segunda-feira, setembro 17, 2012

Os financistas contra os industrialistas - PAULO GUEDES

Revista Época 

Houve um tempo em que todas as grandes guerras eram religiosas. Com o advento do capitalismo industrial, do nacionalismo e do socialismo, “os reais e mais profundos antagonismos são agora ideológicos”, afirmou Werner Sombart em seu clássico Mercadores e heróis (1915). Ele escreveu em meio aos primeiros eventos da Primeira Guerra Mundial, anunciada como “a grande guerra para acabar com todas as guerras”. “As disputas entre Rússia e Turquia pelo Estreito de Dardanelos, entre França e Alemanha pelas regiões da Alsácia e da Lorena, entre austro-húngaros e russos pela hegemonia nos Bálcãs são apenas periféricas. A verdadeira guerra é o choque da civilização mercantil europeia contra a cultura guerreira germânica. É uma guerra entre duas visões de mundo, é um choque entre as ideologias de comerciantes e guerreiros”, disse Sombart.

Eram muito diferentes as duas visões de mundo. De um lado, os ingleses, o mundo da produção e do comércio, do dinheiro e do conforto material. De outro lado, os alemães, o mundo do heroísmo e da guerra, da bravura e da glória. “A guerra é fundamentalmente das práticas e convicções do povo inglês contra a incomparável superioridade dos sentimentos e do espírito germânicos”, dizia Sombart.

As batalhas contemporâneas desenrolam-se no campo econômico. Há, também aqui, distintas visões de mundo. Americanos e ingleses tornaram-se “financistas”, enquanto alemães e chineses permanecem “industrialistas”. A desaceleração econômica global e a guerra mundial por empregos são atribuídas aos excessos dos financistas, com sua visão de mundo capaz de levar ao caos a civilização ocidental. “Esta crise expôs profundas deficiências morais em nossa sociedade. Os financistas levaram vantagem sobre muitas pessoas”, escreve o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, em Queda Livre: América, livre mercado e o naufrágio da economia mundial (2010). “A confiança foi perdida. Sua irresponsabilidade quase colocou abaixo o sistema econômico e financeiro mundial. Será difícil perdoar o desvio moral dos operadores financeiros em sua exploração dos pobres e da classe média americana. Os financistas descobriram que havia dinheiro na base da pirâmide - e tudo fizeram para o transferirem ao topo. O colapso do sistema bancário teve custo extraordinário para a economia, os contribuintes, os trabalhadores desempregados e os compradores de casa própria, agora endividados.”

Os financistas, diz Stiglitz, receberam “régios pagamentos” a título de incentivos e compensações, “sem nenhuma responsabilidade pelos custos impostos à população por sua falência”. Ele estende sua condenação às autoridades monetárias: “Os bancos centrais acreditaram ingenuamente que poderiam promover uma enxurrada de liquidez enquanto a inflação permanecesse baixa, confiantes de que tinham tudo sob controle. Mas não era o que ocorria. A inundação de liquidez provocou bolhas de preços em ativos imobiliários e nas Bolsas, cujo estouro acabou derrubando o sistema financeiro e a economia global”.

Não há mais dúvida de que a visão de mundo dos financistas modernos tornou-se uma ameaça de desintegração da economia mundial. As economias de mercado são regimes fiduciários, que foram abalados pelos abusos dos financistas - e os riscos excessivos não foram ainda removidos. “As condições que criaram a crise financeira e a recessão global de 2007-2009 podem trazer outra crise, e, novamente, milhões de pessoas vão perder seus empregos e suas casas. Serão exigidas novas e colossais transferências de riqueza dos contribuintes para os financistas. Afinal, o confronto entre a concentração de poder financeiro e um governo democraticamente eleito é tão antigo quanto a própria república americana”, afirmam S. Johnson e J. Kwak, em Treze banqueiros: a captura de Washington por Wall Street e o colapso financeiro (2010). Para os autores, durante esta época de excesso de riscos e lucros fabulosos, “os banqueiros assumiram a Casa Branca e o Tesouro, a ideologia de Wall Street capturou Washington”.

Sob a chantagem de ser “grandes demais para falir”, travestindo de proteção à propriedade privada a garantia dos fundos que aplicaram irresponsavelmente, os bancos se salvam com recursos públicos quando o sistema financeiro é ameaçado por contágio e quebra em cadeia. O resultado, escrevem os autores: “Durante os últimos 30 anos, os bancos e Wall Street tornaram-se uma das mais ricas indústrias da história americana e uma das mais poderosas forças políticas em Washington”.

Essa discussão entre visões de mundo é também relevante para a economia brasileira. O sonho da casa própria é uma aspiração legítima das classes médias emergentes. A democratização do acesso ao crédito é uma importante ferramenta das modernas democracias liberais. Mas é fundamental evitar os excessos dos financistas, como os praticados nos Estados unidos. É uma ilusão acreditar que basta dar crédito para garantir a prosperidade.

A prosperidade de um país, na verdade, é apenas outro nome para a produtividade de sua população. A expansão do crédito a uma classe média emergente deve estar las-treada em aumentos de produtividade dos trabalhadores, sob pena de ter fôlego curto. Não queremos que a Caixa Econômica Federal tenha o mesmo desastroso destino que as instituições financeiras americanas especializadas em crédito imobiliário, Fanny Mae e Freddie Mac, que acabaram quebrando.

A visão de mundo dos industrialistas nos traz um importante alerta. Alemanha e China são modernos gigantes industriais, economias dominantes da nova ordem global. Sua competitividade industrial tem por base o incessante aumento de produtividade. São uma demonstração da importância do investimento maciço em educação e treinamento, ampliando capacitação e habilitação de sua mão de obra, para sustentar o aumento contínuo dessa produtividade. Mais que apenas mercados de consumo de massas, baseados no crédito fácil dos financistas, são verdadeiros mercados de produção em massa, baseados no investimento em educação. O capital humano de qualidade, e não as torres de papel dos financistas, é a garantia de maior produtividade, mais empregos, melhores salários, competitividade industrial e prosperidade.

O ICMS não tem salvação - MAÍLSON DA NÓBREGA

Revista Veja 

O irracional sistema tributário brasileiro, enorme fonte de ineficiências, tem no ICMS seu componente mais confuso e relevante (21% do total). Só no Brasil um imposto tão importante está nas mãos de governos subnacionais, sem mecanismos que o harmonizem nacionalmente.

Na União Europeia há um tributo semelhante (o Imposto sobre o Valor Agregado — IVA) arrecadado por seus 27 membros, o mesmo número de estados do Brasil. Lá, diferentemente do que ocorre aqui, não existe autonomia para alterar as regras básicas e as alíquotas do IVA. Há razoável harmonização.

Brasil foi um dos pioneiros na adoção do método do valor agregado (1965), pelo qual se tributa, em cada etapa da produção e da comercialização. apenas o valor que nela se adiciona. Antes de a França inventar o método, nos anos 1950, tributava-se o valor bruto a cada vez. O imposto incidia sobre ele mesmo (cascata). As empresas buscavam produzir o máximo nelas próprias para fugir da cascata, gerando ineficiências. Hoje, mais de 130 países adotam o método, o que atesta sua qualidade.

Por razões históricas, o Brasil fracionou a tributação do consumo em três impostos, sendo dois sobre o valor agregado — o IPI federal e o ICM estadual (depois ICMS) — e um em cascata, o ISS municipal. Até 1988, havia certa harmonização no ICM, mas demandas de autonomia estadual lançariam as bases do caos que viria a imperar no ICMS. A Constituição atribuiu aos estados o poder de alterar suas regras e alíquotas. Depois, a substituição tributária (arrecadação do ICMS na origem), imaginada para casos limitadíssimos, se espalhou por uma gama incrível de bens. O ICMS virou bagunça.

O cipoal de normal é incompreensível. Em agosto, segundo a Folha de S. Paulo (27/8/2012), as regras do ICMS mudaram em média vinte vezes por dia em todo o país. A substituição tributária desarruma o Simples Nacional, criado para salvar as pequenas e médias empresas do manicômio tributário. Os incentivos do ICMS às importações (a "guerra dos portos") foram extintos, mas Alagoas os reinventou. As empresas que importarem por lá poderão pagar o ICMS com precatórios (obrigações estaduais vencidas e negociadas com forte desconto).

O caos diminuiria se a legislação do ICMS fosse unificada, a arrecadação ocorresse no destino da mercadoria e se proibisse a guerra fiscal. A experiência mostra, todavia, que (1) é muito difícil aprovar essas mudanças e (2) os estados burlam as regras, seguros da ausência de sanções por ilegalidades. A situação tende, pois, a se agravar. A ideia do governo de uniformizar em 4% a alíquota interestadual inibiria a guerra fiscal, mas manteria o manicômio.

A solução radical é substituir os tributos sobre o consumo por um IVA nacional, arrecadado pela União e distribuído automaticamente entre três esferas de governo. Seria ainda mais difícil, mas constituiria um passo definitivo contra a bagunça. Existem duas objeções à ideia: (1) estados e municípios ficariam à mercê da União, que comandaria politicamente a distribuição dos recursos; (2) a medida centralizadora, atentaria contra a autonomia estadual e o federalismo, este forjado em crises e revoluções. Quanto à primeira, a União arrecada tributos partilháveis com governos subnacionais há cerca de sessenta anos. Nunca se apropriou indevidamente dos recursos. Quanto à segunda, federações de origens históricas mais fortes que a brasileira adotam o IVA partilhado com governos subnacionais.

