOSO KAUFMANN

O GLOBO - 05/03

Vocês sabiam que a categoria racial "negro" não existe oficialmente? Nem sequer para o IBGE? No sistema atual, utilizam-se cinco possibilidades: branco, preto, amarelo, pardo e indígena. Então, o que isto significa?

Negro, no Brasil, é a junção das pessoas que se declaram pretas com as pessoas que se declaram pardas, para fins de divulgação das estatísticas. Ora, e quem são os "pardos"? São todos os brasileiros misturados e que se originaram da miscigenação entre brancos e pretos. Para onde foram os mamelucos? E os cafuzos? Esses não têm espaço.

Todos são obrigados a serem pardos! Mas se "pardo" é a mistura de brancos e pretos, por que eles são contabilizados como "negros", em vez de "quase brancos" (já que possuem ascendentes dos dois grupos)? Porque os arautos da racialização querem nos tornar um país bicolor, aos moldes dos Estados Unidos! Eles lastimam o fato de nos reconhecermos miscigenados e entendem isso como retrocesso, em vez de reproduzirmos o ideal birracial dos EUA. Pensam como colônia e refutam a identidade nacional. Querem a formação de identidades bipolares (branca e preta) e recusam a identidade brasileira.

Um dos grandes problemas para os teóricos racialistas é a dificuldade que o brasileiro tem de se reconhecer pardo. Ninguém quer ser pardo. Todo mundo quer ser moreno.

Pesquisa divulgada em julho de 2011 pelo IBGE afirma que a esmagadora maioria dos que foram identificados como pardos prefere se utilizar do termo moreno. Por que, então, existe tanta resistência à adoção do termo moreno? Ora, se adotássemos moreno, em vez de pardo, este grupo representaria a esmagadora maioria, e, assim, ficaria difícil pleitear oportunidades para grupos outrora minoritários: a causa perderia legitimidade.

Por outro lado, as estatísticas relativas às condições sociais também melhorariam substancialmente. Isto porque, em muitos casos, apenas os dados sociais relativos aos pretos - que compõem 7% da população - são divulgados. Por exemplo, quando se utiliza da afirmação de que apenas 8% dos pretos estão no curso superior, olvidando-se, oportunamente, a categoria dos pardos, que representam 32% dos estudantes universitários do país.

Esta tormentosa questão, tipicamente brasileira, nunca comoveu os pesquisadores americanos. Elucidativo é o fato de que os principais livros que abordam a questão das ações afirmativas nos EUA passam ao largo do problema que tanto nos atormenta: defina quem é negro no Brasil? Pode-se dizer que é, no mínimo, curiosa a observação de brasilianistas americanos sobre o critério multirracial brasileiro, classificando-o como confuso.

Nesse sentido, confira-se com Thomas Skidmore, quando afirma: "O sistema classificatório multirracial empregado pelos brasileiros costuma confundir e desorientar visitantes estrangeiros, inclusive sociólogos e antropólogos profissionais."

A observação se torna curiosa porque a regra da ancestralidade, da uma gota de sangue, para eles, parece ser de uma nitidez cristalina. Assim, classificar uma pessoa loura, de olhos azuis e pele claríssima como preta parece ser a coisa mais óbvia e inteligível do mundo! Este foi o caso do Walter White, que não só era louro dos olhos azuis, mas foi por 25 anos presidente da maior organização a favor dos negros nos EUA.

Eu sou brasileira e não quero ter que pensar sobre mim mesma a partir de minha cor. Sou muito mais do que isso!

ALÉM DO ARCO-ÍRIS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 05/03

A União Brasileiro Israelita do Bem-Estar Social promoveu anteontem uma sessão para convidados de "O Mágico de Oz". O musical é estrelado por Heloísa Périssé, Lúcio Mauro Filho, Luiz Carlos Miele, Bruna Guerin e Malu Rodrigues, entre outros. Na plateia do teatro Alfa estavam Célia Kochen Parnes, presidente da Unibes, e Ida Lottenberg com os filhos Gustavo e Fabio.

MEIA VOLTA
O STF (Supremo Tribunal Federal) poderá enfrentar um dos casos mais polêmicos de sua história recente: o que envolve Lula com o mensalão. Caso seja aberto inquérito contra o ex-presidente, caberá aos ministros dizer se ele deve ou não ser investigado. Ainda que o petista não tenha mais foro privilegiado.

