O GLOBO - 01/06
“Encontro com Fátima Bernardes”. Este será o nome do novo programa da querida coleguinha, na TV Globo. Estreia dia 25 de junho. Boa sorte.
O bonde andou
O Ministério Público do Rio encaminhou à Procuradoria- Geral da República o procedimento que apura a eventual responsabilidade penal do secretário de Transportes de Cabral, Júlio Lopes, no acidente com o bondinho de Santa Teresa, em agosto de 2011, quando cinco pessoas morreram e mais de 50 se feriram. Como Lopes é deputado licenciado, um possível processo será julgado pelo STF.
Na reta final
Antônio Patriota vai hoje ao Riocentro e ao Forte de Copacabana dar um confere nos preparativos para receber a Rio+20.
Dada a largada
Celso Amorim, ministro da Defesa, fala à Comissão da Verdade segunda agora.
Democracia é melhor...
Aliás, quarta fez 35 anos que Geisel cassou o mandato do deputado Alencar Furtado por tertocado no tema dos desaparecidos
num discurso a favor da inviolabilidade dos direitos humanos — “para que não haja esposas que enviúvem com maridos vivos, talvez; ou mortos, quem sabe? Viúvas do quem sabe ou do talvez.”
Deixe que eu te ame
Alcione Araújo vai estrear uma peça inédita, após 20 anos. “Deixe que eu te ame” fala da última noite do Real Astória, bar que reunia artistas e intelectuais, no Baixo Leblon, no Rio, nos anos 1990. A direção será de Aderbal Freire, e a música, de Edu Lobo.
A CONSTRUÇÃO acima é a primeira Nave do Conhecimento do Rio, projeto da prefeitura que promete dar à população mais acesso à cultura e à informação — terá sala com internet, oficinas e cursos gratuitos. Na imagem, a Nave recebe os últimos retoques para ser inaugurada hoje, em Santa Cruz, na Zona Oeste, com o nome de Jornalista Tim Lopes. Aliás, amanhã faz dez anos da morte do nosso querido coleguinha, com quem três integrantes da turma da coluna tiveram a alegria de trabalhar. Saudade
Retratos da vida
Às vésperas da Rio+20, o Ministério Público do Rio investiga o suposto estupro de uma índia de 16 anos, recém-chegada da Amazônia e que nem português fala. Meu Deus...
Melhor vender pouco
É como diz o consultor Adriano Pires: “A Petrobras é a única petroleira do mundo que, quanto mais vende gasolina, mais aumenta o prejuízo.”
CPI das Calcinhas
Bolsonaro, o deputado, prova que o Barão de Itararé estava certo ao dizer que, “de onde menos se espera, é dali que não sai nada mesmo”. Ontem, respondeu a uma brincadeira do colega Chico Alencar, que queria criar a “CPI da Calcinha”, com esta baixaria: — Não precisa. Eu já descobri o mistério. Pertence a uma pessoa do seu partido, o deputado Jean Wyllys.
Popeye e Olívia
O personagem Popeye vai voltar a ser publicado em revista em quadrinhos no Brasil. A novidade é do selo Pixel Media, que trará o marinheiro como parte integrante da revista “Recruta Zero e Outros Personagens Clássicos”.
Drama na terra
Os passageiros do voo JJ 8079 da TAM (Nova York-Rio), que chegou às 5h30m de ontem ao Galeão, só conseguiram resgatar suas malas, acredite, quatro horas depois do desembarque. É que, sem aviso prévio, por causa de um problema no avião, as bagagens vieram num outro voo, só que para... São Paulo.
Vale, o filme
A Conspiração finalizou filme institucional sobre os 70 anos da Vale, rodado em dez países, com depoimentos em 12 idiomas de mais de 150 funcionários. O resultado, de 26 minutos, será exibido hoje no Odeon, no Rio.
Beco das garrafadas
O Beco das Garrafas, berço da bossa nova, em Copacabana, virou, nos últimos tempos, beco das... garrafadas. E dos pedaços de vidro e até das cinzeiradas, acredite. De um dos prédios, alguém tem atirado coisas que ameaçam, por exemplo, clientes da livraria Bossa Nova & Cia. O vidro de um carro já foi danificado.
sexta-feira, junho 01, 2012
O mordomo da vez - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 01/06
Os partidos aliados ao governo ensaiam deixar a defesa de Agnelo na CPI apenas a cargo do PT. A ordem é tentar desgastar a imagem petista no ano eleitoral
Sempre que o governo federal e o PT enfrentam qualquer problema no Congresso invariavelmente seus líderes apontam o indicador na direção do PMDB. Se perdem no Código Florestal, foi culpa de Henrique Eduardo Alves, o líder peemedebista na Câmara. Se algo dá errado no Senado, o líder Renan Calheiros pode se preparar, porque vai sobrar para ele na hora de buscar as razões de uma derrota. Esta semana, não foi diferente, quando os petistas viram o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, convocado para depor na CPI do Cachoeira. Jilmar Tatto não se deu ao trabalho de verificar a lista de votação. Culpou logo a turma peemedebista. Agora, junho chega com a confusão armada e servindo de pano de fundo para derrubar acordos de cavalheiros nas eleições municipais.
Na avaliação do PMDB, essa não foi a primeira nem será a última vez em que o partido foi responsabilizado pelas mazelas dos governos petistas. Mas, pelo menos na convocação de Agnelo, o desconforto petista não foi obra dos peemedebistas, e sim de outros partidos aliados — nos quais há um grupo interessado em mandar um recado ao Planalto. PR e PP não veem a hora de ter mais espaço no governo. Muitos apostam — e quase sem risco de perder — que, se Agnelo fosse de outro partido, não seria convocado, uma vez que ainda não há elementos capazes de justificar o seu comparecimento à CPI.
Por falar em insatisfações…
O problema é que, ao culpar o PMDB, dessa vez sem razão direta, Jilmar Tatto botou fora o seu sobrenome e despejou lenha na fogueira. Nos bastidores do PMDB, há quem ensaie uma revolta do tipo “aliviar com Perillo” e “pegar pesado com Agnelo”. Não por acaso, o vice-governador do DF, Tadeu Filippelli, passou boa parte da tarde de ontem ao telefone. Ligou para o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp (RO), e para o vice-presidente da República, Michel Temer, que está na Turquia em missão oficial. Tudo para lembrar que os dois partidos têm que ser solidários um com o outro, sem desconfianças, porque o governo é compartilhado repetindo a aliança nacional.
Por falar em desconfianças…
O difícil, leitor, é esse clima de solidariedade pretendido por Filippelli colar num ambiente tão tenso quanto o da CPI. Especialmente neste mês de consolidação das alianças e convenções partidárias rumo às eleições de outubro. Ao ensaiar a defesa de Agnelo apenas a cargo do PT, os aliados e a oposição vão tentar desgastar um pouco a imagem do partido de Lula no ano eleitoral. Afinal, o eleitor que apenas acompanha o noticiário da tevê, sem prestar muita atenção nas explicações, não entende muito bem o que o governador faz ali. Mas, na sua cabeça, funciona mais ou menos assim: “Ih, olha lá o fulano, na CPI! E eu achei que o cara era honesto”. E sempre tem alguém para completar: “E ele é do PT”. E lá está o partido esfolado, uma vez que, nesse imaginário, raramente o cidadão fixa a informação crucial: saber se o sujeito exposto a interrogatório cumpre o papel de testemunha, de acusado ou é apenas um técnico dando explicações. No geral, o que fica é “chegou à CPI é porque alguma coisa deve”.
Vale lembrar que 13 de junho, quando Agnelo irá à CPI, é Dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. É quando os congressistas prometem ensaiar um casamento explosivo da CPI com a temporada de eleições, com um partido tentando desgastar o outro em busca de dividendos eleitorais. O que vai restar disso, não tem reza nem santo que dê jeito. Só mesmo muito tato político — algo que, cá entre nós, leitor, falta a muitos integrantes da comissão que investiga Cachoeira.
Por falar em chegar…
Não se surpreendam se surgir uma nova mulher nos pedidos de convocação da CPI. Silenciosamente, alguns senadores buscam informações sobre Fernanda Coelho, cunhada do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Ela é bastante conhecida em Goiás, onde trabalhou por muitos anos. Recentemente, mudou-se para Santa Catarina. Guardem esse nome.
Os partidos aliados ao governo ensaiam deixar a defesa de Agnelo na CPI apenas a cargo do PT. A ordem é tentar desgastar a imagem petista no ano eleitoral
Sempre que o governo federal e o PT enfrentam qualquer problema no Congresso invariavelmente seus líderes apontam o indicador na direção do PMDB. Se perdem no Código Florestal, foi culpa de Henrique Eduardo Alves, o líder peemedebista na Câmara. Se algo dá errado no Senado, o líder Renan Calheiros pode se preparar, porque vai sobrar para ele na hora de buscar as razões de uma derrota. Esta semana, não foi diferente, quando os petistas viram o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, convocado para depor na CPI do Cachoeira. Jilmar Tatto não se deu ao trabalho de verificar a lista de votação. Culpou logo a turma peemedebista. Agora, junho chega com a confusão armada e servindo de pano de fundo para derrubar acordos de cavalheiros nas eleições municipais.
Na avaliação do PMDB, essa não foi a primeira nem será a última vez em que o partido foi responsabilizado pelas mazelas dos governos petistas. Mas, pelo menos na convocação de Agnelo, o desconforto petista não foi obra dos peemedebistas, e sim de outros partidos aliados — nos quais há um grupo interessado em mandar um recado ao Planalto. PR e PP não veem a hora de ter mais espaço no governo. Muitos apostam — e quase sem risco de perder — que, se Agnelo fosse de outro partido, não seria convocado, uma vez que ainda não há elementos capazes de justificar o seu comparecimento à CPI.
Por falar em insatisfações…
O problema é que, ao culpar o PMDB, dessa vez sem razão direta, Jilmar Tatto botou fora o seu sobrenome e despejou lenha na fogueira. Nos bastidores do PMDB, há quem ensaie uma revolta do tipo “aliviar com Perillo” e “pegar pesado com Agnelo”. Não por acaso, o vice-governador do DF, Tadeu Filippelli, passou boa parte da tarde de ontem ao telefone. Ligou para o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp (RO), e para o vice-presidente da República, Michel Temer, que está na Turquia em missão oficial. Tudo para lembrar que os dois partidos têm que ser solidários um com o outro, sem desconfianças, porque o governo é compartilhado repetindo a aliança nacional.
