quarta-feira, fevereiro 16, 2011

CELSO MING

A moeda estável 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 16/02/2011

Uma das obsessões do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que ocupa a presidência do Grupo dos 20 (G-20) maiores países do mundo, é a reforma do Sistema Monetário Internacional.

Como tanta gente por aí, Sarkozy não está nem um pouco satisfeito com a atual situação em que o dólar ocupa o posto de quase única moeda de reserva, embora este seja um valor altamente volátil. E propõe mudanças a partir da reunião entre ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, que se realizará sexta e sábado.

O dólar é uma moeda manipulada. É engraçado que os americanos vêm tentando acusar a China de manipular o yuan e, no entanto, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) já emitiu US$ 1,3 trilhão e vai emitir mais US$ 600 bilhões até junho para recomprar títulos do Tesouro americano, que, por sua vez, foram lançados para cobrir despesas correntes do governo. Se isso não é manipulação, então o que é? Mas não é só o dólar e o yuan. O próprio euro está sendo manipulado. O Banco Central Europeu (BCE) está emitindo euros para recomprar títulos soberanos micados de países quase insolventes, como Grécia, Irlanda e Portugal.

Portanto, há razões para desejar pelo menos uma moeda mais confiável. O problema é que as opções disponíveis ou a serem criadas para a solução do problema não dão um mínimo de estabilidade nem substituem adequadamente o dólar.

O padrão-ouro acabou em 1971, quando o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro. Mas há muito que o ouro já não serve como padrão nem para cumprir outras funções monetárias porque é ativo sujeito a trancos de oferta e de procura, entesouramento e desentesouramento e por apresentar volume relativamente baixo. Para o maior economista do século 20, John Maynard Keynes, dava para enfiar todo o ouro do mundo num transatlântico e afundá-lo numa dessas fossas abissais para que ninguém mais trouxesse de volta a "relíquia bárbara".

A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, avisa que "temos de encontrar uma saída que não seja a volta do câmbio fixo". Esta também não é uma solução porque obrigaria os bancos centrais a comprar e a vender enormes quantidades de moeda estrangeira para manter a paridade que seria combinada.

A proposta da França também não é satisfatória. É a eleição dos Direitos Especiais de Saque (DES, a moeda do Fundo Monetário Internacional) como padrão global. A proposta apresenta problemas. O mais importante deles é que seu valor corresponderia ao de uma cesta de moedas, entre as quais estaria o yuan da China, que nem conversível é. Mas, se todas as moedas que constituiriam o DES dançam freneticamente umas em relação às outras, como esperar estabilidade no DES composto por elas?

Outro problema é o de que, mesmo se fosse para fechar os olhos para essa grande limitação, o DES serviria apenas para desempenhar uma das três funções da moeda. Serviria como medida de valor. Não serviria nem como meio de pagamento (dinheiro para adquirir bens e serviços) nem como reserva de valor (para guardar riqueza), pela simples razão de que o Fundo teria capacidade muito limitada para emitir esses ativos.

É por razões assim que a probabilidade de obter uma reforma do Sistema Monetário Internacional parece muito baixa. E a plateia do dólar comemora.

CONFIRA

Empobrecimento

O relatório que o Banco Mundial divulgou ontem deve aumentar a temperatura da reunião do G-20 marcada para esta sexta-feira. Lá está dito que a disparada dos preços dos alimentos a partir de junho de 2010 atirou 44 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento para abaixo da linha de pobreza. Entre outubro de 2010 e janeiro de 2011 (inclusive) os preços saltaram 15% e em 12 meses, 29%.

ROBERTO DaMATTA

Goteiras
ROBERTO DaMATTA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/02/12

Casa sem goteira é casa sem alma, dizia um velho amigo de meus avós. A goteira é um ponto de fuga, um vazamento, uma revelação. Como as meias furadas e os atos falhos e o sujo dos lençóis. Um dia, você é pego pela mãe da moça em pleno beijo na boca, mas tem goteiras maiores...
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O nosso sistema político tem muitas goteiras. Você poderia falar em esgoto - uma goteira ao inverso. No meu caso, quando penso em "política", penso logo naquilo que dá ao esgoto a sua permanente e humilde função, mas vou elaborar em respeito ao leitor. Se é preciso recuperar o Zé Dirceu, é preciso também liquidar a dupla personalidade do Parlamento, curando-o de sua constitutiva e patológica dubiedade.
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Existem universais, embora tudo só possa ser visto na sua concretude, ou em particularidades. De longe tudo é belo e, de perto, nada - exceto entre outras coisas, as rosas e as bolas de gude - é perfeito ou normal. O ditador do Egito confessou-se cansado do cargo e largou-o depois da pressão de uma multidão enfurecida e de desagravos da Europa e dos Estados Unidos. Todos os ditadores e candidatos ao papel de mandão se dizem cansados, sacrificados e agora, como faz prova o merecidamente nosso José Sarney, transparentes no poder. O velho tédio cantado por Cole Porter ataca não apenas compositores dados a casuais (on of those things...) dissipações boêmias, mas atinge igualmente cleptocratas e velhos parlamentares com a transparência de rinocerontes. Incrível essa melancolia produzida pelo poder que, acima de qualquer outra coisa, torna um sujeito inimputável e acima das leis, dando-lhe o direito (e eu diria mesmo, o dever!, de não cumpri-las) justo porque está acima de todas as normas; ou seja - dos limites e do bom senso.

Revolta o estômago ver um José Genoino cujo refrão no poder era: "O PT não rouba e não deixa roubar!" entrar num carro oficial nas comemorações do aniversário do partido. O partido que prometia diferenciar-se pela lisura com a coisa pública e honrar as normas republicanas! Uma outra coisinha: adoram pintar o cabelo e muitos usam base.
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Vou ao enterro de uma pessoa amada e respeitada num lindo domingo de sol. Não digo o nome porque não sou invasor de intimidades. Falo apenas que foi a sogra de um amigo íntimo, o dr. Atam, um especialista em generalidades e palpites. Teve 12 filhos, perdeu um deles num terrível acidente na varanda de sua casa. Jamais reclamou ou se queixou da perda. Aceito-a, porque tudo cabia no seu nobre e grande coração. Foi uma grande amiga e, como genro, dela recebi - disse-me o amigo com a voz entrecortada pelo soluço - um formidável presente: minha esposa, a mãe dos meus filhos. Devo dizer ao leitor que o dr. Atam teve um longo e feliz matrimônio. Essa sogra sem língua de sogra, continuou, aceitou-me tal como sou: contraditório, nervoso, irritante, inseguro, cheio de opiniões. 
Enquanto muitos me viam assim, ela me olhava com os olhos benevolentes dos que acreditam em Deus e têm a serena paciência dos escolhidos. Quisera, falou o dr. Atam, prestar a ela uma homenagem justa e digna.
- Eu tomo a liberdade de escrever um pouco dessa conversa na minha próxima crônica, falei carregando na dose.
- Mas você não é pautado por algum editor?
- Não sou pautável nem por mim mesmo...
Em consonância com o sofrimento do mundo, com o mundo e pelo mundo; à nossa enorme indignação para com os cleptocratas que abundam na colorida paisagem da política nacional, recebemos também uma enorme capacidade de tolerar, justificar, legislar, afastar, abafar, compreender e esquecer, sobretudo esquecer...
Nossos corações são enormes, nossas almas, gigantescas. Nelas cabe tudo. Como não pensar nas perdas terríveis diante desta prova definitiva de que todos temos um fim? Como não voltar àquele caixão quando se segura na alça deste outro que também transporta um ente amado? Como não sentir o cheiro daquelas flores ao aspirar o melancólico perfume dessas rosas vermelhas amorosamente trazidas por minhas cunhadas?
Eis que dois velhos falavam do sentido do mundo num bar, bebericando e deixando suas almas saírem um pouco da segurança protetora dos seus corpos. Cada corpo aprisiona uma alma, louca para dele sair. Os santos e os poetas aprendem a soltá-las. São goteiras do espírito porque escapam dos limites do mero aqui e agora, desse presente poderoso, urgente e gozoso que nos aprisiona nas atenções do instante. A palavra é a chave da cadeia. É ela que força portões, cerra as grades e, abrindo as cabeças, solta as almas que sobem rapidamente para o ar puro e invisível que nos cerca.
***