INEVITÁVEL
O calendário com que magistrados trabalham é o seguinte: caso o Ministério Público de MG abra inquérito contra Lula neste ano, baseado em declarações do publicitário Marcos Valério que tentam envolvê-lo no escândalo, advogados do ex-presidente entrarão com habeas corpus pedindo que a investigação não siga adiante. Depois de passar pelo Tribunal de Justiça de MG e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), o pedido inevitavelmente chegará ao STF.

DATA MARCADA
A possibilidade preocupa magistrados do Supremo, que enxergam componente explosivo. Principalmente pela data: a questão poderá chegar à corte em 2014 -ano de sucessão presidencial. "Serão tempos difíceis", diz um ministro à coluna, seguro de que o STF "não escapará" da polêmica.

DE PERTO
Advogados ligados a Lula acompanham a movimentação dos procuradores mineiros que analisam o depoimento de Valério. Trabalham com a possibilidade de o inquérito ser aberto e de o ex-presidente chegar a depor.

ÁGUA BENTA
João Sayad, presidente da TV Cultura, ainda não decidiu se disputa a reeleição, em maio. Ele diz que "ouviu falar" que o governador Geraldo Alckmin tem outro candidato -Marcos Mendonça, que já ocupou o cargo. Mas ainda não sabe se baterá chapa com ele. "Estou esperando a sucessão do papa para decidir", brinca.

ÁGUA BENTA 2
Um grupo de conselheiros da Fundação Padre Anchieta, que controla a TV Cultura, tenta emplacar o nome de Carlos Magalhães para o cargo de vice-presidente da emissora. Ele dirigia a Cinemateca Brasileira e foi exonerado pela ministra Marta Suplicy, da Cultura.

CORTE NA CINEMATECA
E a Cinemateca dispensou 20 pessoas não concursadas. O Ministério da Cultura diz que não houve demissões, mas finalização de contratos. E que o atendimento ao público não será afetado.

TELHA
É tenso o clima entre Carlos Eduardo Rodrigues, o Cadu, da Globo Filmes, braço cinematográfico da Rede Globo, e a nova direção geral da emissora.

Ao contrário de rumores que circularam no fim de semana, no entanto, o executivo continua no cargo.

SANTA SÉ
Reportagem da rede de TV alemã Deutsche Welle sobre a sucessão do papa, no domingo, apresentou o padre Marcelo Rossi como "a esperança da igreja católica no Brasil".

O religioso é definido como um sacerdote "moderno", que canta e atrai milhões de ouvintes em programa de rádio e nas missas.

SANTA SÉ 2
A mesma reportagem reforçou o status do cardeal brasileiro dom Odilo Scherer de forte candidato ao posto de sucessor de Bento 16.

A LISTA DE CLARICE
Clarice Niskier vai dirigir e protagonizar o monólogo "A Lista", baseado em texto da canadense Jennifer Tremblay. Para o projeto sobre "amor, solidão, medo, angústia, fuga da cidade grande, relacionamentos humanos", os produtores foram autorizados a captar R$ 522 mil com incentivos fiscais.

VESTIDO BRANCO
A estilista Emannuelle Junqueira apresentou sua nova coleção de vestidos de noiva em desfile no hotel Unique, na sexta. A apresentadora Sarah Oliveira, a escritora Fernanda Young, a cantora Marina de la Riva e a empresária Patricia Jereissati estavam na plateia do evento CasaModa Noivas.

Curto-circuito
O pianista Vitor Araújo apresenta o show do CD "A/B" no teatro do Sesc Pompeia, na quinta, às 21h. Classificação: 12 anos.

A Organização Odebrecht terá pela primeira vez um edifício próprio em São Paulo, no Butantã.

Leigh Lezark, estrela da campanha da Schutz, estará na festa da marca no sábado no Jardim Europa.

A agência de viagens Teresa Perez Tours inaugura endereço hoje, em Brasília.

Gui Mohallem abre hoje a mostra Tcharafna, no Espaço Experimental de Arte, em Belo Horizonte.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 05/03

Para cima
Cresceram 4,5% as vendas do comércio carioca nos cinco meses do horário de verão 2012/13, calculou o CDL-Rio. As lojas de rua foram as que mais lucraram com o anoitecer tardio.

Para baixo
A greve dos rodoviários, 6ª e sábado, reduziu em até 30% o movimento nas lojas do Centro do Rio. “Sem vender, na virada do mês, os lojistas foram aos bancos para pagar salários”, diz Daniel Plá, professor da FGV.