Por falar em desconfianças…
O difícil, leitor, é esse clima de solidariedade pretendido por Filippelli colar num ambiente tão tenso quanto o da CPI. Especialmente neste mês de consolidação das alianças e convenções partidárias rumo às eleições de outubro. Ao ensaiar a defesa de Agnelo apenas a cargo do PT, os aliados e a oposição vão tentar desgastar um pouco a imagem do partido de Lula no ano eleitoral. Afinal, o eleitor que apenas acompanha o noticiário da tevê, sem prestar muita atenção nas explicações, não entende muito bem o que o governador faz ali. Mas, na sua cabeça, funciona mais ou menos assim: “Ih, olha lá o fulano, na CPI! E eu achei que o cara era honesto”. E sempre tem alguém para completar: “E ele é do PT”. E lá está o partido esfolado, uma vez que, nesse imaginário, raramente o cidadão fixa a informação crucial: saber se o sujeito exposto a interrogatório cumpre o papel de testemunha, de acusado ou é apenas um técnico dando explicações. No geral, o que fica é “chegou à CPI é porque alguma coisa deve”.
Vale lembrar que 13 de junho, quando Agnelo irá à CPI, é Dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. É quando os congressistas prometem ensaiar um casamento explosivo da CPI com a temporada de eleições, com um partido tentando desgastar o outro em busca de dividendos eleitorais. O que vai restar disso, não tem reza nem santo que dê jeito. Só mesmo muito tato político — algo que, cá entre nós, leitor, falta a muitos integrantes da comissão que investiga Cachoeira.
Por falar em chegar…
Não se surpreendam se surgir uma nova mulher nos pedidos de convocação da CPI. Silenciosamente, alguns senadores buscam informações sobre Fernanda Coelho, cunhada do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Ela é bastante conhecida em Goiás, onde trabalhou por muitos anos. Recentemente, mudou-se para Santa Catarina. Guardem esse nome.
Quinze anos - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 01/06
Na semana passada, comentei com alguém que, por aqueles dias, iria participar de um evento da Folha sobre Paulo Francis. Um ponto de interrogação surgiu sobre a cabeça do rapaz. O nome Paulo Francis não lhe dizia nada. Perguntei sua idade. "Trinta e dois", respondeu. Bem, Francis morreu há 15 anos, em 1997, donde o jovem -nem tão jovem-estaria com 17 quando isso aconteceu. Já tinha idade para conhecer Francis pela TV. A não ser que só assistisse ao canal de desenhos animados.
Imagino a decepção de Francis se soubesse que, tão pouco depois, estaria tão esquecido. Gostava de ser popular e valorizava mais esse reconhecimento do que deixava transparecer. Certa vez, foi abordado em Nova York pela mulher de um poeta vanguardista brasileiro. Ela era sua fã; o marido, não. Perguntei-lhe sobre o que falaram. "Discutimos o preço das geladeiras em São Paulo", ele riu. Mas, no fundo, gostou.
Em 1979, quando João Bosco e Aldir Blanc compuseram "O Bêbado e a Equilibrista", tiveram de referir-se ao "irmão do Henfil" para falar de Betinho, então um importante exilado político, mas solidamente desconhecido das grandes massas. Henfil, ao contrário, era popularíssimo como cartunista. Veio a anistia, Betinho voltou para o Brasil e tornou-se, ele próprio, uma figura pública.
Em 1988, Henfil morreu. Quinze anos depois, em 2003, ao dar uma entrevista sobre qualquer assunto, mencionei-o. O repórter (de uma conhecida revista semanal) não sabia de quem se tratava. Ou seja, com apenas 15 anos de ausência, Henfil já fora esquecido. E Betinho, por sua vez, morreu em 1997 -também há 15 anos. Ainda saberão quem foi?
"De 15 em 15 anos, o brasileiro esquece o que aconteceu há 15 anos", sentenciou Ivan Lessa, aliás, amigo de Francis. Donde, se quiser sobreviver, não morra.
Imagino a decepção de Francis se soubesse que, tão pouco depois, estaria tão esquecido. Gostava de ser popular e valorizava mais esse reconhecimento do que deixava transparecer. Certa vez, foi abordado em Nova York pela mulher de um poeta vanguardista brasileiro. Ela era sua fã; o marido, não. Perguntei-lhe sobre o que falaram. "Discutimos o preço das geladeiras em São Paulo", ele riu. Mas, no fundo, gostou.
Em 1979, quando João Bosco e Aldir Blanc compuseram "O Bêbado e a Equilibrista", tiveram de referir-se ao "irmão do Henfil" para falar de Betinho, então um importante exilado político, mas solidamente desconhecido das grandes massas. Henfil, ao contrário, era popularíssimo como cartunista. Veio a anistia, Betinho voltou para o Brasil e tornou-se, ele próprio, uma figura pública.
Em 1988, Henfil morreu. Quinze anos depois, em 2003, ao dar uma entrevista sobre qualquer assunto, mencionei-o. O repórter (de uma conhecida revista semanal) não sabia de quem se tratava. Ou seja, com apenas 15 anos de ausência, Henfil já fora esquecido. E Betinho, por sua vez, morreu em 1997 -também há 15 anos. Ainda saberão quem foi?
"De 15 em 15 anos, o brasileiro esquece o que aconteceu há 15 anos", sentenciou Ivan Lessa, aliás, amigo de Francis. Donde, se quiser sobreviver, não morra.
Fato novo - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 01/06
BRASÍLIA - O fato novo que retira a CPI do Cachoeira do fundo do poço é que o PMDB usou sua prerrogativa de partido mais esperto do Congresso e se tornou fiel da balança. Ora vota com o "aliado" PT, ora com o "adversário" PSDB. Quebrou-se, também por isso, o acordão original entre tucanos e petistas para livrar a cara de uns e de outros.
O PMDB não aprovou a quebra de sigilo do tucano Marconi Perillo (GO) e, de quebra, empurrou os parceiros governistas, como PSB e PP, para convocar o petista Agnelo Queiroz (DF). Em troca, três dos cinco membros do PSDB ajudaram a evitar que o peemedebista Sérgio Cabral sentasse diante da CPI e das câmeras para dar explicações. Por enquanto...
Há nisso, além da articulação política, também uma base, digamos, técnica. Cabral alega que seu nome não é citado nas fitas da Polícia Federal conhecidas até agora e que não há nada no inquérito contra ele e contra seu governo. Como comparação: o relator Odair Cunha (PT) diz que há 237 referências ao nome de Perillo.
Cabral, porém, ainda não tem nenhum motivo para dormir tranquilo. Não só pelo fato bem mais do que apenas constrangedor da festa dos guardanapos em Paris com assessores e Fernando Cavendish, então da Delta -a estrela na constelação de contratos bilionários do governo do Rio. A insônia deve ser pelo que ainda pode vir por aí.
O destino de Cabral está menos nas mãos do PMDB, do PT e do PSDB do que nas revelações que podem surgir da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta nacional. É aí que mora o perigo, ou o alívio, para o governador do Rio.
Jobim desmentiu a versão de Gilmar, Lula levou 56 horas para se dizer "indignado", o PT reagiu 3 a 4 dias depois. Mas ninguém diz o que, afinal, Lula e Gilmar falaram. Como sempre, a versão de Lula é a que prevalece. Qual? Não se sabe.
BRASÍLIA - O fato novo que retira a CPI do Cachoeira do fundo do poço é que o PMDB usou sua prerrogativa de partido mais esperto do Congresso e se tornou fiel da balança. Ora vota com o "aliado" PT, ora com o "adversário" PSDB. Quebrou-se, também por isso, o acordão original entre tucanos e petistas para livrar a cara de uns e de outros.
O PMDB não aprovou a quebra de sigilo do tucano Marconi Perillo (GO) e, de quebra, empurrou os parceiros governistas, como PSB e PP, para convocar o petista Agnelo Queiroz (DF). Em troca, três dos cinco membros do PSDB ajudaram a evitar que o peemedebista Sérgio Cabral sentasse diante da CPI e das câmeras para dar explicações. Por enquanto...
Há nisso, além da articulação política, também uma base, digamos, técnica. Cabral alega que seu nome não é citado nas fitas da Polícia Federal conhecidas até agora e que não há nada no inquérito contra ele e contra seu governo. Como comparação: o relator Odair Cunha (PT) diz que há 237 referências ao nome de Perillo.
Cabral, porém, ainda não tem nenhum motivo para dormir tranquilo. Não só pelo fato bem mais do que apenas constrangedor da festa dos guardanapos em Paris com assessores e Fernando Cavendish, então da Delta -a estrela na constelação de contratos bilionários do governo do Rio. A insônia deve ser pelo que ainda pode vir por aí.
O destino de Cabral está menos nas mãos do PMDB, do PT e do PSDB do que nas revelações que podem surgir da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da Delta nacional. É aí que mora o perigo, ou o alívio, para o governador do Rio.
Jobim desmentiu a versão de Gilmar, Lula levou 56 horas para se dizer "indignado", o PT reagiu 3 a 4 dias depois. Mas ninguém diz o que, afinal, Lula e Gilmar falaram. Como sempre, a versão de Lula é a que prevalece. Qual? Não se sabe.
Na veia - SONIA RACY
O ESTADÃO - 01/06
Como primeiro passo, a estatal decidiu rever gastos previstos em contratos cujas obras estão atrasadas. Mesmo que estes recursos já estejam no orçamento da petroleira para este ano.
Indagada, a empresa diz que não há nada neste sentido.
Funcionou
Todos aplaudiram a decisão do Planalto de aceitar trabalhar com a McKinsey – quando Gleisi Hoffmann recebeu, em fevereiro, elaborado e profundo diagnóstico sobre a ineficiência dos diversos ministérios do governo Dilma.
Agora que o estudo custeado pela iniciativa privada (R$ 7 milhões) começa a dar resultados, está incomodando muita gente.
Guerra do voto
Andrea Matarazzo tem motivo para estar indeciso em disputar uma vaga na Câmara dos Vereadores.
Entre os aliados que já manifestaram publicamente desconforto com a sua entrada na corrida estão Adolfo Quintas, Milton Leite, Antonio Goulart e José Rolim.
Guerra do voto 2
Sobre o assunto, Floriano Pesaro, que também terá a sua candidatura desarranjada, afirma: “Vai me atrapalhar, vou ter que trabalhar mais, mas é absolutamente legítima a candidatura dele. Faz parte do jogo”.
Cantata inédita
Exibido pela primeira vez nas Américas, O Diário de Anne Frank vem a Sampa em junho, a convite do Instituto Vladimir Herzog. Celebrando os 75 anos de nascimento de Vlado.
A cantata terá efeitos visuais por Kiko Farkas, que complementam a história. Regência? De Martinho Lutero Galati.
Homenagem
Paulo Pasta, que abriu exposição ontem na Galeria Millan, vai ganhar livro especial da editora Barléu, da Carlos Leal.