Romário fez seu primeiro discurso como deputado e de sua vida e se disse nervoso. Como eu sempre disse, o futebol é um grande professor de democracia liberal porque se baseia no desempenho (e não na cor da pele ou no nome de família ou no partido político), na obediência às regras, no respeito aos adversários e aos torcedores (que não podem deixar de gozar da liberdade de escolher). Ninguém pode se eleger goleiro ou atacante do Flamengo ou do Corinthians. Se pudesse, seria o fim do futebol. Tivesse o governo criado um Futebolbrás, e jamais seríamos campeões do mundo. O critério político substituiria o talento. Na política, entretanto, vale tudo. Ou será que um parlamentar não precisa ter um desempenho igual ou maior do que o de um jogador de futebol? A reunião dos dois numa só figura, como é o caso do Romário, permite a pergunta que não visa a ofender. Não seria por isso que os estádios estão cheios de cobranças e os parlamentos vazios, exceto de interesses inconfessáveis? 

GOSTOSA

RUY CASTRO

Astros alinhados
RUY CASTRO

FOLHA DE SÃO PAULO - 16/02/11

RIO DE JANEIRO - Há alguns anos, o Rio tinha um senador -intelectual respeitado, amigo querido- que passou parte de seu mandato defendendo uma medida de alcance, digamos, nacional, mas nem tão urgente: a regulamentação da profissão de astrólogo. Isso numa época, anos 90, em que o Rio estava precisando do esforço de todos os seus representantes em Brasília para sair do baixo-astral.
Não que a profissão de astrólogo, como todas, não deva ser regulamentada, e a de astrólogo, mais do que muitas. Eu próprio já fui vítima de uma amiga astróloga que, não sei como, conseguiu meus dados, fez meu "mapa astral" e previu que eu morreria antes dos 36 anos. E, muito aflita, contou a alguém que, sem querer, me contou.
Como a astróloga tivesse fama de bruxa infalível, e faltassem menos de dois anos para a data fatal, é compreensível que, apesar de incréu, eu passasse aquele período sob certa agitação -tentando, por exemplo, fazer tudo que a vida ainda me devia antes de zarpar desta para outra melhor. E foi ótimo porque, sobrevivendo ao dia dos 36 anos e derrotando a profecia, resolvi continuar com aquele estilo de vida pelos anos seguintes. Seguro morreu de velho. Não sei se o fato de ser uma astróloga não regulamentada interferiu na precisão dos cálculos de minha amiga. Para minha sorte, talvez por uma estrela na contramão de Vênus ou um asteroide em colisão com Júpiter, sua previsão não se confirmou. Anos depois, quem morreu foi ela, sem sentir o prazer da legalidade. E o senador empenhado nesta campanha não se reelegeu e também já morreu. O Rio tem hoje novos senadores e deputados federais. Os cariocas e fluminenses esperam que, a exemplo dos colegas de outros Estados, comecem a votar alinhados pelos interesses do seu Estado. Isso nunca aconteceu. Quem sabe desta vez? Só a astrologia poderia dizer.

ANCELMO GÓIS

A volta de...
ANCELMO GÓIS 

O Globo - 16/02/2011

Um craque brasileiro com status de titular da seleção, que atualmente joga na Espanha, está na mira de Ronaldo Fenômeno para voltar ao Brasil. O clube é o Corinthians, que terá o Fenômeno como consultor especial.

Neymar Fenômeno...
Aliás, o namoro de Neymar com a nova empresa de Ronaldo Fenômeno (Nine) esquentou. Deve virar casamento.

Grana alta
A CBF ganhou uma ação na 19a- Câmara Cível do Rio contra a Mastercard por uso indevido de símbolos e insígnias da seleção em campanha publicitária. A entidade cobra, acredite, uns R$ 500 milhões.

Aceita sócios
A miúda da aviação Webjet vai abrir seu capital.

Quem chega
O barão David de Rothschild, dono do banco de mesmo nome e de algumas das melhores vinícolas da França, chega ao Brasil esta semana.

Lula no Galo
Lula vai participar do bloco Galo da Madrugada, que abre o carnaval de Recife. O convite foi feito pelo governador Eduardo Campos.

Alexandra, santa?
Saiu segunda no DO da União. O nome do ministro da Saúde, que é espada, passou para o feminino: em vez de Alexandre, saiu Alexandra.

Jumento sedutor
Depois de mais uma década sem publicar, Ariano Suassuna pôs o ponto final em “Jumento sedutor”. O livro inclui, numa só obra, os gêneros romance, teatro, ensaio e poesia, além de desenhos feitos pelo escritor.

Um dia, quem sabe
De um ministro próximo a Dilma, explicando por que a compra dos caças da FAB foi adiada para 2012: — Depois dos cortes no Orçamento, não há dinheiro nem para comprar uma fubica.

Aliás...
Já no espírito dos cortes, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi ontem a pé até o Ministério da Fazenda para discutir onde passar a tesoura. Para Jobim, as Forças Armadas não têm que ficar descontentes: — Têm que cumprir.

Pró-memória...
A França pode perder esta encomenda para os EUA por causa, acredite, de Ahmadinejad. É que, em junho de 2010, seria anunciada a compra dos caças da Dassault. Mas foi adiada porque Lula não gostou de Sarkozy ter descumprido o combinado e deixado o Brasil sozinho na defesa do Irã.

Novo Canecão
Começaram a pingar na caixa postal da coluna sugestões de nomes para o novo Canecão, que a UFRJ, dona do imóvel, planeja reabrir para shows. Zeca Pagodinho, nosso sambista, sugere Boa Música: “É o nome que eu poria se tivesse uma casa de shows.”

