sexta-feira, outubro 23, 2015

Confissão envergonhada - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR

Gazeta do Povo- PR - 23/10

No princípio, as “pedaladas fiscais” cometidas pelo governo Dilma nem sequer existiam. Era a linha inicial de defesa do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, mantida até a sessão do Tribunal de Contas da União (TCU) que avaliou as contas do Executivo federal de 2014, no início de outubro. “É artificioso achar que se trata de violação da Lei de Responsabilidade Fiscal”, disse na ocasião, repetindo argumentos apresentados em outras ocasiões. Adams chegou até a criticar o termo “pedaladas”, seguindo a tradição petista de se ofender com meras descrições da realidade, como o uso de “mensalão” em vez do insosso “Ação Penal 470”, que ainda hoje é a designação preferida do petismo para o golpe elaborado por José Dirceu, José Genoino e outros colegas para comprar apoio parlamentar no primeiro governo Lula.

Com a apresentação de evidências avassaladoras das irregularidades e com a aprovação do parecer do TCU recomendando que o Congresso rejeite as contas de Dilma em 2014, o discurso predominante passou a ser o de que as “pedaladas” existiram, sim, mas foram necessárias para manter os programas sociais funcionando como um relógio. Sai o advogado-geral Adams e entra em cena outro Luís Inácio, o ex-presidente Lula, principal defensor da tese de que os fins justificam os meios. Já tratamos dessa ética peculiar do petismo dias atrás, neste mesmo espaço, mostrando que não apenas as “pedaladas” teriam sido desnecessárias se o dinheiro público fosse tratado com a devida lisura, mas também que seu principal uso nada tinha a ver com os programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

Por fim, parece que o governo federal se rendeu (muito a contragosto, podemos concluir) à realidade, e deve enviar ao Congresso uma revisão da meta fiscal de 2015 que contemple uma “regularização das pedaladas”, com a devolução do passivo assumido pelo Tesouro Nacional com o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES. O número total não foi fechado porque ainda falta a definição sobre quais passivos serão efetivamente levados em consideração. De qualquer modo, o objetivo de economizar 0,15% do PIB seria inevitavelmente transformado em déficit, que poderia variar de R$ 39 bilhões a R$ 76 bilhões, dependendo ainda do resultado do leilão de usinas hidrelétricas previsto para novembro – algumas receitas esperadas pelo governo já foram frustradas, como as provenientes de ofertas públicas de ações da Caixa Seguridade e, provavelmente, da IRB Resseguros. Na quinta-feira, dia 22, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, falou em déficit primário de R$ 50 bilhões, mas não confirmou se esse será o número informado oficialmente pelo governo ao Congresso.

O que está sendo tratado como um assunto puramente econômico também tem consequências políticas relevantes. Afinal, em outras palavras, o governo finalmente assumiu que cometeu irregularidades em 2014. A restituição do dinheiro tomado dos bancos estatais é uma obrigação de justiça; mas o Planalto não pode, em hipótese alguma, pretender que a regularização das “pedaladas” signifique que se está passando uma borracha sobre o ocorrido em 2014. O mal está feito, com todas as consequências que isso acarreta.

E o contribuinte que se cuide, pois, com a previsão de déficit primário se confirmando em 2015 e a já conhecida incapacidade do governo de cortar gastos de forma substancial – basta olhar a relutância da presidente Dilma em cortar meros 3 mil comissionados –, é praticamente certo que ressurgirá com ainda mais força o discurso de que novos aumentos na carga tributária são essenciais para colocar em ordem as contas do governo. Dias atrás, na Suécia, Dilma defendeu a ressurreição da CPMF mais uma vez. “O Brasil precisa aprovar a CPMF para que a gente tenha um ano de 2016 estável, do ponto de vista do reequilíbrio de nossas finanças (...) Nós acreditamos que a CPMF é crucial para o país voltar a crescer”, disse. O raciocínio é bem simples: o povo é que acabará pagando a conta das irregularidades cometidas pelo governo.

GOSTOSA


Interna corporis - NATUZA NERY - COLUNA PAINEL

FOLHA DE SP - 23/10

Eduardo Cunha definiu estratégia de reaproximação com setores da Câmara para se livrar do processo de cassação. Além de flexibilizar medidas impopulares, como a que restringia a presença de assessores em sessões extras, voltou a batalhar por bandeiras de sua campanha. Ao governo, ele propõe acelerar a tramitação da DRU desde que a equipe econômica apoie a emenda à Constituição que transforma em impositivas também as emendas de bancadas, e não só as individuais.

Calculadora 

Cunha fez suas contas. Diz que há 14 vésperas de fim de semana tem sido bombardeado ou pela Procuradoria-Geral da República ou pelo Supremo. “A bomba de hoje é a 15ª”, reclamou ele a interlocutores.

Cofre fechado 
Apesar de terem sido avisados pelo Planalto há cerca de 10 dias de que recursos para emendas parlamentares foram liberados aos ministérios, líderes na Câmara se queixam de que a verba ainda não começou a ser empenhada pelas pastas.