Com todas as suas obras reproduzidas pela Hasselblad, de Rômulo Fialdini, e ensaios de Roberto Conduru.
CTRL+C
O Superior Tribunal de Justiça anulou uma decisão do TJ paulista por… “falta de fundamentação”. Atolado em trabalho, o TJ SP, em lugar de esmiuçar a decisão, copiou e colou os termos da sentença de primeiro grau.
Caso em questão? Falsificação de documentos públicos.
Nada fashion
Duas agências de modelos (uma de BH, outra de São José do Rio Preto) estão proibidas, desde anteontem pela Justiça, de enviar suas contratadas para o exterior.
Motivo? Estão sendo acusadas de tráfico de pessoas.
Mãos dadas
No seu sonho de montar um anfiteatro de 25 mil pessoas no Estádio do Morumbi, Juvenal Juvêncio já arrumou a construtora. A Andrade Gutierrez está conversando com a… Time 4 Fun.
Na frente
Arnaldo Cohen se apresenta com a Orquestra Sinfônica de São Paulo na entrega do Prêmio FCW. Dia 25, na Sala São Paulo.
O bistrô Le Marais fará jantar harmonizado com vinhos escolhidos por Ricardo Bohn Gonçalves. Dias 4 e 5.
Renata Cruz e Cristiane Mohallem abrem individuais no escritório de arte Dconcept. Amanhã.
Tem festa Talco Bells no Estúdio Emme em homenagem a James Brown hoje. Em comemoração ao lançamento da biografia do cantor, pela Leya.
O Museu da Casa Brasileira estreia festa junina da Multicase amanhã.
Roberto Muylaert lança livro. Segunda, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Lucas,do São Paulo, não sentiu a pressão de ser observado por José Mourinho, técnico do Real Madrid, no jogo do Brasil, sábado, contra a Dinamarca. Mas, a amigos, confessou certo desconforto por jogar fora de sua posição.
Comida, televisão e arte - NELSON MOTTA
O Estado de S.Paulo - 01/06
A TV Cultura de São Paulo foi o que tivemos de mais próximo a uma televisão pública de qualidade antes da era dos canais por assinatura. Em estagnação e decadência nos últimos anos, a Cultura está passando por grandes transformações, numa tentativa de dar sentido aos seus custos e investimentos para conquistar audiência com uma programação qualificada, que divirta, informe e discuta o País com independência, sem pressões comerciais ou políticas.
O grande problema não é só a Cultura ter audiência média de 60 mil domicílios na Grande São Paulo, cerca de 150 mil espectadores num universo de 15 milhões. Para mudar alguma coisa é preciso saber para quem tantos profissionais talentosos e competentes estão trabalhando e tanto dinheiro público está sendo gasto. Quem são esses 150 mil que assistem à TV Cultura? São eles que justificam a existência da emissora. Mas, se eles forem em maioria das classes A e B, faz sentido usar tantos recursos públicos para divertir uma elite que já tem a opção da TV paga?
Ou alguém imagina que programas culturais têm audiência nas periferias e comunidades carentes (de comida, diversão e arte)? Seria ótimo se tivessem, um sinal de progresso contra o atraso social, mas não é o que dizem as pesquisas. Uma TV pública só tem sentido hoje se exibir uma programação de qualidade com a diversidade e a independência que as classes populares não encontram na TV aberta. O que não se justifica é usar o dinheiro dos impostos de todos em benefício de uma minoria privilegiada.
Um ex-diretor da TV Cultura me disse uma vez, todo orgulhoso e antropológico, que a emissora pública de Salvador tinha transmitido o carnaval antigo dos blocos populares no Pelourinho, e não os megadesfiles dos trios elétricos na orla e na Cidade Alta. Pena que ninguém viu, foi trabalho, tempo e dinheiro jogados fora, porque nem o público das comunidades e do próprio Pelourinho estava interessado em se ver na tela, todos queriam ver Ivete, Claudinha e Carlinhos Brown. A máxima de Joãosinho Trinta pode explicar o caso, mas os pobres não podem pagar pelo luxo dos intelectuais.
Tudo se relaciona - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 01/06
Fortaleza: o PT bate o pé
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, não atendeu aos apelos da cúpula nacional do PT e, no domingo, em encontro municipal, vai aprovar a candidatura de Eumano Freitas à sua sucessão. Para o presidente do PT, Rui Falcão, ela garantiu que apesar disso está fechada com a reeleição de Dilma Rousseff (presidente) e de Cid Gomes (governo do Ceará) em 2014. O PT oferece a vice para o PSB. O governador Cid Gomes tem duas semanas para aceitar a vice da chapa ou lançar candidato. Se decidir pela candidatura própria suas opções são o presidente da Assembleia, Roberto Cláudio, e o secretário da Copa, Ferruccio Feitosa.
"Não podemos aceitar que diferentes sejam tratados de forma igual. Isso é que é partidarizar” — Vanessa Grazziotin, senadora (PCdoB-AM), sobre a convocação de governadores pela CPI do Cachoeira
PUXÃO DE ORELHAS! Durante anos, nas CPIs, os parlamentares que a integram têm como hábito agredir, xingar e distribuir fartos vitupérios contra os depoentes, geralmente réus e investigados, que usam ou não o direito constitucional ao silêncio. Ontem, no depoimento do senador Demóstenes Torres (GO), o senador Pedro Taques (PDT-MT), na foto, levantou-se contra esta prática, usual para aqueles que pretendem fazer pose para as câmeras de televisão contra pessoas e políticos que já estão na lona.
Código florestal
O presidente da comissão mista da MP do Código Florestal será o deputado Elvino Bohn Gass (PT-RS). O PMDB terá o relator, senador Luiz Henrique (SC), e para a função de relator revisor o indicado é o deputado Edinho Araújo (SP).
Milhagem
A Câmara dos Deputados só voltará a funcionar no dia 11 de junho. Até lá nada importante será votado. O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), e líderes de diversos partidos embarcam hoje para viagem oficial de dez dias à China.
Caso Cachoeira: na cadência do samba
O senador Demóstenes Torres (GO), no Conselho de Ética, na terça-feira (29), usou versos do samba "Nem é bom falar", de Ismael Silva, para se defender. "Nem tudo o que se diz se faz", disse para explicar seus diálogos com o contraventor Carlos Cachoeira. Ontem, ao final da reunião da CPI, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) lembrou outro trecho da mesma canção, que considera mais adequada ao caso de Demóstenes: "Ah, senador Demóstenes: nem é bom falar/ se a orgia se acabar."
Dois movimentos
Os petistas e os independentes querem mais tempo de preparação e defendem adiar o depoimento do governador Marconi Perillo (GO) na CPI. Mas o tucano está tentando antecipá-lo para a semana que vem. A data marcada é dia 12.
Imagem tétrica
O deputado Silvio Costa (PTB-PE) se dirigiu, ontem, de dedo em riste contra o senador Pedro Taques (PDT-MT). Na semana passada, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) fez o mesmo com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR).
O PRESIDENTE do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), também trabalhou para evitar a convocação do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Ciro Nogueira (PP-PI) e Gladson Cameli (PP-AC) votaram contra.
O PCdoB pediu ao PT apoio para seus candidatos às prefeituras de Porto Alegre, Florianópolis e Fortaleza. O PT só concordou em apoiar a candidatura da deputada estadual Angela Albino em Florianópolis.
ESQUECIDA. O Plano Brasil Maior está sendo criticado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) por ter deixado o setor agropecuário de fora. "A agropecuária emprega milhões de pessoas", alega a senadora.
Deste terraço, à luz da Acrópole ao anoitecer - IGNÀCIO DE LOYOLA BRANDÃO
O Estado de S.Paulo - 01/06
Chegamos ao olho do furacão, em "plena crise" grega. Que hora de ir para a Grécia, nos diziam as pessoas. O povo está nas ruas revoltado, vocês são loucos! Chegamos num domingo à tarde e encontramos realmente o povo nas ruas. Aqui, no bairro de Plaka, à sombra da Acrópole, o povo estava por toda a parte, sentado nos bares, passeando, comendo e bebendo, conversando e aproveitando uma bela tarde de sol, sob um céu profundamente azul. E ainda estamos na baixa estação, daqui a pouco vai ferver. Claro, há uma crise, há apreensão, vai haver uma nova eleição, a Alemanha pressiona a Europa para tirar a Grécia da zona do euro, o que trará problemas econômicos e desemprego. Logo a Alemanha, dizem os gregos, que enriqueceu com a adoção do euro?
Plaka, bairro central, é silencioso como uma aldeia, com melros que cantam nos telhados e nas árvores. Terminamos o dia com o mesmo ritual no terraço da casa de Renato Assumpção Faria, ministro conselheiro da embaixada do Brasil, amigo de longo tempo. E, claro, araraquarense de boa cepa, ele e Márcia cresceram juntos, vizinhos parede-meia. Sentamo-nos de frente para a Acrópole que se ergue à nossa frente, quase como se estivesse dentro de casa, copos de vinho branco na mão, ou uma tacinha de tsipouros, a grapa grega, cercados por vasilhas de diferentes tipos de azeitonas. Ah, as azeitonas gregas! A sólida, imensa rocha onde se situa o Partenon, vai mudando de cor à medida que a noite desce e as luzes começam a acender, acentuando relevos e mistérios e emocionando quase às lágrimas. Porque sabemos estar diante do mais célebre monumento da civilização ocidental, com seus 2.500 anos de história, filosofia, pensamento, democracia. Aqui se criou tudo. Aqui o homem se pensou.
Subimos à Acrópole por longas rampas. Caminhada de horas. A visão que se tem do alto é de 360 graus. Como se pudéssemos ver a Grécia inteira. Parte dos tesouros arqueológicos do Partenon foi levada para o estrangeiro, principalmente para a Inglaterra, por lord Elgin. Bem que Melina Mercouri, quando foi ministra da Cultura, tentou reaver. Quem disse? A história do mundo, da antiguidade até hoje, é feita de destruições, saques, pilhagens. Estou queimado pelo sol grego. Todas as aulas de história nos vêm à cabeça, sem contar que Renato Faria sabe tudo, conhece tudo. Um daqueles poucos diplomatas que se enfronham na história do país em que está servindo. Também, mitologia grega é a fascinação, a criatividade. Atenas, que também conhecemos como Minerva, nasceu da cabeça de Zeus. Pronta, com escudo, lança e tudo o mais. Deusa da sabedoria, da guerra, da ciência. De olhos verde-azulados. Virgem.