Já...
Mestre Ruy Castro sugere Solar. E explica: — Quando o Canecão nasceu, em 1967, já tinha um vizinho ilustre, o histórico Solar da Fossa, onde hoje é o Rio Sul. Já que o Solar não vai voltar, por que não dar seu nome à nova casa?

Retratos da vida
Waldir Onofre, o cineasta vítima de Alzheimer que se perdeu ao sair de casa, em Campo Grande, no Rio, foi encontrado, viva! Em três dias de sumiço, foi roubado e agredido. Mas já está bem e até será homenageado domingo, em Pedra de Guaratiba, com a exibição de seu filme “As aventuras amorosas de um padeiro” (1974), no I Encontro Guaratibano de Cultura.

Sem gravata
O Conselho Seccional da OAB-RJ liberou os advogados da obrigatoriedade do uso de paletó e gravata durante o verão.

Bloco dos mijões
A Antarctica contratou uma bandinha que vai passar pelos blocos do Rio tocando uma paródia de “Ô, abre alas”, a marchinha de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), feita, especialmente, para constranger os mijões. A letra, de Kiko Fernandes, diz: “Ô, fecha as calças que eu quero passar...”. Eu apoio.

JOSÉ SIMÃO

Ronaldo, fica! Vai ter bolo! 
José Simão
folha de são paulo - 16/02/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Piada pronta de humor negro direto de São Paulo: "Incêndio atinge a loja Torra Torra". Rarará! E essa de Jundiaí: "Polícia prende o traficante William Jonathan FARINHA!". E essa empresa em Exu, Pernambuco: "Hidroget, limpa-fossas e aluguel de banheiros químicos. Diretor-geral: Nelson da Bosta!". Xi, vai dar merda! Rarará!
E adoro esta expressão: Levante no Oriente Médio! E corra! Levante no Irã! E leva paulada e cacetada. Levante no Iêmen! E leva pedrada! Prefiro levantar em Paris. Rarará! E no Iraque é assim: "Você é xiita ou sunita? DINAMITA!". Bum!
E atenção, dramáticos do Brasil: o Ronaldo não morreu! Que drama! Se eu me aposentasse aos 34 anos e quaquaqualionário, eu desligava o celular e entrava pra clandestinidade. Ninguém mais me achava. E o Twitter da Nair Bello lançou a campanha: "RONALDO, FICA, VAI TER BOLO!". Rarará!
E o Ronalducho é o jogador mais popular do planeta. Um taxista em Bangcoc, na Tailândia: "São daonde?". E, quando respondemos "do Brasil", ele começou a gritar: "Donaldo! Donaldo! Donaldo Champion!". Rarará!
E, no Cairo, entrei numa mesquita e o muezim: "American, no good. Russian, no good". "Mas nós somos do Brasil!" "Brasil, yeah, Ronaldo, GOOD!" O Ronaldo é um passaporte! Rarará!
E o Sensacionalista revela que hipotireoidismo é tendência do verão nas academias! Rarará! E a última declaração do Ronaldo: "Agora que eu me aposentei, espero que o Sarney siga o meu exemplo". Toda piada agora termina em Sarney. Antigamente, no Brasil, tudo terminava em pizza. Agora, tudo termina em Sarney. Só ele que não termina nunca! Rarará!
O Brasileiro é cordial! Seguidores do Gervásio. Olha a placa na garagem do prédio: "Se eu pegar o cu de burro filho duma égua que está amassando o meu fusca 66, eu vou fazer ele beber toda a água do radiador com o canudinho da bomba injetora".
E este revoltado: "Se eu descobrir o exibido que inventou o horário de verão, vou fazer o cabra engolir um relógio de parede e obrar dez rolex falsos". Rarará!
A situação está egípcia!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÔNICA BERGAMO

FOLIÃ ANTECIPADA
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/02/11

A cantora baiana Claudia Leitte adiantou o clima de Carnaval em São Paulo com show da turnê "Rhytmos Tour'; ela subiu ao palco do Via Funchal mascarada e cantou músicas como "Don Juan" e "Água"

PÉ DE SERRA

A Secretaria do Meio Ambiente de SP pedirá recursos do Bird (Banco Mundial) para ampliar o projeto Serra do Mar, que pretende recuperar áreas de encostas ocupadas irregularmente no litoral. Até agora, 761 famílias foram realocadas para conjuntos habitacionais na Baixada Santista e no ABCD. O plano prevê que outras 2.000 sejam instaladas neste ano em uma unidade em Cubatão, foco da ação. Restarão 2.410, que deverão ganhar urbanização em seus bairros até 2012.

TRANSLITORÂNEA
O governo já garantiu R$ 120 milhões para transformar uma das áreas irregulares, o bairro Água Fria, em Cubatão, em um jardim botânico, e pretende conseguir com o Bird o dinheiro para levar o projeto a outros municípios, como São Sebastião. "Queremos atacar do Rio de Janeiro até o Paraná [divisas do litoral paulista]", diz o secretário Bruno Covas. A primeira reunião com o banco aconteceu anteontem.

AMIGOS APOSENTADOS
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviou uma mensagem de celular para Ronaldo assim que o ex-jogador anunciou o fim de sua carreira, anteontem. FHC escreveu: "Da Bahia, onde estou, mando meu abraço de colega aposentado. Siga em frente. Boa sorte, amigo". À noite, o Fenômeno respondeu: "Presidente. Muito obrigado! Vamos ter tempo de tricotar e ganhar teu dinheiro no pôquer. Um abração".

FESTIVAL QUÍMICO

O Chemical Brothers virá ao Brasil em abril. A dupla de música eletrônica tocará no dia 30, na primeira edição do Chemical Music Festival. O evento acontecerá na arena Maeda, em Itu, palco do SWU, no ano passado.

FOLIA DE REIS
O bloco carnavalesco carioca Exalta Rei!, de Moacyr Luz, que começou cantando Roberto Carlos e hoje homenageia nomes como Luiz Gonzaga (rei do baião), Elvis Presley (do rock) e Michael Jackson (do pop), vai se apresentar no dia 26 no bar Pirajá, em São Paulo.

PROGRAMA CULTURAL
O Masp (Museu de Arte de SP) recebeu 671 mil visitantes no ano passado. Em 2009, o número ficou em 623 mil.

SEU NOME ERA PABLO
O ator Chico Diaz negocia para viver Pablo, o "peruano que vivia na Bolívia e muitas coisas trazia de lá", na versão cinematográfica de "Faroeste Caboclo", música do Legião Urbana. Tenta conciliar as filmagens, que acontecerão em Brasília entre abril e maio, com a temporada paulistana da peça "A Lua Vem da Ásia". O monólogo, em cartaz no Rio, estreia no CCBB-SP em 15 de abril.

