quarta-feira, outubro 12, 2011

ANCELMO GOIS - Sargento Garcia

Sargento Garcia
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 12/10/11


Mário Henrique Simonsen, o grande economista falecido, certa vez brincou sobre o colega  Thomas Sargent, que acaba de ganhar o Nobel de Economia:
– Não é lá essas coisas. Se fosse, não seria Sargent, mas “Major” ou “Coronel”.

‘PARECE BOMBRIL’ 
A 4ª Câmara Cível da Bahia, em ação do advogado Raul Gravatá, pela Sony, reconheceu que “não houve conotação racista” na música Veja os cabelos dela (1996), de Tiririca, o deputado.
Uma estrofe diz: “Parece Bombril de ariá (sic) panela.../ Essa nega fede, fede de lascar”.

FOGO AMIGO NO PCDOB 
É dura a vida de Orlando Silva, o ministro dos Esportes.
Filiado ao PCdoB, ganhou a missão de evitar a aprovação do projeto da colega Manuela D’Ávila que dá meia entrada a estudantes de até 29 anos na Copa.

O BOM VELHINHO 
Chegou ao concurso de marchinhas da Fundição Progresso, no Rio, uma que homenageia o finado vice José Alencar.
Composta por Paulo Santos, de Brasília, chama-se O bom velhinho. Trecho: “Zé Alencar, o bom velhinho/ Deixou recado para todos da nação/ Ele falou que a vida é passageira/ E que não deixem entristecer o coração”.

QUIOSQUE DA GLOBO 
A TV Globo, que volta e meia usa quiosques da orla do Rio em novelas, vai construir um exclusivo, em Copacabana.
Ficará em frente ao MIS. A ideia é usá-lo também para a venda de produtos licenciados e entradas ao vivo do jornalismo.

ALMA DO RIO 
Grávida de um menino, a apresentadora Cynthia Howlett lançará um livro pela Réptil Editora chamado Alma do Rio.
É um panorama de 30 bairros da cidade com depoimentos de ilustres moradores, como Zico, Tia Surica e o gari Sorriso.

CALMA, GENTE 
Amigo de Roberto Campos e editor de seus livros, José Mário Pereira divulgou o e-mail que mandou a Marcos Vilaça, presidente da ABL, acusando-o de “capitular à nomenklatura” e deixar os 10 anos da morte do economista passarem em branco.
Diz que a ABL usa a desculpa da falta de datas, mas achou espaço para homenagear o historiador Nelson Werneck Sodré, que, “embora mereça”, não foi da Casa. O comunista Sodré completou 100 anos de nascimento.

JÁ... 
A ABL diz que, antes desse protesto, agendou para novembro uma homenagem a Roberto Campos, a cargo do acadêmico Merval Pereira.

EDU LOBO ETERNO 
Edu Lobo, 68 anos (Arrastão, Ponteio), terá a vida eternizada nos Depoimentos Para Sempre do MIS, no Rio. Merece.

CSI SALIÊNCIA 
Um craque da bola que fez sucesso na Europa e hoje atua num time carioca (não é o R10) foi à Solarium, casa de saliência no Jardim Botânico.
Fez lá o que você está pensando. Estava com um amigo a tiracolo que, acredite, limpava até as impressões digitais do jogador.

MARTHA MEDEIROS - Pensamentos repetitivos



Pensamentos repetitivos
MARTHA MEDEIROS 
ZERO HORA - 12/10/11

Minha geração cresceu buscando liberdade, bem diferente dos adolescentes de hoje, que trocaram o idealismo por um notebook. Um jingle da época dizia que liberdade era uma calça velha, azul e desbotada, mas isso era apenas uma metáfora para uma liberdade que significava morar sozinho, trabalhar e tomar as próprias decisões – os alicerces para a independência.

O tempo passou e nossa independência se adequou às responsabilidades da vida adulta. Casamento, profissão, paternidade: nos mantivemos livres, pero no mucho. A liberdade plena passou a ser exercitada apenas em área restrita: dentro da nossa cabeça. Ainda podemos pensar o que quisermos. Nosso poder de criatividade segue intacto. E incentivo para exercitar o cérebro nunca faltou: livros, jornais e uma rede de informações que cresce a cada dia.

No entanto, em vez de usar o cérebro como uma forma de libertação, ficamos escravizados por ele. Muitos preferem segurança à liberdade, e então criam um pacote de pensamentos repetitivos ao qual se agarram por décadas, sem nem questionar, sem nem se dar conta de que talvez já não pensem mais daquela maneira.

“Nunca vou conseguir fazer isso”, “Não fui feito para tal coisa”, “Jamais financiarão essa minha ideia maluca”, “Meu pai não me perdoaria”, “Fulana não vai mudar” são pensamentos recorrentes que impedem que arrisquemos.

Não passa pela nossa cabeça que o pai perdoaria, sim, e que ideias malucas podem encontrar incentivadores, e que só é impossível conseguir aquilo que não ousamos tentar. Mas você topa pensar diferente do que pensava antes? É esse o acordo.

Ninguém vai virar um Einstein ou um Steve Jobs por desamarrar-se de suas crenças imutáveis. Mas há um ganho real em ser capaz de abandonar os pensamentos de estimação, mesmo que considere estar traindo a si mesmo. Ora, se as pessoas não conseguem nem mesmo manter suas juras de amor eterno ao parceiro, por que precisam manter juras de amor eterno a um pensamento estagnado?

Pode-se viajar pelo mundo, ir para um lado, para o outro, mas quem continua pensando sempre igual, quem não reavalia suas convicções, permanece imobilizado.

Abandonar uma postura, reposicionar-se, experimentar. Esse é o verdadeiro espírito de liberdade que Steve Jobs deixou como herança, e esse espírito é mais importante que a invenção de iPods, iPhones e iPads, ferramentas modernas, mas que também são manuseadas por gente travada. Pensar diferente não é criar ou usar tecnologia: é recriar-se e usar-se. E isso é possível a qualquer um.

PAULO SANT’ANA - Minha namorada



Minha namorada
PAULO SANT’ANA 
ZERO HORA - 12/10/11

Eu gosto de ser quem sou, já me adaptei à minha própria pessoa. Mas para uma coisa só eu não queria ser eu: eu queria ser outrem para poder conhecer o Paulo Sant’Ana. Não sei se me entendem.

Vou tentar explicar melhor: ao nascer Paulo Sant’Ana, perdi a grande oportunidade que os outros têm: a de conhecer Paulo Sant’Ana, a de ler Paulo Sant’Ana, a de sentir Paulo Sant’Ana.

Ao nascer Paulo Sant’Ana, não pude me tornar amigo de Paulo Sant’Ana, não pude ser fã de Paulo Sant’Ana.

É verdade que sou o maior fã de mim mesmo, mas é que eu queria ser fã do Paulo Sant’Ana outra pessoa que não fosse eu.

Assim é que fui destituído da capacidade deliciosa de curtir o Paulo Sant’Ana. Não que eu não me curta, mas é que quando me curto me torno altamente suspeito.

E, no entanto, eu queria, sendo outra pessoa, apaixonar-me pelo Paulo Sant’Ana. Poder jantar com ele, sentar numa mesa de calçada da Rua Padre Chagas com o Paulo Sant’Ana, ouvir suas tiradas geniais, escutá-lo recitar os poemas talhados para o assunto da conversa, sentir junto dele a inspiração descer-lhe sobre a mente e o coração e ele pronunciar aquelas sentenças sublimes que pronuncia.

Eu queria ser, em suma, testemunha ocular e sensitiva das sacadas do Paulo Sant’Ana. Eu queria me fazer companhia de todos os dias do Paulo Sant’Ana, eu queria ser patrão dele, ou ser empregado dele, eu queria ser amigo dele, eu queria ser namorada dele.

Que oportunidade que eu perdi, sendo Paulo Sant’Ana, de contracenar com ele!

E a todas as pessoas contemporâneas, inclusive você, leitor ou leitora, foi dada a oportunidade na vida de conhecer Paulo Sant’Ana. Só não foi dada a mim, entendem leitores?

Ah, se eu pudesse ser namorada do Paulo Sant’Ana, sentir as suas mãos enlaçar os meus cabelos enquanto ele cantava para mim os melhores versos do cancioneiro brasileiro.

Se eu fosse namorada do Paulo Sant’Ana, deitar-me-ia numa rede e pediria que ele passasse a tarde inteira fazendo frases para mim, as melhores frases, as frases românticas ou filosóficas que ele sabe tão genialmente criar que melhor coubessem no nosso caso de amor.

Se eu fosse namorada do Paulo Sant’Ana, toda hora eu lhe traria milk-shake de morango com pastéis de abóbora, para que ele se nutrisse e me desse ainda maiores enlevos do que já me houvesse dado.

Se eu fosse namorada do Paulo Sant’Ana, eu só quereria que ele a toda hora me exaltasse, me elogiasse, me cantasse debaixo da árvore que nos daria a sombra e derrubaria suas flores sobre nós.

Se eu pudesse ser namorada do Paulo Sant’Ana, eu sairia gritando todos os dias pelas ruas, com um alto-falante, que eu amava o homem mais encantador do mundo, que ao nosso amor já não bastava o mundo e que nós com certeza precisávamos ir para o céu, este, sim, o cenário que tão grande amor mereceria.