Antonio Maggialetti, formado em letras francesas em Pavia, que a cada dia entra na cozinha e prepara uma lasanha de alcachofras, ou um rigatoni com molho de linguiça italiana, segundo uma receita de Bari, conectou-se à internet e programou nossa viagem a duas ilhas, Mikonos e Santorini. Tínhamos de escolher, começamos pelas Cyclades. A viagem de avião entre Atenas e Mikonos dura 25 minutos. A viagem de barco entre Mikonos e Santorini dura 3 horas pelo Flying Cat, veloz. Depois conto nossa aventura pelo Mar Egeu, nesse barco, com uma tempestade na cabeça. Imagino o que Ulisses passou naquelas frágeis embarcações. Mikonos precisa ser visitada antes que as turbas de turistas dos cruzeiros (que descem, passeiam, olham e não gastam um euro) cheguem. Então - e esta foi uma época perfeita -, pode-se caminhar tranquilamente pelo labirinto de ruas brancas, com portas e janelas coloridas. Nosso hotel, o Madalena, ficava numa elevação, acima do porto velho, com uma vista a perder de vista, como dizem no interior. Contemplando o Egeu verde-azulado, como os olhos de Atenas.
Um barco sai pela manhã para a ilha de Delos, essencial. Pois ali nasceu Apolo, o mais belo homem do mundo antigo, deus das artes, da música e da fortuna. Nasceu de Leto e Zeus e seu parto foi dramático, porque Hera, mulher de Zeus, enraivecida pela "traição", proibiu que todos abrigassem Leto. Finalmente, em Delos, uma ilha que vagava pelo mar, e era invisível, Leto deu à luz Apolo. No mesmo momento, cadeias de diamantes prenderam a ilha ao fundo do mar e ela se tornou visível. O que era i-dilos (não visível) tornou-se Dilos (visível). Os deuses gregos tinham tudo de humanos, paixões, amores, ciúmes, traições, raiva, vingança, bondade. Se querem um conselho (pode parecer tolo, mas enfim), venham para a Grécia depois de ler mitologia. Na volta, prometo reler a Odisseia e a Ilíada. Estarei fazendo ao contrário, mas levarei comigo, para sempre, esta visão da Acrópole que fecha cada dia nosso.
Terra de iogurte com mel. Nunca provei igual, nem provarei, a não ser aqui, quando voltar. Terra de peixes, lulas, polvos, anchovas, carneiros, leitões, coelhos (come-se muito, deliciosos), queijo feta, queijos variados, tomates suculentos, alho, alecrim, azeitonas (foi Atenas, a deusa, que criou a azeitona, base da civilização mediterrânea), favas, pimentões, pepinos que brilham de tão verdes e saborosos, laranjas sanguíneas que nos dão um suco rubro e doce. Tudo regado com o elixir da Grécia, o azeite de oliva. E ainda vou falar de Santorini (de perder o fôlego), de Sunia, do pôr de sol, da lua crescente. Vou contar como nasceu o croissant que todos imaginam ser francês, mas não é.
Nesta hora, agradeço a Monteiro Lobato por Os Doze Trabalhos de Hércules, livro que li e reli na infância. No fundo, preparou meu espírito para desfrutar o que estou percorrendo. Incrível, mas verdade, o que se gravou lá atrás fica. E daqui, deste modesto canto de jornal, faço um apelo: pare com isso, Europa; pare com isso. Alemanha. Deixem a Grécia em paz com seus deuses, suas ilhas, seus mares verdes e azuis, sua oliveiras, seus vinhos, seu iogurte inigualável. Tudo começou aqui, deixem continuar. A vida é alegria! Viva Dionísio e Baco (e aqui cito nosso Zé Celso Martinez), viva Afrodite (Vênus), viva Hermes (Mercúrio), patrono de todos nós, viajantes, e viva Hestia (Vesta), a virgem, protetora dos corações e da luz.
O maracatu de Lula - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA
Correio Braziliense - 01/06
"Quem segura o porta-estandarte tem a arte, tem a arte"... Hoje, eu me valho de um trecho de Maracatu atômico, clássico da música popular brasileira que Nelson Jacobina nos legou em parceria com o "maldito" Jorge Mautner, para lamentar os descaminhos da política brasileira. Não esquecerei que muita gente já alertava: "O PT é oportunista, não é de esquerda".Mas foi com um discurso vaselinado, à esquerda da carcomida direita brasileira, que Lula e sua "Carta aos brasileiros" abriram caminho para o poder.
Lula já reconheceu isso, mas não custa lembrar: tivesse ele vencido a eleição contra Collor, talvez seu governo tivesse sido um desastre, diante da herança inflacionária herdada de Sarney. O destino se encarregou de conduzi-lo ao Planalto na hora certa, depois de Itamar e FHC terem colocado a inflação sob controle e imposto regras para evitar a gastança pública sem limites, com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Mas, reconheça-se, foi com Lula que a distribuição de renda se fez de forma mais direta, ampla e eficaz no Brasil. E, sei que é percepção de leigo, foi quando o dinheiro chegou às mãos dessa parcela da população, à qual a divisão do bolo nunca chegava, que a economia deu um salto país afora. Sim, porque bufunfa na mão dos pobres vai direto para o comércio, que se expande, cria empregos e faz girar a roda da fortuna. Até que pipocou o mensalão. E a teatralidade de Roberto Jefferson, ao vivo, numa CPI, escandalizou o país.
À época, se forçasse a mão, a oposição poderia ter levado Lula ao impeachment.
Mas temeu as consequências de uma iniciativa dessa magnitude para o país, ainda marcado pelas maracutaias que levaram à queda de Collor. Em agosto de 2005, Lula foi à tevê, disse se sentir traído por práticas inaceitáveis, das quais não teria qualquer conhecimento, e afirmou que o PT tinha de pedir desculpas ao país. Até aí, mesmo com todo mundo desconfiado da mentira, ainda dava para empunhar o porta- estandarte. Afinal, que político nunca foi vítima de uma traição? Mas o que veio a seguir é surreal: não só o PT nunca pediu desculpas, como o próprio Lula, passado o escândalo, passou a fazer de conta que o mensalão nunca existiu. Deu uma guiada à direita da direita. Pôs a culpa de tudo na imprensa "golpista". E assumiu a defesa de vestais indefensáveis. É verdade que o julgamento do caso deve provocar alguns arranhões na imagem do PT nas eleições.Mas não acredito em condenações pelo Supremo. Afinal, contam-se nos dedos de uma mão os políticos acusados de corrupção condenados pelo tribunal.
Está aí Collor, hoje queridinho de Lula, para contar a história.
Dia de cão - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 01/05
A Comissão de Inquérito vem caminhando. Um passo à frente, dois para trás, mas andando: pediu quebra de sigilo da Construtora Delta em âmbito nacional, chamou dois governadores citados nos inquéritos da Polícia Federal, devagar vai esgarçando parcerias e desmontando o roteiro inicial de instrumento de vingança.
O exame mais detalhado desse saldo positivo, no entanto, ficará para outro dia, pois não se pode deixar de tratar do dia de ontem que definitivamente não foi bom para a CPMI devido ao pendor farsesco de determinadas excelências.
O espetáculo de grosseria que o deputado Silvio Costa finalmente protagonizou depois de muito ensaio desde a instalação da CPMI decorreu de uma primeira farsa, esta montada pelo senador Demóstenes Torres.
Recorreu ao silêncio na CPMI aludindo, não ao "direito constitucional" de não produzir provas contra si. Soaria contraditório, pois alega total inocência do que tange às acusações de envolvimento com a máfia Cachoeira.
Reivindicou a prerrogativa de calar alegando que já havia falado dois dias antes ao Conselho de Ética. Ofereceu a reprodução daquele depoimento por escrito a título de "colaboração", como se houvesse equivalência entre as duas instâncias.
Não há. Uma comissão de inquérito tem poderes que ultrapassam em muito as prerrogativas de um conselho. O que se diz lá produz provas, gera consequências. Cumpre lembrar que a denúncia que resultou no processo do mensalão foi feita em boa parte com base nos trabalhos da CPI dos Correios.
Além disso, no conselho se examina a quebra do decoro parlamentar do senador Demóstenes Torres ao dizer a seus pares uma coisa e logo depois ser desmentido pelas gravações de telefonemas feitas pela PF.
Na comissão, o objeto da investigação diz respeito ao Código Penal, às acusações de envolvimento com crimes. Como, de resto, sabe bem o senador. Com a manobra, no lugar de se diferenciar, igualou-se à raia miúda que já passou silente pela CPMI.
De onde o deputado Silvio Costa achou-se no direito de humilhá-lo aos gritos e em boa hora foi advertido pelo senador Pedro Taques, que passou a ser alvo da sanha desaforada do deputado.
Aos palavrões, a um só tempo feriu o decoro, fez de Demóstenes uma vítima e da CPMI palco de um espetáculo burlesco que seria de quinta categoria não fosse mesmo é de oitava.
Calmante. A declaração do advogado Técio Lins e Silva de que seu cliente Fernando Cavendish não recorrerá à Constituição para calar se for chamado à CPMI, pode funcionar como antídoto.
Lins e Silva não disse que Cavendish vai acusar ninguém. Mesmo assim, só a indicação de que se perguntado responderá, é bem capaz de arrefecer o "ânimo convocador" de muita gente na comissão.
Lewandowski. A propósito de um trecho do artigo de ontem em que é citado como autor de antiga declaração sobre a hipótese de entregar seu voto revisor no processo do mensalão só em 2013, abrindo espaço para a prescrição de alguns crimes, o ministro Ricardo Lewandowski faz duas correções importantes.
"Eu nunca disse que entregaria só no ano que vem, mas que precisaria de tempo para examinar cuidadosamente processo com 38 réus."
Ao segundo esclarecimento: "Mesmo que pretendesse entregar em 2013, não haveria o risco de prescrição porque isso só acontecerá em 2015".
Em miúdos: são dois os marcos de prescrição. O primeiro venceu em agosto de 2011, quatro anos após o recebimento da denúncia pelo Supremo, válido para penas de um a dois anos. O próximo vence oito anos após a denúncia e aplica-se para penas de dois a quatro anos.
"Não há registro no Supremo de voto revisor que tenha levado menos de seis meses para ficar pronto. O meu será o mais rápido da História", diz o ministro, reiterando a intenção de concluir o trabalho "ainda neste semestre".
A Comissão de Inquérito vem caminhando. Um passo à frente, dois para trás, mas andando: pediu quebra de sigilo da Construtora Delta em âmbito nacional, chamou dois governadores citados nos inquéritos da Polícia Federal, devagar vai esgarçando parcerias e desmontando o roteiro inicial de instrumento de vingança.
O exame mais detalhado desse saldo positivo, no entanto, ficará para outro dia, pois não se pode deixar de tratar do dia de ontem que definitivamente não foi bom para a CPMI devido ao pendor farsesco de determinadas excelências.