É o caso da Alemanha. Os antigos principados, depois estados, passaram a centralizar a tributação depois da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Independentes do papa e do imperador, os príncipes gozavam de autonomia em seus territórios. Em 1871, a unificação dos principados deu origem à federação. Apesar do histórico de autonomia estadual. a Alemanha adotou o IVA em 1968, com regras que beneficiam as regiões menos desenvolvidas. A rica experiência alemã é o tema do artigo de Wolfgang Renzsch "German federalism in historical perspective: federalism as a substitute for a national State"" (Publius Journal of Federalism. Oxford. 1989).

O caminho da sustentabilidade - CLAUDIO DE MOURA CASTRO

Revista Veja 

Nenhum cidadão responsável pode deixar de estar preocupado com os estragos que sofre o meio ambiente. Por isso, seja no governo, seja fora dele, muitos tomam iniciativas para mitigar os desastres. Os governantes passam leis com fé ingênua nos seus efeitos. Almas generosas e bem-intencionadas pregam a defesa do meio ambiente. Economistas só pensam em prêmios e punições financeiras. Olhando os resultados, é um no cravo e outro na ferradura. O pobre caboclo, perdido na Floresta Amazônica, está longe da lei que impediria suas aventuras com a motosserra. E. se estivesse ao alcance de pregações, não veria razões para segui-las. O mal-educado que joga lixo na rua sabe que não será punido, pois, se alguém viu, não vai denunciar. Não há altruísmo que convença os prefeitos a não jogar esgotos in natura nos rios, pois o tratamento é caro, não dá votos e os malefícios só prejudicam o município rio abaixo. Não funcionam as leis que carecem de poder para obrigar o seu cumprimento. Quem confia na impunidade não presta atenção. Em muitos casos a lei proíbe fazer, mas é frágil para obrigar a fazer. Pouco serve para mandar fazer o bem ou ajudar o próximo. Pregar a conservação do meio ambiente, quando pesa no bolso fazê-lo? Ou dá trabalho? Sermões entram por um ouvido e saem pelo outro.

Temos três ferramentas: a lei, os incentivos econômicos e os valores. Individualmente, funcionam em alguns casos e falham em outros. No fundo. a boa receita requer invenção e inteligência, para combinar o seu uso. Em conjunto, seu poder de fogo é amplamente maior. É a tal da sinergia. Proibir bolsinhas plásticas em Belo Horizonte teria sido mais uma lei que não cola. Mas colou por que foi precedida de um movimento popular que mostrou
os seus inconvenientes ecológicos. Para o prefeito, é mais conveniente empurrar com a barriga a construção da planta de tratamento de esgotos. Mas, se a sociedade começasse a entender os danos à saúde e se houvesse uma lei (estadual ou federal) cobrando pelo volume de efluentes prejudiciais lançados nos rios. Rapidinho, a construção seria feita. Vem dando certo a prática de oferecer ao caboclo uma mesada para manter as árvores em pé. O manejo também pode proteger as florestas, ao gerar madeiras certificadas, que são mais caras. Se aparece um extrativismo lucrativo e que não prejudica o meio ambiente, criam-se boas razões para deixar guardada a motosserra. É ingênuo querer que as pessoas comprem um carro elétrico, mais caro e menos prático. É esperar demais do fervor ecológico. Mas. se há menos impostos para ligar o carro na tomada e não na bomba de gasolina, aí é diferente. De fato, foi o que aconteceu com o etanol.

Do dia para a noite, a geração fotovoltaica em residências e pequenas empresas tomou-se viável. Bastou uma lei que obrigasse as companhias elétricas a comprar o excesso de produção. De dia, vende-se para a rede. De noite, compra-se dela. Como os impostos sobre eletricidade são muito altos, igualam-se os preços da rede aos da geração local com células fotovoltaicas, ainda caras. Apelos para que se use menos água têm pouco impacto, seja em nossas chuveiradas, seja na agricultura irrigada. Mas, se combinados com leis que estabeleçam preços para a água, bem como cotas de uso, podem ter um impacto fulminante. Não encontramos receitas para coibir as queimadas. Mas é porque temos memória curta. No século XVII, as Ordenações Filipinas prescreviam que onde a mata foi queimada não se podia caçar, retirar carvão nem manter gado. Vejam a genialidade: não é possível impedir os incêndios, pois basta um fósforo quando ninguém olha. Mas os benefícios desfrutáveis da mata queimada podem ser fiscalizados. Ou seja, como não se pode impedir o ato, retiram-se as motivações. A receita inteligente está no tripé virtuoso: o convencimento, as ações que mexem no bolso e as boas leis. Em muitos casos, as que criam incentivos tendem a ser mais eficazes do que as proibições, mais difíceis de fiscalizar. O que cada um desses instrumentos isolados não pode fazer toma-se possível com uma combinação imaginativa e robusta dos três.

Estarei a sonhar? - PAULO BROSSARD

ZERO HORA - 17/09

Em duas ocasiões recentes externei uma cogitação que tanto me impacientava que a ela retorno. Relembrando que com a paz seguida aos seis anos de guerra, iniciada em 1939 e finda em 1945, era corrente a ideia, esperança ou convicção de que a humanidade não resistiria a novo conflito das proporções do recém-encerrado; depois de tantos horrores e perdas irreparáveis, como pelos formidáveis avanços na arte de matar e destruir; outro não fora o propósito dos que travejavam o edifício da ONU; no entanto, embora não houvesse irrompido nova conflagração universal, seguiram-se sucessivos surtos belicosos, mais ou menos extensos e duradouros que, somados, corresponderiam a um conflito terrível. Exemplo dessa diátese sinistra é a que vem ocorrendo na Síria. De feroz guerra civil converteu-se em caso internacional que levou a ONU a enviar comissão investigatória dos fatos, e que voltou como saíra, sem acesso a coisa alguma, a despeito de presidida por individualidade de alto conceito internacional. Desse modo, a impotência da ONU ficou selada, uma vez que dois países, Rússia e China, desaprovaram outras medidas que levassem à cessação da guerra exasperada. E a carnificina prossegue em violência crescente.
O fato me fez lembrar outro, quando Mussolini invadiu a Abissínia e a incorporou ao domínio fascista, a despeito de inócuos protestos da Sociedade das Nações, esta começou a morrer, para desaparecer sem se saber quando; ficou insepulta. Temo que coisa semelhante possa ocorrer com a ONU, embora criada sob as mais auspiciosas intenções.
Mudando de assunto, tiro da sombra um fato já antigo e em tudo e por tudo diferente do atual, menos em algum traço; ocorreu depois da eleição do presidente Jânio Quadros e antes de sua posse. A confiança na mudança era tanta e tamanha, que se formara a certeza de que se processaria real mudança na vida do país, antes da posse já se notavam espontâneas mudanças; agora, na minha percepção, antes do termo do processo mensalão, está se operando fenômeno semelhante ao dos dias de dezembro de 1960 e janeiro de 61; a impressão que se tem é de uma rajada de ar fresco a varrer insuportável ambiente mefítico. Não faltava quem proclamasse que o mensalão nunca existira, assertiva repetida ao universo até pelas colunas do New York Times, mesmo depois de iniciado o julgamento de dezenas de denunciados pelo procurador-geral da República; agora, porém, poucos se mantêm nessa posição.
Já se disse que, do fundo das maiores aberrações, pode emergir a chama capaz de expurgar o pústula. Até onde sei, o mensalão foi a mais elaborada conjura destinada ao domínio do aparelho governamental a partir do Congresso, não faltando nem o braço bancário e nem foi gratuita a condenação de diretor do Banco do Brasil; o mesmo ocorreu com a lavagem de dinheiro, em fartas quantias, que não dão em árvore.
Mercê desses ingredientes espantosos se vão juntando dados propícios à reações saneadoras. Ou estarei a sonhar?

Copa atrai mais turista - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 17/09

Para o turismo, Copa do Mundo é melhor que Olimpíada. Pelo menos, é o que conclui a pesquisa do consultor Mario Petrocchi, o mesmo que mostrou que, além de em Londres, este ano, houve queda de 3,1% de turistas estrangeiros na China, em 2008, e de 4,7% na Grécia, em 2004, anos em que receberam os Jogos Olímpicos.
Pelas suas contas, entre 1998 e 2010 (foram quatro Copas em cinco países nesse período), houve expansão média de 6% no número de turistas estrangeiros nos países-sede, em ano de Copa do Mundo.

Os números...
Na França, em 1998, ocorreu acréscimo de 4% na recepção de turistas estrangeiros. Em 2002, a Copa foi dividida entre dois países. No Japão, a expansão foi de 9,8%, e na Coréia do Sul, 3,9%.
Em 2006, a Alemanha registrou aumento de 9,2% na demanda internacional de turismo. Em 2010, a África do Sul, 9%.

Jogo 1.000

O jogo 1.000 da história da seleção brasileira será mesmo contra o Japão, na Polônia, dia 16 de outubro.
É que o jogo 999 será dia 11, contra o Iraque de Zico, na Suécia.

Só um abraço
Será rápido e informal o encontro de Dilma com Obama, semana que vem, em Nova York.
Como o americano está no auge da campanha presidencial, os dois preferiram não dar um caráter oficial ao encontro.

Aliás...
Chama muito a atenção do Itamaraty o fato de Mitt Romney jamais ter citado "Brasil" quando fala de política externa.

PEDESTRE SEM ESPAÇO

A placa de estacionamento proibido não é suficiente para impedir que a irregularidade seja praticada ao longo da Estrada Boca do Mato, no aprazível bairro de Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio. Os flagrantes são de uma leitora. A infração é grave e justificaria a passagem do reboque da prefeitura. O motivo da grande quantidade de veículos ali é o campus da Estácio de Sá, no número 850. Com a desordem, pedestres são obrigados a caminhar pela estrada, arriscando-se diariamente. A universidade explicou, por meio de sua assessoria, que “promove uma série de ações para evitar irregularidades e, assim, minimizar o impacto causado pelo volume de veículos no local”. Mas, pelo andar da carruagem, os motoristas não estão nem aí para a hora do Brasil.