Revogada
O comércio do Rio não está mais obrigado a usar sacolas de papel reciclável ou plástico biodegradável.
A eficácia da lei municipal sobre o assunto foi suspensa ontem pelo Órgão Especial do TJ-Rio. A Firjan foi autora da ação. Alegou ao juízo que o município não pode legislar sobre o tema.

Imposto
A arrecadação nominal do ISS no Rio cresceu 15,1% em 2012. Bateu R$ 4,3 bilhões, segundo levantamento de ISP e Secretaria de Fazenda do município. A cifra é quase 60% da receita tributária da cidade. Descontada a inflação, houve alta de 6,3%.

Demanda
As consultas jurídicas sobre a MP dos Portos subiram 30% desde dezembro de 2012 no Veirano Advogados. O escritório prevê que o volume de negócios no setor crescerá 40% este ano.

No banheiro
A Fabrimar, de metais para banheiros, lançará cinco linhas de produtos na Expo Revestir, de hoje a sexta, em São Paulo. Uma delas, parceria com o designer Guto Indio da Costa, mistura metal cromado com plástico.

A marca investiu R$ 2 milhões. Espera aumento de 8% nas vendas este ano.

Na casa
A Todeschini, de móveis, cresceu 10% no Rio em 2012. Foi o estado brasileiro com o melhor resultado. A empresa já prevê 15% para este ano. Só no primeiro bimestre, o faturamento subiu 33% sobre
2012. Ao todo, o grupo tem 22 lojas no estado.

TRES PROJETOS PARA DESCONTAMINAÇAO DE MANGUINHOS
Empresas internacionais preparam orçamentos para governo fluminense e dizem que terreno poderá abrigar moradias
Três empresas com experiência internacional já trabalham em propostas de descontaminação do terreno e das instalações da Refinaria de Manguinhos para o governo fluminense. Arcadis, ConestogaRovers e ERM estão preparando projetos e orçamentos para a chamada remediação da área da refinaria, alvo de decreto de desapropriação pelo governador Sérgio Cabral. As três companhias já teriam garantido ao estado que a limpeza e o uso do terreno para construção residencial são possíveis. A Arcadis enviou informações sobre operação de descontaminação da Bayernoil Refinary, na cidade alemã de Ingolstadt. A área abrigará estádio de futebol e um complexo comercial e residencial. Cabral anunciou o plano de desapropriação e construção de projetos de habitação popular no terreno da refinaria, após a ocupação policial das comunidades de Manguinhos e do Jacarezinho, em outubro de 2012. A Fiocruz começou em 2011 o Diagnóstico Socioambiental de Manguinhos, cuja conclusão está prevista para 2014. As análises preliminares mostraram no solo da refinaria a presença de poluentes acima do limite tolerável para empreendimentos residenciais.

324 AMOSTRAS DE SOLO
Os laboratórios da Fiocruz estão analisando material colhido em Manguinhos ao longo de 2012.O governador foi informado que um relatório parcial sai em abril. O estudo final fica pronto em 2014.

SÓSIAS
“Inspiradores° é o tema da coleção do inverno 2013 da Reserva.

A campanha usará sósias de grandes nomes da música, caso doJimi Hendrix encarnado por Draylson Menezes.

A veiculação começa pela revista da grife, na semana que vem. Depois, as peças vão para mídias sociais e impressa.

A marca espera vender 20% mais. Até junho, abre lojas em Recife, Brasília e Porto Alegre.

FRENESI
O estilista mineiro Victor Dzenklança hoje a coleção deinverno “Frenetic dancing days°. A fotógrafa grega Evangelia Kranioti fez as imagens do catálogo, que traz a modelo Cristiane Stamboroski.

O cenário é o Bar do Copa, no Copacabana Palace. Com cinco lojas e presente em 150 multimarcas, a grife espera aumento de 30% nas vendas.

TINTIM
A Maria Filó apresenta hoje campanha coleção de outono/inverno. É inspirada no universo dos vinhos.

Regina Krilow está nas fotos de Márcio Simnch. As imagens vão circular na internet.

A marca prevê vendas 25% maiores. Também hoje, reabre unidade do Centro do Rio. Até dezembro, investirá R$1 milhão para repaginar cinco lojas.

Os recados os vetos - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 05/03

Depois de dar uma mensagem de sintonia com o eleitor ao acabar com o 14º e 15º salários, os congressistas se preparam esta semana para colocar os pingos nos iis em relação aos demais Poderes da República, tanto o Judiciário, quanto o Executivo, tudo embutido na votação de hoje do veto da presidente Dilma Rousseff aos royalties do petróleo, que, conforme as apostas dos políticos, está com as horas contadas.