O espetáculo de grosseria que o deputado Silvio Costa finalmente protagonizou depois de muito ensaio desde a instalação da CPMI decorreu de uma primeira farsa, esta montada pelo senador Demóstenes Torres.
Recorreu ao silêncio na CPMI aludindo, não ao "direito constitucional" de não produzir provas contra si. Soaria contraditório, pois alega total inocência do que tange às acusações de envolvimento com a máfia Cachoeira.
Reivindicou a prerrogativa de calar alegando que já havia falado dois dias antes ao Conselho de Ética. Ofereceu a reprodução daquele depoimento por escrito a título de "colaboração", como se houvesse equivalência entre as duas instâncias.
Não há. Uma comissão de inquérito tem poderes que ultrapassam em muito as prerrogativas de um conselho. O que se diz lá produz provas, gera consequências. Cumpre lembrar que a denúncia que resultou no processo do mensalão foi feita em boa parte com base nos trabalhos da CPI dos Correios.
Além disso, no conselho se examina a quebra do decoro parlamentar do senador Demóstenes Torres ao dizer a seus pares uma coisa e logo depois ser desmentido pelas gravações de telefonemas feitas pela PF.
Na comissão, o objeto da investigação diz respeito ao Código Penal, às acusações de envolvimento com crimes. Como, de resto, sabe bem o senador. Com a manobra, no lugar de se diferenciar, igualou-se à raia miúda que já passou silente pela CPMI.
De onde o deputado Silvio Costa achou-se no direito de humilhá-lo aos gritos e em boa hora foi advertido pelo senador Pedro Taques, que passou a ser alvo da sanha desaforada do deputado.
Aos palavrões, a um só tempo feriu o decoro, fez de Demóstenes uma vítima e da CPMI palco de um espetáculo burlesco que seria de quinta categoria não fosse mesmo é de oitava.
Calmante. A declaração do advogado Técio Lins e Silva de que seu cliente Fernando Cavendish não recorrerá à Constituição para calar se for chamado à CPMI, pode funcionar como antídoto.
Lins e Silva não disse que Cavendish vai acusar ninguém. Mesmo assim, só a indicação de que se perguntado responderá, é bem capaz de arrefecer o "ânimo convocador" de muita gente na comissão.
Lewandowski. A propósito de um trecho do artigo de ontem em que é citado como autor de antiga declaração sobre a hipótese de entregar seu voto revisor no processo do mensalão só em 2013, abrindo espaço para a prescrição de alguns crimes, o ministro Ricardo Lewandowski faz duas correções importantes.
"Eu nunca disse que entregaria só no ano que vem, mas que precisaria de tempo para examinar cuidadosamente processo com 38 réus."
Ao segundo esclarecimento: "Mesmo que pretendesse entregar em 2013, não haveria o risco de prescrição porque isso só acontecerá em 2015".
Em miúdos: são dois os marcos de prescrição. O primeiro venceu em agosto de 2011, quatro anos após o recebimento da denúncia pelo Supremo, válido para penas de um a dois anos. O próximo vence oito anos após a denúncia e aplica-se para penas de dois a quatro anos.
"Não há registro no Supremo de voto revisor que tenha levado menos de seis meses para ficar pronto. O meu será o mais rápido da História", diz o ministro, reiterando a intenção de concluir o trabalho "ainda neste semestre".
Estratégias - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 01/05
O que a proximidade de um julgamento não faz. Nos últimos dias, temos visto réus de variados calibres procurando espaços políticos para, se não angariarem votos favoráveis, pelo menos não acirrar os ânimos de seus futuros julgadores.
É o caso, por exemplo, da estranha dobradinha entre os senadores Demóstenes Torres, à beira do cadafalso, e Collor de Mello, um de seus futuros juízes no processo de cassação de mandato, que deve ir para decisão em voto secreto no Senado.
Dias antes, um encontro dos dois havia sido flagrado por câmeras de televisão no plenário praticamente vazio. Quando foi ao Conselho de Ética do Senado, Demóstenes, para espanto geral, apoiou a tese de Collor de que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, prevaricou ao sobrestar o processo contra ele, sem pedir novas investigações ou arquivá-lo.
Ora, o procurador-geral da República está justamente sendo acusado de tentar, com sua atitude, proteger o senador Demóstenes Torres, que agora vem a público corroborar a tese de que ele errou ao conduzir o processo do jeito que conduziu.
Gurgel disse por escrito àCPMI que não dera sequência ao processo para não prejudicar futuras investigações, o que, segundo sua versão, deu oportunidade a que surgissem novas operações da Polícia Federal que afinal incriminaram o senador.
E por que Demóstenes aliou- se a Collor para criticar o procurador-geral da República? Todo o cálculo dele parece ter sido guiado pelo julgamento que terá pela frente no plenário do Senado, numa conta pragmática.
Collor é um senador que poderá votar a seu favor, e, portanto, Demóstenes preferiu fazer um acordo com um possível eleitor do que preservar a reputação do procurador-geral da República.
No caso de seu silêncio de ontem na CPMI do Cachoeira, tudo indica que Demóstenes deu um passo em falso, irritando seus membros.
Recusar-se a falar a seus companheiros não parece ser uma boa tática, e a única explicação é que teve receio de contradizer em algum ponto o depoimento que já dera na Comissão de Ética.
A sorte dele é que o destempero do deputado Silvio Costa, do PDT, fez com que um estranho espírito de corpo opusesse deputados a senadores no plenário da comissão.
O senador Pedro Taques, também do PDT e que atuou no Ministério Público assim como Demóstenes, tentou fazer com que o deputado parasse com a série de agressões verbais a Demóstenes, alegando que ele estava apenas exercendo seu direito constitucional de ficar calado para não se comprometer.
Mas o deputado reagiu contra Pedro Taques também, usando inclusive palavrões, acusando-o de estar mancomunado com Demóstenes — o que é uma acusação sem base em fatos, pois Pedro Taques tem sido um crítico ferrenho de Demóstenes —, o que fez com que a sessão fosse encerrada com a dispensa do senador Demóstenes Torres.
A humilhação pública a que o ainda senador Demóstenes Torres foi submetido pelo deputado Costa colocou em campos opostos senadores, que se indignaram com a atitude, e deputados, que acusam agora os senadores de estarem agindo por espírito de corpo.
Tudo o que o senador Demóstenes Torres espera é que o espírito de corpo prevaleça na votação secreta do Senado.
Outro caso curioso de interesses pessoais imediatos se sobrepondo a estratégias políticas é o que envolve os mensaleiros — inclusive o mais importante deles, o ex-ministro José Dirceu —, e a decisão do expresidente Lula de tentar interferir no resultado do julgamento do mensalão.
A estratégia de convocar a CPMI para colocar a oposição no banco dos réus e tentar transformar o mensalão em uma farsa arquitetada pela oposição foi urdida com a colaboração do próprio Dirceu, mas os objetivos imediatos, embora semelhantes, têm nuances que neste momento separam os dois.
Para Lula, o julgamento do mensalão tem dois inconvenientes: pode interferir nas eleições municipais, especialmente na de São Paulo, onde luta para emplacar o ex-ministro da Educação Fernando Haddad; e representa um julgamento de seu próprio governo, que ficaria marcado pela corrupção caso a decisão majoritária do Supremo seja reconhecer a existência do esquema fraudulento de aliciamento político, e pelo menos parte dos mensaleiros seja condenada.
Como a estratégia de intimidar o ministro Gilmar Mendes esbarrou em sua reação apaixonada, os réus do processo logo viram que a tentativa de colocá-lo no corner poderá provocar uma reação corporativa no Supremo.
Por isso o ex-ministro José Dirceu anda dizendo nos últimos dias que não acredita que Mendes tenha algum envolvimento com Cachoeira e elogia sua postura ética e seu conhecimento jurídico em diversas conversas que vem tendo.
Procura, assim, distanciar- se da ação de Lula e dos blogs chapas-brancas, com cujos representantes reuniu- se recentemente para estabelecer estratégias de defesa que agora parecem temerárias.
Também o deputado João Paulo Cunha, menos experiente que Dirceu, saiu em defesa de Gilmar Mendes, tentando equilibrar-se entre ele e Lula: “Acho que o Lula não seria inocente de chegar cobrando declaradamente alguma coisa, mas o ministro Gilmar Mendes é um ministro preparado. Eu diria até que o mais preparado do Supremo”, comentou Cunha com jornalistas.
Publicado o seu raciocínio, deve ter levado uma advertência, pois logo depois voltou a se pronunciar sobre o caso, dizendo que estavam querendo deturpar suas palavras e que ele era solidário a Lula.
São os réus tentando um difícil equilíbrio às vésperas de julgamentos decisivos para suas carreiras políticas.
O que a proximidade de um julgamento não faz. Nos últimos dias, temos visto réus de variados calibres procurando espaços políticos para, se não angariarem votos favoráveis, pelo menos não acirrar os ânimos de seus futuros julgadores.
É o caso, por exemplo, da estranha dobradinha entre os senadores Demóstenes Torres, à beira do cadafalso, e Collor de Mello, um de seus futuros juízes no processo de cassação de mandato, que deve ir para decisão em voto secreto no Senado.
Dias antes, um encontro dos dois havia sido flagrado por câmeras de televisão no plenário praticamente vazio. Quando foi ao Conselho de Ética do Senado, Demóstenes, para espanto geral, apoiou a tese de Collor de que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, prevaricou ao sobrestar o processo contra ele, sem pedir novas investigações ou arquivá-lo.
Ora, o procurador-geral da República está justamente sendo acusado de tentar, com sua atitude, proteger o senador Demóstenes Torres, que agora vem a público corroborar a tese de que ele errou ao conduzir o processo do jeito que conduziu.
Gurgel disse por escrito àCPMI que não dera sequência ao processo para não prejudicar futuras investigações, o que, segundo sua versão, deu oportunidade a que surgissem novas operações da Polícia Federal que afinal incriminaram o senador.
E por que Demóstenes aliou- se a Collor para criticar o procurador-geral da República? Todo o cálculo dele parece ter sido guiado pelo julgamento que terá pela frente no plenário do Senado, numa conta pragmática.
Collor é um senador que poderá votar a seu favor, e, portanto, Demóstenes preferiu fazer um acordo com um possível eleitor do que preservar a reputação do procurador-geral da República.
No caso de seu silêncio de ontem na CPMI do Cachoeira, tudo indica que Demóstenes deu um passo em falso, irritando seus membros.
Recusar-se a falar a seus companheiros não parece ser uma boa tática, e a única explicação é que teve receio de contradizer em algum ponto o depoimento que já dera na Comissão de Ética.
A sorte dele é que o destempero do deputado Silvio Costa, do PDT, fez com que um estranho espírito de corpo opusesse deputados a senadores no plenário da comissão.