Calma, gente
Ana Maria Machado convocou para amanhã uma reunião especial na ABL. É para analisar a acusação do historiador Jorge Coli de que o site de casa censurou, quarta, a transmissão de sua conferência "Sexo não é mais o que era"
Segundo a presidente da ABL, a conferência aconteceu normalmente. "Apenas a transmissão ao vivo foi cortada muito antes de Coli mostrar o tal quadro, "A origem do mundo’,’ do francês Gustave Courbet, de 1866’,’ que exibe a genitália de uma mulher.

Segue...
"A suspensão’,’ diz Ana, "ocorreu porque o próprio conferencista alertou que ia exibir imagens pornográficas e inadequadas a menores de 18 anos"
Em seguida, mostrou, em detalhe e por diversos ângulos, fotos de uma felação. A ABL diz se basear na lei que proíbe sites abertos de exibirem material pornográfico.

Sai de baixo

Sábado, numa festa de casamento em Belo Horizonte, gente próxima a Marcos Valério contava que a matéria da "Veja" que diz que o operador do mensalão teria revelado a amigos que Lula sabia de tudo, é só o começo.
Aos poucos, o mensaleiro soltaria mais coisa. A conferir.

Presente de grego
Aquela área de Volta Redonda, RJ, onde moram 750 famílias e, segundo o MP, está contaminada por resíduos perigosos, depositados lá pela CSN, entre 1984 e 1999, foi doada pela usina ao Sindicato dos Metalúrgicos em 1985.
Sindicalistas dizem que, com isto, o empresário Benjamin Steinbruch fortaleceu na época, durante a disputal sindical, a parte do sindicato mais simpática à CSN.

Hotel das Paineiras
O grupo que venceu a concessão do antigo Hotel das Paineiras, no Rio, inaugurado em 1884 e fechado desde 1984, promete começar as obras de restauração este mês. O investimento previsto é de R$ 54 milhões.
O prédio já hospedou Dom Pedro II, Getúlio Vargas, Santos Dumont, Pelé e a seleção brasileira de 1970.

Enquanto a UPP não vem

Um muro de seis metros de comprimento e dois de altura será erguido quarta agora no Largo do Estuba, na Favela do Jacarezinho, famosa por sua cracolândia, no Rio.
É a instalação "O muro’,’ que vai exibir fotos feitas por 80 jovens de comunidades. Dia 24, a obra chega ao Museu da República, no Rio.

Alegria do povo

A cineasta Alice de Andrade e seus dois irmãos, Maria e Antônio, restauraram uma das obras-primas do pai, Joaquim Pedro de Andrade: o documentário "Garrincha, alegria do povo" de 1963.
O filme remasterizado será exibido em 35mm na Sala Cândido Mendes, no 1° Festival Internacional de Filmes de Esporte, em outubro.

Escudo do Corinthians
Um empresário paulista que mora no Jardim Pernambuco, condomínio dos ricos e famosos no Leblon, no Rio, resolveu gravar no fundo da piscina um escudo do Corinthians.
Na minha opinião... deixa pra lá.

O ônus da prova - MELCHIADES FILHO

FOLHA DE SP - 17/09


BRASÍLIA - Pela primeira vez, o Judiciário brasileiro condena um político por corrupção. Pela primeira vez, também, condena em uma ação penal dirigentes de banco pelo crime de gestão fraudulenta.

Fracassou a aposta na lerdeza e/ou na complacência do tribunal, nas chicanas protelatórias e nas filigranas atenuantes. O exame fatiado da denúncia contra os mensaleiros tornou compreensível toda a rede criminosa, os votos do STF têm sido didáticos, as sentenças se sucedem e um destino sombrio parece selado para a maioria dos réus.

É natural que um julgamento que significa um marco contra a impunidade provoque repercussões inéditas. Assim como não havia precedente para vereditos tão cristalinos, não há no país "jurisprudência" para a reação de condenados.

O noticiário das sessões do mensalão no STF já vinha registrando o espanto dos advogados. Cedo ou tarde, chegaria a hora dos clientes, afinal os mais surpreendidos.

É por esse prisma que deve ser analisado o inconformismo de Marcos Valério com os rumos do processo, reportado pela revista "Veja". O publicitário, já condenado por peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, reclama que está pagando além da conta. Diz agora ter sido mera engrenagem do esquema de desvio de dinheiro público para comprar apoio político ao governo Lula. Implica o próprio ex-presidente.

Seus recados, muito bem definidos pelo líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, como um "ato de desespero de quem sabe que vai ser preso", provam que ainda restam muitos fios desencapados nessa história.

Quem zelará pelo silêncio do ex-diretor do Banco do Brasil, dos deputados, dos sócios do "valerioduto"? Réus que reclamaram do julgamento em baciada haverão de exigir cala-bocas "individualizados" quando estiverem atrás das grades.

É um erro achar que as sentenças encerram a novela do mensalão.

Democracia e dissenso no Supremo - CANDIDO MENDES

FOLHA DE SP - 17/09


Nasce um sentimento, inclusive entre as classes mais baixas, de abandono da visão conformista sobre a corrupção. Termos como "peculato" chegaram ao povo


O julgamento do mensalão é uma experiência inédita de toma de consciência nacional quanto à própria legitimidade da nossa vida pública.

Os primeiros louvores ao Supremo teriam nascido do clássico moralismo das classes médias, e de sua boa consciência, em que a luta contra a corrupção termina a serviço do "status quo".

Entretanto, à proporção que avança o julgamento, se registra o avanço do apoio das baixas classes C e D, em contrário, do seu suposto desinteresse, no começo do julgamento da Corte.

Tornou-se avassaladora a popularidade de Joaquim Barbosa, a contrastar com a violência da reação a Lewandovski, no primeiro voto contrário à condenação de João Paulo Cunha.

O ministro Marco Aurélio nos lembraria, em frase-chave, de como a democracia profunda repele as unanimidades das cortes supremas, mostrando a importância dos dissensos para garantir a exaustão do contraditório judiciário.

Repetiu-o Cesar Peluso, ao mostrar que nenhum juiz se pode eximir da passagem das certezas às convicções, na implicação moral limite do ato de julgar, "sem ódio".

O debate, a partir da intervenção de Lewandovski, insistiu, ao mesmo tempo, na tecnicalidade das sentenças, a reforçar a credibilidade oriunda da prova dos autos, frente à repetição dos depoimentos confessionais.

Na maré das críticas, o que emerge é uma indignação nascida do que já passou em julgado pela opinião pública, a acusar-se o revisor de julgamento com dois pesos e duas medidas, de subserviência aos interesses do Planalto.

Há algo de irreversível nesta tomada de consciência, marcada por uma primeira convicção de que prevalece a lei sobre o dinheiro no jogo dos nossos poderes. O crescendo desse sentimento, nos dias atuais, nasce das classes populares como uma surpresa e do abandono de uma visão cínica, e, até há pouco, conformada com a corrupção endêmica.

A precisão da denúncia do procurador-geral ganhou uma narrativa envolvente dos crimes arrolados, e da figuração múltipla de seus protagonistas. É inédita, também, a cobertura contínua do espaço midiático, na didática ampla das espécies de infringência da lei, permitindo o surgimento de uma gramática do ilícito, das lavagens de dinheiro ao peculato, termos, hoje, todos na boca do povo.

O fatiamento das decisões, por outro lado, não levou ao anticlímax, tanto quanto não reduziu o clamor pela guilhotina contra os réus do mensalão.

Ganhamos, lá fora, hoje, a admiração pelo avanço do nosso regime democrático. E o atual voto do STF desarma o espectro da ditadura da convicção coletiva sobre a busca penosa da verdade desnudada.

Os votos caminharam por múltiplos afluentes, em todo o contrário de apoios sumários à procuradoria-geral ou à relatoria, na segurança das convicções emprestadas aos vereditos. Ultrapassam os moralismos fáceis, as tecnicalidades de circunstância, e as metodologias dos subterfúgios, num julgamento exemplar na consolidação do nosso Estado de Direito.

“Protejam a rainha” - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 17/09



Se alguém, em 2014, conseguir encantar o eleitor, como Celso Russomanno faz hoje em São Paulo, o PT correrá o risco de um xeque-mate. Daí, todo o cuidado em manter Dilma longe das batalhas campais


Ao longo da história, cavaleiros geralmente protegeram suas rainhas. As abelhas e as formigas também. No xadrez, a peça é considerada uma das mais valorosas, porque, ao lado do rei, pode definir uma partida. No jogo, é representada pela letra “D”. Obviamente, não tem nada a ver com a presidente Dilma Rousseff. Mas, dentro do PT, há quem recorra ao xadrez para pedir proteção à imagem da presidente, de forma a não deixar Dilma exposta às intempéries eleitorais e às notícias nada boas para o partido oriundas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

Houve uma grande pressão para que ela participasse de comícios no último fim de semana. Era a grande janela da agenda esse mês. Mas Dilma optou por ficar ao lado da família, uma vez que o ex-marido Carlos Araújo recentemente saiu do hospital e havia ainda o aniversário do neto. Ontem, ela só deixou o Rio Grande do Sul por algumas horas. Foi à pequena Aguaí, no interior de São Paulo, para o enterro de uma de suas tias, Diva, falecida aos 87 anos.

No Planalto, ninguém tem notícia sobre a participação de Dilma em comícios eleitorais do PT esta semana, embora haja dezenas de pedidos. Se ela for, será em cima da hora e depois do expediente (com deslocamentos pagos pelo partido, uma vez que Dilma não quer aproveitar viagens de trabalho para “emendar” com um compromissos de campanha).