O simples fato desse veto ter sido colocado como primeiro item da fila de três mil tem um objetivo claro: mostrar a setores do Poder Judiciário que quem faz a pauta do Congresso são os deputados e senadores e não cabe a obediência de uma fila. “Nós não interferimos na ordem de análise dos embargos e nem dos processos. Portanto, que não venham interferir na ordem de votação aqui”, comentava ontem o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) com seus colegas ontem na liderança do PMDB.

O outro recado é ao Poder Executivo. O presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves, pretendem hoje decretar o fim da temporada em que o último ato de um processo legislativo é o veto presidencial. Afinal, reza a lei (e não a lenda) que a última ação de um projeto de lei é a análise dos vetos pelo Poder Legislativo. Portanto, o governo que aprenda a negociar as propostas tomando por base o risco da derrubada dos vetos. E, como não há mais filas para que esses vetos sejam analisados, mas há os prazos de 30 dias para apreciação, a tendência dessa nova administração será ir liquidando o estoque sem deixar que novos vetos tomem o lugar desses três mil nas gavetas de deveres de casa por fazer.

A esses dois recados de procedimentos somam-se outros econômicos e políticos. O técnico é o de que o governo chegou ao limite do que é possível em termos de concentração de recursos. Ontem mesmo na liderança do PMDB, Danilo Forte comentava com o colega Marcelo Castro, do Piauí, que a situação chegou ao limite de que para todos os programas os municípios dependem hoje do governo federal. Ou seja, não há uma distribuição equitativa dos tributos. Além disso, é preciso ainda rediscutir as dívidas dos estados, dos municípios e fixar as regras de rateio do fundo de participação, sob pena de, a cada projeto que trate de distribuição de recursos, tenha o mesmo destino do veto dos royalties do petróleo, isto é, deixar o governo e meia dúzia de estados falando sozinhos.

Peço a paciência daqueles que conhecem bem o tema para que os demais leitores possam ter uma noção dos números que eram e como ficará após a derrubada do veto. A União fica hoje com 30% dos recursos dos royalties. Agora, ficará com 20%. Os estados confrontantes, ditos produtores, recebem hoje 26,25%. Passarão a receber 20%. Os municípios confrontantes têm direito a 26,25%. Ficarão com 15%. O fundo especial, que serve para distribuição a todos os estados e municípios brasileiros crescerá de 8,75% para 42%. Ou seja, tirou-se de poucos para atender todos e nada garante que isso não seja apenas o começo de uma onda para redistribuição de tributos. E se essa onda crescer, com a perspectiva de apreciação de vetos em alta, o governo não terá força para segurar o ímpeto de estados e municípios por recursos.

Enquanto isso, na política…

Diante da perspectiva de maior independência do Parlamento e da pressão dos peemedebistas para concorrer aos governos estaduais, a presidente Dilma terá que escolher: ou divide o poder com o partido detentor da vice-presidência ou que se prepare para ter dificuldades no futuro. Parece chantagem, e é. Mas também tem cheiro de chantagem toda hora um petista comentar nos bastidores o desejo de Lula de entregar a vice de Dilma ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Dilma tentou colocar a bola no chão, ao falar em parceria longa com o PMDB. Para bons entendedores está dito que Michel Temer a acompanhará na campanha pela reeleição, embora outros tenham entendido que esse assunto ainda está em aberto.

Para que tudo isso fique claro, vem a fase da acolhida do PMDB na reforma ministerial. É ela quem dará ao partido a visão do seu lastro para a sucessão de 2014. Se isso não ocorrer, é bem capaz dos palanques estaduais virarem um cercadinho onde, como dizem os políticos, vaca não reconhecerá bezerro.

Ganhar menos - VLADIMIR SAFATLE

FOLHA DE SP - 05/03

Neste domingo, a Suíça aprovou, em plebiscito, uma lei contra "remunerações abusivas" de patrões e CEOs de grandes empresas.

A lei, aprovada por 67,9% dos eleitores, proíbe certas formas de remuneração, como os bônus e os incentivos comumente conhecidos como "paraquedas dourados". Tratam-se de complementos salariais que executivos recebem à ocasião de rescisão de contrato ou mesmo de contratações. Foi graças a eles que os executivos que quebraram boa parte dos grandes bancos mundiais foram para casa com os bolsos cheios de dinheiro.