O senador Pedro Taques, também do PDT e que atuou no Ministério Público assim como Demóstenes, tentou fazer com que o deputado parasse com a série de agressões verbais a Demóstenes, alegando que ele estava apenas exercendo seu direito constitucional de ficar calado para não se comprometer.
Mas o deputado reagiu contra Pedro Taques também, usando inclusive palavrões, acusando-o de estar mancomunado com Demóstenes — o que é uma acusação sem base em fatos, pois Pedro Taques tem sido um crítico ferrenho de Demóstenes —, o que fez com que a sessão fosse encerrada com a dispensa do senador Demóstenes Torres.
A humilhação pública a que o ainda senador Demóstenes Torres foi submetido pelo deputado Costa colocou em campos opostos senadores, que se indignaram com a atitude, e deputados, que acusam agora os senadores de estarem agindo por espírito de corpo.
Tudo o que o senador Demóstenes Torres espera é que o espírito de corpo prevaleça na votação secreta do Senado.
Outro caso curioso de interesses pessoais imediatos se sobrepondo a estratégias políticas é o que envolve os mensaleiros — inclusive o mais importante deles, o ex-ministro José Dirceu —, e a decisão do expresidente Lula de tentar interferir no resultado do julgamento do mensalão.
A estratégia de convocar a CPMI para colocar a oposição no banco dos réus e tentar transformar o mensalão em uma farsa arquitetada pela oposição foi urdida com a colaboração do próprio Dirceu, mas os objetivos imediatos, embora semelhantes, têm nuances que neste momento separam os dois.
Para Lula, o julgamento do mensalão tem dois inconvenientes: pode interferir nas eleições municipais, especialmente na de São Paulo, onde luta para emplacar o ex-ministro da Educação Fernando Haddad; e representa um julgamento de seu próprio governo, que ficaria marcado pela corrupção caso a decisão majoritária do Supremo seja reconhecer a existência do esquema fraudulento de aliciamento político, e pelo menos parte dos mensaleiros seja condenada.
Como a estratégia de intimidar o ministro Gilmar Mendes esbarrou em sua reação apaixonada, os réus do processo logo viram que a tentativa de colocá-lo no corner poderá provocar uma reação corporativa no Supremo.
Por isso o ex-ministro José Dirceu anda dizendo nos últimos dias que não acredita que Mendes tenha algum envolvimento com Cachoeira e elogia sua postura ética e seu conhecimento jurídico em diversas conversas que vem tendo.
Procura, assim, distanciar- se da ação de Lula e dos blogs chapas-brancas, com cujos representantes reuniu- se recentemente para estabelecer estratégias de defesa que agora parecem temerárias.
Também o deputado João Paulo Cunha, menos experiente que Dirceu, saiu em defesa de Gilmar Mendes, tentando equilibrar-se entre ele e Lula: “Acho que o Lula não seria inocente de chegar cobrando declaradamente alguma coisa, mas o ministro Gilmar Mendes é um ministro preparado. Eu diria até que o mais preparado do Supremo”, comentou Cunha com jornalistas.
Publicado o seu raciocínio, deve ter levado uma advertência, pois logo depois voltou a se pronunciar sobre o caso, dizendo que estavam querendo deturpar suas palavras e que ele era solidário a Lula.
São os réus tentando um difícil equilíbrio às vésperas de julgamentos decisivos para suas carreiras políticas.
PERNOITE PAULISTA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 01/06
A média de preços das diárias dos hotéis de luxo paulistanos em 2011, cerca de 126 libras (R$ 392,67), empata com a de Paris (125 libras ou R$ 389). É o que mostra pesquisa da rede Hotels.com. A capital paulista sai na frente de Barcelona (104 libras), Ibiza (115 libras), Roma (116 libras) e Washington (118 libras).
PERNOITE CARIOCA
A diária média no Rio chega a 156 libras (R$ 486,14). É um valor mais alto que os de Estocolmo (129 libras) e Veneza (135 libras). Perde para Moscou (164 libras), Nova York (173 libras) e Monte Carlo (185 libras).
FORA DA CURVA
Já os hotéis superluxuosos têm tarifas mais salgadas. A diária mais barata do Fasano de São Paulo, por exemplo, gira em torno de R$ 1.400.
DESCOBRINDO O BRASIL
A rede de varejo popular japonesa Daiso, do grupo Mitsubishi, procurou Luiza Trajano, do Magazine Luiza, em busca de parceria. A empresa, conhecida por vender produtos com preço médio de R$ 5, já procura local para se instalar em São Paulo.
QUE CALOR
Trajano está no Japão, na comitiva de empresários que viaja com o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento. O grupo já passou por sufoco: depois do tsunami, o país passa por racionamento de energia. Com o ar-condicionado desligado, as autoridades são até dispensadas do uso de gravata.
MAIS UM
Um dos boatos recorrentes que mais irritaram nos últimos tempos o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), foi o de que ele contratou, no passado, Jairo Martins, do grupo de Carlinhos Cachoeira, como seu "personal araponga". Mendes tem afirmado que nunca usou serviços terceirizados para fazer varredura em seu gabinete.
LONGE
O ministro até pediu consulta formal ao STF para saber se eventualmente alguma empresa de segurança ligada a Jairo Martins tinha prestado serviço à corte. A resposta foi negativa.
NO PALÁCIO
O governador Geraldo Alckmin e a primeira-dama, Lu Alckmin, abriram o Palácio dos Bandeirantes anteontem para jantar da Associação dos Cônsules no Brasil em prol do projeto Padarias Artesanais, do Fundo Social de Solidariedade. Entre os convidados, o conde Chiquinho Scarpa, a empresária Marlene Tuffi, a modelo Ingrid Alfaya e o cantor Reinaldo Kherlakian.
BARULHINHO ESPIRITUOSO
Adriano Cintra, ex-músico do CSS (antigo Cansei de Ser Sexy), lançará no dia 23 seu novo projeto, o Madrid, com show no Mube. A empreitada é uma parceria com a ex-vocalista do Bonde do Rolê, Marina Vello. Depois de ruptura com o CSS no ano passado, ele fala pouco sobre o assunto. "Eu não existo pra elas, e elas não existem pra mim", afirma. A foto com as pernas amarradas, que estará na capa do álbum de estreia da dupla, tem como inspiração o trabalho do canadense T. G. Hamilton, que fotografava sessões espíritas.
VIDA DE CÃO
Um projeto de lei quer proibir clínicas e hospitais veterinários da rede privada de exigirem caução para internar animais em casos de emergência. A proposta, do deputado Fernando Capez (PSDB), foi protocolada anteontem na Assembleia Legislativa de São Paulo. O estabelecimento que desrespeitar a norma teria de pagar o dobro do valor depositado.
AVÔHAI
Zé Ramalho lança em julho o CD "Sinais dos Tempos", só com canções suas. O disco será o primeiro de seu próprio selo fonográfico, o Avôhai Music.
A PERIGO
Prestes a completar dez anos, em julho, a revista "Ocas" corre o risco de fechar no Rio. Vendida em portas de museus e cinemas, por moradores de rua e pessoas sem trabalho fixo, a publicação bimestral sofre com a falta de voluntários e de uma sede na cidade. Uma equipe dividida entre SP e RJ trabalha de graça nas edições. A ideia é que só os vendedores recebam -R$ 3 para cada exemplar, que custa R$ 4.
GUERRA E PAZ TOUR
A exposição "Guerra e Paz", de Candido Portinari, que ficou em cartaz no Memorial da América Latina, em SP, até maio, poderá percorrer as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Os ministérios do Turismo e da Cultura estudam parceria para o projeto, que pretende levar também os murais do artista a países do Bric como China e Rússia. A ideia é promover a cultura brasileira como atrativo turístico.
LEILÃO SAFRA 2012
O presidente da Apae de SP, Cássio Clemente, foi o anfitrião do leilão de vinhos da entidade, anteontem, na Casa Petra. A empresária Silvana Nunes, da Bauducco, e o ator Mateus Solano circularam por lá.
CURTO-CIRCUITO
A festa Talco Bells acontece hoje, às 23h30, no Estúdio Emme. Na ocasião, será lançada a edição brasileira da biografia de James Brown. 18 anos.
O jornalista norte-americano Gay Talese foi ao restaurante Brasil a Gosto anteontem. Fez uma exigência: que seu grupo se sentasse numa mesa redonda.
Elza Soares apresenta hoje o show "Deixa a Nega Gingar", no Sesc Consolação, às 21h. Classificação etária: 12 anos.
A mostra Hyundai Black promove hoje almoço com as integrantes do grupo de Facebook Agenda Black.
O Bourbon Festival de Paraty promove, de hoje a domingo, shows gratuitos, em dois palcos ao ar livre.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA
Alvo errado - BARBARA GANCIA
FOLHA DE SP - 01/06
MTB deveria contratar Kakay para defendê-lo de grave acusação de gostar de gravatas e ternos caros
EU SEI o que Gilmar, Lula, Jobim e companhia estavam fazendo naquela sala. Pessoal estava decidindo no bolso de que deputado ia colocar a calcinha que apareceu no Congresso. São mesmo uns piadistas...
Não gostou? Então vamos falar sério. Há questão de uns dois anos e meio, minha mãe ligou para dizer que achava um absurdo alguém do calibre de Márcio Thomaz Bastos se prestar a defender o dr. Roger Abdelmassih, o médico acusado de assediar pacientes. Achei o questionamento interessante e fui investigar para escrever uma coluna.
Volto ao mesmo tipo de argumentação, só que agora ela vem em tom bem mais raivoso.
Márcio Thomaz Bastos é reconhecidamente o melhor advogado criminalista do país, tanto é que a OAB em peso assinou uma nota de apoio a ele nesta semana. Mostre-me uma pessoa de posses ou empresa de porte que não tenha em algum tempo em sua história recorrido aos seus serviços e eu lhe darei um picolé de limão.
Já faz cinco anos que MTB deixou o governo Lula. Se estivéssemos falando do mundo corporativo, isso não seria um tempo para lá de generoso para um acordo de não competição em caso de desligamento da empresa?
Acusam-no de cultivar o gosto por roupas caras e belas gravatas. Faz todo sentido. Gostar de ternos bem cortados é crime gravíssimo. Thomaz Bastos deveria ser obrigado a contratar um criminalista de peso. Só não aconselho que seja o tal Kakay, o advogado do Demóstenes, senão é condenação na certa. Por atentado aos nossos olhos. Basta ver os trajes que aquele papagaio das ilha de Papua considera adequados para frequentar uma CPI.