Até o fim de setembro, Dilma estará mais dedicada aos compromissos externos do que às campanhas. No próximo domingo, desembarca em Nova York para abertura da Assembleia Geral da ONU e uma série de encontros bilaterais. Antes disso, recebe em Brasília o presidente eleito do México, Enrique Peña Nieto. Depois da viagem, tem a visita do primeiro-ministro inglês, David Cameron, e, em seguida, o presidente do Egito, Mohamed Morsi. Na última semana de campanha, a presidente tem ainda o encontro da cúpula América do Sul-Países árabes (Aspa), em Lima, no Peru. Assim, sobrará pouco tempo para dar o ar da graça em palanques neste primeiro turno.

Bispos, torres, cavalos

A coincidência dessa agenda da presidente Dilma Rousseff com o julgamento do mensalão é algo que nem o gênio do marketing faria melhor. Nesse período em que a presidente estará dedicada à política externa, os políticos estarão sob os holofotes no STF.

Para os petistas, que esperam ter alguém com boas chances eleitorais totalmente longe da imagem do mensalão, não tem escudo melhor do que uma agenda internacional para deixar Dilma anos-luz do julgamento em que os réus são aqueles que, no passado recente, faziam o papel de bispos, torres e cavalos dentro do comando partidário, acompanhados ainda de alguns peões.

A avaliação interna é a de daqui para frente acabou o recreio, ou seja, a eleição vai virar um mar de ataques e o julgamento vai ferver, talvez nem tanto pelos votos dos ministros, mas por conta do imponderável — o desespero de alguns réus e o que pode surgir, por exemplo, se o publicitário Marcos Valério, condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro, desvendar alguns mistérios. Nesse fim de semana, já se teve notícia de que ele anda meio cansado de ter ficado com a pecha de bandido enquanto muitos continuam por aí. A revista Veja trouxe reportagem em que Valério inclui Lula nessa história, embora o ex-presidente não figure como réu no processo.

O rei

Diante disso, vale lembrar também que, em política, seguro morreu de velho e o pragmatismo às vezes impera. Portanto, se o julgamento do mensalão colocar Lula em xeque, ou lhe oferecer o menor risco de chegar a essa hipótese, pelo sim, pelo não, o PT quer estar preparado para agir. Daí, a ideia de deixar Dilma longe de tudo, inclusive das campanhas, para, se for o caso, ajudar a proteger o rei e o partido. Afinal, todos sabem que 2014 não será fácil como foi 2010, uma vez que os possíveis adversários, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), nunca concorreram a uma eleição presidencial e soam aí como uma “novidade”. Se um dos dois conseguir encantar o eleitor como Celso Russomanno encanta São Paulo, o partido de Lula e Dilma corre o risco e sofrer um xeque-mate. E esse é, para os petistas, um pesadelo pior do que julgamento do mensalão.

O dia do fico - VINICIUS MOTA

FOLHA DE SP - 17/09


SÃO PAULO - José Dirceu diz que não fugirá do país. À colunista Mônica Bergamo, lê-se hoje nesta Folha, afirma também que não pensa na hipótese de condenação, embora em outros momentos essa preocupação fique quase explícita.

Mais sutil, e significativo, foi o adendo a sua defesa: "Não é que não tem prova no processo contra mim. Fiz a contraprova. Sou inocente".

Após o ministro Luiz Fux ter verbalizado algo que o colegiado já vinha praticando neste juízo --diante de um circuito verossímil de evidências da acusação, não basta ao réu fixar-se na insuficiência de provas cabais, tendo de demonstrar seu álibi--, o discurso das defesas se ajusta.

Diante do teor das respostas já manifestadas pela maioria dos ministros do Supremo, é um exagero dizer que do destino de Dirceu depende a leitura histórica do julgamento do mensalão. Antes de as sessões começarem, as perguntas básicas eram se o esquema movimentou dinheiro público, se os empréstimos bancários serviam de cortina de fumaça para a corrupção e se houve compra de apoio político para o governo petista.

Sim e sim, decidiu a corte nos dois quesitos iniciais. Está marcado para começar hoje o capítulo --o primeiro envolvendo o ex-chefe da Casa Civil, acusado de corrupção ativa-- que tratará da terceira questão.

José Dirceu foi um dos melhores quadros políticos formados pela esquerda brasileira nos últimos 30 anos. O PT deve muito a ele, bem mais que a Lula, o fato de ter-se transformado numa fabulosa, disciplinada e enraizada máquina político-sindical, comparável, nas virtudes e nos defeitos, à social-democracia alemã do início do século 20.

Por isso, haverá algo de trágico ou de épico no julgamento de Dirceu, a depender do resultado. Inevitável será associar sua eventual condenação ao descomedimento que acomete homens lançados ao poder --e sua eventual absolvição à superação de provações, marca dos heróis.

Emitir até inflacionar - PAULO GUEDES


O Globo - 17/09


Em meio à guerra mundial por empregos, os bancos centrais anunciaram na última semana políticas monetárias ainda mais expansionistas. O Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, vai injetar mensalmente US$ 40 bilhões de liquidez nos mercados, por meio da compra de títulos lastreados em créditos imobiliários. Já o Banco Central Europeu (BCE) finalmente aprovou a compra de títulos de dívidas soberanas dos países fiscalmente frágeis da Zona do Euro. E o Banco Central brasileiro, após derrubar os juros reais para o mais baixo patamar em duas décadas, acaba de reduzir também os recolhimentos compulsórios para aumentar a oferta de crédito e diminuir o spread bancário cobrado aos tomadores de empréstimo.

Uma indicação do esforço das autoridades monetárias para reativar a economia mundial. As bolsas reagiram com entusiasmo ante o compromisso dos bancos centrais de manter a enxurrada de liquidez que levanta a maré nos mercados financeiros, a pretexto de estimular o aumento da produção e a criação de empregos no setor real.

O afrouxamento de liquidez do Fed trouxe embutidos dois preocupantes sinais. O primeiro é que não tem prazo para acabar. E o segundo é que o Fed designou a taxa de desemprego, e não mais a de inflação, como meta operacional.

Já sabíamos informalmente que Ben Bernanke ia despejar dinheiro de um helicóptero até eventualmente inflacionar a economia americana. Sua política monetária tem sido " reflate until it inflates ", ou seja, vai emitir até inflacionar. Isso é algo que ele tecnicamente pode fazer. Mas o que está anunciando agora, que vai manter as taxas de juros em níveis extraordinariamente baixos por tempo extraordinariamente longo, para reduzir permanentemente a taxa de desemprego, é algo que ele tecnicamente não pode prometer.

"O que a política monetária não pode fazer? Das infinitas limitações da política monetária, destaco duas: 1) não pode manter juros excessivamente baixos a não ser por períodos muito curtos; 2) não pode reduzir a taxa de desemprego, a não ser por períodos muito curtos", alertava no clássico "O papel da política monetária" (1967) o Prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, tantas vezes equivocadamente evocado pelo "homem do helicóptero" Ben Bernanke.

Brasil: um olhar para 2013 - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS


Valor Econômico - 17/09


Os analistas já começam a olhar para 2013. Afinal, os fatos econômicos mais importantes começam a ser moldados pelo menos seis meses antes de acontecerem. Neste sentido, como responsável pela construção dos cenários futuros da economia, na Quest Investimentos, terminei recentemente um trabalho sobre o estado da economia brasileira no primeiro trimestre de 2013. Gostaria de expor parte das minhas previsões para o leitor do Valor.

Para a construção de um cenário prospectivo sobre o Brasil é preciso trabalhar com algumas hipóteses em relação ao que deve acontecer nos Estados Unidos, na Zona do Euro e na China. No caso da economia americana trabalho com a continuidade da normalização lenta de seu metabolismo econômico, principalmente nos setores imobiliário, das pequenas e médias empresas e bancário. Outro ponto importante do meu cenário é a manutenção, no próximo ano, da posição conservadora do americano médio em relação a seus gastos, representada por uma taxa de poupança em linha com a de 2012, ou seja, 4% de sua renda. Finalmente, trabalho com a hipótese de uma correção suave do déficit do governo, que deve ser próximo dos 5% do PIB em fins de 2013.

Mas temos que acompanhar com cuidado um cenário alternativo, chamado nos mercados de "precipício fiscal". Ele vai ocorrer se não houver um entendimento político entre democratas e republicanos, até fins de dezembro, para renegociar cortes de impostos e de despesas já aprovados no orçamento para 2013. Neste caso teremos uma contração fiscal de quase 4 pontos do PIB a partir do início de 2013. Esse ajuste brutal certamente jogaria a economia em recessão, mesmo que o Fed venha a usar todo seu arsenal de medidas de expansão monetária. Nesta situação, a combinação de uma recessão nos Estados Unidos e na Europa certamente levaria o mundo emergente - inclusive o Brasil - para um período de crescimento econômico frágil.

Astros alinhados, parece viável que a economia brasileira cresça acima dos 4% no próximo ano

No caso da Europa minha posição é que os políticos conseguiram criar uma arquitetura financeira suficientemente forte para evitar o colapso do euro. Com isto será possível testar, por mais algum tempo, a terapia atual de ajuste fiscal nos países mais endividados. Os recursos mobilizados pelo BCE e pelos países europeus, por meio do FSE, devem garantir a normalização dos mercados por um período de tempo mais longo, talvez até as eleições alemãs em outubro do próximo ano. Os leilões de títulos da Itália e Irlanda, realizados na última quinta feira, mostram que os mercados entenderam estes novos tempos e que um cenário de ruptura da zona do euro é hoje muito pouco provável.