RUY CASTRO - Nomes que passam



Nomes que passam
RUY CASTRO 
FOLHA DE SP - 12/10/11

RIO DE JANEIRO - A comoção pela morte de Steve Jobs continua. Para milhões de pessoas, a vida perdeu o sentido -como sobreviver à perda de alguém que, de seis em seis meses, lhes fornecia um aparelhinho sem o qual, de repente, não podiam passar? Para elas, ele é insubstituível. Afinal, disse alguém, Steve Jobs era Leonardo da Vinci e Thomas Edison em um só. Outro previu que o impacto de suas criações se refletirá até o fim do milênio.
Com todo respeito pelos fãs enlutados, peço vênia para discordar. Acho que a memória do nome de Steve Jobs mal sobreviverá ao fim da década. Será soterrada pelo surgimento de outras criações e outros criadores, a um ritmo como o que foi imposto por ele próprio e pelos que o antecederam em seu ramo -programado para tornar caduco tudo que foi produzido outro dia mesmo. É o destino dos inventores. Seus inventos ficam ou não. Mas eles se evaporam.
Veja 1901. Coisas realmente originais surgiram naquele ano: a linha de montagem, a gilete, a câmera fotográfica portátil, o café solúvel, o transmissor de rádio, a lâmpada de mercúrio, a lente zoom, a laparoscopia, a radioterapia -estas últimas parecem-me mais importantes do que telefones com mil e uma utilidades. E alguém se lembra do nome dos responsáveis por tais maravilhas?
Não. Pior, suas façanhas foram atribuídas a outros. O criador da linha de montagem, por exemplo, foi o americano Ransom Olds (1864-1950), proprietário da Oldsmobile. Mas quem levou a fama foi Henry Ford, que a aplicou em suas fábricas. E King Camp Gillette (1855-1932) aposentou mundialmente a navalha e se tornou sinônimo de seu produto, mas quem entre nós sabe algo sobre ele?
Para não ir longe: o primeiro telefone celular surgiu na Finlândia, em 1991. Quem foi seu pai, se é que teve só um?

GOSTOSA


HÉLIO SCHWARTSMAN - Nova ciência da moral



Nova ciência da moral 
HÉLIO SCHWARTSMAN 
FOLHA DE SP - 12/10/11

SÃO PAULO - A notícia publicada ontem em Ciência de que bebês de 15 meses já dispõem de um senso de justiça rudimentar acrescenta mais um tijolinho à disposição dos pesquisadores que tentam fundar a nova ciência da moral.

Uma das ideias centrais dessa protodisciplina é a de que a faculdade moral é um instinto. A analogia que cabe é com a teoria da gramática universal de Noam Chomsky. Da mesma forma que nossos cérebros são equipados com um hardware linguístico, que nos habilita a aprender praticamente por osmose o idioma ao qual somos expostos na primeira infância, nossa cachola também já viria com uma moral de fábrica.

Não se trata, por certo, de um código penal, uma lista pronta e acabada de todas as ofensas possíveis e as respectivas punições, mas de um conjunto de princípios elementares, comuns a toda a humanidade, como as noções de justiça, pureza e autoridade. Elas se combinariam umas com as outras e também com elementos culturais para formar toda a exuberância de padrões morais observáveis nos mais diversos grupos.

A maioria dos estudiosos da moral para por aqui -o que já é um projeto para gerações. A exceção é o neurocientista Sam Harris, que, em "The Moral Landscape" (a paisagem da moralidade), sustenta que é possível, ao menos em princípio, usar a ciência para decidir quais valores morais são corretos e quais são errados.

O critério de verdade escolhido por Harris, na melhor tradição utilitarista, é o bem-estar. Assim, práticas morais que contribuem para aumentar a felicidade das pessoas, como tratar bem o próximo, são validadas pela nova ciência. Já hábitos que fazem crescer a miséria humana, como castigos corporais, tornam-se uma chaga a eliminar.

Com esse engenhoso mecanismo, Harris consegue, de um só golpe, atacar seus adversários à esquerda (multiculturalismo, relativismo) e à direita (religião, tradicionalismo).

MARCELO COELHO - O poeta que quase morreu



O poeta que quase morreu
MARCELO COELHO 
FOLHA DE SP - 12/10/11

Tranströmer recorre a uma espécie de anulação da subjetividade para deixar que as imagens apareçam


Meu hábito não é bem este, mas as pessoas em geral gostam de ler um pouco antes de dormir. Enquanto adormecia, o narrador de "Em Busca do Tempo Perdido" pensava ainda estar atento às páginas do livro que levara para a cama.
Seus pensamentos, entretanto, já tinham adotado um curso particular: "Parecia que eu mesmo me transformara no assunto da obra: uma igreja, um quarteto, a rivalidade entre Francisco 1º e Carlos 5º".
Nossa subjetividade, nosso "eu" nunca é uma coisa fixa. Acontece de virarmos outra coisa, de nos perdermos, de nos reencontrarmos. Proust, no começo do seu romance, fala do adormecimento.
O sueco Tomas Tranströmer, Prêmio Nobel de Literatura deste ano, prefere pegar a outra ponta do processo. O primeiro poema de seu livro de estreia, publicado em 1954, não fala do adormecimento, mas do momento em que despertamos. Estou longe de poder ler alguma coisa em sueco, mas uma vantagem da poesia de Tranströmer é que suas metáforas, suas imagens, sobrevivem magnificamente em tradução.
Nesse poema de seu primeiro livro, Tranströmer compara o ato de despertar a cair de paraquedas. Saltamos de nossos sonhos, diz ele, "para a zona verde da manhã".
É como mergulhar numa floresta, no rumo "do imenso sistema das raízes" que estão debaixo da terra. Provavelmente, Tranströmer está lembrando aqui um outro poema, em que Rainer Maria Rilke imagina como seria o mundo se o víssemos com os olhos dos anjos.
Mas a sensação de um mundo "de cabeça para baixo" conhece muitas variações na obra de Tranströmer. Em "O Paraíso Inacabado", poema que dá o título de uma antologia em inglês organizada e traduzida por Robert Bly, pode-se ler um exemplo do gênio do poeta para criar imagens sempre inteligíveis, mas sempre mágicas também.
"O lago é uma janela voltada para o interior da terra", escreve Tranströmer, enquanto "toda pessoa é uma porta entreaberta/ conduzindo a um quarto onde há lugar para todos". É a mesma sensação de possibilidade, de abertura que o poeta identifica no seu estado de consciência preferido, o que marca a passagem do sono para o dia desperto.
O acaso fez com que esse momento se cristalizasse numa situação concreta. Tranströmer quase morreu num acidente de carro e escreveu sobre isso no poema "Solidão". "Bem neste lugar eu quase morri numa noite de fevereiro./Meu carro derrapou no gelo, andou de lado,/ na outra pista. Os carros que vinham/ -seus faróis- se aproximaram./.../ Os faróis brilharam sobre mim enquanto eu girava e girava/ o volante num medo translúcido que se movia como clara de ovo."
Então, continua Tranströmer, "a terra firme apareceu: cascalho salvador/ ou uma rajada de vento miraculosa". Ele fica no carro. "Tudo ficou quieto. Eu fiquei no banco preso ao cinto de segurança/ e vi alguém se deslocando pela neve e pelo vento/ para ver o que tinha restado de mim."
É como se a comunicação, o contato humano, fossem afinal possíveis -desde que numa situação extrema, num momento de limite e de perigo. Comunicação entre o sonho e a vigília mas também comunicação entre pessoas, quando deixam de estar presas dentro de seu sonho, e de sua lucidez, de todos os dias.
Assim, num poema chamado "O Casal", tudo começa quando alguém apaga a luz, e "o globo branco no teto/ brilha um instante e se dissolve, como uma pastilha/num copo de escuridão". Logo em seguida, "as paredes do hotel levantam voo", e todas as casas da cidade "ficam mais próximas nesta noite".
Carros, tráfego, navios (Tranströmer vem de uma família de navegadores) e cartas aparecem com frequência em seus poemas. As mariposas brancas, numa noite de verão, parecem-lhe "pequenos telegramas pálidos que o mundo envia" ("Lamento"). Como todo poeta moderno, ainda que de forma mais imediata e "fácil", Tranströmer recorre a uma espécie de anulação da subjetividade para deixar que as imagens apareçam, e para que as vozes do mundo, os sons do real, tomem corpo nos seus poemas.
"Incrível perceber", diz ele em "Canções dos Pássaros de Manhã", "como meu poema está crescendo/ enquanto eu mesmo me encolho". Ele próprio poderia responder, com versos de outro poema ("Vermeer"): "Tudo o que está vazio volta seu rosto para nós/ e murmura:/não estou vazio; estou aberto".
Eis um Prêmio Nobel muito bem-vindo.

ROLF KUNTZ - O poder com o negócio


O poder com o negócio 
ROLF KUNTZ
O ESTADÃO - 12/10/11

A presidente Dilma Rousseff tenta passar à história não como grande faxineira, mas como gestora de um ambicioso plano de crescimento econômico e de eliminação da miséria remanescente.

Só não parou mais cedo a faxina porque a imprensa continuou denunciando bandalheiras na administração federal.

Se as denúncias continuarem, e não faltará material para isso, a vassoura só será encostada se ela se render,de uma vez, às pressões de seu partido e dos grupos aliados. Nesse caso, prevalecerá, mais uma vez, o grande pacto político pela predação do Estado.

O primeiro passo para romper esse pacto seria uma reforma política para valer - não, é claro, aquela em tramitação no Congresso.

O projeto já relatado e provisoriamente posto em banho- maria deixa intocados todos os males e acrescenta alguns ao sistema.

Não basta mexer no processo eleitoral e no registro de partidos, nem adianta muito adotar uma Lei da Ficha Limpa.

Alguns ladrões serão barrados, mas outros logo entrarão em campo, simplesmente porque o jogo do poder, no Brasil, é excepcionalmente lucrativo. Pode ser lucrativo no mundo todo, mas o caso brasileiro é fora do comum.