COOPERATIVA
Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra começam a gravar um disco juntos em março, para sair ainda neste semestre. Doze músicas já estão escolhidas. Uma delas,"Coração de Mãe", "é sobre um cara que aceita sua mulher aprontar, sair e procurar outros caras. Ele aceita porque tem um coração de mãe", conta Scandurra.

ARTE NO ALEMÃO
O artista plástico Romero Britto inaugura em março um mural no Complexo do Alemão, no Rio. A obra, feita com pastilhas de Vidrotil, traz a imagem de Carmen Miranda e levou 900 horas para ficar pronta.

MUDANÇA DE CASA
Alberto Goldman (PSDB-SP) foi à Pinacoteca anteontem para ver a mais nova obra de seu acervo, "Emigrantes III", cuja compra ele autorizou enquanto à frente do governo do Estado. O quadro de Lasar Segall foi comprado da família do artista por R$ 1,4 milhão. Celso Lafer, presidente do conselho do Museu Lasar Segall, Paulo e Sérgio Segall foram ao evento.

NO PÁREO
Mário Gimenes lançou sua candidatura à presidência do Jockey Club no comitê da campanha, na avenida Nove de Julho. O atual mandatário, Márcio Toledo, apresentou seu candidato aos 150 convidados, ao lado da namorada, a senadora Marta Suplicy (PT-SP).

CURTO-CIRCUITO


A 34ª Mostra Internacional de Cinema de SP teve mais de meio milhão de público, somados os espectadores das sessões de cinema (220 mil) e os visitantes das exposições de Wim Wenders (260 mil) e Akira Kurosawa (48 mil).

A mostra "Ocupação Haroldo de Campos - H Láxia" será inaugurada, hoje, às 20h, no Itaú Cultural.

Isabella Torres Maluf é a primeira brasileira a ocupar um cargo na secretaria-executiva da London International Model United Nations.

O bar Seu Miagui será inaugurado, hoje, na rua Clodomiro Amazonas, no Itaim Bibi.

Com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

GOSTOSA

DORA KRAMER

Torre de Babel

Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 16/02/11

Há uma comissão no Senado, outra na Câmara, todos os partidos e políticos estão interessados em debater e até o vice-presidente da República rascunhou uma proposta para ser apresentada ao Congresso.

A reforma política está na ordem do dia. Se não ainda de direito, pelo menos de fato porque é só disso que se fala.

O problema é que ninguém sabe direito o que quer, para além dos respectivos interesses partidários. Sendo assim, sem querer ser desmancha-prazeres, o mais provável é que mais uma vez não se chegue a lugar algum.

Ou pior, que a exemplo de outras ocasiões em que se tentou fazer alterações, se façam mudanças cosméticas com o objetivo de mudar só o que mais desconforta suas excelências.

E, neste momento, o ponto em comum é a abertura da chamada "janela" na legislação de modo a permitir o troca-troca de legendas durante certo período e, assim, burlar a interpretação do Supremo Tribunal Federal à Constituição, de que os mandatos pertencem aos partidos e não aos eleitos.

Seria leviano e precipitado afirmar que esse debate todo esconde o desejo exclusivo de aprovar a "janela" até outubro, prazo final para alterações na legislação que presidirá as eleições municipais de outubro de 2012.

Não há razão para duvidar de que existam realmente outras e boas intenções nessa movimentação. Ocorre, porém, que falta organização e principalmente ainda está ausente da discussão o principal interessado: o eleitorado.

Enquanto cada partido estiver falando um idioma e de forma dispersa, a sociedade continuará apartada do debate. Não adianta um propor o "distritão", outro o distrital, um terceiro falar em lista fechada, dois ou três defenderem o financiamento público de campanha, porque tudo isso soa como grego antigo a ouvidos leigos.

Sem uma pauta clara, compreensível, traduzida para linguagem comum com exposição de todos os prós e contras, identificando claramente os interesses envolvidos, explicando o que e onde o sistema representativo perde ou ganha, não haverá reforma, mas remendo.

Vox populi. José Sarney saiu-se com gracejo à mensagem postada indevidamente na página do Supremo Tribunal Federal no Twitter instando-o a "pendurar as chuteiras" por impossibilidade de reagir de outra forma.

Ou fazia piada ou se tornava ele próprio a piada, dada a identificação popular com o pleito da funcionária tuiteira.

De maduro. Quem pergunta ao PMDB sobre a ida de Gilberto Kassab, ouve que o prefeito de São Paulo "está louco para vir". Se a pergunta é feita na mão inversa, quem fica no papel de ansioso é o PMDB.

Fato é que em ambos os lados começa a surgir uma leve impressão de que a adesão do prefeito às hostes pemedebistas pode ter subido no telhado e de lá em breve ir ao chão.

Gordura. A anunciada decisão do presidente do Senado de cortar o pagamento de horas extras aos servidores ocupantes de cargos em comissão só ressalta os privilégios do Legislativo.

No Judiciário, por exemplo, quem tem cargo de confiança não tem direito a hora extra. Com base no pressuposto de que se o posto é de confiança o servidor está disponível o tempo todo. Nenhuma hora de trabalho, portanto, é considerada "extra".

Faltava essa. Marta Suplicy tem recebido o tratamento de "presidenta" quando na presidência das sessões do Senado.

Slogan. Na verdade, país rico é país educado, com bom atendimento de saúde, sentido ético, infraestrutura suficiente para sustentar o desenvolvimento, preocupado em preservar o meio ambiente, capaz de garantir segurança ao público e, sobretudo, com uma sociedade que não se deixa enganar por políticos farsantes.

MERVAL PEREIRA

Enfim, na oposição
MERVAL PEREIRA
O GLOBO 16/02/11
Nada indica que o governo vá perder a primeira batalha no Congresso, sendo derrotado por sua própria base parlamentar na definição do novo salário mínimo. Mas provavelmente terá algumas baixas em partidos como o PMDB e o PDT, o que já delimitará os limites reais de sua sustentação política, mas nem de longe definirá o tamanho exato de sua maioria.

Este é o Congresso mais fragmentado da História brasileira, e a aliança parlamentar governista é a mais heterogênea já registrada.

A base parlamentar na Câmara pode chegar a 400 dos 513, o que indicaria uma maioria folgada para até mesmo aprovar reformas constitucionais, quanto mais uma matéria que se decide pela maioria dos votos.

Como era previsível, no entanto, a real fonte de oposição está dentro da própria base governista, a começar pelas centrais sindicais, que ganharam uma coragem cívica que não demonstravam nos oito anos de governo Lula.

Também o PMDB deve apresentar uma dissidência na medida certa para demonstrar sua insatisfação, mas não para perder o papel importante que tem na base parlamentar governista.

O PP, o PTB e o PR são base de qualquer governo. Quem saiu do script oficial, mas mesmo assim só um pouquinho, foi o PDT, cujo presidente é o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

O partido tem como principal base operária a Força Sindical do deputado federal Paulo Pereira, e Lupi, embora queira ficar no governo, não pode se afastar de sua base, sob pena de perder sua representatividade dentro do PDT.