A lei suíça obriga, ainda, que a duração do mandato de membros do conselho de administração de sociedades anônimas seja limitada a um ano, assim como obriga a que seus salários, com os salários dos membros da direção, sejam aprovados em assembleia geral de acionistas. Bônus que visam estimular executivos a comprar ou vender empresas também estão abolidos.

Ao ser aprovada, os analistas econômicos de sempre afirmaram que a lei seria um duro golpe à competitividade das empresas suíças, já que elas não teriam um importante instrumento de sedução de bons executivos. Esquecem tais analistas que, dentre alguns dos países com o maior nível de inovação estão Suécia, Dinamarca, Islândia e Finlândia. Países cuja diferença entre o menor e o maior salário em uma empresa não chega, muitas vezes, a um para quatro e cujo rendimento anual dos executivos está longe dos padrões obscenos que conhecemos no Brasil.

Na verdade, os suíços deram forma legal à consciência, cada vez mais presente em vários países, de que o Estado deve legislar sobre o salário máximo em vigor no mundo empresarial e financeiro. Maneira de controlar a fratura social, com suas consequências dramáticas para as populações. Pois uma casta de executivos com altos salários significa apenas consumo conspícuo inflacionando os preços do mercado e dinheiro indo em direção aos produtos do sistema financeiro.

No momento em que o Brasil acorda fazendo parte de um mundo de baixo crescimento, vale a pena lembrar como a luta contra a desigualdade econômica saiu, há muito, do horizonte das políticas de governo. Algo em torno de 94% dos empregos formais, criados nos últimos dez anos, têm remuneração de, no máximo, um salário mínimo e meio.

Aplicada ao Brasil, uma lei como essa aprovada pela Suíça levaria as empresas a se preocupar com a competitividade, dando salários decentes para seus funcionários, em vez de tentar utilizar a última teoria de administração da moda para justificar extorsões produzidas por seus executivos.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 05/03

Construção pesada deve voltar a crescer neste ano
Depois de dois anos de resultados fracos, o setor de construção civil pesada deve retomar seu crescimento.

Em 2012, a produção de asfalto (termômetro do segmento) aumentou em 4,3%, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

O número é considerado baixo para um ano eleitoral: em 2010, a alta havia sido de 32,4% e, em 2008, de 26,7%.

Grandes responsáveis por obras de maior porte, os governos de 19 Estados do país diminuíram em 2% seus investimentos em 2012, de acordo com levantamento da consultoria LCA. No ano anterior, a queda havia sido de 23%.

"Há uma sinalização clara de retomada dos investimentos dos Estados, segundo os dados dos orçamentos. Ainda que o realizado do orçamento fique, como de costume, abaixo do orçado", afirma o economista Douglas Uemura Nunes, responsável pela pesquisa.

"A explicação para isso é o aumento do teto de endividamento dos Estados, aprovado pelo governo federal."

O índice de confiança dos empresários da construção pesada, medido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), também mostra que o setor acredita em uma retomada: o indicador vem crescendo desde agosto.

Apesar dos indícios de expansão, Nunes lembra que "tudo é uma perspectiva", isso porque o começo de 2013 não registrou bons resultados -houve queda de 0,9% na produção de asfalto, por exemplo.

"A melhora deve ficar visível a partir do segundo trimestre", diz o economista.

PREÇOS ESTAGNADOS
O custo da construção civil ficou estável em fevereiro, segundo o SindusCon-SP (sindicato do setor do Estado de São Paulo). É o segundo mês seguido de estabilidade.

"Isso demonstra que os empresários estão aguardando para ver se as medidas do governo trarão resultados", diz o presidente da entidade, Sérgio Watanabe.

Os gastos das construtoras com materiais de construção oscilaram -0,02% em comparação com janeiro.

Os custos com mão de obra e com salários dos engenheiros não tiveram alteração.

A média ponderada entre os três itens resultou na variação de -0,01% do custo unitário básico representativo da construção paulista, que neste mês ficou em R$ 1.025 por metro quadrado.

FRONTEIRA DO CHOCOLATE
Conhecida no Rio Grande do Sul, a Vonpar Alimentos quer expandir sua participação em capitais do Sudeste e no Nordeste. Para isso, terá dois centros de distribuição, um em Campinas (SP) e outro próximo de Recife.

A companhia investiu R$ 160 milhões na ampliação de uma fábrica em Arroio do Meio (a 120 Km de Porto Alegre, RS), que será inaugurada no início do segundo semestre. Duas das seis novas linhas de produção de chocolate vão começar a operar em maio.

Menos de 35% do investimento na obra e em maquinário da Suíça, da Alemanha e da Itália foram financiados pelo BNDES. O restante veio de capital próprio.