Para tornar o jogo menos tentador, seria preciso sacramentar alguns princípios simples. Contribuinte não tem de financiar partidos, nem de sustentar sindicatos, nem de entregar dinheiro para ser presenteado a ONGs. Não deve ser forçado a custear a reeleição de parlamentares.

Manter escritórios políticos tem de ser atribuição dos próprios políticos e de seus partidos, assim como as viagens de visita às bases. Não se deve usar a verba indenizatória para essas finalidades.

Secretarias, Ministérios e diretorias de autarquias e estatais são funções públicas e nenhum governante deve ter o direito de lotear cargos. Também não deve permitir a formação de feudos partidários em setores da administração.

Não pode haver cotas de grupos ou partidos nem, portanto, "cota presidencial",uma aberração ininteligível no mundo civilizado.

A"cota" de quem chefia o governo é todo o Ministério. Isso não exclui a presença de aliados no primeiro escalão, mas não por loteamento. Também é indispensável diminuir o número de postos de livre provimento.

É preciso mudar o processo orçamentário.

Sem isso,parlamentares continuarão distribuindo favores e desviando verbas por meio de emendas. Alguns defendem o sistema de emendas arbitrárias e picadinhas com o democrático, assim como o presidente do Senado, José Sarney, defendeu os privilégios dos congressistas como "homenagem à democracia".

Não há democracia nenhuma na apropriação de verbas para distribuição de benefícios a indivíduos, grupos, organizações, empresas ou mesmo cidades escolhidas de acordo com interesses pessoais do parlamentar.

O dinheiro é público, a tramitação do Orçamento é um ritual a vida pública e o parlamentar ocupa um cargo público. Mas é um abuso chamar de política pública a transformação do Orçamento numa pizza dividida segundo os objetivos privados de cada participante.

Cabe ao Executivo propor políticas e prioridades e submetê-las ao Legislativo.

Num país politicamente maduro, a discussão antecede a elaboração do Orçamento e se prolonga, muitas vezes,durante a tramitação da proposta orçamentária.

No Brasil, tem havido no máximo caricaturas desse processo. Mesmo sem comércio de emendas, sem dinheiro para organizações de fachada e sem distribuição de favores, o atual sistema resulta em desperdício de bilhões.

Mas o problema não está só nas emendas.

Faltam discussão e clareza na elaboração da proposta. A saúde é prioritária? As verbas destinadas ao setor são bem alocadas? Os programas atendem a um esquema bem definido de prioridades?A distribuição total de recursos é compatível com a importância de cada setor? Discussões desse tipo serão mais prováveis quando os parlamentares se interessarem mais pelas questões públicas.

Não será impossível chegar lá. Haverá menos mensaleiros e outros malandros, entre os candidatos, quando o Legislativo formenos parecido com um grande mercado. Ingenuidade? Não. Basta reduzir os incentivos errados ao ingresso na vida parlamentar.

O atual projeto de reforma apenas servirá, se aprovado, para reforçar as distorções. Não há um único bom motivo para forçar o eleitor a financiar os partidos - nem com verbas de campanha, nem com o fundo partidário já existente. O ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito e reeleito presidente da República, sempre com financiamento privado. Contribuições de particulares sempre serão disponíveis, se os partidos tiverem atrativo suficiente. Se o dinheiro for entregue de modo claro e dentro dos limites legais, o sistema será mais equilibrado e mais limpo do que aquele em discussão no Congresso. Não se criará mais democracia forçando os cidadãos a financiar interesses privados - como são, em princípio, os interesses partidários.

FRANCISCO DORNELLES - O estado está sob ameaça


O estado está sob ameaça
FRANCISCO DORNELLES
O GLOBO - 12/10/11 

É fato notório que o petróleo pertence à União. Que a sua exploração também é monopólio da União e que pode ser feita através de autorização ou concessão.

A Constituição assegura, entretanto, aos estados e municípios, participarem do resultado da exploração de petróleo no seu território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou receberem compensação financeira por essa exploração.

A Constituição centralizou a propriedade do bem e descentralizou o resultado de sua exploração.

Em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) — mandado de segurança n o- 24.312 de 2003 — o ministro Nelson Jobim afirmou, ao analisar o § 1 o- do art. 20 da Constituição, que durante o processo constituinte foi decidido não permitir a incidência do ICMS sobre petróleo no estado de origem — isto é, no estado produtor — e por essa razão, para contrabalançar, decidiu-se também dar a esses estados e municípios uma compensação financeira — royalty e participação especial — que ficou consagrada no mencionado dispositivo constitucional.

No mesmo julgamento, o STF decidiu, com fundamento no relatório da ministra Ellen Gracie, que a participação e a compensação aos estados e municípios no resultado da exploração de petróleo são receitas originárias destes últimos entes federativos.

Com base na Constituição, bem como na lei 9.478/97 e no decreto 2.705/98, que fixaram o percentual de royalties e de participação especial devido aos estados pela exploração do petróleo, o Estado do Rio de Janeiro, no contexto de negociação com a União, vinculou essa receita ao pagamento da dívida do estado com a União. Destinou, também, 5% ao fundo estadual de conservação ambiental, transferindo o restante para a capitalização do Rio Previdência — fundo único da previdência social do estado.

A supressão dos recursos oriundos de royalties e de participação especial de áreas já licitadas retiraria, portanto, do Estado do Rio de Janeiro recursos já comprometidos contratualmente com a União, com base na legislação vigente na data de assinatura do contrato de renegociação da dívida, bem como da capitalização do Rio Previdência. Tal situação levaria o estado à completa insolvência, o que permitiria, inclusive, que o Tesouro Nacional sequestrasse o caixa do estado para garantir o pagamento em dia da dívida renegociada.

No campo financeiro, é importante indicar que a Receita Federal arrecadou para a União no território do Rio de Janeiro em 2010 o montante de 118 bilhões de reais e transferiu ao estado, a título de fundo de participação, cerca de 600 milhões, ou seja, 0,5% do valor arrecadado. Isso significa que, dos 118 bilhões de reais arrecadados no Rio de Janeiro, mais de 117 bilhões foram transferidos para fora do estado.

Pelo fato do ICMS do petróleo não ser arrecadado no estado de produção, mas nos estados de destino, o Rio de Janeiro deixa de arrecadar aproximadamente 4 bilhões de reais por ano.

No momento em que se discute a modificação das regras de distribuição dos recursos dos royalties e da participação especial, é importante considerar se é possível retirar do Estado do Rio de Janeiro, em relação a campos já licitados, receita que o Supremo Tribunal Federal reconhece como sendo receita originária sua, e com base na qual foi firmado com a União um contrato de renegociação de sua dívida interna, bem como a capitalização do fundo de previdência do Estado.

JOSÈ SIMÃO - Brasil! A padroeira é a ladroeira!


Brasil! A padroeira é a ladroeira!
JOSÈ SIMÃO
FOLHA DE SP - 12/10/11

E eu não queria ver esse povo comungando, eu queria ver os políticos confessando. Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão urgente! O esculhambador-geral da República! E a manchete do Piauí Herald: "Kassab quer Justin Bieber no PSD". Rarará! No partido do Kassab até penetra é bem-vindo!
Outra manchete: "Em pleno Dia da Criança, Dilma declara que não existe a Fadinha do Dente". Declaração da Dilma no Dia da Criança: "Crianças do meu Brasil, a Fadinha do Dente não existe, coelho não bota ovo e eu vou dar uma voadora na sua mãe se ela não vier trabalhar hoje". Rarará!
E esta só pode ser piada pronta: "Nobel de Economia vai pra dois americanos". Devem ser os dois que ainda não quebraram. Ou que ainda não foram descobertos! Casa de ferreiro, espeto de pau! Eu acho que o prêmio foi concedido antes de o galo virar canja! E um leitor achou o Adriano mais magro. Mais magro que uma vaca premiada. Rarará!
E adorei esta do Tutty Vasques: a gritaria das fãs do Justin Bieber também era playback! Rarará! E a Nossa Senhora de Aparecida que me desculpe, mas a verdadeira padroeira do Brasil é a LADROEIRA! A Ladroeira do Brasil!
E como não é ano de eleição, acho que não vai ter muito político em Aparecida. O Serra vai? Vampiro em Aparecida! Ele não tem medo de crucifixo? Não, o crucifixo é que tem medo dele. O Alckmin deve ir. Porque ele é barata de igreja. Rarará!
E eu não queria ver esse povo comungando, eu queria ver os políticos confessando. E a Madonna disse que "a melhor religião do mundo é a católica, você apronta, apronta, aí confessa e faz tudo de novo". Rarará! E adorei a charge do Duke lançando o forró do Brasileirão. Especial pros times mineiros: Forró Pé na Segunda! É o novo forró do Brasileirão: Forró Pé na Segunda. É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
Jaú urgente! O prefeito de Jaú batizou duas vacas mecânicas com os nomes de duas senhoras da cidade. E ainda chama isso de homenagem! Eu chamo isso de avacalhação! Imagine ver o nome da mãe da gente numa vaca?! E uma amiga me disse que sexo na casa dela tá cada dia mais fantástico: uma vez por semana, aos domingos. Rarará!
E trabalhar em feriadão dá gastura, cobreiro de pé, calo seco, zumbido no zovido, ovo virado e dor nas costas que responde no pé! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

GOSTOSA


FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO - Qual será o futuro religioso do Brasil?

Qual será o futuro religioso do Brasil?
FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO
FOLHA DE SP - 12/10/11

Na discussão sobre a redução do percentual de católicos no país, reavivada pelo "Novo Mapa das Religiões no Brasil", da FGV, frequentemente se imagina um passado em que a ampla maioria dita católica teria o perfil que se espera do católico urbano atual. Mas o "catolicismo popular" brasileiro é muito diferente disso.