Pressionado pelo governo, mas também pela base partidária, Lupi conseguiu encerrar a reunião de ontem equilibrando-se em cima do muro, e o mais provável é que o PDT dê a maioria de votos para o salário mínimo de R$560, mas um número suficiente de votos a favor do governo para não o tornar descartável.

Dará o governo uma primeira demonstração de força, tendo inclusive como que controlada a rebeldia escandalosa do líder da Força Sindical, Paulo Pereira, tão mais escandalosa quanto mais longe fica de obter resultados na sua luta pelo mínimo de R$560.

Tudo indica, como ele mesmo deixou a entender já no final do dia, que a rebelião de setores da base será grande o suficiente para os rebeldes ficarem bem com a opinião pública, mas na medida certa para não colocar em risco a decisão governamental de manter o mínimo em R$545.

Ao mesmo tempo, também a oposição tirará algum ganho da derrota, mantendo a coerência da campanha eleitoral em favor do mínimo de R$600 defendido pelo candidato tucano José Serra, mas jogando com as centrais sindicais a favor do mínimo de R$560.

Melhor perder ao lado dos sindicatos do que isolados na sua insignificância parlamentar. Além do mais, como bem salientou o senador Aécio Neves, é sempre bom que um partido que se quer social-democrata esteja próximo aos sindicatos.

Na construção do PSDB, houve a tentativa de se aproximar das comunidades eclesiais de base (CEBs) para que o novo partido tivesse uma base operária, mas o interlocutor procurado, Frei Betto, não se interessou pelo projeto, considerando-o elitista, e se engajou mais tarde na criação do PT.

O PSDB nasceu, assim, sem bases operárias que caracterizam os partidos social-democratas europeus.

Essa aproximação do PSDB com os sindicatos seria um primeiro passo para uma tentativa futura de entendimento político, que dificilmente acontecerá, mas que no momento interessa aos dois lados fingir que tem futuro.

Não está em discussão, nem para as centrais sindicais nem para a oposição, se a decisão correta é manter o acordo anterior, que define o mínimo pelo crescimento do PIB dos dois anos anteriores, ou se a economia não aguenta um aumento maior que o definido pelo governo.

Tudo indica que, tecnicamente, o governo está correto em querer restringir esse aumento diante do descalabro das contas públicas.

O que está acontecendo no Congresso é que a oposição decidiu afinal assumir seu papel na luta política, assim como sempre fez o PT na oposição.

Defender um aumento maior do salário mínimo é sempre uma posição confortável para oposicionistas, e a promessa de um mínimo de R$600 foi benéfica para a candidatura oposicionista.

As centrais sindicais, por seu turno, também fazem seu papel criando dificuldades para o governo, a favor de seus associados. Ou pelo menos fingem.

Certamente não teriam a mesma desenvoltura se Lula estivesse no governo, mas o relacionamento com as centrais sindicais é um problema que a presidente Dilma vai ter que resolver em seu devido tempo.

Dizer que a política salarial que está em vigor para o mínimo foi aprovada nas urnas, como faz o governo, é uma falácia, já que a então candidata oficial não teve coragem de combater durante a campanha a proposta de R$600 feita pelo seu adversário.

Se o fizesse diretamente, sairia perdendo votos. O próprio Lula foi apenas irônico com Serra, afirmando que ele não estava dizendo de onde sairiam os recursos para esse aumento todo.

A oposição, depois de se debater com a síndrome de bom-mocismo que a acomete desde que perdeu o poder em 2002, resolveu assumir seu papel de constranger o governo em defesa dos interesses do cidadão.

E desta vez, com as contas governamentais em desordem, tem mais uma razão para estar desse lado. Acusa o governo de gastos insensatos e corporativos, quando poderia cortar custos em favor de um salário mínimo maior.

Um discurso ideal para a oposição, da mesma maneira que o PT fazia quando nela estava.

Já é famosa a foto de maio de 2000 em que várias figuras que viriam a ser importantes nos governos petistas, como Palocci, José Dirceu e Berzoini, zombam do aumento do salário mínimo dado por Fernando Henrique naquele ano.

Hoje, Palocci é o chefe do Gabinete Civil, que coordena politicamente a base parlamentar governista em busca de aprovar um mínimo menor do que pede a oposição.

DO MESMO

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Missão fenomenal
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/02/11

Dois dias depois de anunciar sua aposentadoria como atleta profissional, Ronaldo será escalado hoje por Geraldo Alckmin para integrar o time do governo de São Paulo na Copa de 2014. Ao lançar no Museu do Futebol o guia com as 37 cidades do Estado candidatas a subsedes da competição, o tucano formalizará o ingresso do ex-jogador no comitê do Mundial.
O convite foi feito na semana passada e prontamente acolhido pelo recordista de gols nas Copas, que deve emprestar seu prestígio ao esforço para tentar driblar alguns dos entraves que rondam a organização do evento, como a adequação do projeto do Itaquerão à capacidade exigida para abertura, de 65 mil lugares.

Assopra 1 
Reunido na manhã de ontem com Paulinho da Força (PDT-SP) Gilberto Carvalho procurou amansar as centrais diante da perspectiva de vitória do governo, hoje, na votação do salário mínimo de R$ 545.

Assopra 2 
O secretário-geral da Presidência sugeriu que as centrais "pensem mais à frente". Defendeu a manutenção do diálogo, lembrando que o governo quer discutir uma política para aposentados e alternativa ao fator previdenciário.

Exemplo 
Em encontro do PDT com Carlos Lupi, deputados cuidaram de lembrar que, em 1954, João Goulart deixou o Ministério do Trabalho do governo de Getúlio Vargas na esteira de uma queda de braço em torno do salário mínimo. Não que Lupi tenha intenção de abandonar a cadeira.

Cardápio 
Deputados se referem ao articulador político do governo, Luiz Sérgio, que ontem circulava pela Câmara, como "ministro-garçom". Isso porque o petista "só anota pedidos".

Lenço 
Ministros chamados ao gabinete de Dilma Rousseff saíram desolados com a parte que caberá a suas respectivas pastas no facão no Orçamento. O mais abatido era Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia).

Deixa comigo 
Em negociação com peemedebistas, Antonio Palocci (Casa Civil) sugeriu que o partido abençoe a manutenção de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras -hoje ele é da cota do PP. Renan Calheiros (AL) abraçou de imediato a ideia. Costa é esperado pelo novo padrinho nesta semana.

Pano rápido 1 
Com medo de reavivar o caso Paulo Preto, o PSDB-SP arquivará pedido do deputado João Caramez para que o conselho de ética investigue o tesoureiro-adjunto Evandro Losacco. Declarações atribuídas a ele pela revista "IstoÉ" apontam suposto caixa dois em campanhas envolvendo o ex-dirigente da Dersa.