"A nova fábrica vai triplicar a produção atual e precisamos crescer para outros mercados", diz Claudio Fontes, CEO da empresa. Hoje 60% das vendas estão concentradas no Estado de origem, afirma.

Para conhecer melhor o consumidor que pretende conquistar, a Vonpar contratou uma grande pesquisa de hábitos de consumo em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador e Recife.

"Dependendo dos resultados, podemos, por exemplo, dar uma cara mais infantil ou não a um produto."

Números
20% é a meta de alta no faturamento até 2015

3.600 é o número de funcionários do grupo (inclui Vonpar Bebidas)

R$ 160 milhões é o investimento na nova fábrica

200 pessoas aproximadamente serão contratadas para a nova planta da empresa

água em caixa
A Usina de Furnas pagou R$ 20,6 milhões para o Estado de São Paulo, em 2012, em royalties da água. O montante é uma compensação financeira pela utilização de recursos hídricos nos municípios.

Metade do valor teve como destino os cofres da administração estadual e a outra metade foi distribuída entre as 29 cidades paulistas localizadas em áreas onde reservatórios de hidrelétricas da empresa foram construídos.

A compensação é repassada mensalmente aos Estados e municípios e não pode ser usada para pagamento de folha de pessoal ou para quitar dívidas, exceto as contraídas junto à União.

As cidades paulistas que mais arrecadaram no ano passado foram Guaraci (R$ 3 milhões), Colômbia (R$ 1,8 milhão) e Guaíra (R$ 1,7 milhão). Nos últimos dez anos, Furnas pagou R$ 151,2 milhões em royalties da água para o Estado de São Paulo, segundo a empresa.

voto de confiança
O governo no Brasil tem a confiança de 33% de sua população, segundo pesquisa da Edelman Significa.

O levantamento aponta também o apoio para a mídia, para empresas e para ONGs de 26 países. Mais de mil pessoas em cada país foram entrevistadas.

No Brasil, a mídia, com 66%, está no primeiro lugar da lista de credibilidade.

As empresas, com 64% de aprovação, e as ONGs, com 59%, completam a lista.

"Os casos de corrupção envolvendo as ONGs e o julgamento do mensalão diminuíram a confiança dos brasileiros nelas e no poder executivo", diz Yacoff Sarkovas, CEO da Edelman Significa.

"A cobertura da mídia nesses dois casos foi a responsável pelo alto índice de aceitação dos brasileiros."

No índice mundial, o Brasil ficou em 12° lugar, com 55 pontos (escala de zero a cem), atrás de países como Índia e México. Em 2011, o país foi o 14° colocado, com 51 pontos, no ranking.

Olhar o futuro - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 05/03

O debate recente sobre a existência ou não de um cadastro único para os programas sociais na transição do governo tucano para o petista é velho de quase dez anos. Os gestores do Fome Zero, que seria um guarda-chuva para os programas sociais da era Lula, criticaram o cadastro herdado do Comunidade Solidária, o que fez a antropóloga Ruth Cardoso vir a público defender os critérios adotados. Mas ela considerava que fora prematura a união dos cadastros, que não estavam suficientemente avaliados, e também criticava a ampliação do programa e a redução das condicionalidades para receber as bolsas. Outro defeito sério que ela via era o Bolsa Família não ter uma meta para atingir.

No final, foi mesmo o cadastro herdado do governo FH que serviu de base para o início da unificação dos programas. O Cadastro Único foi instituído pelo Decreto n.º 3.877, de 24 de julho de 2001, assinado pelo então presidente, Fernando Henrique Cardoso. Tratava-se de uma base de dados capaz de subsidiar o planejamento de ações e políticas de enfrentamento à pobreza, com destaque para a implementação de programas de transferência de renda, nas diferentes instâncias de governo. Dizer, portanto, que não havia cadastro único e que os governos petistas tiveram que começar do zero os programas sociais é apenas uma politização do debate pela presidente Dilma Rousseff, que não leva a lugar algum. Se o PT, com tanta gente qualificada na área social, não tivesse aperfeiçoado nestes dez anos os critérios cadastrais com a implantação do Bolsa Família, seria, aí sim, um grave caso de ineficiência.

O importante é fazer com que as famosas "portas de saída" dos programas sejam acionadas, superando um dos defeitos mais graves do Bolsa Família. Elas foram menosprezadas pela administração do ministro Patrus Ananias, que considerava mais importante a ampliação do programa do que o cumprimento das chamadas condicionalidades - comparecimento à escola e exames de saúde da família.