Ele sempre foi mais um "cristianismo popular", permeado por sincretismos e particularismos, em que a influência do magistério romano foi muito relativa.

Por isso, a redução do percentual de católicos no país deve ser lida como a explicitação de uma diversidade religiosa camuflada e o aflorar de visões de mundo populares antes ocultas e recalcadas.

Entre os anos de 1991 e 2009, enquanto a porcentagem de católicos caiu 15%, a dos "sem religião" aumentou apenas 2%; a de evangélicos aumentou 10%.

Isso sugere que estamos num caminho diferente da Europa, onde a religião vem perdendo espaço na sociedade, e mais próximo ao norte-americano, onde há grande diversidade de religiões e estas permanecem influentes na vida social.

A presença do fator religioso nas eleições de 2010 ilustra essa tendência e mostra como ela poderá influenciar a relação entre religiões e sociedade no futuro do Brasil.

Quanto ao catolicismo brasileiro, seu novo perfil é marcado pelo êxodo dos católicos "por convenção" e pelo surgimento de um novo polo dinâmico, representado principalmente pelos movimentos e pelas novas comunidades.

Na arquidiocese de São Paulo, por exemplo, são reconhecidos mais de 40 grupos, que variam de poucas dezenas de participantes em uma paróquia a movimentos com centenas de pessoas, que já se ramificam na Europa e nos EUA.

O laicato tem papel preponderante nessas organizações, que contam com leigos consagrados à obra, muitos dos quais celibatários.

Contando, desde João Paulo 2º, com o apoio explícito do Vaticano, conseguem uma síntese entre pluralidade e unidade. Com isso, resolveram vários problemas do catolicismo do final do século 20, como a necessidade de pluralismo interno, a autonomia dos leigos, a falta de padres e o celibato.

No Brasil, seu grande desafio é formativo, pois se propõem à exigente tarefa de conciliar renovação litúrgica, mística cristã, evangelização, trabalho cultural e ação social.

Os dados indicam que continuaremos a ser, no futuro, um país cristão, com um povo marcado pela religiosidade. Isso diz muito, mas deixa muito ainda por dizer.

Fundamentalismo versus racionalidade, individualismo versus solidariedade, bem comum versus clientelismo, essas são algumas das questões que estão intimamente ligadas à forma como compreendermos e praticarmos nossas opções religiosas no futuro.

MERVAL PEREIRA - O fato novo


O fato novo
 MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 12/10/11

O PSD pode não ser nem de esquerda nem de direita nem de centro, mas talvez por isso mesmo esteja no centro da política nacional pouco depois de ter sido confirmado como o 28º partido político da cena brasileira. Com uma bancada que deve ultrapassar a do PSDB na Câmara, o partido do Kassab, como já está sendo conhecido nos meios políticos, colocou o prefeito paulistano como peça-chave no cenário político paulista, dando-lhe condições de se transformar em ponto de equilíbrio da política nacional.
Em política, diz-se que só existem dois fatos insuperáveis: o fato novo e o fato consumado. O PSD une os dois.
Quem via o ex-governador José Serra por trás da formação do PSD deve ter-se surpreendido com a adesão na undécima hora do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, com status de candidato potencial à prefeitura de São Paulo.
Serra escolheu o BC de Meirelles para seus maiores ataques durante a campanha presidencial de 2010, e certamente um acordo político com ele não se casa bem com seus planos, ainda mais agora que Serra apoia decididamente a nova fase do Banco Central sob Dilma, cortando juros. Faz mais sentido um acordo improvável que já está delineado com Paulinho da Força do que com Meirelles, pelo menos na disputa em São Paulo, que mais uma vez é o centro da disputa de poder que definirá os rumos da campanha presidencial.
Um acordo do PSD com o PSDB em São Paulo, primeiro para a prefeitura e depois para o governo estadual, é um ponto a favor das pretensões de Serra desde que o candidato a prefeito venha a ser o vice Afif Domingues.
Kassab se apresentando para ser o vice de Alckmin na disputa da reeleição em 2014 abre espaço em São Paulo para José Serra e atrapalha as ambições do senador Aécio Neves, que hoje parece ter o controle da maioria partidária em termos nacionais.
Mas a reação do governador Alckmin ao anúncio de Aécio de que se dispõe a ser candidato a presidente mesmo contra Lula indica que pelo menos num primeiro momento o sentimento paulista voltou a falar mais alto.
Alckmin lembrou diversos nomes, inclusive o de Serra, e, mesmo que Aécio tenha feito o mesmo em sua entrevista, as intenções são díspares.
Aécio quis ser gentil com os companheiros, mas deixando claro que considera que a hora é sua. Já Alckmin quis claramente frear a arrancada de Aécio, mesmo que ele próprio pareça não ambicionar a tarefa de voltar a se candidatar à Presidência da República. Mas Serra, para atrapalhar Aécio, é até capaz de incensar a candidatura de Alckmin, pondo-se como candidato a governador pelo PSDB com o apoio do PSD.
E aqui voltamos ao novo partido, que tem no PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, seu maior fiador no campo político.
A possibilidade de uma fusão de siglas, cogitada no início da empreitada, parece descartada, mas, assim como em nível paulista Kassab sente-se devedor de Serra e vai apoiá-lo seja em que candidatura for, a nível nacional é Campos que tem a primazia. O pernambucano tanto pode dar um belo vice para uma reeleição de Dilma - pouco provável, a meu ver - quanto para a volta de Lula, o mais provável neste momento.
E oferecendo ainda em troca o apoio do PSD, que pode muito bem fazer as vezes do PMDB e, pelo menos no início, com custos políticos bem menores.
O conselho do ex-líder do DEM e mentor do PSD nos bastidores Jorge Bornhausen, para que Aécio Neves se aproximasse de Kassab para uma política comum para as novas gerações políticas, cada vez faz mais sentido.
O que se arma no horizonte político é uma reorganização partidária à moda antiga para dar apoio a uma nova geração, que já teve na dupla Aécio Neves-Eduardo Campos uma provável chapa presidencial e que hoje, ao sabor das mudanças de ventos políticos, tem de incluir Eduardo Campos e Gilberto Kassab.
Há um choque de gerações em andamento que pode tirar da cena figuras como Serra, mas pode também atingir o próprio Lula, que já encontra dificuldades para obter êxito em seus muitos movimentos políticos recentes.
Dentro do PT ele continua imbatível e parece estar conseguindo impor, até agora, a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo.
Porém, os fatos recentes podem atrapalhar seus planos, além da reação do grupo da senadora Marta Suplicy.
O aparecimento no horizonte do nome de Henrique Meirelles, em vez de reforçar a posição de Lula, apenas o enfraquece.
Seja porque dividiria o eleitorado petista que acredita que Meirelles também representa Lula, seja pela possibilidade de união do PSD com o PSDB em torno de seu nome.
O nome de Meirelles (e sua política ortodoxa dos juros) lembra muito mais o tripé que consagrou a política econômica de Fernando Henrique Cardoso - meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário - do que a política petista, que, aliás, no momento, parece estar se afastando imprudentemente desse tripé em busca da manutenção de um crescimento arriscado do PIB num mundo em crise.
Lula já sentiu na pele a dificuldade de se impor fora do poder quando quis trazer os partidos da base do governo para a tese da reforma política petista, de lista fechada e financiamento público de campanha, e não conseguiu a adesão da maioria.
A estratégia de Aécio, que parece bem sustentada dentro do PSDB, está sendo dificultada pelo surgimento do PSD, do qual participou só subsidiariamente em Minas.
Sua união com o PSB de Eduardo Campos já foi mais provável, mas em compensação ele pode atrair partidos da base aliada que também estão incomodados com o novo PSD, a começar pelo PMDB, que sempre teve uma queda por seu nome.
A possibilidade de a base do governo permanecer unida na próxima eleição presidencial depende da concretização da candidatura de Lula.
Somente ele, assumindo novamente a expectativa de poder que gera, pode unir partidos tão distintos sob o mesmo guarda-chuva.

FERNANDO RODRIGUES - As redes sociais


As redes sociais 
FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP - 12/10/11

BRASÍLIA - Hoje é dia de medir o humor dos brasileiros que protestam na internet. Algumas dezenas de manifestações genéricas contra a corrupção estão agendadas em mais de 20 cidades país afora.
Aqui em Brasília haverá uma marcha na Esplanada dos Ministérios. No Rio, será em Copacabana. Em São Paulo, na avenida Paulista. As convocações foram feitas sobretudo via redes sociais na web.
No 7 de Setembro houve iniciativas semelhantes. Todas fracassaram ou tiveram público muito menor do que o captado no mundo virtual. A manifestação do Rio teve 35 mil adesões no Facebook. Na rua acabaram aparecendo menos de 3.000.
Há três obstáculos principais para esses ciberativistas terem sucesso. Primeiro, conseguir que seus simpatizantes entendam que não basta apertar o botão "curtir". É necessário ir ao mundo real e aparecer em praça pública para protestar.
Aí surge a segunda dificuldade. Protestar contra o quê? Ser contra a corrupção é vago demais. Até um corrupto vai se declarar contra a corrupção se for "cutucado" por um amigo da rede social. No início da década de 80, a população foi às ruas por eleições diretas para presidente. Nos anos 90, pelo impeachment de Fernando Collor. Agora, falta uma bandeira mais específica e pontual que possa galvanizar apoios.
Por fim, a sensação de bem-estar do brasileiro é hoje incomparável com a de 10, 20 ou 30 anos atrás. A crise financeira internacional pode alterar esse clima, embora seja ainda impossível saber quando as classes médias e batalhadoras vão interromper seus passeios ao paraíso dos crediários e viagens a Miami.
"Não podemos jamais tolerar a corrupção como algo natural, pois a corrupção mata", diz a página do Movimento Contra a Corrupção (MCC), de Brasília. É verdade. Mas sempre foi assim. E a internet parece ser insuficiente para mudar a tendência à acomodação do brasileiro.