Na China estamos vivendo um momento crítico de mudanças no metabolismo da economia. O governo iniciou recentemente uma correção de rumo - há muito demandada pelos analistas - que leva a uma redução da importância das exportações no crescimento e aumenta a participação do consumo doméstico. Também no canal de investimentos fixos está ocorrendo uma mudança importante de prioridades. Os projetos agora estão voltados para desenvolvimento das zonas urbanas fora das regiões do sul da China e para a habitação popular.

Mas, toda mudança na China, dada sua dimensão gigantesca e a complexidade de seu equilíbrio social, é sempre um movimento perigoso e que precisa ser acompanhado com cuidado. Mas trabalho ainda com um cenário de estabilidade de crescimento em 2013, na faixa dos 8% ao ano.

Nessas condições externas mais favoráveis - um verdadeiro alinhamento dos astros - parece viável que a economia brasileira cresça, em 2013, acima dos 4%. A recuperação do investimento privado, em função de um ambiente externo menos perigoso, e o crescimento dos gastos das famílias próximo a 5% ao ano seriam as principais forças por trás dessa retomada. Os juros Selic devem permanecer inalterados em 7,5% e, se necessários, os ajustes na política monetária serão feitos via medidas administrativas do Banco Central e, no limite, via valorização do real. A redução dos juros é uma conquista que a presidenta Dilma dificilmente abrirá mão, mesmo em um cenário de inflação mais adverso.

Trabalhamos na Quest com uma inflação, em 2013, da ordem de 5,5%, assumindo uma correção nos preços da gasolina e o fim de isenções fiscais em algum momento do primeiro semestre. No caso do governo realizar o aumento dos combustíveis ainda este ano, a inflação em 2013 pode ficar mais próxima dos 5%. O risco de um número superior a esse está associado principalmente ao comportamento dos mercados internacionais de alimentos, em função da seca nos Estados Unidos durante o verão e que forçou uma redução dos estoques de vários produtos importantes.

A mensagem que tenho passado para o ano próximo é de que poderemos voltar a ter na economia mundial um período de maior racionalidade e menos especulação. Por maior racionalidade quero dizer que as análises e projeções é que vão refletir novamente as questões econômicas de fundo e deixar de lado cenários polares de ruptura e fim de mundo. São quase cinco anos nos quais nos afastamos desta dinâmica com a qual me acostumei a trabalhar por mais de 40 anos.

Política fiscal ardilosa - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 17/09


Discretamente, como costuma agir em situações como essas, o governo do PT começa a lançar mão de artimanhas contábeis e financeiras para tentar mostrar aos contribuintes que tem condições de cumprir as metas de superávit primário fixadas para este ano, mesmo concedendo vantagens tributárias para determinados setores da economia quando a arrecadação federal registra queda na comparação com a de 2011.

Um claro sinal de que o governo enfrenta dificuldades crescentes para cumprir a meta de R$ 139,8 bilhões de superávit primário - isto é, a diferença entre receitas e despesas não financeiras, necessária para cobrir as despesas com a dívida pública - fixada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para este ano foi a publicação, no Diário Oficial da União, de um decreto e duas portarias permitindo que a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) transferissem R$ 4,5 bilhões para o Tesouro.

O fato de essa transferência ter sido feita com o resgate antecipado de títulos que venceriam em 2027 (no caso da CEF) e 2035 (no caso do BNDES) - ou seja, com antecipação de 15 e 23 anos - torna intrigante essa operação, sobre a qual o Ministério da Fazenda nada quis comentar. Por meio dela, as duas instituições financeiras controladas pelo governo pagaram antecipadamente ao Tesouro Nacional (R$ 1,499 bilhão pela CEF e R$ 3,07 bilhões pelo BNDES) dividendos que só deveriam ser recolhidos no ano que vem. O valor foi contabilizado em agosto como receita do Tesouro. Ou seja, os resultados de agosto, que o Tesouro só deverá anunciar na última semana deste mês, já estarão devidamente maquiados.

Uma observação sobre o valor transferido para o Tesouro pela CEF dá outra indicação de que a política fiscal do governo começa a ser gerida de maneira ardilosa. Poucos dias antes da publicação das medidas que autorizaram a transferência antecipada de dinheiro para o Tesouro, a CEF havia recebido aporte de capital de R$ 1,5 bilhão, o que garante a expansão de suas operações de crédito sem ferir as regras de prudência bancária.

O dinheiro para isso saiu do Fundo Soberano, que é controlado pelo Tesouro, mas não foi lançado como despesa. A antecipação de dividendos feita pela CEF, no entanto, entra como receita.

Parece que as duas partes ganham - a CEF tem sua estrutura de capital fortalecida, o que lhe permite ampliar as operações; o Tesouro tem receita adicional, o que melhora suas contas - e ninguém perde. Mas há, por certo, uma perda. Trata-se da credibilidade do governo.

Dificuldades para o cumprimento da meta de superávit primário deste ano são cada vez mais visíveis. Nos sete primeiros meses de 2012, o setor público financeiro cumpriu apenas metade (ou 50,95%) da meta anual. É clara a deterioração dos resultados em relação ao ano passado. No período janeiro-julho de 2011, o superávit correspondeu a mais de 70% da meta.

Para atingir a meta cheia - isto é, sem utilizar recursos permitidos pela lei, como o abatimento de até R$ 20 bilhões de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do conjunto de despesas -, como o governo continua a anunciar que fará, os ganhos dos últimos cinco meses do ano terão de ser praticamente iguais aos dos sete primeiros. Normalmente, porém, os últimos meses são os que registram as maiores pressões por gastos.

Tem sido prática do governo ajustar o superávit primário utilizando os dividendos pagos por empresas estatais. A previsão de receitas com dividendos em 2012 é de R$ 26,5 bilhões, mas, até julho, haviam sido arrecadados R$ 10,9 bilhões, bem menos da metade do valor previsto para todo o ano e menor do que o de igual período de 2011, de R$ 11,8 bilhões. As principais fontes dessas receitas para o Tesouro - BNDES, Banco do Brasil e Petrobrás - tiveram forte queda de lucros no primeiro semestre.

Em vez de praticar manobras que pouco melhoram os resultados, mas corroem sua credibilidade, o governo deveria reconhecer que está com problemas na área fiscal - melhor, deveria mostrar que está disposto a enfrentá-los, com a redução de gastos.

iPad baby - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 17/09


O filho ali, no restaurante descolado, tinha o mesmo estatuto que o iPad: um trunfo numa era narcísica 

Vivemos numa era narcísica. Mas o narcisismo pode assumir formas mais sofisticadas do que ficar se olhando no espelho e escrevendo imbecilidades no Facebook: "Olha eu vomitando!".
Mesmo ter filhos, hoje, pode ser uma das faces mais comuns do narcisismo. Ter filho é narcisismo quando ele é parte de seu ferramental de sucesso: trabalho, casa própria, sexo saudável, carro novo, ioga, alimentação balanceada, filho.
Quando vir uma mãe tirando muitas fotos histéricas dela mesma com seu filho, saiba que você está diante de um poço de narcisismo que afoga a pobre criança num mar de projeções de si mesma. Segura o filho nas mãos como troféu de sua própria suposta beleza e saúde.
Sim, ser mãe pode ser objeto de enorme crítica. Ou pai. Falar mal da maternidade ou paternidade é para iniciantes e coisa de crítica festiva.
Mães são autoritárias, chantagistas, loucas, ausentes, presentes demais, enfim, infernais às vezes. Mas hoje, numa época dominada pela covardia chique, que teme dizer seu nome, covardia, covardia, covardia, podemos fazer um discurso chique para negar a maternidade.
Com isso não quero dizer que toda mulher deva ser mãe. Longe de mim achar isso. Acho que você pode não ser mãe e não ser ridícula por isso. Suspeito apenas da negação da maternidade quando ela vem acompanhada de uma "ira contra a mãe" ou quando vem acompanhada de alguma "teoria" contra a maternidade. Sempre suspeito de teorias e não de práticas.
Trata-se de um caso semelhante ao ateísmo: todo ateísmo militante é infantil e reativo. Toda crítica à maternidade é infantil e reativa. Um ateu e uma mulher que não quer ser mãe devem ser blasé com relação a Deus e a ter filhos. Se o lábio tremer ao falar de Deus e das mães, você está diante de um ressentido.
O filósofo francês do século 17, Blaise Pascal, dizia que variamos as formas de "divertissement" (divertimento, autoengano), mas a fuga sempre fracassa. Sempre reencontro a causa da minha fuga, o medo do vazio. O narcisista é uma criança em pânico diante desse vazio.
Vivemos a época mais covarde da história humana. A emancipação moderna se revelou um retrocesso em termos de coragem: todo mundo tem medo, mas nega e critica as formas de vínculos afetivos longos (maternidade, paternidade, casamento, etc.) para não enfrentar seus fracassos afetivos. Sou um miserável solitário, mas minto dizendo que escolhi sê-lo.
Mas voltemos ao filho como troféu narcísico. Outro dia, num desses domingos preguiçosos (o ócio nos aparenta aos deuses), fui almoçar, minha mulher e eu, num desses lugares frequentados pela classe chique da zona oeste paulistana. Uma região habitada por "bikes". Precisa dizer qual é?
Interessante como gente pobre sempre andou de bicicleta, mas agora, quando a bicicleta virou "bike", virou assunto da prefeitura. O trânsito, sofrido, tem que abrir espaço para as "bikes". Em Copenhague, capital da Dinamarca, uma das capitais mundiais das "bikes", podemos ver o "ethos" dessa moçada que se acha salvadora do mundo: lá eles atropelam gente e caminhões, movidos pela sua consciência de (falsa) superioridade moral urbana. Aqui já começa o mesmo processo.
Mas dizia que estávamos num desses restaurante "descolados", mas rotineiros, da classe chique da zona oeste paulistana. Perto, um casal "desfilava" seu filho. Durante algum tempo, todo mundo era obrigado a ouvir a beleza estridente da maternidade narcísica.
Trajes descolados, jeans rasgados e caros, camisetas tipo Hering, tênis surrados. Cabelos assanhados no modo correto, iPhones, bebê brincando com iPad, risadas altas.
A criança, coitada, era quem menos gritava. Os pais, já os pais, estes faziam tudo para ele berrar, como numa demonstração de que, sim, "somos pais descolados que amam seu filho e queremos que ele grite e brinque para mostrar que não o reprimimos". O filho ali tinha o mesmo estatuto que o iPad: um trunfo numa era narcísica. Assim como um carro coreano branco enorme.
E fotos, muitas fotos, em todas as posições imagináveis em meio à pasta de domingo. Imagino que postaram no "Face".