Pano rápido 2 
O comando da sigla espera justificativa redigida por Losacco, recém-nomeado à direção da EMTU, para sepultar a apuração. "A gente deveria aprender o 11º mandamento do Serra. Tucano não pode bicar tucano", resume o secretário-geral, César Gontijo, em referência a pedido feito pelo ex-governador.

Da janela Acompanhado de Paulo Okamotto, encarregado da formatação de seu instituto, Lula conversou ontem por duas horas com Luiz Marinho (PT) na Prefeitura de São Bernardo. Não falou de salário mínimo, mas quis saber das obras antienchente do PAC na cidade.

Visita à Folha 
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Ana Cristina Pessini, assessora de comunicação e imprensa do iFHC.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio


Não houve ameaça, nem mesmo velada. E nós não aceitaríamos isso. Somos aliados, não subordinados ao governo.
DO LÍDER DO PDT NA CÂMARA, GIOVANNI QUEIROZ (PA), sobre a posição do partido, contrária à orientação do Palácio do Planalto, na votação do novo valor do salário mínimo, prevista para ocorrer hoje no Congresso.

contraponto

Resenha literária

Ao chegar ontem para reunião com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o deputado Paulinho da Força, que no mesmo dia publicou artigo na Folha criticando o salário mínimo de R$ 545 proposto pelo governo, tentou quebrar o gelo com uma autocrítica:
-Nunca escrevi um discurso tão ruim na minha vida, ministro! Bota pelego nisso!
Carvalho cuidou de afagá-lo:
-Pelego! O que é isso? O teor é duríssimo!

VINICIUS TORRES FREIRE

A dieta de Dilma
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/02/11
Itaú estima em 3,9% a alta do PIB no primeiro biênio de Dilma; governo fala em 5,9% na média dos quatro anos

A PAISAGEM da economia no primeiro biênio de Dilma Rousseff será mais cinzenta que a do espetáculo circense do crescimento no ano final de Lula. Pelo menos tal é a estimativa dos economistas do Itaú.
O pessoal do banco acaba de revisar para baixo sua projeção de crescimento para 2011 e 2012, antes em 4,3% em cada ano, para 4% e 3,8%. A inflação ficaria em altos 5,8% em 2011 e quase voltaria à meta oficial em 2012, para 4,7%.
"Serão dois anos de ajuste, provavelmente, consequência do que ocorreu nos dois anos finais do governo Lula, de expansionismo fiscal e inflação em alta", diz Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú.
A economia deve ter crescido em torno de 7,5% no ano passado. Assim, teria crescido em média 4,6% sob Lula 2 e 3,5% sob Lula 1. Pela estimativa do Itaú Unibanco, pois, o primeiro biênio de Dilma estaria na média luliana. A projeção inicial do governo era, porém, de crescimento de 5,9% ao ano de 2011 a 2014.
A taxa de juro básica, Selic, terminaria este ano em 12,5% e em 11,5% no seguinte, ambas revisadas para cima. A taxa de juro real seria de uns 6% no final do biênio, com dólar ainda a R$ 1,70, e deficit em conta- -corrente em incômodos 4% do PIB.
Para Goldfajn, o Banco Central não vai se limitar a conter a inflação com juros, só. Viriam mais medidas administrativas a fim de limitar a oferta e os prazos de financiamento.
Quando e quanto mais? "Não tem muita ciência nesse mix [de política monetária]. Eles precisam observar o efeito das medidas macroprudenciais já adotadas. Talvez o final do primeiro trimestre seja um bom momento para avaliar o que precisa ser feito", diz o economista, que foi diretor do Banco Central (2000-2003)
A alta de juros, o arrocho de crédito e a contenção de gasto público talvez tenham de ser mais fortes caso o preço das commodities (comida, minério, metais, combustíveis) suba além do previsto, o que tem ocorrido desde o final de 2010.
O "ajuste cíclico" é uma espécie de dieta de janeiro, pós-festas de final de ano -o gasto do final de Lula seria o equivalente da comilança. Além de juros maiores, a dieta de Dilma teria um superavit primário de 2,5% em 2011 e de 1,9% em 2012, quando a dívida pública cairia a 38% do PIB (dos atuais 40,6%).
Goldfajn acredita que o crescimento real do gasto do governo vá a uns 5% no ano que vem. Afora os anos de crise, o gasto federal subiu em torno de 9% sob Lula. Neste ano, caso se confirmem os cortes anunciados, cresceria uns 2%.
De mais positivo, o economista diz ter uma "percepção" de que Dilma vai gastar menos em salário e em custeio e mais em investimento.
Depois da dieta bienal de Dilma, o crescimento poderia ficar nuns 5% "por vários anos", diz Goldfajn.
Não parece ruim. Porém, o país adia outra vez a possibilidade de mudar de patamar no ritmo e na qualidade do crescimento. Isso demanda dívida pública, juros e impostos menores. Na campanha, Dilma disse que pretendia terminar seu governo com juros reais de até 3% e dívida em 30% do PIB; faria ainda a reforma tributária, ora inviável.
A serem certeiras as estimativas do Itaú, um ajuste apenas "cíclico" não bastará para levar os indicadores macroeconômicos básicos a esse nível desejável e desejado por Dilma. Não será bastante para fazer o país crescer mais rápido.

GOSTOSA

ANDRÉ MELONI NASSAR

Segurança alimentar mundial - e o Brasil?

ANDRÉ MELONI NASSAR

O Estado de S.Paulo - 16/02/11

Pela repercussão na imprensa, está claro que o tema da oferta de alimentos está ganhando um novo status. Os artigos recentes publicados por Marcos Jank, Lester Brown e pelo ex-ministro Roberto Rodrigues mostram que o tema pode ser abordado a partir de diferentes perspectivas. As três manifestações, no entanto, cada uma à sua maneira, indicam a mesma origem para a elevação dos preços internacionais: a demanda por alimentos e produtos agropecuários vem crescendo com vigor nos últimos anos e a oferta - também porque acontecem eventos climáticos que a compromete em partes do mundo - não tem sido suficiente para repor estoques mundiais. O mercado identifica essa situação, empurrando os preços para cima.

Por sua própria natureza de elevado risco climático e pela crescente preocupação de nações com um tema que voltou para ficar no debate internacional - a segurança alimentar -, os preços dos produtos agropecuários são muito influenciados pelas expectativas do mercado. Tanto o mercado futuro quanto os compradores em busca de recomposição de estoques passam a alimentar as altas até que boas notícias do lado da oferta apareçam. Não há muito o que fazer numa situação como a que vivemos hoje. A boa notícia é que ela é, em sua essência, passageira - lembrando que, como safras agrícolas são anuais, o transitório dura meses.