MÔNICA BERGAMO - Teixeira na linha




Teixeira na linha
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 12/10/11


O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, vai tentar convencer a Fifa a permitir as meias-entradas durante a Copa de 2014. O tema será discutido na próxima semana, em Zurique.
Terceiro lugar

Interlocutor do presidente da CBF e do Comitê Organizador Local confirma a possibilidade de um acordo. Na "escala de preocupações" da Fifa, a meia-entrada seria o terceiro maior problema, atrás das discussões sobre os direitos de TV e a proteção aos parceiros comerciais da entidade. "A Fifa não é intransigente", afirma o interlocutor de Teixeira. Já a presidente Dilma Rousseff afirmou à coluna que não recuará neste assunto.

MENOS DA METADE
Caso não haja acordo, o relator da Lei Geral da Copa, Vicente Cândido (PT-SP), defende que o governo estabeleça cotas para a meia-entrada. "Dos 3,5 milhões de ingressos, só 900 mil serão vendidos no Brasil. Se estabelecermos [a cota] em 30%, ninguém será prejudicado."

BAILE
Lideranças do PT de SP pediram a Dilma Rousseff que ela faça um "apelo" a Marta Suplicy para que não concorra à Prefeitura de SP em 2012. A presidente diria publicamente que "precisa" de Marta no Senado. Isso daria à petista um discurso para desistir de disputar as prévias do partido contra Fernando Haddad, lançado pelo ex-presidente Lula para concorrer ao cargo.

BAILE 2
De acordo com um desses dirigentes petistas, Marta não pode sair "humilhada" da disputa com Haddad. O apoio dela seria fundamental para ajudá-lo a deslanchar na campanha eleitoral. O ministro tem hoje só 2% dos votos na capital.

MUDANÇA
Tunga deixou a galeria Millan, onde estava há mais de 20 anos. Passa a ser representado pela Mendes Wood.

GELO
O "talk show" de Roberto Justus na TV Record entrou temporariamente na geladeira. Há quem defenda que o apresentador seja aproveitado em outro formato.

TELEFONE MUDO
Vítima do acidente em que o empresário e DJ Michel Saad Neto, sócio da boate Disco, dirigia seu Porsche em alta velocidade, batendo em vários carros no Morumbi, a psicanalista Simone Varandas afirma que jamais foi procurada por ele. "Nunca falei com este senhor." O empresário chegou a dizer em entrevista que conversara com Simone, que ela estava "bem" e que "ninguém se machucou".

TELEFONE MUDO 2
A psicanalista diz que não é bem assim. Ao desviar do Porsche de Saad, que vinha em alta velocidade numa rua do Morumbi, na sexta, ela bateu seu Honda Fit num poste. "Fui salva pelo air bag, mas tive uma vértebra fraturada e escoriações." O carro teve perda total. Ela estuda processar o DJ. Saad não respondeu às ligações da coluna.

CORRENTE
Simone foi procurada pela família de Vitor Gurman, atropelado e morto por uma Land Rover na Vila Madalena, em julho. E deve se engajar em movimentos pela conscientização no trânsito.

DOSE DUPLA
Wanessa Camargo e Marcus Buaiz devem processar Rafinha Bastos tanto na área criminal quanto na cível. Querem indenização pelos danos causados pela piada em que ele dizia que "comeria" a cantora, que está grávida, e também o bebê.

AGENDA BLOQUEADA
Vai ser difícil o ex-presidente Lula atender à campanha do "CQC" para integrar, ao vivo, a bancada do programa. Segundo sua assessoria, quase todas as suas segundas-feiras estão ocupadas até o final do ano. Na próxima, por exemplo, ele estará em Madri na Conferência para o Progresso Global, evento que terá a participação dos ex-primeiros-ministros Gordon Brown, do Reino Unido, e Massimo D'Alema, da Itália.

A FESTA É DELAS
Emanuelle Junqueira foi à cerimônia de entrega do Prêmio Claudia, na Sala São Paulo, anteontem. A empresária Marília Rocca foi uma das vencedoras.

BAILA COMIGO
Isabel Matarazzo e Arnaldo Diniz foram à festa de inauguração da Ballroom. A apresentadora Luize Altenhofen também passou pela balada nos Jardins.

CURTO-CIRCUITO

O Ferrettigroup realiza de hoje a domingo o Ferretti Yacht Show, com exibição de barcos de 53 a 83 pés, em seu estaleiro em Vargem Grande (SP).

A exposição "Meu Meio" será aberta hoje, às 11h, no Sesc Interlagos. A mostra vai até julho de 2012.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RENATA LO PRETE - PAINEL



Encargo indigesto
RENATA LO PRETE
FÁBIO ZAMBELI (interino) 
FOLHA DE SP - 12/10/11

Surpreendido, o governo tenta abortar movimentação do aliado PC do B com potencial para tumultuar a votação da Desvinculação das Receitas da União, prioridade zero de Dilma Rousseff no Congresso. Instados por Jandira Feghali (RJ), deputados do partido redigiram emenda que torna obrigatória a destinação de 10% dos recursos da DRU à saúde pública.
Emissários do Planalto entraram em cena para evitar que o aditivo alcance as 171 assinaturas necessárias. "O PC do B não tem razão para ter comportamento dúbio em relação ao governo. É um constrangimento inaceitável", reagiu o vice-líder José Guimarães (PT-CE).

Na linha Também envolvido na "operação DRU", Michel Temer aproveitou ligação de Gilberto Kassab ontem para se certificar sobre a posição de seu novo partido na votação da matéria. "Vocês podem contar com todos os votos do PSD", respondeu o prefeito paulistano.

Acelerador Dilma assinou ontem o decreto de regulamentação do Regime Diferenciado de Contratação de obras para a Copa e a Olimpíada, que será publicado amanhã no Diário Oficial. A primeira licitação lançada pelo novo sistema, contestado pelo Ministério Público Federal, contemplará a Infraero.

Compensação Em telefonemas a Kassab e Geraldo Alckmin, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ofereceu a São Paulo a prerrogativa de sediar o sorteio das chaves da Copa das Confederações, marcado para dezembro de 2012. A cidade foi excluída da competição em razão do atraso no início das obras do Itaquerão.

Tró-ló-ló No programa do PSDB que vai ao ar amanhã, caberá a José Serra e aos líderes Duarte Nogueira (SP) e Álvaro Dias (PR) o tom mais crítico ao governo. Serra, que lembrará a paternidade dos remédios genéricos, dirá que a saúde sob a gestão petista não avançou e que a segurança "está cada vez pior".

Legado A abertura será conduzida por FHC. O ex-presidente falará dos feitos de sua gestão, entre os quais citará o combate à inflação e a estabilidade da economia. Aécio Neves (MG) aparece no trecho final com discurso sobre o "modo tucano de governar" nos Estados.

Voo solo Até a nota divulgada ontem pela bancada do PT na Câmara, a ministra Iriny Lopes (Mulheres) se queixava, em privado, do pouco respaldo do Planalto à controversa investida de sua pasta contra a publicidade de lingeries e o conteúdo sexista de programas de TV.

Onde pega Em pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura de Vitória divulgada domingo, Iriny, pré-candidata do PT, aparece com a maior taxa de rejeição.

Autofagia Quando cobra do governo paulista a divulgação de todas as emendas pagas à bancada desde o 2007, o PSDB atinge Bruno Covas. A publicação dos dados permitirá o mapeamento das indicações do então deputado que, em entrevista, disse ter recebido oferta de propina de um prefeito.

Assim não A resposta redigida pelo secretário de Meio Ambiente ao Conselho de Ética de Assembleia não agradou ao Bandeirantes. A avaliação no núcleo político de Alckmin é a de que o tucano, pré-candidato à prefeitura paulistana, coloca em xeque sua credibilidade ao tratar como "hipotética" declaração que indica fraude.

Visitas à Folha Paulo Chapchap, superintendente de Estratégia Corporativa do Hospital Sírio-Libanês, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Walter Nori, assessor de imprensa.

Alvaro Furtado, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava com Thais Abrahão, assessora de imprensa.

com LETÍCIA SANDER e DANIELA LIMA

tiroteio

"Não sei o que levou o ministro a defender agora o gasto de 10% do PIB em Educação. Deve ser uma decisão política, já que ele vai deixar o MEC para se candidatar a prefeito."
DA SOCIÓLOGA MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO, ex-secretária paulista da Educação, sobre Fernando Haddad (PT) ter admitido reserva de 7% a 10% do Produto Interno Bruto para o setor no plano nacional em debate na Câmara.

contraponto

Deferência sanitária


Durante reunião, ontem, na qual deputados analisavam quatro projetos que dariam nome de ex-congressistas a espaços físicos na Câmara, Nelson Marquezelli (PTB-SP) provocou Marco Maia (PT-RS), diante das opções cada vez menores de escolha:
-Daqui a pouco, presidente, só vão sobrar os banheiros para homenagear vossa excelência!

ROBERTO DaMATTA - O que há numa escrita?