Houve dentro do governo naquela ocasião um choque de visões sobre o encaminhamento dos programas sociais. Criado para ser a referência do governo na área social, o Fome Zero perdeu-se na burocracia dos primeiros momentos e acabou sacrificando seu principal articulador, o ex-ministro Francisco Graziano. Com a saída de Graziano do ministério, e a junção de sua secretaria com dois outros ministérios para se criar o Ministério de Desenvolvimento Social, as prioridades do governo foram em outra direção, colocando o Bolsa Família na frente do Fome Zero, que acabou desativado.

Foi Patrus Ananias quem vislumbrou o potencial político do Bolsa Família e desmontou os "comitês gestores" que funcionavam nos mais de dois mil municípios em que o Fome Zero já estava implantado. O grupo "ideológico" perdeu para os "eleitoreiros", e os "comitês gestores" formados por voluntários da comunidade em cada município perderam sua autonomia diante dos prefeitos, que passaram a dominar os cadastros.

Como resultado, ninguém planejou a saída dessas famílias para o mundo produtivo, e na verdade está havendo uma distorção: o governo comemora quanto mais amplia o Bolsa Família, quando, ao contrário, teria que comemorar a redução do programa assistencialista, sinal de que as famílias estariam entrando no mundo produtivo.

A própria presidente Dilma vem ampliando significativamente a abrangência do Bolsa Família, e as preocupações com as saídas são secundárias no governo. Já há vários estudos entre os pesquisadores, tanto do Ipea quanto da Fundação Getulio Vargas, sobre o que deveria ser o que o economista Marcelo Neri, hoje dirigindo o Ipea, chama de Bolsa Família 2.0, que teria como uma parte importante a melhora da oferta da qualidade das políticas estruturais tradicionais, com saúde e educação ocupando lugar de destaque.

É também fundamental, além da melhoria da educação e da saúde, ter programas de inserção no mercado de trabalho, o que começa a ser pensado apenas agora.

A 'democratização' petista - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 05/03

O que significa, exatamente, "democratização" dos meios de comunicação, que o Partido dos Trabalhadores (PT) tão insistentemente reclama? O Brasil é um país livre e democrático, principalmente quando comparado a regimes totalitários como os de Cuba e do Irã, que o PT apoia mundo afora e onde não existe liberdade de imprensa e de expressão. A presidente Dilma Rousseff já cansou de repetir que restrições à liberdade de imprensa estão fora de cogitação em seu governo. Mas o PT insiste, como fez mais uma vez na última sexta-feira, por meio de resolução aprovada por seu Diretório Nacional reunido em Fortaleza, sob o título "Democratização da mídia é urgente e inadiável". Com base nessa resolução o PT vai aderir a uma campanha nacional de coleta de assinaturas para a apresentação de projeto popular que defina um novo marco regulatório das comunicações.

A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada no final do governo Lula, foi uma das mais audaciosas tentativas dos radicais petistas de impor a mordaça aos veículos de comunicação que não se alinham ao lulopetismo. Planejada pelo ex-ministro Franklin Martins com a indispensável aprovação de Lula, a Confecom foi realizada com a participação de pessoas e entidades escolhidas a dedo para elaborar o projeto de um novo marco regulatório das comunicações à moda da esquerda petista - da qual o ex-ministro é um dos luminares, ao lado de José Dirceu e de Rui Falcão. Pouco tempo depois, já na Presidência, Dilma Rousseff engavetou o tal projeto, declarando que preferia "o barulho da democracia ao silêncio das ditaduras".

Mas o PT não toma jeito e continua insistindo, contra a opinião também de seu maior aliado no governo, o PMDB. Na convenção nacional realizada no último fim de semana, o partido do vice-presidente da República, Michel Temer, aprovou, em resposta ao documento petista divulgado horas antes, uma moção de "defesa intransigente da liberdade de imprensa". Numa demonstração clara de que não são apenas as "elites" ou a "mídia oligopolizada e conservadora" que enxergam a intenção petista de censurar a imprensa, declarou o deputado federal Lúcio Vieira Lima, responsável pelo anúncio da moção: "Não podemos permitir que uma agremiação defenda o cerceamento da liberdade de imprensa. (...) Essa moção é em defesa do Brasil".