Política comercial deplorável - MARCELO DE PAIVA ABREU


O ESTADÃO - 17/09


A política comercial brasileira parece ter pelo menos três patronos: o Barão de Itararé, Stanislaw Ponte Preta e Nelson Rodrigues. É uma mistura do Febeapá, de Ponte Preta (o "festival de besteiras que assola o País"), com o "de onde menos se espera, é daí mesmo que não sai nada", de Itararé, gerando as "lágrimas de esguicho", de Nelson Rodrigues.

O anúncio do governo de que vai aumentar as tarifas de importação de 100 produtos, em sintonia com a política argentina de regredir para o mais extremo primitivismo protecionista, chocou muitos observadores da cena econômica brasileira. A surpresa é descabida. A decisão é deplorável, mas apenas culmina o mau retrospecto recente.

Nos anos Lula, apesar de a política econômica ter sido censurável sob diversos ângulos, a política comercial foi bastante competente. O Brasil teve atritos com o Canadá na Organização Mundial do Comércio (OMC), por causa dos painéis sobre subsídios da Embraer e da Bombardier, e saiu-se bastante bem. Teve, também, duas retumbantes vitórias posteriores na OMC, nos processos de solução de controvérsias nos casos do algodão, contra os EUA, e do açúcar, contra a União Europeia. Em meados de 2008 o Itamaraty saiu-se, de novo, muito bem na foto, quando o Brasil tentou, sem sucesso, conciliar as posições divergentes em relação ao protecionismo agrícola entre as economias desenvolvidas e os nossos "aliados" do G-20, que mostraram, afinal, seu lado mais protecionista.

No governo Rousseff, a regressão ao protecionismo tem sido clara: seja na forma de aumentos tarifários seletivos; seja na forma de taxação discriminatória de IPI sobre importações (de legalidade mais do que duvidosa); seja ao brandir ameaças de ações antidumping que dificilmente redundarão em contenção relevante das importações. Seja, para culminar, ao defender com grande sangue-frio a ideia de que a OMC é o foro adequado para discutir regras multilaterais para compensar flutuações cambiais desestabilizadoras dos fluxos comerciais.

O governo parece viver no mundo da Lua. Reporta-se que estaria disposto a "descartar" a ideia de candidatura própria à direção da OMC, em vista da reação negativa dos países desenvolvidos em relação às iniciativas pouco ambiciosas da diplomacia brasileira na Rio+20. Embora não seja fácil acompanhar a distância os bastidores genebrinos, parece claro que uma candidatura brasileira, que talvez pudesse ter sido viável até 2010, já não é factível em face dos retrocessos sob o governo Rousseff. Se o Brasil for levado a descartar uma candidatura brasileira à sucessão de Pascal Lamy na direção da OMC, estará apenas demonstrando sinais de realismo político, o que parece andar escasso no Planalto.

Convém lembrar que, na última eleição na OMC, o Itamaraty tomou monumental bola entre as pernas ao lançar candidatura brasileira rechaçada pelos pares logo na primeira rodada. Chegou à última escolha tendo de optar entre um candidato de país desenvolvido e um candidato de outro país do Mercosul cuja eleição não queria, em vista de sua posição hostil em Cancún. Façanha memorável, a não ser emulada.

A alternativa aventada agora - de negociar apoio a outras candidaturas em troca de compromissos de inclusão, entre as regras multilaterais, de dispositivos para compensar o efeito negativo de desvalorizações sobre o comércio mundial - parece irrealista, ante a escassa popularidade do tema entre os parceiros mais relevantes. Segundo o Itamaraty, o País jogaria papel central no estabelecimento de regras de compensação de variações cambiais. Música para muitos ouvidos, mas a ênfase não aumenta a baixa probabilidade de que tais regras sejam seriamente consideradas.

O governo assevera que as decisões recentes não violam as regras da OMC. Se for levado em conta que a tarifa média aplicada pelo Brasil é de 12%, e que a tarifa máxima aplicável de acordo com os compromissos da OMC é de 35%, a frase fica quase ridícula. O governo poderia triplicar a tarifa média e ainda estaria respeitando as regras da OMC. Se não o faz, é porque teme o impacto sobre a inflação e a competitividade das exportações. Mas também são declarações que revelam preocupação com a legalidade de medidas anteriormente adotadas, especialmente quanto ao IPI discriminatório. O aumento recente, como lembrado pelo representante dos EUA na OMC, viola compromissos assumidos no G-20 com o objetivo de evitar uma escalada global do protecionismo. O Brasil está a reboque da Argentina.

Na tentativa de apaziguar as críticas generalizadas, o ministro Guido Mantega assegurou que, se houver aumento de preços, o aumento de tarifas seria revertido. É claro que há relação estreita entre proteção e preços internos. Nas avaliações bursáteis, onde prevaleceram os que sabem fazer contas, houve substancial aumento das cotações das ações das empresas beneficiadas. Enquanto isso se estabelece um clima de "eu também quero" entre os setores excluídos da distribuição de benesses. Danem-se os consumidores de insumos ou bens finais importados. Danem-se o custo Brasil e, em prazo mais longo, a perspectiva de crescer de forma significativa e sustentada.

Os principais cargos da República - RENATO JANINE RIBEIRO


Valor Econômico - 17/09


Os dois principais cargos eletivos da República são os de presidente e prefeito. Esta afirmação pode chocar, porque reduz o papel dos governadores. É verdade que os governadores aparecem mais. Prefeitos não são candidatos natos à presidência da República, nem mesmo os de São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto os principais governadores o são. Os jornais cobrem mais a opinião dos governadores que a dos prefeitos, salvo rara exceção - César Maia, Gilberto Kassab. Mas lembremos que o cidadão é antes de mais nada quem mora na cidade. O cidadão reside. Por isso mesmo, quem define a qualidade de nossa vida, depois do presidente da República, é quem lida com o morar: o prefeito. O poder dos governadores está mais longe de nós.

O poder Executivo federal define a política econômica e social do País. Os resultados disso são importantes. Hoje, se perto de minha casa vejo inúmeras caçambas, sinal de que a classe média está reformando as residências, é porque vivemos uma política econômica mais próspera do que dez anos atrás. Se o Brasil firmou a prioridade de políticas de distribuição de renda e de combate à miséria, isso se deve à política conduzida no Planalto. Na política econômica e social, a Presidência da República tem papel decisivo. Mas a vida cotidiana, que está mais perto de nós, depende essencialmente das prefeituras. Por isso as eleições deste ano são significativas. Por isso é pena quando o eleitor amesquinha seu voto, ou o candidato não expõe suas ideias, ou a imprensa não as cobra.

Cada município tem suas leis de ocupação do solo, suas regras de expansão, a definição de onde pode haver fábricas, comércios, lixões. A prefeitura determina a qualidade do transporte coletivo, o papel do carro individual, o nível do ensino básico e da saúde. Em vários casos, ela não age sozinha - na saúde, por exemplo. Na educação, ela atua junto com o Estado para a formação das crianças e adolescentes, a missão mais nobre que existe. Mas o principal, que é quase só da prefeitura, é a competência para desenhar a cidade e o convívio com os outros.

Eleição municipal define nossa qualidade de vida

Muitas vezes esquecemos isso. Queremos que a cidade cresça para que lado? Queremos casas ou prédios? E queremos que as casas sejam construídas em terrenos exíguos, em lugares sujeitos a inundações - ou não? Queremos jardins, praças públicas, ruas arborizadas - ou não? Dificilmente alguém responderá "não" a estas últimas perguntas. Se o fizesse, dificilmente seria eleito. Mas o problema é que esses assuntos são pouco discutidos. E o fato de não haver discussão já é um sinal preocupante. Porque, se esses assuntos não forem expostos à luz do debate, ganhará quem se interessa em escondê-los. Escondê-los é fácil: basta distrair a atenção do eleitor para o secundário, o inessencial.

Darei alguns exemplos. Sem dúvida, merecem respeito as religiões que cresceram em nosso País nos últimos anos. Sem dúvida, não se deve opor dificuldade a nenhum culto - e, sem dúvida, todo culto deve respeitar as leis que se aplicam a todos. Ora, conceder alvarás para templos nem sempre é trivial. No passado, podia abrir uma igreja quem fosse de uma Igreja - isto é, abrir um templo estava ligado a se pertencer a uma religião tradicional, com hierarquia clara. Hoje, multiplicam-se religiões e sacerdotes. Uma igreja às vezes é já uma Igreja. Licenciar um templo fica mais complicado. Às vezes é mais fácil, às vezes não. É legítimo políticos se empenharem em obter alvarás para eles. Mas isso não legitima colocá-los, por exemplo, acima das leis de silêncio, que a todos se aplicam.