O que é destoante na elevação de preços a que assistimos hoje é que ela é generalizada, ou seja, está ocorrendo com todas as commodities agrícolas. Seria preciso uma elevação muito além do provável na produção mundial para fazer os preços voltarem aos patamares de 2008, pós estopim da crise financeira nos Estados Unidos. Se este cenário está correto, o tema da segurança alimentar, entendido como a capacidade do mundo de ofertar alimentos em proporção equivalente ao crescimento da demanda, vai reaparecer com toda força nas relações internacionais. E, mesmo que os preços caiam no futuro próximo, a resiliência do mercado em lidar com baixos estoques estará em xeque - a menos, é claro, que a China reverta sua tendência de crescimento.

Assim, aumentar a oferta como mecanismo central para garantir segurança alimentar no mundo será a solução apregoada daqui para a frente. A segurança alimentar pode até ganhar status similar ao de mudança do clima em relação às atenções mundiais para problemas de natureza coletiva. Que caminhos existem para aumentar a oferta é assunto para um próximo artigo. Aqui, é preciso entender que o Brasil é parte interessadíssima nesta temática, seja na perspectiva do produtor rural, na da diplomacia política, na do investidor ou na do consumidor.

A FAO nos diz, com base em cenários de demanda, que a produção de carnes precisa crescer 48% de hoje a 2030 e mais 21% de 2030 a 2050. O milho, para dar conta de engordar todo o frango e suínos que as pessoas comerão a mais, terá de crescer 30%, no primeiro período, e mais 17%, no segundo. Oleaginosas, cujo cultivo se expandirá pelas mesmas razões que o milho e também pelo crescente consumo de óleos vegetais, terão de crescer 43% e 37%, respectivamente. Açúcar, 60% e 15%, levando em conta iguais períodos. Mesmo o arroz, produto menos dinâmico, terá de crescer 19% e 4%. O número é surpreendente: de hoje a 2050 o mundo terá de produzir mais 1 bilhão de toneladas de milho e oleaginosas, sendo necessários 90 milhões de hectares a mais.

Para isso 60% dessa nova área precisará entrar em produção até 2030 - a menos que o mundo descubra um jeito de fazer a produtividade crescer mais rapidamente. Mesmo tendo em conta que alguns produtos terão suas áreas reduzidas, como no caso do arroz, a demanda adicional por terra chama a atenção.

Tais cenários de demanda não me parecem fora da realidade por uma razão: o crescimento projetado de hoje a 2030 é menor do que o observado de 2000 a 2009, que é menor ainda para o período 2030 a 2050. Como sabemos, à medida que a renda cresce, as pessoas tendem a consumir alimentos de maior valor, mas, ao mesmo tempo, gastam uma porção menor de sua renda com alimentos. Esses cenários se baseiam nessa regra.

E o Brasil? Em todos os produtos citados o Brasil vem mostrando uma capacidade de aumentar a produção a taxas maiores do que as mundiais. Ou seja, o País vem ganhando participação de mercado na oferta internacional. A meu ver, é isso o que se espera do País.

Um cenário plausível é considerar que o Brasil continuará ganhando participação de mercado até 2030 e que, a partir de então, manterá sua participação até 2050. Até 2030, novas potências agrícolas surgirão e nossa responsabilidade em garantir a segurança alimentar poderá ser mais bem compartilhada. A produção de carnes deverá crescer 28 milhões toneladas até 2030 (63% de aumento) e 10,5 milhões até 2050 (26,5%). Nossa produção de soja duplicará até 2030 e baterá a casa de 170 milhões de toneladas em 2050 (172%). No caso do milho, cresceremos em 44 milhões de toneladas até 2030 (85%) e mais 17 milhões até 2050 (17% sobre 2009). A produção de açúcar chegará a 70 milhões de toneladas (90% de crescimento). Nessa perspectiva, já descontando ganhos normais de produtividade, o País terá de alocar na produção de soja, milho e, em menor proporção, cana-de-açúcar, mais 16 milhões de hectares até 2030 e 5 milhões, de 2030 a 2050.

Uma reforma inteligente do Código Florestal vai garantir que essa produção adicional ocorra nas áreas de maior aptidão para agricultura no Brasil. Parte da demanda adicional por terra virá das pastagens, outra parte se expandirá no Cerrado. Pela interpretação de dados históricos, a expansão de grãos se dará 60% sobre pastagens e 40% sobre áreas novas. Se feita de forma inteligente, respeitando a legislação brasileira e práticas agrícolas mais sustentáveis, o mundo agradecerá nossa mudança no uso da terra.

DIRETOR GERAL DO ICONE.

JOSÉ NÊUMANNE

Trapézio e picadeiro no circo do salário mínimo
JOSÉ NÊUMANNE

O Estado de S.Paulo

A votação do salário mínimo amanhã será o primeiro grande teste político da presidente Dilma Rousseff. O resultado deixará claro se a folgada maioria que os partidos governistas conquistaram na composição do Congresso Nacional na eleição proporcional do ano passado é para valer mesmo ou se não passa de fantasia. Ou o governo impõe com seus 70% de apoio parlamentar o valor que considera razoável - de R$ 545 - ou cede à chantagem das centrais sindicais que pleiteiam até R$ 580. Desse confronto circense, repetido ano a ano, a oposição comparece - com sua proposta de R$ 600 - como aqueles números de picadeiro que servem para relaxar nas exibições de malabarismo do Cirque du Soleil: nem tem poder para entrar na disputa nem pudor para entender que seria mais coerente com a história de compromisso com responsabilidade fiscal firmado nos governos de Fernando Henrique se deixasse o assunto para quem pode (na base do "eles que são brancos que se entendam") ou se participasse da discussão com contribuições razoáveis - e não com demagogia.

A tentativa de fixar o salário mínimo com base no mérito do trabalhador é enrolation de político inescrupuloso, nos dois lados da questão. Qualquer brasileiro minimamente informado, pagador ou recebedor de salário, sabe que nosso mínimo é menos que ínfimo, se comparado com o piso de remuneração da mão de obra pago em países com a economia do porte da nossa. Só que qualquer nativo bem-intencionado também não desconhece que o valor decidido pelo Legislativo a partir de proposta do Executivo influi em índices macroeconômicos de tal magnitude que o pleno exercício da justiça social feita por "milagre legal" promoveria o desgoverno das finanças públicas, sendo prejudicial, em primeiro lugar, ao trabalhador que, em teoria, se beneficiaria com a elevação do piso até um patamar, digamos, decente, mas teria esse ganho anulado pelos efeitos desastrosos que essa elevação produziria em cascata, ao tornar inviável honrar as contas da Previdência Social e municípios, Estados e União gerirem seus orçamentos. Além de gerar consequências funestas para a economia, a começar pela inflação galopante. Estadistas responsáveis buscam o equilíbrio - não o aplauso de quem, pensando vestir casimira, terminará tosquiado.