O que há numa escrita?
ROBERTO DaMATTA
O Estado de S.Paulo - 12/10/11

A todos nós foi dada a capacidade de falar. E a alguns a de escrever essa forma admirável de pensar. Nela, falamos sem produzir sons, mas desenhando símbolos. O lado de dentro importa mais do que o de fora. É normal escrever para si mesmo já o falar nos leva a um hospício. Na fala e na escrita há ouvintes e leitores, mas na fala o interlocutor deve estar presente, pois as palavras exigem o outro. Já na escrita, é preciso desenrolar o pergaminho, abrir o livro ou a carta para ouvir o seu autor (ou autores) e descobrir o seu espírito e as suas intenções. Ou imaginar o eventual leitor. Num caso, o som tem parentesco com o barulho e o caos; no outro, há aquele silêncio que é a marca maior do ato de escrever - essa nobre, essa soberana, essa orgulhosa e altruística ação que só nós, humanos, conhecemos, pois o escrever fica, mas o falar passa...

* * *

Nesta semana rotineira com correios e bancos em greve, fico fascinado com a novidade de que o universo se expande - tal como o capitalismo chinês - em alta velocidade. Os chamados astrofísicos são mitômanos levados a sério, enquanto os do cinema e da televisão são jogados no lixão dessa nossa "baixa-modernidade", como me ensinou o Eduardo Portella. No caso dos astrofísicos, impressiona-me a sua obsessão com as origens do universo, algo que eles compartilham com os modestos pensadores tribais, os quais são parte de minha primeira vida como etnólogo, quando eu corria atrás de índios nas fronteiras de um Brasil que ainda não tinha conseguido morder o próprio rabo.

Ouvi, transcrevi e li à exaustão mitos de origem. Aliás, a mais celebrada teoria do mito - a do consagrado Claude Lévi-Strauss -, escrita no início dos anos 50 e desenvolvida na sua fabulosa tetralogia intitulada Mytologiques (publicada entre 1964 e 1971), os mitos existem para responder a perguntas sem resposta. Por que o mundo foi inventado? De onde veio a humanidade com a sua moral e os seus meios de sobrevivência? Como foi que os animais se distinguiram dos homens? Por que são necessários dois seres humanos para fazer um? De onde veio a morte se no início dos tempos a humanidade era tão imortal quanto os membros da Academia Brasileira de Letras?

Os contadores de mitos das sociedades sem escrita, sem constituição e sem cálculos complexos (até hoje estigmatizadas como "selvagens" e "primitivas"), dizem que o humano foi inventado num tempo imemorial, implantado pelas palavras de uma língua cuja origem é, por sua vez, contada num outro mito pois, conforme aprendi com Lévi-Strauss e, sorry..., com Thomas Mann, um mito pensa e remete a outro mito, tal como a música, os livros, os deuses, a poesia e o amor se pensam indefinidamente entre si. Assim, eles sabem como, mas não quando, o mundo surgiu. Já os nossos astrofísicos são mais apaixonados pelo quando do que pelo como.

Para qualquer ser humano, pensar em termos de nano-segundos é impossível, do mesmo modo que é humanamente inconcebível imaginar uma unidade temporal para além de 10 mil anos. Pois, tirando os poetas que, como diz Kundera, dizem tudo, ninguém pode ter um sentimento de milhões de anos. Só uma fórmula matemática traduz esse tempo intemporal. Mas entre a fórmula científica e a fórmula que eu ouvia de Tia Amália quando iniciava suas histórias - "Isso aconteceu no tempo que os animais falavam...", eu acho mais razoável e - sorry novamente - até mesmo mais racional, ficar com Titia...

* * *

Fiz uma conferência e ganhei uma caneta-tinteiro. Na viagem de volta, preso na dura solidão coletiva de um avião lotado pelo duopólio aéreo instituído no lulo-petismo, escrevi o meu velho nome. Fui imediatamente remetido a Juiz de Fora e a uma humilde escola do bairro dos operários, quando a professora nos iniciou na nobre arte de escrever à tinta. Tomei contato com as penas de metal que, na ponta de um cilindro de madeira da pior qualidade (providenciada, é claro, pelo Ministério da Educação e Cultura), serviam como instrumentos de escrita depois de serem mergulhados nos frascos cheios daquele misterioso líquido azul-marinho.

A mestra explicava que escrever à tinta beirava o "eterno". Com o lápis tudo podia ser apagado como se não tivesse existido, exatamente como as palavras faladas a serem levadas pelo vento. Mas com a tinta, esse material perigoso (e marcante) que agora teríamos que usar, as coisas ficavam. Qualquer descuido, caía um pingo no papel, manchando-o e dele tirando a pureza feita em branco; por outro lado, se a "pena" ficasse saturada, a escrita transbordava o papel. Fomos depois apresentados a um personagem importante: o mata-borrão que como um guardanapo à boa mesa, acompanhava o ato de escrever à tinta.

Escrever à tinta dá asas à fantasia de imortalidade. É a antessala do livro, do decreto, da placa de bronze e do "documento". Pois entre nós - humanos -, a execração, o ódio, e o insulto cabem também ou até mais no papel do que na fala. A fala, sendo curta e exigindo a pessoalidade, tem mais limites do que a carta escrita com maldade e ódio, vingança e ressentimento. Ademais, a "escrita", como os decretos e as leis, pode ser anônima ou coletiva. Pois como aprendi com aquela humilde professora, o que falamos fica na memória, mas o que foi escrito permanece. Seja como um ato de amor ou como prova de arrogância e de transtorno mental. Cuidado, dizia ela, com o que você escreve à tinta - com aquilo que, impresso, não pode ser apagado.

GOSTOSA


DORA KRAMER - Forasteiros


Forasteiros
DORA KRAMER
O ESTADÃO - 12/10/11

A ideia do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de filiar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao PSD com a perspectiva de fazer dele o candidato a chefe do Executivo da maior, mais rica e mais importante cidade do Brasil, movimenta o ambiente político, produz notícia, mas não se pode dizer que seja original nem necessariamente eficaz.

Outros partidos já tentaram apostar em candidatos desprovidos de identidade e familiaridade locais, mas por motivos variados acabaram desistindo no meio do caminho.

Uns porque a manobra não passou disso, de mera manobra publicitária, outros porque tinham intenções outras ou porque a história pareceria esdrúxula demais quando confrontada com a realidade.

Há três casos envolvendo personagens bem conhecidos e nenhum foi adiante. O mais recente deles, o do ex-ministro Ciro Gomes, que, se arrependimento matasse, não estaria aqui para contar a história da transferência de seu domicílio eleitoral do Ceará para São Paulo, por influência do então presidente Lula que falava em lançá-lo candidato ao governo paulista em 2010.

No início dos anos 90, Jaime Lerner (ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba) chegou a ser cogitado por Leonel Brizola como candidato a prefeito do Rio. Mais ou menos na mesma época o PSDB fez circular a versão de que o então senador Fernando Henrique Cardoso poderia ser candidato ao mesmo posto.

FH, apesar de nascido no Rio, construiu carreira longe da cidade, assim como Lerner que, não obstante, durante um período fez parte do governo Brizola.

Candidatura é coisa séria. Resulta, ou deveria resultar, de um comprometimento com o eleitor na execução de ações que, principalmente no caso dos municípios, tem a ver com o cotidiano do cidadão.

Para que alguém se torne ou se credencie a se tornar chefe do Poder Executivo de uma cidade, notadamente de grandes e complexas cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, é preciso mais que a vontade de um partido de encontrar uma solução para si mesmo.

É necessário haver um mínimo de sustentação na realidade. Do contrário não estamos falando seriamente em candidaturas, mas numa conjugação da vaidade de quem aceita e da arrogância de quem acredita que pode sobrepor suas conveniências políticas ao interesse do cidadão.

Em órbita

O presidente do Senado, José Sarney, diz coisas que por sua posição alcançam repercussão, mas também acabam traduzindo o nível baixo da política brasileira.

Considerar que privilégios de parlamentares representam uma "homenagem" que o País presta à democracia, além de um desrespeito ao sentimento da maioria, mostra que Sarney desconecta os conceitos de homenagem e democracia de seus reais significados.

Ele mesmo perdeu chance de prestar homenagens à democracia com atitudes que anulam seu melhor momento na política - a condução da transição democrática - tornando-o um agente ativo do processo de desmoralização do Congresso.

Tiro no pé

A atuação da ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, querendo impor veto a propaganda e sugerindo à TV Globo mudanças no enredo de novela, dá a medida do uso que o PT faria do "controle social da mídia", caso conseguisse aprovar a medida.

A ministra tem contribuído mais para reunir repúdio ao plano - ainda na agenda do partido - que qualquer coisa que se possa dizer sobre a liberdade de expressão.

No caminho

A proposta de submeter a reforma política à consulta popular reuniu para conversa o vice Michel Temer e o deputado Miro Teixeira, ontem de manhã.

Ficou acertado que o PMDB apoiará o plebiscito e que a data ideal (2014, para Temer e 2012 na opinião de Miro) será discutida no processo.

Mas, a proposta só terá chance de ser aprovada se contar com adesão de "fora", a exemplo do que ocorreu com a lei da Ficha Limpa.

JOSÉ NÊUMANE - Ei, PSDB, o mundo não vai acabar em três anos!


Ei, PSDB, o mundo não vai acabar em três anos!
JOSÉ NÊUMANE
 O Estado de S.Paulo - 12/10/11

Alguém faria um grande favor à oposição e às instituições do Estado Democrático de Direito no Brasil se lembrasse ao tucanato de alta plumagem que ainda faltam mais de três anos para a eleição presidencial e, antes dela, está agendada uma disputa por votos em todos os municípios brasileiros. Os dois principais ex-governadores do Brasil, o de São Paulo, José Serra, e o de Minas Gerais, Aécio Neves, agem como se ambos não tivessem acabado de protagonizar um dos maiores malogros eleitorais da História do Brasil: a derrota para uma adversária jejuna, desprovida de cintura e sem nenhum charme pessoal, dispondo apenas da alavanca do extraordinário prestígio eleitoral de um presidente no fim do segundo mandato. Quem perdeu foi Serra, dirão os adeptos de Aécio, como se este não tivesse trocado o governo de um Estado da importância capital que Minas Gerais sempre teve no cenário político nacional por um desempenho pífio e impotente num Congresso no qual à legenda dos dois não se atribui sequer o papel de figurante interpretando uma horda indígena num western spaghetti.