Mais uma vez, deliberada e maliciosamente o PT embaralha a questão do marco regulatório das comunicações com o controle da mídia, ou seja, a censura. Um novo marco regulatório das comunicações é necessário e urgente, principalmente porque o marco em vigor, anterior ao advento da internet, está há muito tempo defasado. E há questões que precisam ser regulamentadas, especialmente no campo das telecomunicações. Mas a ambição do PT de fazer aprovar o controle da mídia, embutido no novo marco regulatório das comunicações, já se transformou em obstáculo às intenções do Palácio do Planalto de promover a necessária atualização do estatuto em vigor.

No documento divulgado por seu Diretório Nacional, o PT afirma que o "oligopólio" que controla a mídia no Brasil "é um dos mais fortes obstáculos, nos dias de hoje, à transformação da realidade do nosso país". Na verdade, o grande obstáculo à transformação da realidade, principalmente a das questões fundamentais da política, tem sido o PT. Em matéria de organização política, há 10 anos no governo o PT faz questão de deixar tudo exatamente como está, pois é o que interessa a seu plano de perpetuação no poder.

Quem escamoteia os fatos e só divulga o que é de seu interesse é o próprio PT, que deu uma demonstração patética disso ao montar um grande painel fotográfico no Congresso Nacional. As fotos que ilustram a trajetória do partido ao longo de 30 anos pulam 2005, o ano do mensalão. Mas os criminosos condenados José Dirceu e José Genoino aparecem com destaque em fotos relativas, respectivamente, aos anos de 1992 e 2000. É um exemplo daquilo que os petistas entendem por "democratização" da informação.

A Fifa diz "não" - ILIMAR FRANCO


O GLOBO - 05/03

O Ministério do Esporte estava discutindo qual instrumento musical típico do Brasil seria usado na Copa, a exemplo da vuvuzela na África do Sul. A disputa estava entre o pedhuá, apito de origem indígena, e a caxirola, criada pelo músico Carlinhos Brown. Ontem, a Fifa informou ao governo que vai proibir "vuvuzelas, pedhuás e caxirolas" nos jogos. Está feita a rinha.

Quem não é visto não é lembrado
Candidatíssimo ao Palácio do Planalto, o governador Eduardo Campos (PSB) já está trabalhando sua imagem no restante do país. Em janeiro, numa revista especializada em política, editada em Porto Alegre (RS), a "Voto", o governo de Pernambuco publicou um anúncio publicitário de dez páginas do Programa Ganhe o Mundo, da Secretaria de Educação. Num dos títulos diz: "O Brasil inteiro está aprendendo com Pernambuco". Por essas e outras que, em conversa recente, com petistas, quando perguntaram ao ex-presidente Lula se, na mesma situação de Campos, ele não concorreria à Presidência, respondeu sem pestanejar: "É óbvio que sim."

Questão de estilo
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, está com dificuldades para nomear um diretor-geral para o tribunal. Fernando Silveira Camargo, funcionário do TCU, que fora nomeado, pediu para sair devido ao excesso de centralização de Barbosa.

O astro
O senador Paulo Paim (PT-RS), único negro no Senado, é tema do documentário "Raça", do cineasta Joel Zito Araújo e da documentarista americana Megan Mylan. O filme foi exibido no fim de semana, representando o Brasil, em Burkina Faso, no maior festival de cinema da África. É uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos.

Remendo trabalhista
O presidente do PDT, Carlos Lupi, e o ministro Brizola Neto (Trabalho) deram ontem um passo para o entendimento. Criaram uma "comissão de conciliação", integrada pelos senadores Cristovam Buarque (DF) e Acir Gurgacz (RO).

Luta de classes
A Procuradoria Geral da República publicou portaria proibindo servidores de estacionarem nas vagas da garagem. Pelas novas regras, somente os chefes, e, mesmo assim, os que têm gratificação elevada, podem estacionar os veículos no local. Ela restringe até a entrada de gestantes, que só podem usar as vagas exclusivas após o 4º mês de gravidez. Se a moda pega?!

Contra tudo e contra todos
Dirigentes de partidos políticos, sobretudo os de oposição, estão impressionados com a votação do comediante Beppe Grillo, na Itália, que, com uma plataforma contra a política tradicional, obteve cerca de 25% dos votos para o Congresso.

Votações temáticas
Os líderes dos partidos na Câmara debatem hoje uma agenda de projetos para votar em homenagem à Semana da Mulher. Na pauta, a proposta que amplia a licença para gestantes de quatro meses para seis meses obrigatoriamente.

A presidente Dilma vai lançar medidas para as mulheres. Vai criar uma rede no SUS para atender mulheres vítimas de violência doméstica ou sexual.