Desde que foi incorporado ao regime jurídico brasileiro, o piso da remuneração mensal pelo trabalho tem sido usado para catapultar líderes sindicais ao Paraíso político e cevar a adiposidade nas urnas de populistas inescrupulosos. O trabalhador que o recebe é, geralmente, mero pretexto para esse jogo de faz-de-conta em que atuam governistas saltando entre o trapézio das exigências da contabilidade pública e o arame das boas graças do eleitorado e oposicionistas interessados em dar tapinhas amigáveis nas costas do trabalhador, de um lado, e criar embaraços para os adversários no poder, de outro. Os tucanos desempenharam nos governos de Fernando Henrique o primeiro papel, hoje a cargo dos petistas, assim como estes, então, atuaram do lado oposto do ringue.

A desfaçatez é idêntica, em ambos os casos. A novidade agora, nesta guerra de frontes invertidos, é que uma parte importante no conflito - as centrais sindicais - resolveu se aproveitar da troca de guarda na Presidência para testar até que ponto vai a força da sucessora e afilhada do ex-chefe. Com a autoridade de ex-sindicalista e, sobretudo, do topo de um cacife popular de 87% de apoio nas pesquisas de opinião pública, Luiz Inácio Lula da Silva teve autoridade e legitimidade para negociar um acordo do qual saiu a fórmula para cálculo do aumento anual do índice. Negociado pelo então ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do Partido dos Trabalhadores (PT) - ou vice-versa -, o acordo leva em consideração o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores e a inflação. Essa foi a melhor solução encontrada à época. Mas nem a força que o ex-presidente tinha bastou para que o pacto saísse do universo da palavra dada para um acordo escrito e celebrado na forma escrita da lei. A retirada do ex-companheiro de palanque do principal gabinete do Palácio do Planalto foi o momento encontrado pelos chefões das centrais sindicais para pisotearem o acordo de cavalheiros e exigirem da presidente Dilma Rousseff, que não presidiu sindicato e não dispõe do carisma nem da capacidade de negociar de seu antecessor e padrinho, muito mais do que os técnicos de seu governo aceitaram dar, embora acima do calculado nas regras do acordo.

Ceder aos sindicalistas significará fraquejar diante de uma chantagem sem base em nada concreto ou razoável. Lula percebeu que a sucessora precisava de seu apoio porque os chantagistas - liderados por Paulinho da Força, deputado federal pelo PDT de São Paulo - desafiam o poder presidencial, jogando no lixo o que foi celebrado com o ex-presidente e o ex-ministro, hoje prefeito de São Bernardo do Campo. Em Dacar, onde participou do Fórum Social Mundial, ele disparou com presteza e pontaria: "Ou você tem uma regra, aprova na Câmara, vira lei e todo mundo fica tranquilo, ou você fica com o oportunismo."

É razoável que o Congresso debata uma fórmula permanente para reajustar o salário mínimo, como anunciou seu presidente, José Sarney (PMDB-AP). É justo que, como Dilma assegurou, esse cálculo deva conter "ganhos reais sobre a inflação e compatíveis com a capacidade financeira do Estado brasileiro". Está tudo muito bom, está tudo muito bem. Mas esse é um debate para o futuro. Feita a lei, a lei será cumprida e terão fim o malabarismo dos trapezistas governistas e a palhaçada sem graça da oposição sem discurso. Até isso ocorrer, contudo, será decidido hoje o reajuste deste ano. Para isso, deve valer o acordo feito com Lula, porque este saiu, mas a República continua.

DO MESMO

ILIMAR FRANCO

A posição de Paes
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 16/02/11

Vai ser quente a reunião hoje com a presidente Dilma Rousseff para tratar das Olimpíadas de 2016. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, diz que “o governo importou o modelo de Londres” sem considerar que a Inglaterra é um Estado unitário, e o Brasil, uma federação. Sua avaliação é que “a Autoridade Pública Olímpica não vai funcionar” e que “o governo federal tem que ter um braço
executivo (seja uma empresa ou um ministério)”. 

Fica combinado assim
Sobre a organização para as Olimpíadas de 2016, a assessoria do ministro Orlando Silva (Esporte) reagiu, dizendo que a criação da empresa Brasil 2016 não é ideia dele, mas do ministro Paulo Bernardo (Comunicações). No Congresso, os políticos dizem que o Palácio do Planalto age insuflado pelo PT, que não se conforma que um aliado, de um pequeno partido, coordene investimentos
em infraestrutura de cerca de R$ 30 bilhões. O novelo será desfeito hoje em reunião que contará também com o governador Sérgio Cabral (RJ). A disposição do governo federal é enquadrar o prefeito Eduardo Paes, e este, a despeito de suas opiniões, diz: “Vou acatar o que a presidente Dilma deliberar.” 

TCU QUER MAIS PODER. Com 120 engenheiros no seu quadro de funcionários, o TCU vai fazer concurso este ano para contratar mais 60 engenheiros. O presidente do Tribunal, Benjamin Zymler, diz que com esse reforço a fiscalização vai começar a avaliar também “a qualidade das obras públicas no país”. Hoje, a investigação do tribunal se limita a verificar se a obra respeita a legislação vigente e se os preços praticados são os de mercado.

Na hora do lanche
Antonio Palocci é o mais assíduo nos almoços da presidente Dilma Rousseff. Ela come nos dias úteis no Planalto e acaba fazendo uma reunião. Sentam à mesa também Gilberto Carvalho, Helena Chagas e José Eduardo Cardozo.

Redes sociais
Foi criada ontem uma comissão no Palácio do Planalto para criar um mecanismo de interação permanente da Presidência da República com a sociedade via internet. A proposta tem que estar pronta e testada após o carnaval.

Congresso de fora
Na votação do salário mínimo, o PPS vai tentar retirar hoje do texto do projeto o artigo que estabelece que os próximos reajustes serão estabelecidos por decreto pelo Poder Executivo. O partido afirma que a medida é inconstitucional e ameaça recorrer ao STF. “A política salarial é de iniciativa do Executivo, mas é feita por projeto de lei a ser discutido pelo Congresso”, afirma o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP).

Dissidente
A bancada do PT na Câmara terá um dissidente na votação do mínimo: Eudes Xavier (CE). Sobre eventual punição, um integrante da tendência Construindo um Novo Brasil, majoritária no partido, responde: “Ele será tratado a pão e água.”

Na onda
O PSDB do Senado se reuniu ontem e enquadrou o senador Aécio Neves (MG), que vinha defendendo R$ 560 para o mínimo. Ele foi convencido de que pega mal não votar nos R$ 600 defendidos por José Serra na eleição presidencial.

 CHAMOU A ATENÇÃO de um assessor da presidente Dilma a ausência da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) em debate sobre o mínimo, com a tucana Marisa Serrano (MS), em rádio de audiência nacional. 
 A SENADORA Ana Amélia (PP-RS) está pautando o petista Paulo Paim (PT-RS) no mínimo. Ele tem dito que não pode votar num valor menor que o dela. 
 O PSOL quer um reajuste do salário mínimo para R$ 700. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) sentencia: “É o único partido que mantém a sua coerência na defesa de um aumento significativo para o mínimo.”