A título de exercício, percorra comigo um caminho generoso. No auge da carreira, sujeito vende seu escritório cheio de clientes batendo à porta e vai ser ministro em Brasília, servindo ao país por dois mandatos (foi o único ministro da Justiça de Lula; FHC teve nove). Segurou as pontas no mensalão? Imagino que tenha feito verdadeiros malabarismos. Como conseguiu manter Lula lá? Parece-me que coincidências como o fato de que Marcos Valério (na época) e Carlos Cachoeira (agora) serem conhecidos tanto de petistas quanto de tucanos possa ter algo a ver com isso. O que não invalida o mérito do processo contra os mensaleiros.
E se MTB é tão influente, por que não ganha todos os seus processos que chegam ao STF? E por que ninguém faz os mesmos questionamentos que fazem a seu respeito sobre José Carlos Dias (por quem, aliás, tenho enorme apreço)? Será que os clientes deste outro criminalista são todos inocentes? A origem do dinheiro deles é menos ilícita? Ou o ex-ministro de FHC atende de graça?
Bastos teria cobrado R$ 15 milhões do bicheiro. A cifra é astronômica, concordo. Mas isso é problema do Fisco. Como é problema do Neymar com o IR o quanto ele ganha por ser o melhor. Pessoal não reclama o tempo todo que jogador ganha além do que deveria?
Quando ministro, MTB iniciou uma dedetização no Judiciário e na polícia, promoveu o desarmamento e sempre teve a defesa das minorias como prioridade. Ele vota no PT? Ninguém é perfeito. Mas, em vez de ficar de picuinha contra ele, que tal prestar atenção ao que realmente interessa? Exemplo: como votou e irá votar daqui para frente o ministro Gilmar. Vamos ficar de olho?
MTB deveria contratar Kakay para defendê-lo de grave acusação de gostar de gravatas e ternos caros
EU SEI o que Gilmar, Lula, Jobim e companhia estavam fazendo naquela sala. Pessoal estava decidindo no bolso de que deputado ia colocar a calcinha que apareceu no Congresso. São mesmo uns piadistas...
Não gostou? Então vamos falar sério. Há questão de uns dois anos e meio, minha mãe ligou para dizer que achava um absurdo alguém do calibre de Márcio Thomaz Bastos se prestar a defender o dr. Roger Abdelmassih, o médico acusado de assediar pacientes. Achei o questionamento interessante e fui investigar para escrever uma coluna.
Volto ao mesmo tipo de argumentação, só que agora ela vem em tom bem mais raivoso.
Márcio Thomaz Bastos é reconhecidamente o melhor advogado criminalista do país, tanto é que a OAB em peso assinou uma nota de apoio a ele nesta semana. Mostre-me uma pessoa de posses ou empresa de porte que não tenha em algum tempo em sua história recorrido aos seus serviços e eu lhe darei um picolé de limão.
Já faz cinco anos que MTB deixou o governo Lula. Se estivéssemos falando do mundo corporativo, isso não seria um tempo para lá de generoso para um acordo de não competição em caso de desligamento da empresa?
Acusam-no de cultivar o gosto por roupas caras e belas gravatas. Faz todo sentido. Gostar de ternos bem cortados é crime gravíssimo. Thomaz Bastos deveria ser obrigado a contratar um criminalista de peso. Só não aconselho que seja o tal Kakay, o advogado do Demóstenes, senão é condenação na certa. Por atentado aos nossos olhos. Basta ver os trajes que aquele papagaio das ilha de Papua considera adequados para frequentar uma CPI.
A título de exercício, percorra comigo um caminho generoso. No auge da carreira, sujeito vende seu escritório cheio de clientes batendo à porta e vai ser ministro em Brasília, servindo ao país por dois mandatos (foi o único ministro da Justiça de Lula; FHC teve nove). Segurou as pontas no mensalão? Imagino que tenha feito verdadeiros malabarismos. Como conseguiu manter Lula lá? Parece-me que coincidências como o fato de que Marcos Valério (na época) e Carlos Cachoeira (agora) serem conhecidos tanto de petistas quanto de tucanos possa ter algo a ver com isso. O que não invalida o mérito do processo contra os mensaleiros.
E se MTB é tão influente, por que não ganha todos os seus processos que chegam ao STF? E por que ninguém faz os mesmos questionamentos que fazem a seu respeito sobre José Carlos Dias (por quem, aliás, tenho enorme apreço)? Será que os clientes deste outro criminalista são todos inocentes? A origem do dinheiro deles é menos ilícita? Ou o ex-ministro de FHC atende de graça?
Bastos teria cobrado R$ 15 milhões do bicheiro. A cifra é astronômica, concordo. Mas isso é problema do Fisco. Como é problema do Neymar com o IR o quanto ele ganha por ser o melhor. Pessoal não reclama o tempo todo que jogador ganha além do que deveria?
Quando ministro, MTB iniciou uma dedetização no Judiciário e na polícia, promoveu o desarmamento e sempre teve a defesa das minorias como prioridade. Ele vota no PT? Ninguém é perfeito. Mas, em vez de ficar de picuinha contra ele, que tal prestar atenção ao que realmente interessa? Exemplo: como votou e irá votar daqui para frente o ministro Gilmar. Vamos ficar de olho?
O parto da escrita - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 01/06
SÃO PAULO - No "Equilíbrio" da última terça, Rosely Sayão veio em socorro de uma professora cujos alunos em fase de alfabetização se recusam a escrever manualmente.
De acordo com os diabretes, fazê-lo seria uma inutilidade, já que o teclado é hoje onipresente.
A colunista defende a escrita manual e, mais especificamente, a letra cursiva, afirmando que sua preservação é uma questão de cidadania, já que existem ainda muitas pessoas que não têm acesso à tecnologia.
Em grandes linhas, concordo com a psicóloga, mas tenho uma ou duas coisinhas a acrescentar. Rabiscar caracteres à mão -pode ser em letra de forma; eu não colocaria tanta ênfase na cursiva- parece ser um elemento importante para que as crianças dominem o código alfabético.
O problema é que, ao contrário da linguagem falada, que é um item de fábrica no ser humano (não há bando que não disponha de um idioma), a escrita, com seus 5.500 anos, é uma invenção relativamente moderna e rara. Não surgiu mais do que três ou quatro vezes ao longo da história.
Nossas mentes, forjadas para uma existência pré-histórica, não lidam tão bem com esse código. Trabalhos de neurocientistas como Maryanne Wolf e Stanislas Dehaene mostram que o ato de ler implica reprogramar o cérebro, integrando, com a criação de conexões neuronais, estruturas especializadas em percepção visual, processamento léxico e fonológico e cognição. Essas novas sinapses permitem que áreas tão diversas sejam cooptadas para trabalhar com harmonia e rapidez, nos dando a falsa impressão de que ler é natural.
Uma outra neurocientista, Karin Harman James, sustenta que a escrita manual, o desenhar das letras, ao acrescentar uma dimensão motora a essa sinfonia, contribui para catalisar o aprendizado e fixar melhor os elementos da escrita na memória.
A pergunta não é se jovens precisam escrever à mão, mas a partir de que idade podem deixar de fazê-lo.
O embate - LUIZ GARCIA
O GLOBO - 01/06
Se não é uma primeira vez, pelo menosestamos diante de fato raríssimo. Tudo bem, não é a primeira vez que Brasília inova e surpreende. Acontece que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes passou a figurar, esta semana, na lista dos senhores a ter o possível desprazer de serem chamados a conversar com uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Pensando bem, acho que é coisa inédita mesmo.
Seja como for, o desprazer se agrava pelo fato de se tratar da comissão que investiga as relações com empresas, parlamentares e governadores do bicheiro Carlos Augusto Ramos, mais conhecido como Carlinhos Cachoeira. Não há informação confiável sobre a substância que jorra nessa cachoeira. Nem é convocação que costume atingir os membros do STF. Mas Gilmar cometeu a imprudência — o que nas altas esferas do poder é considerado grave pecado — de ter mantido, numa viagem à Alemanha, cordiais contatos com o senador Demóstenes Torres (que está deixando o DEM e ainda não achou legenda que deseje abrigá-lo; no atual cenário político, dar bom-dia a esse senador é algo parecido com usar bombarelógio como despertador.)
Demóstenes é apontado pela Polícia Federal como o principal braço político de Carlinhos Cachoeira. Gilmar, como dizem os meninos lá de casa, não está numa boa. Sua primeira tentativa pública de defesa incluiu o argumento de que o Brasil não é a Venezuela — lembrando o hábito desagradável do ditador Chávez de, quando contrariado, botar juízes na cadeia. Ele não chegou ao ponto de afirmar que há risco disso nestas bandas, mas sua explicação não deixou de ser imaginosa: ela sugere que talvez, quem sabe, haja uma conspiração sinistra para enfraquecer o STF. Coincidiria com o momento em que o tribunal se prepara para julgar o processo do mensalão. Para quem já esqueceu, foi aquele escândalo, no governo Lula, de compra de votos de parlamentares; 40 foram denunciados e sei lá o que aconteceu depois; provavelmente, o processo avança, lépido como uma tartaruga idosa.
Enfim, esperemos pelo embate entre o ministro do Supremo e os seus interrogadores na comissão do Congresso. Em que vocês apostam: duro interrogatório ou troca de gentilezas?
P.S.: Ao contrário do publicado aqui na terça passada, o ministro Gilmar Mendes admitiu ter encontrado o senador Demóstenes Torres na Alemanha, e não o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Caixinha de maldades - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 01/06
Após a convocação de Agnelo Queiroz (DF) à CPI do Cachoeira, partidos aliados de Dilma Rousseff tramam novo sobressalto ao PT. Com anuência do PMDB, o PSC requisitou a convocação da ministra Miriam Belchior (Planejamento) e de Erenice Guerra (ex-Casa Civil) para explicar os contratos da Delta no PAC.
A ideia, segundo os artífices da manobra, é colocar o Planalto sob a mira da comissão. A estratégia é amparada sobretudo na insatisfação de siglas como PTB, PR e PP, que perderam postos estratégicos no governo. "Se o PT não fizer composição rápido, vai ser golpe atrás de golpe", reconhece um grão-petista.
Onde pega A relação entre os dois maiores partidos da base desandou quando o PMDB evitou embarcar na ofensiva petista contra a mídia. Em seguida, o PT avalizou a quebra de sigilo da Delta nacional, até então blindada pelos peemedebistas.
Roupa suja De um deputado do PT, sobre a articulação peemedebista que, com votos de outros partidos, poupou Sérgio Cabral e levou Agnelo à CPI: "Existe lavagem de dinheiro. O PMDB, anteontem, lavou votos".
Múltipla escolha Em enquete no seu site, Anthony Garotinho (PR-RJ) pergunta quem pagou os honorários de Márcio Thomaz Bastos na defesa de Carlinhos Cachoeira. O deputado apresenta cinco opções: Cabral, Fernando Cavendish, Demóstenes Torres, Agnelo e Marconi Perillo.