Agora, por mais que qualquer culto mereça o respeito de todos, se um político se eleger com só essa bandeira, mesmo assim ele depois vai participar de decisões sobre o plano diretor, sobre a altura de edifícios, a obrigação ou não de preservar áreas verdes e outros temas que vão bem adiante de sua agenda eleitoral - mas que afetam cada minuto da vida de toda a população. Se durante a campanha ele não disser o que fará sobre esses tópicos, de duas uma: ou ele não sabe, e ao concorrer despreparado a um cargo de muita responsabilidade está agindo mal; ou sabe, mas não diz.

O mesmo vale para todos os candidatos de segmentos, que por sinal se têm multiplicado. É compreensível e legítimo que concorram ao Legislativo pessoas que querem representar tal ou qual grupo de trabalhadores, de empresários, até mesmo de praticantes de um esporte. Mas insisto: todos eles hão de votar em questões bem mais amplas do que o grupo ao qual pedem votos. E como vão se posicionar, então? É isso o que devemos cobrar.

Até se entende que candidatos queiram se omitir sobre assuntos delicados. Mas este é um sinal poderoso de que não são confiáveis. A obrigação de se informar é nossa, como eleitores. E isso implica também um dever para a boa imprensa. Ela pode apertar os candidatos em suas propostas. Mas, para isso, ela também tem de estar preparada. Ela precisa ser crítica quanto à visão deles para a cidade, e quanto às condições que eles tenham de executar essa visão. São essas as principais questões a colocar.

Agora, o mais fácil é partir para o escândalo, a cobrança na vida pessoal, a discussão do caráter. Sabemos como isso degradou a política dos Estados Unidos. Esse país é, dos desenvolvidos, o único em que candidatos viáveis fazem do racismo, da oposição à ciência e da defesa do preconceito armas poderosas, que até podem levá-los à presidência. Em nenhum outro país desenvolvido o preconceito grassa em tal medida. Ora, o melhor antídoto para isso é uma opinião pública que cobre, dos candidatos, o que eles farão.

Eu não vou fugir do Brasil - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 17/09

Ele diz que não conhece a palavra covardia e que está preparado para qualquer resultado no STF

"A burguesia acorda tarde. Eu saí da cama faz tempo e estou morrendo de fome", diz José Dirceu ao abrir a porta de seu apartamento, em SP, às 9h de sexta-feira.

Réu no processo do mensalão, ele saiu de circulação desde o início do julgamento e há meses recusa todos os pedidos da imprensa brasileira para uma entrevista. Na semana passada, recebeu a coluna para um café. À mesa, suco de laranja, abacaxi, café com leite, pão e frios.

"Eu não estou deprimido. Eu não tenho razão para estar deprimido. Eu tenho objetivos, metas, sonhos. Eu acordo às seis da manhã todos os dias. Recebo o resumo das notícias que a equipe do meu blog envia. Eles já sabem o que me interessa. Estão comigo há cinco anos. Funcionamos por telepatia."

"Eu gasto duas ou três horas lendo toda a imprensa brasileira, no iPad e no meu laptop. Depois, escrevo artigos para o blog."

Dirceu veste camiseta marrom e calça jeans cinza que estão largas em seu corpo. Está mais magro e com os cabelos mais longos do que o habitual. Perdeu 6 kg. Mas afirma que isso não tem nada a ver com o mensalão. "Eu faço muita ginástica. Desde 1998, tenho um instrutor."

Recentemente, passou a se exercitar todos os dias. Faz esteira, musculação e alongamento na academia do próprio prédio. "Me sinto bem."

A coluna diz que é difícil acreditar que a vida siga tão normal. " Muita gente me visita. Não tem um dia em que não venham duas, três pessoas me ver, aqui ou na minha casa em Vinhedo."

O escritor Fernando Morais, o produtor Luiz Carlos Barreto e o líder do MST, João Pedro Stédile, estão entre as visitas. O ex-presidente Lula liga um dia sim, um dia não, para saber como ele está. "Não me falta companhia."

O julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) entra na reta final. A condenação de Dirceu parece certa. Até seus interlocutores próximos admitem a possibilidade. As penas máximas para os crimes de que é acusado chegam a 15 anos. A Folha revelou que ele já conversou com o presidente Lula sobre a hipótese de ser preso.

"Que nada, isso não aconteceu", diz. "Não é que não tem prova no processo contra mim. Eu fiz a contraprova. Eu sou inocente. Eu confio na Justiça." Ele diz saber que, mesmo absolvido, "isso não vai acabar. Em sete anos [desde que estourou o escândalo], eu não tive a presunção da inocência. Por que vou ter a ilusão de que isso vai ocorrer, mesmo que eu seja considerado inocente pelo Supremo?"

A coluna pergunta de novo se, ainda que insista em dizer que confia na Justiça, ele nunca pensa na hipótese de ser condenado e preso.

"Isso daí [resultado do julgamento] vai demorar dois meses para acontecer. Vou ser julgado por corrupção ativa no fim do mês ou no começo de outubro. Em mais quatro semanas, serei julgado por quadrilha. Por que vou sofrer por antecipação? Na hora em que acontecer, vou ver o que fazer."

"A expectativa que eu tenho? Eu fui cassado pela Câmara dos Deputados [em 2005] sem provas. De lá para cá, eu sofri um linchamento como corrupto e quadrilheiro. Eu estou preparado para qualquer resultado."

"E não vou deixar de fazer o que sempre fiz, que é lutar. É ilusão achar que eu vou... não faz parte da minha personalidade eu me abater. Se alguém tem a ilusão de que, me condenando, cometendo essa violência contra mim, vai me derrubar, pode tirar o cavalinho da chuva."

Dirceu diz que só dará entrevista sobre o mérito do caso depois do julgamento.

Não quer também comentar a hipótese de o publicitário Marcos Valério, já condenado à prisão por vários crimes, "explodir" no caso de ser preso. "O advogado desmentiu [declarações que Valério teria dado a terceiros acusando o ex-presidente Lula de participar do esquema]. Não tenho o que comentar."

Diz que a sua principal intenção, na conversa, é afirmar que está bem e que não vai fugir do país para não ser preso caso seja condenado.

"Essa história que inventam de que vou sair do Brasil não combina comigo", afirma o ex-ministro.

Saí [na década de 60] porque fui expulso do país. Cassaram a minha nacionalidade. Eu era um apátrida, não podia viajar. Quem me impedia de voltar era a ditadura militar. E mesmo assim eu voltei para o Brasil, duas vezes, colocando a minha própria vida em risco. Eu iria embora agora?"

"O PT tem defeitos. Mas se tem algo que não conhecemos no PT é a palavra covardia. A chance de eu fugir do Brasil é nenhuma. Zero."

"Eu não estou deprimido. Eu não tenho razão para estar deprimido. Eu tenho objetivos, metas, sonhos

Muita gente me visita. Não me falta companhia

Não é que não tem prova no processo contra mim. Eu fiz a contraprova. Eu sou inocente. Eu confio na Justiça

Por que vou sofrer por antecipação? Na hora em que acontecer, vou ver o que fazer

Eu fui cassado pela Câmara dos Deputados sem provas. Sofri linchamento como corrupto e quadrilheiro. Eu estou preparado para qualquer resultado

Se alguém tem a ilusão de que, me condenando, vai me derrubar, pode tirar o cavalinho da chuva

Fui expulso do Brasil. Quem me impedia de voltar era a ditadura. E mesmo assim voltei, duas vezes, colocando a minha vida em risco

Se tem algo que não conhecemos no PT é a palavra covardia

A chance de eu fugir do Brasil é nenhuma. Zero"

SOBE...

Aumentou o número de trabalhadores da Grande São Paulo com carteira assinada no setor de varejo. O salto foi de 3,4% entre junho de 2011 e junho de 2012 -de 950.005 para 982.593, segundo levantamento da Fecomercio. No período analisado, o pico de empregos formais ocorreu em novembro: 985.066 profissionais.

... DESCE

Em compensação, o número de trabalhadores admitidos caiu 6% nesses 13 meses: de 49.230 em junho de 2011 para 46.190 um ano depois. Já a quantidade de demitidos subiu 0,65%.

TOPO

Em junho, o setor varejista que mais empregou foi o de supermercados (245.152 pessoas) e lojas de vestuário e calçados (136.499).

TARKOVSKI À MOSTRA

Três fotos tiradas pelo cineasta russo Andrei Tarkovski, mostrando seu filho e seu cachorro, serão o cartaz da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa em 19 de outubro.

PODE BEBER TODO DIA?

"Todo dia é dia de beber!" Assim começa a música de um vídeo promocional da cidade de SP, feito pelo São Paulo Convention and Visitors Bureau. O comercial pode ser visto na internet, tanto na página do Bureau quanto na da Embratur. "A vida noturna é um atributo de SP, mas os comerciais não focam nisso", diz o órgão.

PEDRO, BIANCA E LECI

A sambista e deputada Leci Brandão (PCdoB)interpretará uma avó em "Pedro & Bianca", série que Cao Hamburger faz para a TV Cultura.

LUAN SANTANA NO SERTÃO

Luan Santana é um dos sócios da Outlaws, balada sertaneja que abriu na rua Augusta na quinta passada. Entre os convidados que foram aos Jardins ver o show da dupla Thaeme e Thiago estava a humorista Dani Calabresa.

Curto-circuito

A Associação Esportiva Talentos do Capão organiza rifa para arrecadar recursos. Os prêmios: camisa autografada pelo nadador Fernando Scherer e jantar no Ici Bistrô. O sorteio será no dia 20 de outubro, pela Loteria Federal.

O restaurante Agraz promove o Festival Gastronômico Mexicano, até sexta.

