Na semana passada, comentei com alguém que, por aqueles dias, iria participar de um evento da Folha sobre Paulo Francis. Um ponto de interrogação surgiu sobre a cabeça do rapaz. O nome Paulo Francis não lhe dizia nada. Perguntei sua idade. "Trinta e dois", respondeu. Bem, Francis morreu há 15 anos, em 1997, donde o jovem -nem tão jovem-estaria com 17 quando isso aconteceu. Já tinha idade para conhecer Francis pela TV. A não ser que só assistisse ao canal de desenhos animados.
Imagino a decepção de Francis se soubesse que, tão pouco depois, estaria tão esquecido. Gostava de ser popular e valorizava mais esse reconhecimento do que deixava transparecer. Certa vez, foi abordado em Nova York pela mulher de um poeta vanguardista brasileiro. Ela era sua fã; o marido, não. Perguntei-lhe sobre o que falaram. "Discutimos o preço das geladeiras em São Paulo", ele riu. Mas, no fundo, gostou.
Em 1979, quando João Bosco e Aldir Blanc compuseram "O Bêbado e a Equilibrista", tiveram de referir-se ao "irmão do Henfil" para falar de Betinho, então um importante exilado político, mas solidamente desconhecido das grandes massas. Henfil, ao contrário, era popularíssimo como cartunista. Veio a anistia, Betinho voltou para o Brasil e tornou-se, ele próprio, uma figura pública.
Em 1988, Henfil morreu. Quinze anos depois, em 2003, ao dar uma entrevista sobre qualquer assunto, mencionei-o. O repórter (de uma conhecida revista semanal) não sabia de quem se tratava. Ou seja, com apenas 15 anos de ausência, Henfil já fora esquecido. E Betinho, por sua vez, morreu em 1997 -também há 15 anos. Ainda saberão quem foi?
"De 15 em 15 anos, o brasileiro esquece o que aconteceu há 15 anos", sentenciou Ivan Lessa, aliás, amigo de Francis. Donde, se quiser sobreviver, não morra.
Imagino a decepção de Francis se soubesse que, tão pouco depois, estaria tão esquecido. Gostava de ser popular e valorizava mais esse reconhecimento do que deixava transparecer. Certa vez, foi abordado em Nova York pela mulher de um poeta vanguardista brasileiro. Ela era sua fã; o marido, não. Perguntei-lhe sobre o que falaram. "Discutimos o preço das geladeiras em São Paulo", ele riu. Mas, no fundo, gostou.
Em 1979, quando João Bosco e Aldir Blanc compuseram "O Bêbado e a Equilibrista", tiveram de referir-se ao "irmão do Henfil" para falar de Betinho, então um importante exilado político, mas solidamente desconhecido das grandes massas. Henfil, ao contrário, era popularíssimo como cartunista. Veio a anistia, Betinho voltou para o Brasil e tornou-se, ele próprio, uma figura pública.
Em 1988, Henfil morreu. Quinze anos depois, em 2003, ao dar uma entrevista sobre qualquer assunto, mencionei-o. O repórter (de uma conhecida revista semanal) não sabia de quem se tratava. Ou seja, com apenas 15 anos de ausência, Henfil já fora esquecido. E Betinho, por sua vez, morreu em 1997 -também há 15 anos. Ainda saberão quem foi?
"De 15 em 15 anos, o brasileiro esquece o que aconteceu há 15 anos", sentenciou Ivan Lessa, aliás, amigo de Francis. Donde, se quiser sobreviver, não morra.
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