"Se for a vontade do partido, estarei pronto para disputar com qualquer candidato do campo do PT, seja Lula ou Dilma", disse o neto de Tancredo Neves à repórter Christiane Samarco, da sucursal deste Estado em Brasília. Depois da divulgação do feito espetacular da presidente, que ultrapassou o índice alcançado por seus dois popularíssimos antecessores em princípio de governo, Fernando Henrique Cardoso, correligionário de Aécio, e Lula da Silva, companheiro de Dilma, na terceira avaliação de desempenho pessoal e de governo, a afirmação do mineiro está mais para bravata do que para promessa. É claro que até 2014 muita água movimentará os moinhos eleitorais e, com Mantega e Tombini e sem Palocci nem Meirelles, a chefe do governo pode dar com seus burros nessas águas. Mas, mesmo na política, uma dama mais trêfega e caprichosa do que a cantada por Rossini na ópera O Barbeiro de Sevilha, o anúncio soa mais como bilhete de suicida do que como convite para festa. Será que Sua Excelência não percebeu que um partido incapaz de constituir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) e de aproveitar as oportunidades que o PT e seus aliados têm dado não terá chance de chegar ao topo?

O senador das Alterosas disse que o partido dele e de Serra "amadureceu o suficiente para ver que, ou vamos unidos, ou não teremos êxito". Bem, essa poderia ter sido a amarga lição da derrota para Dilma, provocada pela convicção de Serra de que é melhor perder para os petistas a eleição e a Presidência do que ter de compartilhar o eventual poder após a vitória com os adversários internos de Minas e por ter Aécio preferido a solidão do plenário ao convívio com um parceiro hostil e enfezado. A prova, contudo, de que a lição dolorosa não foi devidamente aprendida, nem sequer assimilada, é a sofreguidão com que, contrariando a prudência dos ancestrais, o neto do símbolo do político manhoso de Minas opta pelo fato consumado, encerrando a conversa ao pé do borralho.

Se a afirmação de Aécio se apoiasse em fatos, ele não teria assumido publicamente o que todo mundo, inclusive Serra, está careca de saber, mas consumiria o imenso tempo de ócio que lhe permite o mandato senatorial de oito anos para encontrar uma solução para desalojar os adversários federais do comando da capital de seu Estado. Ao que parece, o inegável êxito obtido pelo ex-governador em sua bem-sucedida gestão não foi suficiente para permitir que ouça o óbvio ululante de que lhe será menos difícil apear do vagão compartilhado com petistas e aliados a substituir na prefeitura de Belo Horizonte do que derrotar seja Lula, seja Dilma, que, sem dúvida, terão o voto dos aliados locais de ocasião dele.

Mais fácil ainda será para seu desafeto paulistano derrotar na disputa municipal em São Paulo Fernando Haddad, candidato petista da preferência de Lula, ou Gabriel Chalita, mesmo que o noviço peemedebista receba de Alckmin, amigo tucano no governo estadual, mais suporte do que lhe permite a camisa de força partidária. No entanto, Serra não admite sequer discutir a hipótese, de vez que a vitória municipal significará o fim de qualquer ilusão presidencial em 2014. A impotência da cadeira isolada no Senado de nada serviu a Aécio, que também se mostra incapaz de aprender que o capricho dos eleitores reduz a pó vãs ilusões de projetos aparentemente imbatíveis. E a humilhação de perder para um poste arrastado por um mito também não demoveu em um milímetro a prepotência de Serra, que apanha, mas não aprende.

Com um cacife menor do que o de ambos, o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, acaba de lhes prestar inestimável serviço ao demonstrar que o desmanche da oposição é muito mais iminente do que sonham os caciques sem índios do PSDB e os coronéis sem jagunços do DEM. A porta de emergência aberta pelo PSD para a fuga dos oposicionistas que não suportarão mais um mandato longe dos cabides das máquinas públicas municipais, estaduais e federal transmite um sinal claro aos ex-governadores dos Estados com os maiores colégios eleitorais do País. Ou eles cuidam de fortalecer as máquinas partidárias do PSDB e do DEM - não criando diretórios onde não existem, mas mantendo as prefeituras de que dispõem e tomando outras de adversários, ainda que se fantasiem de aliados locais -, ou não terão nenhuma chance na disputa presidencial, seja a chapa adversária encabeçada por Lula, Dilma, Marta ou Mantega.

Fato é que 2014 ainda está muito longe no tempo e é quase inalcançável pelo bico dos tucanos, por mais longo e faminto que seja. Mas não é o fim do mundo nem a data da última disputa presidencial no Brasil. Aécio pode muito bem esperar. Serra, nem tanto. Mas antes um galho para pousar e um ninho para se abrigar do que o abismo inevitável de mais uma queda anunciada.

O CANALHA ESCROTO


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


País deve comprar 78 mil máquinas para obras em 2011
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 12/10/11

O setor de equipamentos para construção, como caminhões, escavadeiras e guindastes, deve alcançar a comercialização de quase 78 mil unidades neste ano no país.
O aumento é de mais de 10% na comparação com o ano passado, segundo levantamento que será divulgado na próxima semana pela Sobratema (associação de tecnologia para equipamentos e manutenção).
O setor alcançou o maior ritmo de vendas em 2010, ano que superou em 38% o recorde histórico de 2008, que precedeu um vale na crise. Até 2015, a estimativa é alcançar 119 mil unidades, segundo Mário Marques, vice-presidente da entidade. A Sobratema estima que, até 2016, os equipamentos serão usados em 12.265 obras, que consumirão R$ 1,45 trilhão em investimentos. "Cerca de 45% serão aplicados principalmente em óleo e gás, 23,2% em sistemas de transporte de passageiros e cargas e 12,3% na geração de energia elétrica", diz.
Apesar da elevação, o Brasil ainda representa cerca de 3,5% do mercado mundial de linha amarela, enquanto a América do Norte, a União Europeia e o Japão equivalem a 29%, segundo Marques. A China ficou com cerca de 48% no ano passado. "A Índia, que hoje está perto do Brasil em volume de equipamentos, também sinaliza que vai investir com mais força nos próximos anos", afirma Marques.
"A China fez uma opção de investimento em infraestrutura que é invejável. Tudo depende do foco que cada país escolhe", diz.

O QUE ESTOU LENDO

Zeca Rudge, vice-presidente do Itaú Unibanco

À cabeceira de Zeca Rudge, vice-presidente-executivo (marketing, RH e relações institucionais) do Itaú Unibanco, está "A Cabeça de Steve Jobs", de Leander Kaney. Rudge acabou de ler "O que os Economistas Pensam sobre Sustentabilidade", de vários autores, entre eles, Luciano Coutinho e Eduardo Giannetti, organizado por Ricardo Arnt. "Trata do tema de forma simples com uma abordagem correta sobre os efeitos da mudança climática e efeitos colaterais", diz o executivo. "Passa a visão correta sobre a nova atitude da sociedade para proteger o patrimônio natural, atrelando isso ao cotidiano e aos impactos nos negócios."

DISTRIBUIÇÃO NA CLASSE C
A indústria de alimentos Zaeli passará a ter centros de distribuição nas capitais de Amazonas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Roraima. A localização dos quatro centros, que funcionarão a partir de novembro, foi escolhida devido à distância entre as fábricas da companhia, na região Sul, e o mercado de Norte e Nordeste. "São regiões com alta concentração do nosso maior consumidor, que é a classe C. Não pode ter risco de falta de mercadoria", diz o presidente Valdemir Zago. As unidades serão divididas com empresas de outros segmentos, como o de higiene. O Norte e o Nordeste representam 21,9% do faturamento mensal da Zaeli.

COLISEU E CORCOVADO
A designer napolitana Francesca Romana Diana, que trabalha no Rio de Janeiro há 26 anos, lança coleção de bijuterias a pedido do embaixador italiano Gherardo La Francesca. As peças, alusivas ao Momento Itália-Brasil, conjunto de eventos culturais e empresarias, unem Coliseu e Corcovado, como no anel.
A grife começou há quatro anos e tem 19 franquias no Brasil e três na Europa (Madri, Paris e Bruxelas). "Temos um projeto para abrir cinco lojas por ano até 2013", diz a designer. A expansão deve começar pelo Sul do Brasil. "Quero entrar lá, onde ainda não temos loja", diz a designer. Em 2011, foram inauguradas quatro unidades e mais uma será aberta até o final do ano, em São Luís (MA). Francesca também negocia lojas na Alemanha e na Suécia. Ela, porém, não tem previsão de quando entrará no mercado italiano. "Gostaria muito. Teria de começar por Milão."

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

REGINA ALVAREZ - Que país é este?


Que país é este?
REGINA ALVAREZ
O GLOBO - 12/10/11

Nas vésperas do feriado, ficamos sabendo que o relator de receitas do Orçamento de 2012 refez as contas e ampliou em quase R$ 30 bilhões a previsão da arrecadação bruta para o ano que vem, calculando que a receita líquida, descontadas as transferências a estados e municípios, ficará R$ 25,6 bilhões acima do previsto inicialmente pela equipe econômica. Essa matemática a gente já conhece, porque todo ano é a mesma coisa.

O Congresso refaz as contas e joga para cima as receitas do Orçamento, abrindo espaço para incluir na proposta novas despesas.