A Rede Pense Livre, criada para discutir política de drogas, vai ser apresentada amanhã, no Itaú Cultural. FHC é um dos convidados.

O clube Comedians, na rua Augusta, estreia em outubro noite de calouros. Seis candidatos serão julgados por Rafael Cortez, Mônica Iozzi e Luiz França.

Drogas, trágica liderança - CARLOS ALBERTO DI FRANCO


O ESTADÃO - 17/09


Pelo menos 2,8 milhões de pessoas no Brasil usaram cocaína de forma inalada ou fumada - via consumo de crack ou de oxi - nos últimos 12 meses. Esses números transformam o País no segundo principal mercado consumidor de cocaína do mundo, atrás só dos Estados Unidos, onde 4,1 milhões usaram cocaína no último ano.

Caso sejam considerados somente os que consumiram crack, o total chega a 1 milhão de pessoas no País, o que torna o Brasil o principal mercado consumidor do planeta. Mas, como os demais países pesquisados não separam o consumo de cocaína inalada e fumada, é difícil apontar o tamanho do mercado consumidor de crack nas outras nações.

Os dados constam do 2.º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas - o uso de cocaína e crack no Brasil, divulgado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas. Foram ouvidas 4.607 pessoas com mais de 14 anos em 149 cidades.

Em relação ao mercado de cocaína, o Brasil fica à frente até mesmo de continentes inteiros, como a Ásia, onde 2,3 milhões de pessoas usaram cocaína no mesmo período. No Reino Unido, que ocupa a terceira posição no número de consumidores, há 1,1 milhão de usuários.

"Há 30 anos o mercado de cocaína era quase inexistente. O Brasil foi um dos países com mais rápido crescimento do consumo de cocaína", diz o médico Ronaldo Laranjeira, organizador do estudo. "Esse trabalho mostra a necessidade de que haja um pensamento estratégico capaz de desmontar essa rede".

O mapa da dependência química, dramático e assustador, foi perfilado em excelente reportagem de Bruno Paes Manso, repórter do jornal O Estado de S. Paulo. A trágica liderança do Brasil no mercado mundial de entorpecentes traz gravíssimos problemas de segurança pública, saúde e assistência social decorrentes do consumo de drogas.

O hediondo mercado das drogas está, de fato, dizimando a juventude. Ele avança e vai ceifando vidas nos barracos da periferia abandonada e no auê dos bares e boates frequentados pela juventude abonada. Movimenta muito dinheiro. Seu poder corruptor anula, na prática, estratégias meramente repressivas. A prevenção e a recuperação, as únicas armas eficazes no médio e no longo prazos, reclamam um apoio mais efetivo do governo e da iniciativa privada às instituições sérias e aos grupos de autoajuda que lutam pela reabilitação de dependentes.

Não se faz jornalismo, nem mesmo matéria de opinião, fechado entre as quatro paredes de uma redação ou circunscrito ao rarefeito ambiente de um laboratório acadêmico. É preciso ver, ouvir, apurar, sentir, refletir e só então escrever. Nada supera o realismo da velha e boa reportagem. Com esse espírito, movido pelo dever de obter informação verdadeira, mergulhei na pauta assustadora: a dependência química.

Cabeça baixa, olhos cravados no chão, coração encharcado de dor. "Será que Deus ainda olha para mim?" Paira no ar uma tristeza densa, que se pode cortar. A falência da autoestima e o sentimento de culpa, à semelhança de uma laje de chumbo, esmagam a alma. A cena, dura e forte, retrata o day after de um adicto de cocaína. O drama, tragicamente rotineiro no frio anonimato da cidade sem alma, não é um recurso ficcional. É real. Tem nome e sobrenome, obviamente preservados por motivos éticos elementares. Recuperou-se na Comunidade Terapêutica Horto de Deus, em Taquaritinga, no interior de São Paulo (www.hortodedeus.org.br). Seus olhos recobraram a luz da esperança. Retomou os estudos, concluiu a faculdade de Publicidade e Propaganda e está batalhando. Com a cabeça erguida e a dignidade resgatada. Sua história, parecida com a de milhares de jovens, deve ser registrada. E a mão que o salvou, o Horto de Deus, merece uma matéria.

Com gravíssimas dificuldades financeiras e sem nenhum apoio dos governos, embora não faltem falsas promessas de ajuda de políticos oportunistas, a entidade tem sido responsável pela recuperação de inúmeros dependentes químicos. Os governos não se dão conta de que o trabalho dessas instituições repercute diretamente na qualidade da segurança pública e no custo da saúde. Elas rompem o círculo vicioso das drogas e criam o círculo virtuoso da recuperação e da ressocialização.

Conversei com internos do Horto de Deus. Ao contrário, por exemplo, dos que defendem a descriminalização das drogas e proclamam o caráter supostamente inofensivo da maconha, todos afirmaram que o primeiro baseado foi o passaporte para as drogas mais pesadas. T. K. M., de 22 anos, fumou seu primeiro cigarro de maconha com 12 anos. Com 16 anos já tinha mergulhado na cocaína. Chegou à comunidade terapêutica dominado pela dependência do crack. Recupera-se bem, resgatou valores e recuperou a esperança. "Agora eu sonho com o futuro. Antes vivia só para as drogas." Seus olhos têm brilho. Um belo exemplo do que pode fazer um bom trabalho de recuperação.

As comunidades terapêuticas, bem como as demais instituições idôneas que trabalham na recuperação de adictos, poderiam, por exemplo, receber recursos provenientes do Fundo Nacional Antidrogas e do Sistema Único de Saúde (SUS). Seria uma providência inteligente. É sempre melhor apoiar o que já funciona, e bem, do que cair na tentação de criar novas estruturas.

O governo da presidente Dilma Rousseff precisa olhar o trabalho das comunidades terapêuticas com seriedade. Elas são, de fato, as grandes parceiras no cerco ao submundo das drogas. Impõe-se um decidido apoio às entidades idôneas que batalham pela recuperação dos dependentes. Afinal, um adicto recuperado é o melhor aliado na luta contra as drogas.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 17/09


Gávea adquire 30% da rede de óculos Chilli Beans

A Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, acaba de comprar 29,82% da marca brasileira de óculos e acessórios Chilli Beans.

Os investimentos, não revelados pela rede, serão usados para suportar a expansão internacional das lojas, segundo Caito Maia, fundador da empresa.

"O Gávea será sócio minoritário. Tudo isso fortalece o nosso relacionamento com o mundo, para tornar a marca global. Este é um novo passo", afirma Maia, que começou a vender óculos comprados na Califórnia nos anos 1990, para sustentar a sua pequena banda.

A empresa, que já tem 25 unidades no exterior, em Angola, Oriente Médio, Portugal, Colômbia e Estados Unidos, vai iniciar as novas aberturas em 2013.

Las Vegas, São Francisco e Nova York estão nos projetos para o ano que vem.

"Sempre fiz carreira solo. Ter esse sócio é uma fase diferente", diz.

No Brasil, estão previstas cerca de cem unidades até o final deste ano para alcançar 600 pontos.

"Até a Olimpíada do Rio, teremos mil pontos no país", afirma Maia.

A fabricação vai permanecer concentrada na China, origem de 70% dos produtos que vende, de acordo com o empresário. O restante é feito no Brasil.

Procurada, a Gávea Investimentos não respondeu.

29,82%
será a participação da Gávea Investimentos na rede

25
é o número atual de pontos da marca no exterior

70%
é o volume de produção da empresa concentrado na China

Seguro Longevo

A Zurich Seguros vai inaugurar neste mês seis novas filiais, em Sorocaba (SP), Macaé (RJ), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Palmas (TO).

Com isso, a empresa chega a quatro Estados em que não tinha lojas e amplia operações no interior do Rio de Janeiro e de São Paulo, segundo o CEO da área de vida e previdência da seguradora, Richard Vinhosa.

Em outubro serão abertas unidades em outros dois Estados, no Espírito Santo e no Amazonas, afirma.

"Estamos preparando mais inaugurações ainda para este ano. Nosso plano é chegar em breve a todos os Estados do Brasil", diz.

As novas unidades vão comercializar seguros de vida e previdência para pessoas físicas e jurídicas.

"O brasileiro tem cada vez mais visão de longo prazo, por isso esses segmentos têm espaço para expansão. Os seguros de bens como carros e imóveis já estão bem distribuídos pelo país."

Economia... Cada prédio residencial da cidade de São Paulo deverá economizar, em média, R$ 8,6 mil por ano nas despesas com energia elétrica a partir de 2013, em decorrência da redução das tarifas pelo governo federal.

...no condomínio O cálculo é da administradora Lello feito com base na arrecadação de edifícios com 60 apartamentos e dois elevadores. Nesses prédios, o valor das despesas mensais é de cerca de R$ 36 mil (12% com energia).

Aporte A Aerohive, americana de soluções de wi-fi corporativo que chegou ao Brasil em julho, recebeu US$ 22,5 milhões em investimentos da Mezzanine Equity, fundo de investimento liderado pelo Institutional Venture Partners.

Franquia A Liga Retrô, rede de artigos esportivos inspirados em uniformes do passado, abre a segunda unidade em São Paulo. A loja, no Shopping Villa Lobos, é a primeira no formato quiosque, voltado para franquias.

Viagem fofa

A Fom, rede de quiosques de almofadas, vai expandir a marca em aeroportos. A empresa, que tem 48 pontos em shoppings, já abriu nos aeroportos de Fortaleza, Cumbica e Congonhas (SP).
Estão previstos Recife e Salvador, além de estudos para Brasília e Manaus.
"Os acessórios para viagem são um de nossos carros-chefe. Na atual situação dos aeroportos, as lojas precisam ser renovadas", diz Sidney Rabinovitch, sócio.