Sede ao pote 
O governo identifica na pressa de Rose de Freitas (PMDB-ES) em votar as contas de Dilma Rousseff uma tentativa da peemedebista de conservar para si um instrumento de pressão, já que seu mandato à frente da Comissão Mista de Orçamento se encerra neste ano.

Hierarquia 
Caciques peemedebistas se irritaram com o fato de a senadora ter assumido uma interlocução direta com o Planalto, sem passar pela cúpula do partido. Houve bate-boca com parte da bancada em reunião na terça.

Muita calma 
Setores do governo chegaram a considerar a possibilidade de tentar concluir logo a votação, mas líderes da base atuaram para convencer o Planalto de que não há maioria clara para reverter o parecer do TCU.

Sinal amarelo 
A sinalização de Cunha de que pode revogar a questão de ordem sobre o “manual do impeachment” para anular o efeito de liminares do Supremo foi vista por ministros como uma tentativa de driblar o tribunal.

Siga o dinheiro 
Com a expectativa do fim das sanções internacionais ao Irã, uma comitiva brasileira vai ao país nesta sexta. Armando Monteiro (Desenvolvimento) e Eduardo Braga (Minas e Energia) viajam com representantes de setores de máquinas, carnes e veículos.

Só você 1 
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou em conversas reservadas que pretende ter Gabriel Chalita como vice na eleição do ano que vem mesmo que este deixe o PMDB.

Só você 2 
“Gostaria de ter Chalita no PMDB, mas entre ele e o PMDB eu fico com o primeiro”, tem afirmado o petista a interlocutores.

Joga para frente 
Além do PDT, o PR e a Rede já sondaram Chalita. Com a janela partidária, no entanto, a decisão do secretário municipal de Educação de sair ou não do PMDB tende a ficar para o fim do prazo, em março de 2016.

Registrado 
A interlocutores, Chalita diz que se sentiria “muito desconfortável” de não cumprir sua palavra de apoiar Fernando Haddad.

De que lado 
Chamou atenção do Palácio do Planalto o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) ter se manifestado contra o corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família.

Ladeira 
Dados da Secretária da Fazenda de São Paulo mostram que a receita do Estado chegou a R$ 11,7 bilhões em setembro, uma queda de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2014.

Desalento 
Nas projeções da Fazenda paulista, São Paulo deve fechar 2015 com receita de R$ 190,7 bilhões, R$ 14 bilhões a menos do que a expectativa inicial. Logo no começo no ano, o governo do Estado, no entanto, já contava com uma receita menor em R$ 7 bilhões, por isso decidiu pelo contingenciamento no mesmo valor.

TIROTEIO

A oposição quer ser “amicus curiae” na causa, mas todo mundo sabe que, na verdade, todos ali são amigos de Cunha.

DE PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre a oposição entrar como “amicus curiae” do recurso de Eduardo Cunha no STF para manter o rito do impeachment.

CONTRAPONTO

Deu branco

Em depoimento à Justiça Federal, nesta quarta, Alberto Youssef detalhou a Sérgio Moro pagamentos de propinas vinculados a contratos de grandes empreendimentos da Petrobras com a Odebrecht. Questionado sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, afirmou:
–Recebi parte da Odebrecht porque, na verdade, o Paulo Roberto Costa destinou parte desses recursos para que fosse resolvido um problema com o governador do Rio na época, o Eduardo Campos.
Ao perceber a confusão, Yousseff interrompeu Moro:
–Eduardo Campos, não. É aquele governador que o vice era o Pezão. Não estou lembrando o nome agora.

O massacre do trabalho - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 23/10

Há um massacre silencioso dos empregos nas grandes metrópoles do país. Desde que os dados permitem comparações, faz uma dúzia de anos, não se via coisa assim. Em um ano, o número de desempregados cresceu 56% —antes, o pior número fora de 22%, em 2003. São mais 670 mil pessoas que não conseguem emprego, segundo se soube ontem pelos dados do IBGE relativos a setembro.

Ante setembro de 2014, o pessoal empregado caiu 1,8%, jamais registrado na série de dados nova do IBGE. O total dos rendimentos caiu mais de 6%. O rendimento familiar per capita, 4,8%. A degradação vem sendo acelerada desde junho.

A taxa de desemprego está em 7,6%. Na média de 2015, deve ficar perto de 7%. Para o ano que vem, as previsões ficam entre 9% e 10%. O desemprego médio do ano passado ficou perto de 5%.

"A incerteza do cenário doméstico se mantém elevada e inibe os investimentos. A retração na atividade deve ser mais longa —profunda— do que antecipávamos. Os indicadores antecedentes e coincidentes mostram que a tendência de contração da economia deve estender-se pelo menos até o fim deste ano", lê-se no "Orange Book" dos economistas do banco Itaú, uma avaliação qualitativa da economia, baseada em conversas e avaliações com empresas, relato publicado faz uma semana.

Pelo relato de dois outros bancos, também baseados em conversas com clientes e setor "real" da economia, setembro e outubro estão sendo muito ruins para o crédito, termômetro antecipado de problemas. A demanda de novos empréstimos caiu mais. Os bancos reforçam a retranca, pois o balanço das empresas piora, dado faturamento minguante e endividamento maior, bem maior, para algumas firmas grandes, com compromissos em dólar.

Por que massacre "silencioso"? Em parte, porque as notícias do desemprego são abafadas pela conversa sobre a ruína progressiva das contas do governo e pelo debate político mefítico. Em parte porque, apesar da degradação rápida do trabalho, o nível médio dos rendimentos ainda seja o melhor em muito tempo, embora já tenha regredido para o que era em 2012.

Também importante, é possível que a situação no restante do Brasil, além das seis maiores metrópoles, ainda não seja tão ruim. Vamos saber disso apenas na semana que vem, quando saem os dados nacionais de desemprego.

Os dados mais recentes da pesquisa nacional são do trimestre encerrado em junho. Então, a população ocupada aumentava ainda 0,2%. A desocupada, crescia bem, 23,5%, mas abaixo da taxa de 38,7% das grandes metrópoles. O rendimento médio nacional crescia 1,4%; nas maiores cidades, caía 3,6%. Todas as comparações são anuais.

O motivo da discrepância não é muito claro. Obviamente, o massacre do emprego industrial afeta cidades maiores. O caso é menos incerto no que diz respeito à construção civil, outro setor em que a razia do trabalho é horrenda. Pode ser ainda que regiões mais pobres do país contem com um colchão relativamente mais alto para a crise, dada a dependência relativamente maior do dinheiro de transferências do governo (benefícios sociais).

Mas a situação já é bastante ruim; como o emprego tende a piorar mais tarde nas crises, a crise social deve gritar em breve.


Dimensões da crise - MÍRIAM LEITÃO

O GLOBO - 23/10

No período de dois anos, entre 2014 e 2016, estão entrando no grupo dos desempregados 4,7 milhões de brasileiros. A conta é do Ibre, da Fundação Getúlio Vargas. A crise bate nas famílias e nas empresas. Ontem, a Vale anunciou o prejuízo recorde de R$ 6,6 bilhões apenas no terceiro trimestre. O Banco Central avisou que a inflação vai demorar mais a chegar ao centro da meta.

Os tornados das crises política e econômica se misturaram definitivamente. O rombo das contas publicas aumentou com a necessidade de eliminar as pedaladas. Mas, mesmo sem isso, a Casa Civil já estima um déficit primário de R$ 50 bilhões este ano. Os atrasos no pagamento aos bancos públicos são o argumento para o novo pedido de impeachment. A inflação encosta em 10%. Isso eleva a insatisfação popular com o governo, mas o BC, paralisado pela conjuntura, deixa a meta para depois.

É o que temos no momento, avisa o Banco Central. Por um tempo "suficientemente prolongado" a inflação ficará acima do teto da meta e se aproximando dos dois dígitos em 2015. O Banco Central avisou que a convergência para o centro não ocorrerá mais em 2016, mas sim no "horizonte relevante para a política monetária"." Ou seja, ficou para 2017.

O desemprego medido pela PME ficou em 7,6%, estável em relação ao mês anterior, mas 2,7 pontos percentuais acima de um ano atrás. Este é um indicador parcial, coletado apenas em seis capitais, e vai deixar de existir em fevereiro, sendo substituído pela Pnad Contínua. O novo indicador é mais preciso e tem dado um número mais alto. Em entrevista concedida ontem no meu programa na Globonews, o economista Márcio Garcia, da PUC do Rio, chamou a atenção para o aumento do contingente de desempregados nas previsões da FGV.

O economista Rodrigo Leandro Moura, da equipe que fez a estimativa na Fundação, explicou que em números absolutos a projeção é de alta de 6,7 milhões de desempregados, em 2014, para 11,4 milhões, em 2016. Atualmente, está em 8,6 milhões, pela Pnad. Isso significa que quase 3 milhões podem entrar no grupo dos sem emprego.

- Ao contrário de anos anteriores, o desemprego vai subir no final deste ano, contrariando a sazonalidade, que geralmente é favorável nessa época. Para o ano que vem, projetamos uma taxa de 11,3% de desemprego - disse.

Para melhorar a situação econômica é necessário que o quadro político fique mais claro e desanuviado, e isso não temos no momento. O cientista político Carlos Pereira, da FGV, disse que, por enquanto, a chefe do executivo e o presidente da Câmara continuarão vivendo suas lutas pela sobrevivência, o que manterá o legislativo incapaz de analisar qualquer medida que encaminhe soluções para o quadro econômico.

Segundo Carlos Pereira, o regimento da Câmara dá um poder decisivo ao presidente da Casa sobre seu próprio destino: mesmo que o Conselho de Ética condene o deputado Eduardo Cunha, ele continuaria no cargo, porque decide a pauta e não colocaria o processo em andamento. Isso faz com que Cunha tenha poder para iniciar um processo de impeachment contra a presidente da República e para barrar o dele.

Na incerteza, o dólar permanece volátil e essa volatilidade vai fragilizando as empresas. A Vale enfrentou a queda do preço do minério de ferro, mas o que produziu a maior parte do prejuízo foi a instabilidade do dólar, que elevou o custo da sua dívida.

A presidente Dilma lutará pelo seu mandato diante de um quadro econômico que se deteriora rapidamente. O presidente da Câmara jogará com o poder que tem para neutralizar governo e oposição e assim salvar seu mandato. A economia continuará precisando de medidas legislativas para ter um horizonte de maior equilíbrio fiscal. Sem esse equilíbrio, a dívida continuará subindo.

Para recuperar a popularidade, a presidente necessita de melhoras econômicas. E isso, lembrou Márcio Garcia, depende de um ambiente mais favorável no Congresso. Ele disse que nesse impasse ninguém toma decisões de investimento ou consumo, nem são feitas as reformas de que o país precisa. O BC informou nas entrelinhas do seu comunicado que 2016 continuará sendo um ano difícil, e que a chance de sucesso só em 2017. Enquanto isso, a economia afunda, os trabalhadores perdem emprego, e as empresas se encolhem.


Metas de inflação flexibilizadas - JOSÉ PAULO KUPFER

O GLOBO - 23/10

Fazer a inflação convergir no intervalo de um ano-calendário é apenas um dos formatos — e dos menos usados — nos países que adotam o regime de metas


Poucas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que fixa a taxa básica de juros da economia, foram tão sem surpresas quanto às da reunião de outubro, na quarta-feira. Como esperado por quase todos os analistas, os diretores do Banco Central resolveram, por unanimidade, manter a taxa Selic nas alturas dos 14,25% ao ano em que se encontra desde fins de julho.

O sempre lacônico comunicado emitido no encerramento do encontro foi suficiente para não deixar dúvidas sobre motivações e consequências da decisão de manter os juros básicos “por um longo período”, apesar da persistência de pressões inflacionárias. Sem mencionar diretamente nenhuma delas, o BC transmitiu mensagem velada de que a política de juros, nas atuais circunstâncias, perdeu eficácia como instrumento de controle da inflação. O risco é de que, numa inversão da regra ortodoxa clássica, quanto mais taxa de juros se injete na economia, mais a inflação pode subir.

Já no que se refere às consequências, constata-se que o BC cedeu aos ditames da realidade e, como sugerem heterodoxos em geral e ortodoxos que acreditam na existência de uma situação de dominância fiscal, flexibilizou na prática o regime de metas de inflação. Depois do estouro do teto da meta já contratado para 2015, a partir de agora foi deixado para trás o objetivo de levar a inflação ao centro da meta de 4,5% ao ano em fins de 2016. O horizonte para chegar lá foi alargado para meados ou fins de 2017 — daqui a um ano e meio a dois.

Houve, como sempre há, quem se descabelasse com o abandono da regra que previa alcançar o centro da meta no intervalo de um ano-calendário. Mas a defesa rígida do formato vigente do regime de metas e a percepção de que ele foi “jogado no lixo” revelam mais desinformação e falta de traquejo com a história econômica e as nuances da economia do que qualquer outra coisa. Se conduzido com clareza e transparência pelo governo e pelo Banco Central, o limão de uma eventual mudança do regime de metas pode resultar numa interessante limonada para a condução da economia.

Adotado, pioneiramente, em 1990, na Nova Zelândia, o regime de metas entrou na moda como âncora de preços e, 25 anos depois, é aplicado em três dezenas de países. Desses, só dois — Brasil e Inglaterra — estabelecem metas para o ano-calendário. No caso, por exemplo, de México, Turquia e Coreia do Sul, para citar emergentes com características mais próximas às nossas, as metas devem ser alcançadas num horizonte de três anos. Em outros países, como a Colômbia, o regime nem especifica prazos para que sejam obtidas.

Também variam, de país para país, tanto a medida de inflação que serve de meta quanto a determinação de quem a fixa. Alguns trabalham com índices de preços ao consumidor cheio, enquanto outros preferem considerar seus núcleos ou medidas aparadas por algum critério que suavize a influência de choques de oferta sazonais ou imprevistos. Fixar as metas, dependendo do lugar, é atribuição do próprio Banco Central, do governo, de juntas específicas ou de uma combinação desses entes. Assim, como neste último caso, é no Brasil, onde a meta de cada ano é definida 18 meses antes pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), no qual têm assento Fazenda, Planejamento e Banco Central.

Tal variedade de formatos não é acidental e, na verdade, se apresenta como intrínseca à natureza do regime de metas. Essa natureza pode ser resumida numa palavra — flexibilidade —, que está na origem do problema que o regime de metas pretendeu resolver. Esse problema era justamente o da rigidez das regras de funcionamento das âncoras cambial e monetária, que o antecederam desde a Segunda Guerra até fins dos anos 80.

A “regra” do regime de metas de inflação é a que combina, num sistema híbrido, âncoras condicionadas de controle da inflação e a preservação de espaços para que o Banco Central possa acomodar, sem condicionantes, choques de oferta, novas circunstâncias e imprevistos variados. Nada que se pareça, como alguns querem fazer crer e muitos acreditam ser, com um dogma prescrito em alguma bíblia monolítica e intocável.

José Paulo Kupfer é jornalista

Nessa canoa furada - FERNANDO GABEIRA

ESTADÃO - 23/10

“Como vai você/ assim como eu/ uma pessoa comum/ um filho de Deus/ nessa canoa furada/ remando contra a maré.” Esses versos cantados por Marina Lima me vêm à cabeça neste momento da crise brasileira. Uma canoa furada remando contra a maré. Dois personagens centrais brigam pela imprensa. Dilma e Cunha estão numa gangorra. Se um deles parar de repente, o outro voa pelos ares.

Dilma pensa na queda de Cunha, ele pensa na queda dela. Nenhum dos dois parece capaz de realizar esse feito. Para derrubar Dilma é preciso um processo conduzido por alguém que não esteja envolvido no escândalo. Para derrubar Cunha é preciso um tipo de pressão que seus oponentes não fazem.

Na queda de Renan Calheiros, lembro-me bem de que ele não conseguia presidir sessões do Congresso porque os opositores não deixavam. Não sei se isso é possível na atual e sinistra correlação de forças na Câmara. No fundo, seria mais uma paralisia num quadro de desalento e grandes dificuldades econômicas. Esse impasse político faz da retomada do crescimento, ainda que em novas bases, uma outra canoa furada. Com todos os personagens centrais, Renan incluído, tentando se equilibrar, falta energia para pensar no País.

O projeto de Joaquim Levy passa pela CPMF. Mais uma furada. O imposto não será aprovado no Congresso, mesmo se usarem parte dele comprando deputados. Ninguém vende o próprio pescoço num momento em que os eleitores estão atentos. Levy sempre poderá buscar outros meios, como a Cide, de combustíveis, por exemplo. Mas, derrotado com a CPMF, teria força para esse novo movimento? Além disso, há as repercussões inflacionárias.

O ajuste possível e necessário para avançar não tem chance de ser feito. O clima político é de salve-se quem puder. Se fossem personagens de House of Cards, a série de TV americana, até que seria divertido ver o desenrolar de seu destino.

Não canso de lembrar: eles estão aqui, entre nós. Já vamos encolher este ano e em 2016. O número de desempregados cresce e isso é um tema ofuscado pela briga lá em cima da pirâmide.

Outro tema que passa batido são os impactos econômicos do El Niño. As chuvas provocam grandes estragos no Sul e a seca em muitas partes do Brasil é intensa. Pode faltar água nas metrópoles do Sudeste. Com a seca vêm as queimadas. Os incêndios em áreas de conservação em Minas cresceram 77%. São 421 focos. O governo do Estado lançou um plano de emergência de R$ 8 milhões, mas os prejuízos são muito maiores e talvez o dinheiro seja curto. Se computamos os estragos das cheias, da seca e das queimadas, vamos nos dar conta de que estamos num ano de forte El Niño.

No Brasil é um El Niño abandonado. Não houve planejamento. Em Minas o procurador de meio ambiente, Mauro Fonseca Ellovitch, culpa a imprevisão do governo. Mas é um problema nacional. Quem vai cuidar do El Niño com tantas batalhas políticas pela frente?

O fogo comendo aqui embaixo e os malabaristas divertindo a plateia com seus saltos. O PT é o mais sofisticado deles. Resolveu se opor a Joaquim Levy.

Dilma arruinou o País e precisou de Levy para sanear as contas. De modo geral, isso ocorre em eleições, quando o perdedor deixa para trás uma terra arrasada. Mas o PT ganhou as eleições. Se tivesse perdido, ficaria mais confortável na oposição ao ajuste. Na ausência de um governo adversário, o PT coloca um adversário no governo. Sabendo que Levy propõe medidas duras e tende a fracassar, o PT estará com seu discurso em dia.

O movimento é mais sutil porque tenta atribuir todas as dificuldades do momento à política de Levy, mascarando o imenso rombo deixado pelo próprio governo. Duvido que Dilma e o PT não tenham combinado o clássico movimento morde e assopra. Tanto ela como o PT precisam de Levy: ela para acalmar os mercados e o partido para bater nele.

Outra figura polivalente para o PT é o próprio Eduardo Cunha. Derrubá-lo ou não derrubá-lo? É preciso um bom número de deputados do partido para assinar o pedido no Conselho de Ética. E um bom número para ficar calado, uma tática de não agressão. É preciso ser contra Cunha e trabalhar nos bastidores para mantê-lo. Enquanto encarnar a oposição no Parlamento, Cunha será apenas um roto falando do esfarrapado.

Em Estocolmo, Dilma alvejou Cunha, referindo-se ao escândalo: pena que seja com um brasileiro. É um pequeno malabarismo para reduzir o maior escândalo da História a um samba de um homem só. Ainda assim, os aliados acharam que foi um movimento de guerra. Talvez tenha sido inábil no quadro de um acordo de paz, em que ninguém derruba o outro.

Dilma foi à Suécia ganhar o Prêmio Nobel de inabilidade. Foi inspecionar os objetos mais caros que o Brasil comprará: os caças de US$ 4,5 bilhões. Nada contra a Aeronáutica nem contra os caças suecos. Vivemos na penúria perdendo empregos, lojas fechando, cortes de gastos. Recém-condenada pelo TCU por esconder um rombo no Orçamento, ela escolheu como gesto político reafirmar a compra dos caças. E nos deixou como consolo o corte de 10% no salário dos ministros.

Os tempos mudaram tão rapidamente que já não consigo entender a lógica das agendas presidenciais. Alguém deve ter dito: vamos dar uma resposta ao TCU posando diante dos caças suecos, isso levanta o ânimo da galera. Depois de pedalar, Dilma entra num caça. Recentemente, testou um carro sem piloto. Ela parece gostar de veículos, movimento. Amante da poesia mineira, corre o risco de parafrasear Drummond: no meio do caminho, havia um trator.

Para muitos, o processo ainda parece dar-se num universo distante e autônomo, como se fosse mesmo um programa de TV ao qual se pode assistir, mas não alterar o seu curso. Aos que não acreditam nisso, resta a esperança da ação, a certeza de que presidentes caem e sistemas políticos perversos como o brasileiro podem ser reformados.

Ainda que palhaços e malabaristas nos divirtam, será preciso botar fogo no circo.


De novo a metamorfose ambulante - EDITORIAL O ESTADÃO

ESTADÃO - 23/10

Enquanto pratica a arte de desdizer-se sempre que necessário para poder dizer o que acha que a plateia quer ouvir, Luiz Inácio Lula da Silva age com determinação nos bastidores para forçar a substituição de mais um ministro de quem não gosta: o titular da Justiça, José Eduardo Cardozo, que acusa de “não controlar” devidamente as ações da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Lava Jato, agora perigosamente perto dele próprio e de sua família. O cheiro do perigo despertou a metamorfose ambulante.

Depois de passar semanas atacando o ajuste fiscal e a “política econômica” de Dilma e estimulando seu partido e as organizações filopetistas a exigir a demissão do ministro Joaquim Levy, Lula fez na quarta-feira, na Assembleia Legislativa do Piauí, onde foi homenageado, uma enfática defesa da austeridade fiscal: “Isso a gente faz na casa da gente. Gastou um pouco demais? Perdeu a conta? Tem que brecar. Ou a gente faz isso, ou quebra de vez”.

Já as investigações da Lava Jato em torno das relações de Lula e família com o pecuarista José Carlos Bumlai – aquele que tinha acesso livre ao Palácio do Planalto – mostram indícios de que o clã Lula da Silva foi beneficiado por esquemas mal explicados. De acordo com a delação premiada do lobista Fernando Baiano, os dois filhos de Lula, Fábio Luiz e Luiz Cláudio, ocupavam, até o início das operações da Lava Jato, salas anexas ao escritório que Bumlai mantinha em São Paulo. Além disso, de acordo com o mesmo delator, Bumlai teria usado recursos do propinoduto da Petrobrás para “dar uma ajuda” de R$ 2 milhões a “uma nora” do ex-presidente.

São informações como essas, classificadas pelos petistas como “vazamentos seletivos”, que provocam as queixas de Lula sobre a “falta de controle” do ministro da Justiça sobre a Polícia Federal. O que deixa claro que, para Lula e a tigrada do PT, o Ministério da Justiça tem obrigação de impedir que a Polícia Federal divulgue investigações que contrariem os interesses políticos dos donos do poder. Assustado com a possível revelação daquilo que não imaginava que pudesse vir a público, Lula quer valer-se do pretexto de José Eduardo Cardozo estar enfrentando problemas de saúde para ampliar o elenco de ministros de sua confiança nos postos-chave do governo.

De qualquer modo, no que diz respeito ao ex-presidente, o amplo e minucioso trabalho de investigação da Operação Lava Jato, realizado em conjunto pela PF e o Ministério Público Federal (MPF), sob a coordenação do juiz federal Sergio Moro, não tem feito mais do que acumular indícios daquilo que todo o Brasil sempre soube: Lula tem o rabo preso com malfeitos praticados durante seu governo, pois afronta o mais elementar bom senso imaginar que ele não tivesse nenhum conhecimento, por exemplo, sobre o amplo esquema do mensalão, que resultou na condenação de parte da cúpula do PT. Suas relações pessoais com grandes empresários, especialmente donos de empreiteiras, sugerem reflexões sobre a promiscuidade e seus efeitos sobre valores familiares e bancários.

Não é sem razão, portanto, que Lula tem dedicado o melhor de seus esforços à tentativa desesperada de livrar-se das encrencas à vista – o que é particularmente difícil por estar todo o projeto de poder do PT à beira do precipício. Um de seus discursos prediletos, que sempre manejou com grande competência, é o da vitimização de sua figura de defensor dos fracos e oprimidos, que por essa razão é objeto do “ódio das elites”, que “não se conformam” com as conquistas sociais que ele realizou “como nunca antes na história deste país”.

Na Assembleia Legislativa piauiense – enquanto manifestantes protestavam na porta exibindo réplicas do já famoso boneco Pixuleco –, Lula caprichava no papel de perseguido: “Este país está vivendo um momento inusitado. Um momento de ódio, onde (sic) as pessoas não precisam nem ser julgadas e as manchetes condenam antes das pessoas saberem se têm processos. Muita gente fica nervosa e irritada e temos que nos perguntar o que está acontecendo”. Como se ele não soubesse...

O Dia da Marmota - PAULO DE TARSO LYRA

CORREIO BRAZILIENSE - 23/10

Lançado em 1993, o filme Groundhog Day, batizado no Brasil com o nome Feitiço do tempo, conta a história de Phil Connor (interpretado por Bill Murray), um egocêntrico homem do tempo da tevê em Pittsburgh, que durante a abertura do anual Dia da Marmota (2 de fevereiro), em Punxsutawney, encontra-se repetindo o mesmo dia várias vezes. Só depois dos prazeres e angústias que essa repetição provoca, ele resolveu reavaliar a própria vida e as prioridades.

O Brasil enfurnou-se no seu próprio Dia da Marmota. Daqui a cinco dias, completar-se-á um ano que a presidente Dilma Rousseff foi reeleita para o segundo mandato no Palácio do Planalto. De lá para cá, o processo de deterioração nos fundamentos do país aprofundou-se em nível espantoso, colocando em risco as conquistas sociais e os ganhos econômicos duramente alcançados nas últimas duas décadas.

O dólar, no processo eleitoral, estava cotado a R$ 2,47 e hoje está em R$ 4 - já ultrapassou essa meta, mas recuou após alguns swaps do Banco Central. A taxa de desemprego, que há um ano era o menor registrado em um mês de outubro - 4,7% - bateu ontem, segundo levantamento do IBGE, em 7,6%. A inflação, que encerrou 2014 abaixo do teto da meta (6,41%), vai tocar a casa dos 10% este ano, segundo previsões de analistas de mercado - a estimativa atual é de 9,32%.

Mas se as coisas pioraram tanto assim, onde está o paralelismo com o filme de Murray? No discurso da nossa classe política. Há exatamente um ano, governistas e oposicionistas desprezam o fato de que as eleições se encerraram às 17h de 28 de outubro e que era o momento de descer do palanque e voltar para a vida real.

Mas não. Como uma maldição, o Planalto e o PT se dizem vítimas de um golpe da elite e a oposição pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff, seja pelas pedaladas, seja pelo petrolão. Nada contra o embate político, natural na democracia. Mas dizer o que para o trabalhador que está desempregado? Para o estudante que viu o Fies minguar e não sabe como vai pagar a faculdade? Para quem esperava o Minha Casa Minha Vida para comprar um imóvel e agora não sabe se vai conseguir sair do aluguel? São 200 milhões de brasileiros enredados neste feitiço do tempo que não acaba nunca.

Atraso em ajuste e crise política paralisam BC - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 23/10

Copom, pela segunda vez consecutiva, não altera os juros, mesmo que a inflação se aproxime dos dois dígitos. Trata-se de grave característica do momento


Há decisões do Copom, conselho de política monetária, formado por diretores do Banco Central, que têm concordância uníssona. Mais raro é o Copom manter a taxa básica de juros enquanto a inflação se aproxima da perigosa barreira dos dois dígitos, e mesmo assim haver uma aceitação generalizada.

Isso por si só denota a gravidade da situação da economia brasileira. O BC não alterou, pela segunda vez consecutiva, a Selic de 14,25%, devido a motivos convincentes.

Em grave estagflação, o Brasil mergulha numa recessão estimada este ano em 3%, e, mesmo com uma inflação ainda em alta, seria temerário apertar, mais uma vez, os freios monetários, diante do risco de se aprofundar a desaceleração e respectivos efeitos deletérios no mercado de trabalho, na renda das pessoas, e assim por diante.

Outra razão, muito séria, batizada pelos economistas de “dominância fiscal”, é que elevar mais os juros, nessas circunstâncias, apenas amplia o desequilíbrio das contas. Num déficit total de pouco mais de 9% do PIB — três vezes mais que os 3% considerados prudentes no limite —, entre 7,5 e 8 pontos percentuais já correspondem à conta de juros.

Ou seja, a proverbial irresponsabilidade fiscal de Dilma 1 somada à tibieza no enfrentamento da questão em Dilma 2, até agora, tornou inoperante a política monetária, praticamente colocou o BC fora de atividade.

Há discussões acadêmicas sobre o que fazer com as metas de inflação e o câmbio, porém o mais eficaz seria um corte efetivo de gastos. Com isso, as pressões na inflação retrocederiam e os juros poderiam desescalar. Os gastos volumosos na remuneração dos títulos da dívida pública — de que dependem os trabalhadores e assalariados em geral com dinheiro no FGTS, fundos de pensão etc. — cairiam, a economia poderia retomar o crescimento e, portanto, gerar mais receita tributária. Voltariam a funcionar as engrenagens de um círculo virtuoso na economia.

Mas os cortes precisam ser feitos. Caso contrário, há alto risco de haver um ajuste selvagem por meio de inflação descontrolada e uma recessão mais profunda.

O sério problema é que os fatos se desdobram em maior velocidade que a ação de um governo em catatonia e um Congresso em que os presidentes das duas Casas, os peemedebistas Eduardo Cunha (RJ), da Câmara, e Renan Calheiros (AL), do Senado, estão sob ameaça da Justiça. Um deles, Cunha, alvo de denúncias consistentes de manter dinheiro sujo na Suíça, e que se sustenta no cargo por oportunismo da oposição e da situação.

A crise política se torna dominante num momento trágico do país, em que a presidente que se reelegeu com promessas falsas precisa desfazer o que fez, sem se desdizer, por motivos pessoais e partidários. Tragédia grega.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

BANCO SUÍÇO APOSTA EM RECESSÃO E REAL FRACO
O Lombard Odier, um dos maiores bancos suíços e da Europa, concluiu no relatório de “estratégia de investimentos” de outubro que o maior problema econômico do Brasil é, na verdade, político. Segundo o relatório, Dilma não tem força para angariar apoio para implementar as reformas necessárias para tirar o Brasil da crise. E pior: a expectativa suíça é de que a recessão da economia perdure “por algum tempo”.

SEM PREVISÃO DE FIM
Para o Lombard Odier, a recessão da economia brasileira vai continuar e deve contar com a desvalorização (ainda maior) do Real.

ESTADO GORDO E ATRASADO
Segundo o relatório do Lombard Odier, há um problema estrutural no Brasil: 90% do orçamento só pode ser alterado através de leis.

DÍVIDA QUE PREOCUPA
De acordo com a estratégia de investimento suíça, o Brasil tem taxa de crescimento da dívida interna que preocupa investidores estrangeiros.

PETRÓLEO, DE NOVO
Lombard Odier concluiu: apesar de commodities, o déficit no orçamento e o preço do petróleo devem ser devastadores para a economia.

PMDB E PSD LIDERAM RANKING DE GOVERNADORES
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas em nove estados mostra que nessa lista PMDB e PSD têm os governadores mais bem avaliados. O alagoano Renan Filho (PMDB) lidera o ranking, com 67,5%, seguido do catarinense Raimundo Colombo (PSD), 64,4%, e do baiano Rui Costa (PT) 59,5%. Apesar dos problemas com os servidores, o gaúcho José Ivo Sartori (PMDB) está em 4º, com 54,4%.

AVALIAÇÃO DE TUCANOS
O governador de Goiás, Marconi Perillo, com 53,8%, é o tucano de melhor avaliação positiva. O paulista Geraldo Alckmin tem 47,0%.

MENOS DA METADE
A briga do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) com servidores, no DF, ainda não impactou tanto na sua avaliação positiva: soma 45,7%.

ZONA DE REBAIXAMENTO
Os governadores mais mal avaliados, pelo Paraná Pesquisas, são Pezão (PMDB), do Rio, com 33,3%, e Beto Richa (PSDB-PR), 24,5%.

NOVA OPOSIÇÃO
Paulinho da Força (SD-SP) ameaça romper com o PSDB para formar novo bloco de oposição na Câmara. Ele não gostou do relatório do líder tucano Carlos Sampaio (SP) contra Eduardo Cunha, na CPI da Petrobras: “Oposição dá mais trabalho do que o governo”, diz.

DISPUTA SERÁ ACIRRADA
Pesquisa sobre eleição para a prefeitura de Maceió indica disputa acirrada entre Cícero Almeida (PSD), hoje com 27,9%, e o tucano Rui Palmeira (27,7%). Encomendada ao instituto Paraná Pesquisas, a pesquisa é divulgada pelo site DiáriodoPoder.com.br nesta sexta (23).

NOVO EMBAIXADOR
Rubem Barbosa foi aprovado na sabatina Senado, por 14x0, para ser o embaixador do Brasil em Jacarta. Sua escolha encerra o mal-estar causado por uma grosseria de Dilma contra o embaixador indonésio.

TUDO PELO TRAFICANTE
Em janeiro, Dilma se recusou a receber as credenciais do embaixador da Indonésia, quando ele já se encontrava no Planalto para a cerimônia, irritada com a execução de traficante brasileiro em Jacarta.

RETROCESSO
Jerônimo Goergen (PP-RS) recolhe apoio para um projeto que revoga a obrigatoriedade de extintores em veículos. “A suspensão ocorreu porque o governo não tem capacidade de fiscalizar”, argumenta.

DE MULHER PARA MULHER
O advogado Fernando Tibúrcio sugere que Dilma receba a mulher de Leopoldo López, um dos opositores encarcerados pelo regime de Nicolás Maduro, para conhecer melhor a realidade venezuelana. Ela aguarda desde 15 de setembro a resposta a seu pedido de audiência.

CRISE INTERMINÁVEL
A alta de desemprego preocupa a base aliada. A avaliação de deputados governistas é que o comportamento da economia alimenta a crise política, motivo pelo qual não enxergam melhoras no cenário.

CHAPA ESQUENTOU
O governador do RN, Fábio Faria (PSD), e a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) estão em pé de guerra. O motivo é a disputa pela indicação do comando da Companhia Brasileira de Trens Urbanos em Natal.

PENSANDO BEM...
...foi tão bom o codinome “Lindinho”, atribuído pela gatunagem a Nestor Cerveró que, sem delação, passaria despercebido pela Polícia Federal.