Timing 1 Ricardo Lewandowski faz circular nos bastidores do STF que o imbróglio entre Lula e Gilmar Mendes não interferirá no cronograma de revisão do ação penal do mensalão. Quem acompanha a rotina do Supremo diz que qualquer gesto do ministro agora sugeriria pressão.
Timing 2 O Planalto foi avisado de que funcionários dos ministérios das Relações Exteriores e do Meio Ambiente estudam entrar em greve, reivindicando aumento salarial, durante a Rio+20.
Protocolo Aprovado anteontem, o indicativo de candidatura própria do PSB paulistano foi articulado pela cúpula estadual e municipal para documentar a resistência de ala expressiva da sigla à provável aliança com Fernando Haddad. Socialistas aliados de Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab querem dar ao acordo com o PT o carimbo de decisão vertical.
W.O. Ausente da sabatina da Recordnews, José Serra não foi o único político a deixar a emissora de TV na mão nos últimos dias. Na semana passada, o ex-ministro José Dirceu desmarcou de última hora entrevista que concederia ao canal de notícias controlado pela Igreja Universal.
Oremos O núcleo evangélico da campanha de Serra fez encontro inaugural ontem. Hoje, Haddad vai à Cúria Diocesana de Santo Amaro falar com padres e bispos.
Cansei Pré-candidato do PTB, Luiz Flávio Borges D'Urso foi convidado pela bancada tucana na Câmara de São Paulo para discursar hoje em seminário que discutirá os "recentes fatos que envolvem os três Poderes".
Terceira via O PMDB lançou ontem Mário Kertész à Prefeitura de Salvador, sepultando a chance de aliança com ACM Neto (DEM). A campanha reeditará a disputa entre Geddel Vieira Lima e Jaques Wagner, do PT, que apoia Nelson Pellegrino.
Visita à Folha Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Hudson Carvalho, assessor.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Esse PSDB que protege Sérgio Cabral não merece respeito. Todos os governadores devem explicações. Votar para esconder fatos é se igualar a eles."
DO EX-DEPUTADO MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ), criticando em seu Twitter a conduta de colegas de partido que votaram contra a convocação do governador fluminense para depor à CPI do Cachoeira.
contraponto
Chão de fábrica
Após impasse na reunião de ontem no Planalto sobre isenção de Imposto de Renda na PLR, Miguel Torres (Força Sindical) pediu que representantes do governo deixassem a sala para que os sindicalistas fechassem contraproposta. Ao se levantar, Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), que dirigia os trabalhos, disse:
-Quero que vocês levem em consideração que, apesar da dura negociação, nós não somos patrões.
Torres interveio, deixando Carvalho ruborizado:
-Mas a proposta apresentada é [de patrão]!
Comissão de interesses - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 01/05
Dez dias atrás, exposta à ridicularia do mudo depoimento do contraventor Carlos Augusto Ramos na CPMI batizada com o seu apelido, Cachoeira, a investigação do Congresso sobre a sua teia de relações ilícitas com políticos, funcionários e homens de negócio parecia ter entrado num beco sem saída. Diante do risco iminente de descrédito, por não ter acrescentado até então uma única vírgula aos resultados das operações da Polícia Federal (PF) que deveriam servir-lhe de plataforma para novas apurações, a comissão finalmente resolveu cruzar a porta providencial que a maioria governista de seus membros fingia não ver.
A travessia foi a aprovação da quebra dos sigilos em âmbito nacional da construtora Delta, a empreiteira preferida do Planalto e do Palácio Guanabara, cujo titular, Sérgio Cabral, é compadre do seu dono e, até bem pouco, administrador, Fernando Cavendish. O que fez girar a maçaneta foi a descoberta do Ministério Público de Goiás de que o então homem forte da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu - que formava com Cachoeira e o senador Demóstenes Torres o triângulo de traficâncias traçado pelas escutas da Polícia Federal -, tinha procuração para movimentar uma dezena de contas da matriz, no Rio de Janeiro. De uma delas saíram R$ 39 milhões para firmas fictícias usadas pela organização de Cachoeira.
O passo seguinte da CPMI rumo à sobrevivência foi a decisão de ouvir o governador goiano, Marconi Perillo. Foi para destruí-lo que o ex-presidente Lula incentivou a abertura do inquérito. Em 2005, quando rebentou o escândalo do mensalão, o político tucano tornou público que já o tinha advertido para os rumores da compra de votos na Câmara orquestrada pelo PT. A revelação derrubou a alegação de Lula de que desconhecia a enormidade. De todo modo, não faltavam evidências da proximidade de Perillo com o bicheiro. O seu nome foi citado 237 vezes em conversas profanas de integrantes do esquema Cachoeira. Por exemplo, com a chefe de gabinete do governador, que lhes transmitia fatos sigilosos.
Sem falar no telefonema de parabéns que ele deu ao contraventor, chamando-o de "liderança", e na nebulosa história da casa de Perillo comprada por Cachoeira com dinheiro da Delta. No entanto, a necessária convocação do governador, aprovada anteontem por unanimidade, resultou de um arranjo. Para obter o assentimento da minoria oposicionista do colegiado, o PT teve de aceitar a inclusão na pauta de deliberações da oitiva do companheiro Agnelo Queiroz, titular do governo do Distrito Federal. Ele foi citado em 58 telefonemas grampeados e o seu então chefe de gabinete foi acusado de receber propina para favorecer a Delta em contratos com a administração.
Diferentemente de Perillo, porém, só há registro de um contato pessoal de Agnelo com Cachoeira - quando o atual governador de Brasília, ainda no PC do B, dirigia a Anvisa e este acumulava o negócio da batotagem com a produção de medicamentos. Não seria uma grave omissão da CPI deixar de ouvi-lo, ao menos agora. Mas a convocação passou, por 16 votos a 12, por um motivo alheio ao inquérito: representantes do PP, PSB, PR, PTB e PSC deram o seu sim para se vingar da presidente Dilma Rousseff pelo atraso na liberação de verbas de emendas parlamentares e no preenchimento de vagas no segundo e terceiro escalões do governo.
Mais uma prova de que a CPI, mesmo quando avança, é uma comissão de interesses partidários, foi o acordo do PMDB com o PT para tentar barrar a oitiva de Agnelo, em troca do apoio petista à não convocação do correligionário Sérgio Cabral, o amigão de Cavendish, da Delta. A convocação do governador foi rejeitada ao final de uma tensa negociação. O PSDB queria que ele fosse chamado, assim como Agnelo, para compensar a convocação de Perillo - um toma lá dá cá ao avesso. Cabral foi poupado por 17 votos a 11. Dos cinco tucanos, três fizeram parte da maioria. Se tivessem se juntado aos outros dois, o resultado seria um empate - e um impasse.
O ponto é que Cabral não aparece em nenhum dos mais de 200 mil grampos da PF. Antes de a CPI mastigar a numeralha dos sigilos quebrados da Delta, não há por que chamá-lo a se explicar.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 01/06
Participação de turista da América Latina sobe no país
Com a crise nos tradicionais mercados emissores de turistas da Europa, cresce a participação de visitantes latino-americanos no Brasil, segundo a Embratur.
Países como Itália, Portugal e Espanha permanecem entre os dez primeiros, mas, assim como os Estados Unidos, perderam força como origem de visitantes.
O aumento foi de mais de 23% em 2011 no número de voos, segundo levantamento com base em dados do Panrotas, e superior a 22% nos assentos pela região.
A tendência começou há quatro anos, mas se consolidou apenas com os números de 2011, segundo Flávio Dino, presidente da Embratur.
"Há vários fatores, como a crise na Europa, a melhoria na conexão aérea, os grandes eventos atrativos e a proximidade entre os países vizinhos", afirma.
A meta de Embratur é alcançar 10 milhões de turistas no Brasil por ano após a Olimpíada.
O número só poderá ser obtido com o aumento do fluxo na América Latina, de acordo com Dino.
"Temos que atingir 60% de visitantes da América Latina. Hoje eles representam 50%."
O setor se desenvolve com mais força baseado no turismo da própria região, como ocorre na Europa.
"Cerca de 83% do turismo na Europa é feito por europeus. Estamos longe disso.
Temos que crescer em termos absolutos subindo o peso dos vizinhos", afirma.
FIGURINO COMPLETO
A marca de sapatos Schutz vai começar a vender roupas.
A empresa desenvolveu uma linha de produtos como jaquetas, saias e calças de couro, além de outros itens que começam a ser vendidos na loja de 260 metros quadrados que será reinaugurada na Oscar Freire, em São Paulo, na próxima semana.
Haverá um espaço destinado às novas peças.
"Após realizar pesquisas, percebemos que as consumidoras sentiam necessidade de mais produtos ligados ao estilo da marca", afirma Alexandre Birman, fundador e diretor criativo da Schutz e vice-presidente da Arezzo & Co.
A criação será própria, mas a produção será terceirizada, segundo Birman.
A escolha das peças que serão destinadas a cada loja da rede dependerá da possibilidade de inserir provadores nas unidades.
MOSCA BRANCA
Profissionais com visão estratégica e habilidade analítica são os mais difíceis de encontrar para cargos de alta gerência, segundo a EIU (Economist Intelligence Unit).
Um levantamento da empresa mostra que, para 43% dos entrevistados, a falta de trabalhadores com as competências adequadas pode fazer a empresa perder oportunidades de expansão.
Conceder autonomia ao funcionário é o método mais utilizado para mantê-lo na empresa e aumentar a produtividade, segundo a pesquisa.
BRASA NO SHOPPING
A rede de restaurantes Griletto, voltada para a alimentação em shopping centers, investirá cerca de R$ 25 milhões para abrir 48 unidades até o fim deste ano.
Entre as cidades que receberão novas lojas em 2012 estão Teresina, Maceió, Brasília e São Paulo.
"A maior parte das inaugurações será em outubro e novembro", afirma o fundador da rede, Ricardo Alves.
A expansão será realizada em todas as regiões do país, com exceção da Norte. "Ainda temos um problema logístico para levar as mercadorias até lá", diz.
A companhia pretende, a partir de 2013, repetir no Norte a mesma estratégia usada desde a criação da marca, em 2004. "Queremos abrir uma loja própria para sentir o mercado e analisar o padrão de alimentação. Depois comercializamos franquias."
Em campo Após ser escolhida pela Fifa a escola de inglês oficial da Copa, a Wise Up espera aumentar em 50% o número de alunos. A rede selecionará voluntários para o evento.
Visita Mais de 365 mil pessoas virão para SP neste mês para 14 feiras de negócios, diz a Ubrafe (entidade do setor). A expectativa é de movimentar R$ 3 bilhões na cidade no ano.
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