No entanto, o curioso é que nos últimos anos essa previsão aparentemente inflada da arrecadação vem se confirmando, o que reflete o aumento crescente da carga tributária.

Pela nova previsão do Orçamento, a carga de impostos e contribuições cobrados pela União em 2012 alcançará 25% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 24,18% do PIB previstos pelo governo.

Se no Brasil o contribuinte paga cada vez mais impostos, não seria natural que os serviços melhorassem, assim como a infraestrutura e tudo mais que é financiado com o dinheiro dos tributos pagos por nós? Seria, mas não é. E o contribuinte tem muitos outros motivos para sentir-se lesado.

Por exemplo, quando o presidente do Senado, José Sarney, defende os privilégios dos congressistas, pagos com dinheiro público, dizendo que são uma forma de "homenagear a democracia".

Quando descobrimos que muitos parlamentares acham natural contratar mordomos, governantas, motoristas para seu uso particular, com o dinheiro da Câmara e do Senado.

Quando o Judiciário pressiona os demais poderes para aumentar seus próprios salários, legislando em causa própria, com base em parâmetros que não guardam relação com o conjunto da sociedade, pois já estão no topo dessa pirâmide.

Quando o governo namora com a ideia de um novo imposto para financiar a saúde, mas não se preocupa em fiscalizar melhor o uso do dinheiro já disponível.

Faz vistas grossas ou até incentiva os ralos que impedem esses recursos de chegar na ponta do contribuinte, porque é mais fácil culpar os outros pelas falhas no sistema.

A carga tributária abusiva já seria um bom motivo para o contribuinte sentir-se lesado, mas saber que o dinheiro dos nossos impostos está financiando mordomias, privilégios, altos salários da elite federal, quando não escorre pelo ralo da corrupção, enquanto a saúde, a educação e a segurança continuam tão carentes, é um motivo ainda maior.

Assim, neste feriado do dia da padroeira do Brasil me vem à mente a música do Capital Inicial tocada no Rock in Rio: "Que país é este?"

De olho no dragão

A UE e os EUA são o destino de 41,5% das exportações chinesas. Por isso, os economistas estão refazendo as contas para medir os efeitos da crise sobre a segunda maior economia do mundo.

O Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco não acredita em impacto forte, mas prevê desaceleração do PIB este ano para 8,7%, e no ano que vem para 8,2%. Em 2010, a China cresceu 10,3%.

O que traz algum alento é o destino da outra metade das exportações chinesas, a própria Ásia, o que pode compensar a contração nos mercados europeu e americano.

O crescimento chinês é importante para todo o mundo. No Brasil, sustenta a balança comercial com a exportação de matérias-primas como minério de ferro e soja.

Enredo no Euro

O parlamento eslovaco deve realizar nova votação esta semana e a expectativa é que desta vez a ampliação do Fundo Europeu seja aprovada. Mas o episódio mostra que a Europa não tem agilidade para lidar com os problemas que enfrenta.

A Eslováquia entrou na União Europeia em 2009 e possui PIB de US$ 97 bilhões - menos de um terço da Grécia - mas como tem voto com o mesmo peso da poderosa Alemanha pode inviabilizar um acordo que envolve outros 16 países para afastar a região do colapso.

MARCIA PELTIER - De repente, Califórnia


De repente, Califórnia
 MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 12/10/11

Relatório da Comissão de Viagens e Turismo do mais populoso estado americano revela que os turistas mais presentes na Califórnia são os brasileiros. Apenas neste primeiro semestre, os gastos dos jovens do Brasil com viagens subiram individualmente de US$ 4,565 mil para US$ 4,925 mil. Com isso, ultrapassaram os japoneses quando o assunto é hospedagem, compras e serviços. Pesquisas indicam que o número de brasileiros vai aumentar em 8% até 2012, chegando a um avanço de 27% em 2015. O governo californiano irá lançar um site em português dia 18, com o objetivo de estimular e disseminar ainda mais o destino por aqui.

Cerveja de Piraí 

Adquirida da Cintra em 2001, a fábrica da Ambev em Piraí irá aumentar em 35% sua capacidade produtiva das cervejas Skol, Brahma, Antarctica e da água H20, direcionada para os mercados do Rio, Minas e São Paulo. João Castro Neves, presidente da Ambev, e o co-presidente do conselho da empresa, Victório de Marchi, recebem o governador Sérgio Cabral, o vice Pezão e convidados na próxima terça, para celebrar a nova fase de expansão.

Sem a cara-metade 

Jamie Hince, guitarrista do The Kills, faz show dia 28 no Circo Voador, ao lado da vocalista Mosshart. Porém Kate Moss, com quem o músico se casou em julho, não deverá vir ao Rio acompanhando o maridão. O evento faz parte do Projeto Queremos e tem o apoio da Wöllner, que investirá numa ambientação inspirada nos bares de Berlim e Nova York, com mesas de totó e pingue-pongue.

Sacramentado 
O que era uma possibilidade, agora tornou-se oficial: representantes do sofisticado hotel boutique Emiliano estão percorrendo as ruas de Ipanema e Leblon com o objetivo de adquirir um endereço nobre na região. Planejam abrir por aqui um hotel e um restaurante de alto padrão até 2013. Nos bastidores do grupo paulista, o alvoroço é grande: muitos dos funcionários querem trocar o QG da Oscar Freire pelo do Rio.

Cultura pop 
Não é só de histórias divertidas que será feita a programação da Rio Comicon, feira de quadrinhos que acontece de 20 a 23 na Estação da Leopoldina. Uma HQ polêmica, que tem como tema principal a anorexia, promete esquentar o debate. Com selo da Barba Negra, da editora LeYa Brasil, a obra é de autoria do francês Ludovic Debreume, que virá ao Brasil especialmente para o lançamento da revista Lucille. Trata-se da história de amor de dois adolescentes: uma garota superprotegida que sofre de anorexia e um garoto órfão que carrega o peso do alcoolismo.

Rio na Maçã 
O diretor Carlos Saldanha vai fazer a alegria dos brasileirinhos em Nova York. Para comemorar o Dia das Crianças, ele participará da exibição especial do filme Rio na próxima sexta-feira. A sessão, com direito a perguntas para o cineasta no final, será no Consulado do Brasil em Manhattan.

Alto teor 

A segunda edição do Belgian Beer Festival, domingo no Marimbás, radicalizou no cardápio: todos os pratos que acompanharão as geladas belgas como Hoegaarden, Duvel, Maredsous e La Chouffe serão à base da bebida alcoólica. Entre as pedidas, mexilhão cozido na cerveja, soja de cerveja com queijo gruyère e as carbonadas à flamenga chamadas de vlaams stoofvlees, um cozidão feito com carne, legumes e ... cerveja.

Fé empreendedora 

Turistas e fiéis que vão celebrar o Dia de Nossa Senhora Aparecida, nesta quarta, na basílica no interior de São Paulo, irão se surpreender com as obras na região. Três novos hotéis estão sendo construídos nos arredores do templo. No antigo terreno do Magic Parque, bem ao lado da igreja, está sendo erguido um hotel de alta qualidade, que terá mil quartos em 2014 e contará com administração de uma bandeira internacional. O complexo, chamado de Cidade do Romeiro, terá área de lazer, cinemas, 30 restaurantes, 65 lojas e até uma passarela que ligará o empreendimento ao centro religioso.

Por outro lado 
Pesquisa feita pelo Santuário Nacional de Aparecida revela que os fiéis estão cada vez mais aderindo à modernidade. Cerca de 65% pretendem acompanhar a Novena 2011 da Padroeira pela TV. Outros 21%, pelo site da entidade; 4% via redes sociais; 3%, pelo rádio; e outros 5%, no Santuário. Por conta disso, o santuário foi equipado com 3 câmeras HD (high definition) e outras tecnologias para garantir uma transmissão perfeita.

Livre Acesso

O dia 12 de outubro - além de Dia da Padroeira do Brasil e Dia das Crianças - é, também, desde o ano passado, o Dia Nacional da Leitura. A Biblioteca Nacional, o Instituto Ecofuturo e a Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil organizam um evento, nesta quarta, para aproximar crianças da leitura. As portas da biblioteca, no Centro do Rio, estarão abertas do meio-dia às 17h. Haverá contadores de histórias e visita guiada.

O Espaço Move, na Barra, em parceria com o Tabladinho, vai oferecer para as crianças, nesta quarta, uma grande festa gratuita com oficinas de faz de conta, pipoca, cachorro-quente, brinquedos e maquiagem artística. Inscrições pelo telefone 2484-0555.

A renda obtida com a doação simbólica de R$ 1 nos menus de almoço e jantar do Rio Restaurant Week será revertida, desta vez, para a colônia de férias do Grupo Eco, na comunidade do Santa Marta. O Rio Restaurant Week começa dia 17 e algumas das casas participantes são o Manekineko de Ipanema, La Cigale, Alameda e Mensateria.

A Faculdade de Medicina de Petrópolis acaba de abrir inscrições para a primeira pós-graduação em gastronomia do Estado, em Petrópolis. Cintia Azara, coordenadora da pós-graduação em Gastronomia da FASE, explica que o curso pretende uma abordagem mais ampla do setor, com foco na área de negócios. 

O maior site de aluguel por temporada do Brasil (www.aluguetemporada.com.br) irá levar, nesta quinta-feira, alunos do curso de computação da Cidade de Deus da ONG Developing Minds Foundation para passar uma tarde no escritório da empresa. O objetivo é fazer com que crianças e adolescentes de 12 a 15 anos aprendam sobre empreendedorismo e conheçam o dia-a-dia de uma empresa de internet.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito