ESTADÃO - 22/06
A frase é conhecida: “Na guerra, a primeira vítima é a verdade”. A autoria é controversa, mas a aplicação cabe de maneira inquestionável à reação do PT ante à constatação do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, de que a avaliação negativa sobre o governo não é coisa só da “elite branca”.
Baixou o desconforto no partido após a divulgação da conversa dele com blogueiros amigos, justamente às vésperas da convenção que oficializaria neste sábado a candidatura de Dilma Rousseff com ato de desagravo à presidente devido à agressão verbal sofrida na abertura da Copa.
Se de um lado Carvalho enfraqueceu o estratagema com seu testemunho imune à acusações de “golpismo”, de outro o PT demonstrou que encara essa eleição como uma guerra e não se intimida em fazer da verdade sua primeira vítima. Qualquer coisa serve para construir uma narrativa que sirva para desviar a conversa dos problemas concretos. Da economia que patina, do atendimento de saúde sofrível, da educação vergonhosa, da segurança pública abaixo da crítica, da inflação ameaçadora, do crescimento pífio, do envio da ética às favas, da transformação do Estado em aparelho partidário etc.
Os companheiros de Gilberto Carvalho acharam que ele deu munição ao adversário ao dizer aos blogueiros, em conversa transmitida pela internet, coisas que os entusiastas do “Volta, Lula” dentro do partido dizem de Dilma Rousseff com palavras muito menos gentis. Algumas não ficando nada a dever às pronunciadas naquela tarde no Itaquerão.
Ora, o primeiro a fornecer munição contra si foi o próprio governo produtor de todos os escândalos, trapalhadas políticas, desacertos administrativos e zigue-zagues na política econômica; e também o partido na aflição de ver Dilma fora da disputa pelo medo de perder a eleição. A oposição, como se sabe, em todo o período teve desempenho pífio.
O “erro” do secretário-geral for ter dito isso no momento em que os petistas acreditaram ter achado uma mina para explorar, fazendo de Dilma a vítima de falta de educação alheia. Já haviam tentado a tática dos fantasmas; ninguém deu bola, as pesquisas continuaram no mesmo diapasão negativo. Veio em seguida a história do ódio que seria vencido pela esperança e, de novo, nada. Por último, deu-se o inusitado: vaia transformada em elogio, em trunfo eleitoral a ser explorado até o osso.
Saiu a primeira pesquisa realizada depois de iniciada a Copa e onde estava registrada aquela solidariedade toda à presidente? Pelos números, ateve-se às manifestações ao terreno da civilidade, nada tendo a ver com política ou eleições. Na realidade, a pesquisa do Ibope mostra que, em termos de decisão de voto do eleitor, as intenções estão temporariamente suspensas, porque os interesses estão voltados para os jogos. Os candidatos, todos eles, variaram pouca coisa, para mais ou para menos. Quadro, portanto, estável.
Essa estabilidade também se repete nos índices negativos de avaliação do governo, cuja desaprovação se mantém superior (33%) à aprovação (31%). Todas as políticas públicas tiveram altas taxas de rejeição, sendo que a saúde atingiu 78%, mesmo com toda a propaganda em torno do programa Mais Médicos. Com Bolsa Família e tudo, a desaprovação para a área de combate à pobreza é de 53%.
Os que não confiam na presidente são 52% dos pesquisados. Ela continua na frente com 39% das intenções de votos, o mesmo patamar de 2010 a essa altura do ano. Com uma diferença: estava em ascensão e representava um governo com avaliação negativa de 4%. Dilma é conhecida por 99% dos que responderam à pesquisa, sendo que 43% dizem que não votam nela de jeito nenhum.
Convenhamos, haja elite branca para dar conta disso tudo. Essa é uma verdade expressa em números que o PT insiste em abater a golpes de invencionices que seriam apenas infantis, não fossem motivadas por boa dose de má-fé.
domingo, junho 22, 2014
'Nós' contra todo mundo - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 22/06
BRASÍLIA - O ex-presidente Lula, como sempre a estrela da convenção do PT, ampliou indefinidamente os inimigos a serem combatidos com "adrenalina" pelos petistas: em vez de centrar fogo nos governos tucanos, em Aécio Neves e em Eduardo Campos, ele abriu a metralhadora giratória para guerrear contra os séculos anteriores, contra os 500 anos de história brasileira.
O grito de guerra, portanto, passou a ser "nós" contra todo mundo, contra tudo e todos os que não votam --ou não votam mais-- no PT e estão sendo jogados numa mesma vala comum: a "direita", os "oligopólios", os "neoliberais", a "mídia", o "capital especulativo", os "antipopulares". Se você, leitor, ousa apoiar outras candidaturas, pode tentar se encaixar num desses estereótipos.
Além de reaquecer a militância, ainda um dos bons ativos do PT, a estratégia foi também para mexer com os brios, constranger e provocar o imaginário do eleitorado mais bem informado. Afinal, quem quer, e quem pode, ser contra o povo, contra os pobres, contra a grande maioria da população brasileira?
Mas, já que mais de 70% dos eleitores defendem "mudanças", a convenção centrou o discurso e as energias na "esperança" e no "futuro" (contra os "agourentos", como disse Rui Falcão, presidente do PT).
Lula, que tratou a ele mesmo e a Dilma como "criador e criatura", precisou admitir indiretamente que nem tudo está tão bom, na medida em que prometeu: se Dilma ficar, o segundo mandato "vai ser muito melhor".
E Dilma, também para suplantar as críticas a seu governo e para dar o fecho de ouro à fala de Lula sobre a guerra contra os séculos, fez uma longa lista de programas, focando nos sociais, e jogou as expectativas na estratosfera: mais do que meras "mudanças", comprometeu-se com "um novo ciclo de desenvolvimento, um novo ciclo histórico".
O principal: Lula e Rui Falcão admitiram claramente que não será uma eleição fácil. Não será mesmo.
BRASÍLIA - O ex-presidente Lula, como sempre a estrela da convenção do PT, ampliou indefinidamente os inimigos a serem combatidos com "adrenalina" pelos petistas: em vez de centrar fogo nos governos tucanos, em Aécio Neves e em Eduardo Campos, ele abriu a metralhadora giratória para guerrear contra os séculos anteriores, contra os 500 anos de história brasileira.
O grito de guerra, portanto, passou a ser "nós" contra todo mundo, contra tudo e todos os que não votam --ou não votam mais-- no PT e estão sendo jogados numa mesma vala comum: a "direita", os "oligopólios", os "neoliberais", a "mídia", o "capital especulativo", os "antipopulares". Se você, leitor, ousa apoiar outras candidaturas, pode tentar se encaixar num desses estereótipos.
Além de reaquecer a militância, ainda um dos bons ativos do PT, a estratégia foi também para mexer com os brios, constranger e provocar o imaginário do eleitorado mais bem informado. Afinal, quem quer, e quem pode, ser contra o povo, contra os pobres, contra a grande maioria da população brasileira?
Mas, já que mais de 70% dos eleitores defendem "mudanças", a convenção centrou o discurso e as energias na "esperança" e no "futuro" (contra os "agourentos", como disse Rui Falcão, presidente do PT).
Lula, que tratou a ele mesmo e a Dilma como "criador e criatura", precisou admitir indiretamente que nem tudo está tão bom, na medida em que prometeu: se Dilma ficar, o segundo mandato "vai ser muito melhor".
E Dilma, também para suplantar as críticas a seu governo e para dar o fecho de ouro à fala de Lula sobre a guerra contra os séculos, fez uma longa lista de programas, focando nos sociais, e jogou as expectativas na estratosfera: mais do que meras "mudanças", comprometeu-se com "um novo ciclo de desenvolvimento, um novo ciclo histórico".
O principal: Lula e Rui Falcão admitiram claramente que não será uma eleição fácil. Não será mesmo.
Sem salto alto - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 22/06
A convenção do PT que aclamou a presidente Dilma como sua candidata à reeleição trouxe a boa notícia de que o partido, fora algumas poucas exceções, decidiu não incorporar a política do ódio às elites à sua estratégia eleitoral, como sugerira o ministro Gilberto Carvalho em uma extemporânea entrevista a blogueiros chapa-branca.
Carvalho parecia fora do tom oficial, mas estava apenas alertando que o caminho escolhido estava errado, já que reconhecer os problemas é a primeira coisa a fazer para tentar superá-los.
O próprio ex-presidente Lula, com uma modéstia que não é de seu feitio, ontem comparou a candidatura de Dilma à seleção da Costa Rica, que vem fazendo furor na Copa do Mundo ao derrotar seguidamente o Uruguai e a Itália e classificar-se antecipadamente no chamado "Grupo da Morte".
Como a presidente Dilma continua liderando as pesquisas de opinião, embora em decadência na avaliação do eleitorado, aceitar que ela já não é a favorita deve ter custado muito a Lula e ao PT. Também o ministro Gilberto Carvalho deu declarações no mesmo sentido, admitindo que é preciso reverter o quadro eleitoral, embora ele ainda seja favorável à candidata do PT: "Vocês não tenham dúvida de uma coisa, eu tenho convicção, quando a campanha eleitoral começar e nós pudermos mostrar o nosso projeto...
nós vamos reverter esse processo", disse ele.
É legítimo supor que a direção do partido sabe exatamente para que lado o vento está soprando, justamente esse vento de mudanças que o principal candidato oposicionista, o tucano Aécio Neves, anuncia que se transformará em uma tsunami que varrerá o PT do poder.
As mais recentes pesquisas eleitorais mostram uma série de visões negativas sobre todos os aspectos do governo Dilma, que aponta para novas quedas de popularidade à medida que o tempo passa. Aos que pensam em reverter esse quadro apenas com a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o ex-presidente Lula fez uma advertência: não é só com propaganda bem feita que se vencerá a eleição, mas mostrando os resultados dos 12 anos de governo do PT em comparação com os governos anteriores, especialmente do PSDB.
Fora a obsessão por Fernando Henrique Cardoso, que beira o ridículo - ontem se referiu ao ex-presidente tucano como "ele", sem pronunciar o nome -, Lula deu algumas pistas interessantes sobre a eleição presidencial que se avizinha. O "nós" contra "eles" continua sendo a tática, mas, ao que tudo indica, pelo menos neste começo de campanha, a comparação será feita com dados e números, não com agressões.
Será uma tarefa difícil tentar convencer os cerca de 70% dos eleitores que querem mudanças sem a presidente Dilma que ela está capacitada a liderar esse processo de renovação, mas o slogan da campanha já mostra essa disposição: "Muda mais, Brasil".
Pode ser um tiro no próprio pé se não convencerem os eleitores de que o país pode mudar com mais quatro anos com o PT no governo. Mas não há dúvida de que a presidente Dilma começou bem a campanha, apresentando um "Plano de Transformação Nacional", tentando jogar para frente o debate eleitoral.
Certamente será questionada sobre sua capacitação para transformar o país, se nos últimos quatro anos não conseguiu fazer a economia se desenvolver. A desculpa dada no discurso de ontem de que ela e Lula herdaram uma herança maldita difícil de ser superada é uma desculpa esfarrapada, que certamente será contestada pelos adversários de oposição.
Mas começar a campanha sem salto alto e consciente de que esta será uma disputa presidencial mais difícil e dura que qualquer outra já travada pelo partido, como admitiram vários dirigentes petistas, mostra que o partido está em alerta e disposto a enfrentar as dificuldades, o que exige uma militância aguerrida nas ruas.
A questão é que essa militância já não tem mais aquela alma que a distinguia da dos demais partidos, assim como o PT transformou-se em mais um na geleia geral partidária brasileira. Porém, o PT é de longe o partido mais bem equipado para a disputa eleitoral, dado sua estrutura e organização nacionais e o dinheiro que vem arrecadando ao longo dos anos em que está no poder.
Carvalho parecia fora do tom oficial, mas estava apenas alertando que o caminho escolhido estava errado, já que reconhecer os problemas é a primeira coisa a fazer para tentar superá-los.
O próprio ex-presidente Lula, com uma modéstia que não é de seu feitio, ontem comparou a candidatura de Dilma à seleção da Costa Rica, que vem fazendo furor na Copa do Mundo ao derrotar seguidamente o Uruguai e a Itália e classificar-se antecipadamente no chamado "Grupo da Morte".
Como a presidente Dilma continua liderando as pesquisas de opinião, embora em decadência na avaliação do eleitorado, aceitar que ela já não é a favorita deve ter custado muito a Lula e ao PT. Também o ministro Gilberto Carvalho deu declarações no mesmo sentido, admitindo que é preciso reverter o quadro eleitoral, embora ele ainda seja favorável à candidata do PT: "Vocês não tenham dúvida de uma coisa, eu tenho convicção, quando a campanha eleitoral começar e nós pudermos mostrar o nosso projeto...
nós vamos reverter esse processo", disse ele.
É legítimo supor que a direção do partido sabe exatamente para que lado o vento está soprando, justamente esse vento de mudanças que o principal candidato oposicionista, o tucano Aécio Neves, anuncia que se transformará em uma tsunami que varrerá o PT do poder.
As mais recentes pesquisas eleitorais mostram uma série de visões negativas sobre todos os aspectos do governo Dilma, que aponta para novas quedas de popularidade à medida que o tempo passa. Aos que pensam em reverter esse quadro apenas com a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, o ex-presidente Lula fez uma advertência: não é só com propaganda bem feita que se vencerá a eleição, mas mostrando os resultados dos 12 anos de governo do PT em comparação com os governos anteriores, especialmente do PSDB.
Fora a obsessão por Fernando Henrique Cardoso, que beira o ridículo - ontem se referiu ao ex-presidente tucano como "ele", sem pronunciar o nome -, Lula deu algumas pistas interessantes sobre a eleição presidencial que se avizinha. O "nós" contra "eles" continua sendo a tática, mas, ao que tudo indica, pelo menos neste começo de campanha, a comparação será feita com dados e números, não com agressões.
Será uma tarefa difícil tentar convencer os cerca de 70% dos eleitores que querem mudanças sem a presidente Dilma que ela está capacitada a liderar esse processo de renovação, mas o slogan da campanha já mostra essa disposição: "Muda mais, Brasil".
Pode ser um tiro no próprio pé se não convencerem os eleitores de que o país pode mudar com mais quatro anos com o PT no governo. Mas não há dúvida de que a presidente Dilma começou bem a campanha, apresentando um "Plano de Transformação Nacional", tentando jogar para frente o debate eleitoral.
Certamente será questionada sobre sua capacitação para transformar o país, se nos últimos quatro anos não conseguiu fazer a economia se desenvolver. A desculpa dada no discurso de ontem de que ela e Lula herdaram uma herança maldita difícil de ser superada é uma desculpa esfarrapada, que certamente será contestada pelos adversários de oposição.
Mas começar a campanha sem salto alto e consciente de que esta será uma disputa presidencial mais difícil e dura que qualquer outra já travada pelo partido, como admitiram vários dirigentes petistas, mostra que o partido está em alerta e disposto a enfrentar as dificuldades, o que exige uma militância aguerrida nas ruas.
A questão é que essa militância já não tem mais aquela alma que a distinguia da dos demais partidos, assim como o PT transformou-se em mais um na geleia geral partidária brasileira. Porém, o PT é de longe o partido mais bem equipado para a disputa eleitoral, dado sua estrutura e organização nacionais e o dinheiro que vem arrecadando ao longo dos anos em que está no poder.
Nem xingamento nem vitimização - RONALDO CAIADO
FOLHA DE SP - 22/06
Acreditar que aqueles que xingaram Dilma são integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro
É inaceitável numa democracia que um presidente da República seja xingado publicamente de modo grosseiro, especialmente num evento do porte da abertura da Copa do Mundo, vista por mais de 3 bilhões de pessoas em todo o planeta.
É grosseiro, merece nosso repúdio, mas não podemos esquecer o contexto que levaram milhares de pessoas a xingar a presidente Dilma Rousseff no Itaquerão. E muito menos aceitar a "vitimização" que o PT pretende impor à sociedade em mais uma de suas "armadilhas" em lançar falsas questões em falsos debates, com falsos argumentos.
Acreditar que aqueles que a xingaram são "cretinos", "facínoras", integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro e é imaginar que ele não tem memória ou capacidade de interpretar gestos políticos.
Por anos o PT e seus principais dirigentes atacaram duramente a figura do presidente da República, qualquer que fosse o ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto. Os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, todos eles sofreram agressões grosseiras de Lula e de outros próceres do partido. Na fila de desafetos petistas incluem-se Mário Covas (chegou a ser agredido fisicamente), José Agripino e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, inclusive ameaçado de morte.
Essa sempre foi a estratégia política do partido da atual presidente da República, desde a sua fundação. A de agredir quem pensa diferente, a de acirrar os conflitos em dicotomias simplistas --"elite branca" versus "maioria negra"-- e a de não respeitar a decisão da maioria, como nos episódios da campanha do "Fora FHC" e da Constituição de 1988, que resistiram a assinar.
Agora tentam utilizar o episódio do Itaquerão para reverter a situação e "vitimizar" a presidente Dilma Rousseff na figura de mulher, "mãe de família", "avó indefesa", para obter ganhos políticos eleitoreiros. Esquecem, propositadamente, que a própria Dilma Rousseff usou o dinheiro público na rede nacional de rádio e TV para estimular o conflito. Contribuiu com uma safra de ofensas que incluiu expressões pouco republicanas para a liturgia de seu cargo, como "derrotados", "fantasmas do passado".
Tentam, ao vitimizá-la, ludibriar a opinião pública e fazer com que se esqueça que, por trás das vaias e dos grosseiros xingamentos, existem insatisfações concretas na população, que já se materializaram nas ruas em junho do ano passado.
A economia vai mal, a inflação recrudesce, os juros sobem e a corrupção grassa solta. Os gastos astronômicos e superfaturados das obras da Copa, o inexistente legado e a incompetência em cumprir o prometido comprometeram a imagem do governo e do país, aqui e no exterior, como indicam as pesquisas.
Mesmo assim, numa vã tentativa de iludir a população, eles fingem que essas informações não se referem à gestão deles. Esse é o quadro, inaceitável numa democracia. Não podemos deixar mais esse exercício cínico de vitimologia do PT prosperar. Precisamos desmascará-lo e garantir um regime democrático pleno, sem xingamentos, mas sem mentiras nem vitimização.
Acreditar que aqueles que xingaram Dilma são integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro
É inaceitável numa democracia que um presidente da República seja xingado publicamente de modo grosseiro, especialmente num evento do porte da abertura da Copa do Mundo, vista por mais de 3 bilhões de pessoas em todo o planeta.
É grosseiro, merece nosso repúdio, mas não podemos esquecer o contexto que levaram milhares de pessoas a xingar a presidente Dilma Rousseff no Itaquerão. E muito menos aceitar a "vitimização" que o PT pretende impor à sociedade em mais uma de suas "armadilhas" em lançar falsas questões em falsos debates, com falsos argumentos.
Acreditar que aqueles que a xingaram são "cretinos", "facínoras", integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro e é imaginar que ele não tem memória ou capacidade de interpretar gestos políticos.
Por anos o PT e seus principais dirigentes atacaram duramente a figura do presidente da República, qualquer que fosse o ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto. Os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, todos eles sofreram agressões grosseiras de Lula e de outros próceres do partido. Na fila de desafetos petistas incluem-se Mário Covas (chegou a ser agredido fisicamente), José Agripino e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, inclusive ameaçado de morte.
Essa sempre foi a estratégia política do partido da atual presidente da República, desde a sua fundação. A de agredir quem pensa diferente, a de acirrar os conflitos em dicotomias simplistas --"elite branca" versus "maioria negra"-- e a de não respeitar a decisão da maioria, como nos episódios da campanha do "Fora FHC" e da Constituição de 1988, que resistiram a assinar.
Agora tentam utilizar o episódio do Itaquerão para reverter a situação e "vitimizar" a presidente Dilma Rousseff na figura de mulher, "mãe de família", "avó indefesa", para obter ganhos políticos eleitoreiros. Esquecem, propositadamente, que a própria Dilma Rousseff usou o dinheiro público na rede nacional de rádio e TV para estimular o conflito. Contribuiu com uma safra de ofensas que incluiu expressões pouco republicanas para a liturgia de seu cargo, como "derrotados", "fantasmas do passado".
Tentam, ao vitimizá-la, ludibriar a opinião pública e fazer com que se esqueça que, por trás das vaias e dos grosseiros xingamentos, existem insatisfações concretas na população, que já se materializaram nas ruas em junho do ano passado.
A economia vai mal, a inflação recrudesce, os juros sobem e a corrupção grassa solta. Os gastos astronômicos e superfaturados das obras da Copa, o inexistente legado e a incompetência em cumprir o prometido comprometeram a imagem do governo e do país, aqui e no exterior, como indicam as pesquisas.
Mesmo assim, numa vã tentativa de iludir a população, eles fingem que essas informações não se referem à gestão deles. Esse é o quadro, inaceitável numa democracia. Não podemos deixar mais esse exercício cínico de vitimologia do PT prosperar. Precisamos desmascará-lo e garantir um regime democrático pleno, sem xingamentos, mas sem mentiras nem vitimização.
Manhas e manias da política - GAUDÊNCIO TORQUATO
O ESTADO DE S.PAULO - 22/06
O jogo político não tem sido tão descontraído e festivo quanto as disputas que animam as galeras nos 12 estádios que sediam o maior espetáculo do futebol mundial. Na arena eleitoral as batalhas se acirram com a entronização dos candidatos nas convenções partidárias, incentivando espadachins a desferir golpes em todas as direções. As estocadas recíprocas revestem-se de surpreendente e contundente expressão, a revelar que o pleito antecipado (legalmente só poderá chegar às ruas em 6 de julho) já se mostra o mais virulento da contemporaneidade. Trata-se, afinal, não só de uma guerra entre três candidatos competitivos, mas de uma luta esganiçada pela continuidade ou mudança de rumos na condução do País a partir de 2015. Enquanto os contendores se engalfinham, os torcedores se comprazem confraternizando com torcidas estrangeiras e fruindo as performances dos atletas, com o apito pronto para evitar que se chute a bola de candidaturas nos gramados.
Essa, aliás, é a primeira explicação para apupos às autoridades nos eventos esportivos. A massa, sem distinção de classes, abomina misturar política, futebol e religião. Sabe guardar cada coisa em seu lugar. E conhece bem a primeira regra dos estádios: não há limites para as expressões, mesmo as chulas, reveladoras de deseducação cívica, como as ouvidas no jogo inaugural da Copa. O distanciamento entre a sociedade e a esfera política é um real fenômeno que pode ser avaliado por muitos instrumentos: índice de abstenção, votos nulos e em branco (ultrapassando hoje a casa dos 30%) e desinteresse geral pela eleição (em torno dos 50%). O imenso vazio aberto é ocupado por novos polos de poder, uma estrondosa tuba de ressonância que dá vazão ao clamor de grupos organizados.
Como atrair o interesse de eleitores de todas as faixas, que tendem a nivelar por baixo todos os representantes e demonstram esgotamento com os atores políticos? Eis o nó da questão. Em torno dele se debruçam candidatos, porta-vozes e cabos eleitorais, cada qual buscando a melhor mensagem para o momento.
No plano dos discursos, o PT esforça-se para dar credibilidade a um escopo ideológico que ainda causa receio a ponderável parcela do eleitorado. É um partido que vê, muito assustado, a corrosão de sua identidade, a mais confiável 20 anos atrás. Teme ser desalojado do primeiro andar do poder. Sente que já não tem tanto respaldo popular quanto nos dourados anos da era Lula, de quem espera papel de vanguarda na estratégia de continuidade.
Por isso Luiz Inácio, valendo-se do conhecido instinto desenvolvido ao longo do contato direto com as massas, resgata o velho axioma de guerra: a melhor defesa é o ataque. Ataque contra a imprensa, contra as elites, contra quem cospe no prato em que comeu, contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (que teria "comprado" apoio no Congresso ao projeto da reeleição). O tiroteio faz recuar exércitos adversários, obrigando-os à defesa. Mestre na arte da prestidigitação, o ex-metalúrgico anteontem era João Ferrador, ontem, "Lulinha paz e amor" e hoje volta a ser o gigante Ferrabrás.
Lembrando: em 1972 Lula vestia a camiseta do João Ferrador, personagem criado pelo jornalista Antônio Felix Nunes para apresentar as reivindicações dos metalúrgicos. "Hoje eu não tô bom" era o bordão do raivoso Ferrador. Em 2002 adotou o slogan "Lulinha paz e amor", contrapondo-se ao perfil combativo e sisudo das eleições de 1989, quando recebeu de Leonel Brizola a alcunha "sapo barbudo". Passou a ecoar o slogan "a esperança vencerá o medo". Foi um tento. Hoje tenta recompor o dito sob nova roupagem: "A esperança vencerá o ódio". Neste ponto, emerge a dissonância.
O ódio faz parte da estratégia lulista quando procura resgatar a polarização entre petistas e tucanos, identificando os primeiros com os pobres e os segundos com os ricos. A questão, porém, é mais complexa. Os habitantes do meio da pirâmide social e parcelas das bordas já estão vacinados contra refrãos carcomidos pela poeira do tempo. O slogan das ruas é outro: mais e melhores serviços públicos. Não acreditam que estatutos como o Bolsa Família serão extintos, qualquer que seja o futuro presidente. Já aos tucanos interessa acender a tocha da polarização, crentes de suas chances no pleito deste ano. Fernando Henrique vai à trincheira em resposta à crítica de que teria "comprado" apoios para aprovar a reeleição: "Lula vestiu a carapuça".
Depois de ter brilhado na constelação da ética, o PT aparece nas pesquisas como o ente que mais encarna o vírus da corrupção. Mesmo assim, aposta na dualidade "nós e eles", o bem e o mal. E continua a desprezar os parceiros partidários da aliança governista, alargando seu império na administração federal. Haja sofisma, a denotar um duplo padrão ético que lembra a resposta do rei africano sobre o bem e o mal dada ao pesquisador Carl Jung: "O bem é quando roubo as mulheres do meu inimigo, o mal é quando o inimigo rouba minhas mulheres". Nessa toada a campanha eleitoral, já começada, cerca-se de grandes interrogações. A aposta maior é a de que os rumos finais serão ditados pelo andar da carruagem econômica: maior inflação, aumento do desemprego, barrigas roncando, massas apertando o cerco, pior para a presidente Dilma, melhor para as oposições; a recíproca é verdadeira.
As manias e manhas que marcam as práticas eleitorais e o marketing - a execração recíproca, a autoglorificação de perfis, o disfarce e o embuste, as promessas mirabolantes - começam a disseminar-se com o fito de projetar imagens positivas e negativas para uns e outros. O eleitor continua arredio. Sua visão se concentra nas arenas esportivas e não nas praças da guerra eleitoral. Uma certeza é cristalina: o clima de 2014 é bem diferente da temperatura de 2010. Estreita-se o espaço da mistificação.
O jogo político não tem sido tão descontraído e festivo quanto as disputas que animam as galeras nos 12 estádios que sediam o maior espetáculo do futebol mundial. Na arena eleitoral as batalhas se acirram com a entronização dos candidatos nas convenções partidárias, incentivando espadachins a desferir golpes em todas as direções. As estocadas recíprocas revestem-se de surpreendente e contundente expressão, a revelar que o pleito antecipado (legalmente só poderá chegar às ruas em 6 de julho) já se mostra o mais virulento da contemporaneidade. Trata-se, afinal, não só de uma guerra entre três candidatos competitivos, mas de uma luta esganiçada pela continuidade ou mudança de rumos na condução do País a partir de 2015. Enquanto os contendores se engalfinham, os torcedores se comprazem confraternizando com torcidas estrangeiras e fruindo as performances dos atletas, com o apito pronto para evitar que se chute a bola de candidaturas nos gramados.
Essa, aliás, é a primeira explicação para apupos às autoridades nos eventos esportivos. A massa, sem distinção de classes, abomina misturar política, futebol e religião. Sabe guardar cada coisa em seu lugar. E conhece bem a primeira regra dos estádios: não há limites para as expressões, mesmo as chulas, reveladoras de deseducação cívica, como as ouvidas no jogo inaugural da Copa. O distanciamento entre a sociedade e a esfera política é um real fenômeno que pode ser avaliado por muitos instrumentos: índice de abstenção, votos nulos e em branco (ultrapassando hoje a casa dos 30%) e desinteresse geral pela eleição (em torno dos 50%). O imenso vazio aberto é ocupado por novos polos de poder, uma estrondosa tuba de ressonância que dá vazão ao clamor de grupos organizados.
Como atrair o interesse de eleitores de todas as faixas, que tendem a nivelar por baixo todos os representantes e demonstram esgotamento com os atores políticos? Eis o nó da questão. Em torno dele se debruçam candidatos, porta-vozes e cabos eleitorais, cada qual buscando a melhor mensagem para o momento.
No plano dos discursos, o PT esforça-se para dar credibilidade a um escopo ideológico que ainda causa receio a ponderável parcela do eleitorado. É um partido que vê, muito assustado, a corrosão de sua identidade, a mais confiável 20 anos atrás. Teme ser desalojado do primeiro andar do poder. Sente que já não tem tanto respaldo popular quanto nos dourados anos da era Lula, de quem espera papel de vanguarda na estratégia de continuidade.
Por isso Luiz Inácio, valendo-se do conhecido instinto desenvolvido ao longo do contato direto com as massas, resgata o velho axioma de guerra: a melhor defesa é o ataque. Ataque contra a imprensa, contra as elites, contra quem cospe no prato em que comeu, contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (que teria "comprado" apoio no Congresso ao projeto da reeleição). O tiroteio faz recuar exércitos adversários, obrigando-os à defesa. Mestre na arte da prestidigitação, o ex-metalúrgico anteontem era João Ferrador, ontem, "Lulinha paz e amor" e hoje volta a ser o gigante Ferrabrás.
Lembrando: em 1972 Lula vestia a camiseta do João Ferrador, personagem criado pelo jornalista Antônio Felix Nunes para apresentar as reivindicações dos metalúrgicos. "Hoje eu não tô bom" era o bordão do raivoso Ferrador. Em 2002 adotou o slogan "Lulinha paz e amor", contrapondo-se ao perfil combativo e sisudo das eleições de 1989, quando recebeu de Leonel Brizola a alcunha "sapo barbudo". Passou a ecoar o slogan "a esperança vencerá o medo". Foi um tento. Hoje tenta recompor o dito sob nova roupagem: "A esperança vencerá o ódio". Neste ponto, emerge a dissonância.
O ódio faz parte da estratégia lulista quando procura resgatar a polarização entre petistas e tucanos, identificando os primeiros com os pobres e os segundos com os ricos. A questão, porém, é mais complexa. Os habitantes do meio da pirâmide social e parcelas das bordas já estão vacinados contra refrãos carcomidos pela poeira do tempo. O slogan das ruas é outro: mais e melhores serviços públicos. Não acreditam que estatutos como o Bolsa Família serão extintos, qualquer que seja o futuro presidente. Já aos tucanos interessa acender a tocha da polarização, crentes de suas chances no pleito deste ano. Fernando Henrique vai à trincheira em resposta à crítica de que teria "comprado" apoios para aprovar a reeleição: "Lula vestiu a carapuça".
Depois de ter brilhado na constelação da ética, o PT aparece nas pesquisas como o ente que mais encarna o vírus da corrupção. Mesmo assim, aposta na dualidade "nós e eles", o bem e o mal. E continua a desprezar os parceiros partidários da aliança governista, alargando seu império na administração federal. Haja sofisma, a denotar um duplo padrão ético que lembra a resposta do rei africano sobre o bem e o mal dada ao pesquisador Carl Jung: "O bem é quando roubo as mulheres do meu inimigo, o mal é quando o inimigo rouba minhas mulheres". Nessa toada a campanha eleitoral, já começada, cerca-se de grandes interrogações. A aposta maior é a de que os rumos finais serão ditados pelo andar da carruagem econômica: maior inflação, aumento do desemprego, barrigas roncando, massas apertando o cerco, pior para a presidente Dilma, melhor para as oposições; a recíproca é verdadeira.
As manias e manhas que marcam as práticas eleitorais e o marketing - a execração recíproca, a autoglorificação de perfis, o disfarce e o embuste, as promessas mirabolantes - começam a disseminar-se com o fito de projetar imagens positivas e negativas para uns e outros. O eleitor continua arredio. Sua visão se concentra nas arenas esportivas e não nas praças da guerra eleitoral. Uma certeza é cristalina: o clima de 2014 é bem diferente da temperatura de 2010. Estreita-se o espaço da mistificação.
Os cartéis dos ônibus ganharam a Copa - ELIO GASPARI
O GLOBO - 22/06
No final de maio, com jeito de quem não quer nada, o Congresso aprovou e enviou ao Planalto o texto final da medida provisória 638. Nele, uma emenda destacada pelo senador Romero Jucá estabeleceu que as concessões de linhas de ônibus interestaduais serão distribuídas num regime de autorização pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. A Constituição diz que isso deve ser feito em licitações públicas. Aquilo que a lei manda, e que o governo sempre prometeu fazer por meio de um processo racional e transparente, ficará na dependência das canetadas de transportecas. Serão canetadas num mercado de R$ 4 bilhões anuais, onde há 2.100 linhas, operadas por 210 empresas. Delas, 25 controlam metade do mercado. Vale lembrar que 2014 é um ano eleitoral e uma
parte do ervanário desse setor rola em dinheiro vivo. Nenhum parlamentar de qualquer partido ou candidato à Presidência da República reclamou. Todos, contudo, defendem a racionalização, transparência e moralização das concessões de transportes públicos.
Nesse mundo acontece de tudo. No tempo do DOI-Codi, havia a intimidade do senador Camilo Cola (Viação Itapemirim) com a turma do porão. Ele tinha um patrimônio declarado de US$ 154 milhões e informava um rendimento mensal de R$ 10 mil à Receita. Em tempos de PCC, houve a presença de seus representantes numa discussão em torno das vans de São Paulo. No encontro esteve o deputado estadual petista Luiz Moura, destacado integrante da corrente PTLM (PT de Lutas e de Massa), onde brilha o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
A medida provisória 638 saiu do Planalto com a elegância de Van Persie e voltou do Congresso com a truculência de um Pepe. Chamava-se "Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores" ou "Inovar-Auto". Tinha dois artigos, mas ganhou cerca de 30 contrabandos.
Desde o século passado, o governo anuncia que reordenará o setor de transportes com leilões e licitações. Em 2001, quando um projeto permitia a renovação das concessões por 15 anos, o deputado Aloizio Mercadante denunciava: "Isso é um escândalo. Onde está o ministro dos Transportes (...)? Ele é omisso ou conivente". Em 2008, o governo disse que abriria uma licitação para leiloar 1.600 linhas. Nada, ficou para 2009, 2011 e 2013. Em todas as ocasiões, os empresários do setor combateram os modelos apresentados, sempre seguindo a canção: "Quem está fora não entra, quem está dentro não sai". Às vezes, provavam que o governo estava legislando sobre coisas que não entendia. Em outros casos, os transportecas aceitavam as exigências destinadas a impedir o aparecimento de novos concorrentes.
Com o truque da MP, todo o poder irá para a ANTT. Sua maior glória vem de algo que não fez. Felizmente, não conseguiu tocar a maluquice do trem-bala.
Os transportes públicos urbanos são cartéis blindados em caixas-pretas. Os interestaduais funcionam melhor, mas repousam sobre uma estrutura legal caótica. O governo prometia que um dos legados da Copa seria a melhora da mobilidade urbana. Abandonou grandes obras prometidas para as cidades e aproveitaram a Copa para empurrar um retrocesso institucional na malha interestadual.
NA TRAVE
O ministro Teori Zavascki ficou devendo uma homenagem ao juiz federal paranaense Sergio Moro.
Em maio, Zavascki mandou soltar o petrocomissário Paulo Roberto da Costa, que Moro mandara para a cadeia meses antes. Dias depois da decisão de Teori, baseado na descoberta de US$ 23 milhões em contas suíças do ex-diretor da Petrobras e na posse de um passaporte português, Moro mandou prendê-lo de novo.
Bateu na trave. Zavascki não sabia dos novos detalhes, e o petrocomissário não estava condenado, mas, se ele tivesse fugido, iria para sua biografia mais
uma libertação esquisita determinada por ministros do STF. Num caso estelar, Gilmar Mendes mandou soltar o médico Roger Abdelmassih, condenado a 276 anos de prisão pelo estupro de clientes. Está sumido desde 2009.
PSB ORGIÁSTICO
O doutor Eduardo Campos diz que seu PSB faz política com novos métodos, rompendo a dicotomia PSDB-PT. Dito isto, aliou-se ao PSDB em São Paulo e ao PT no Rio.
Essa nova política teve a virtude de produzir uma novidade a um só tempo inteligente e divertida.
É a definição dada pelo deputado Alfredo Sirkis para o flerte do
Rio: "Coligação orgiástica". (Ele usou também outra expressão, menos dominical.)
JBS
Há um ano, o grupo empresarial JBS comprou o Canal Rural, emissora especializada em atender a audiência do agronegócio. Sendo um dos maiores processadores de alimentos do mundo, seu interesse na operação relacionou-se com um serviço aos seus produtores e clientes. Nada mais. O grupo JBS não pensa em se meter em empreendimentos jornalísticos.
O NOVO CAPITALISMO DE ESTADO
Saiu pela editora da Universidade Harvard o livro "Reinventing State Capitalism" (reinventando o capitalismo de Estado), dos professores Aldo Musacchio, de Harvard, e Sérgio Lazzarini, do Insper. É uma aula para quem quiser entender o que são (ou foram) as "campeãs nacionais" do BNDES, as acrobacias da Petrobras ou as manobras do governo na Vale, tanto na hora de privatizá-la como na ocasião em que Lula enquadrou-a, com a eventual ajuda de Eike Batista.
O professor Lazzarini já havia estudado as conexões de tucanos e petistas com os cofres da Viúva no seu "Capitalismo de Laços", publicado em 2011. Agora, ele e Musacchio pesquisaram um fenômeno que vai além do Brasil. Se aqui surgiu a JBS com investimentos do BNDES, que é seu maior acionista minoritário, na China o governo alavancou o Agricultural Bank. Eles mostram que, depois da onda de privatizações do século passado, o capitalismo de Estado reinventou-se. Viúvas de todo o mundo tornaram-se acionistas minoritários, com um braço forte capaz de prevalecer quando lhe interessa, como aconteceu na Vale. Mostram que, para o bem ou para o mal, há por aí um novo fenômeno.
Musacchio e Lazzarini navegaram pelos balanços, cruzaram desempenhos de empresas e doações de campanhas eleitorais. Estudando a origem dos executivos de 250 estatais brasileiras entre 1973 e 1993, construíram um banco de dados com 467 biografias. Num balanço, aqui e ali encontraram lombadas, mas o trabalho não estimulará a satanização do Estado.
"Reinventing State Capitalism" está na rede por US$ 41,73, contra US$ 44,03 para a edição de papel.
No final de maio, com jeito de quem não quer nada, o Congresso aprovou e enviou ao Planalto o texto final da medida provisória 638. Nele, uma emenda destacada pelo senador Romero Jucá estabeleceu que as concessões de linhas de ônibus interestaduais serão distribuídas num regime de autorização pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. A Constituição diz que isso deve ser feito em licitações públicas. Aquilo que a lei manda, e que o governo sempre prometeu fazer por meio de um processo racional e transparente, ficará na dependência das canetadas de transportecas. Serão canetadas num mercado de R$ 4 bilhões anuais, onde há 2.100 linhas, operadas por 210 empresas. Delas, 25 controlam metade do mercado. Vale lembrar que 2014 é um ano eleitoral e uma
parte do ervanário desse setor rola em dinheiro vivo. Nenhum parlamentar de qualquer partido ou candidato à Presidência da República reclamou. Todos, contudo, defendem a racionalização, transparência e moralização das concessões de transportes públicos.
Nesse mundo acontece de tudo. No tempo do DOI-Codi, havia a intimidade do senador Camilo Cola (Viação Itapemirim) com a turma do porão. Ele tinha um patrimônio declarado de US$ 154 milhões e informava um rendimento mensal de R$ 10 mil à Receita. Em tempos de PCC, houve a presença de seus representantes numa discussão em torno das vans de São Paulo. No encontro esteve o deputado estadual petista Luiz Moura, destacado integrante da corrente PTLM (PT de Lutas e de Massa), onde brilha o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
A medida provisória 638 saiu do Planalto com a elegância de Van Persie e voltou do Congresso com a truculência de um Pepe. Chamava-se "Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores" ou "Inovar-Auto". Tinha dois artigos, mas ganhou cerca de 30 contrabandos.
Desde o século passado, o governo anuncia que reordenará o setor de transportes com leilões e licitações. Em 2001, quando um projeto permitia a renovação das concessões por 15 anos, o deputado Aloizio Mercadante denunciava: "Isso é um escândalo. Onde está o ministro dos Transportes (...)? Ele é omisso ou conivente". Em 2008, o governo disse que abriria uma licitação para leiloar 1.600 linhas. Nada, ficou para 2009, 2011 e 2013. Em todas as ocasiões, os empresários do setor combateram os modelos apresentados, sempre seguindo a canção: "Quem está fora não entra, quem está dentro não sai". Às vezes, provavam que o governo estava legislando sobre coisas que não entendia. Em outros casos, os transportecas aceitavam as exigências destinadas a impedir o aparecimento de novos concorrentes.
Com o truque da MP, todo o poder irá para a ANTT. Sua maior glória vem de algo que não fez. Felizmente, não conseguiu tocar a maluquice do trem-bala.
Os transportes públicos urbanos são cartéis blindados em caixas-pretas. Os interestaduais funcionam melhor, mas repousam sobre uma estrutura legal caótica. O governo prometia que um dos legados da Copa seria a melhora da mobilidade urbana. Abandonou grandes obras prometidas para as cidades e aproveitaram a Copa para empurrar um retrocesso institucional na malha interestadual.
NA TRAVE
O ministro Teori Zavascki ficou devendo uma homenagem ao juiz federal paranaense Sergio Moro.
Em maio, Zavascki mandou soltar o petrocomissário Paulo Roberto da Costa, que Moro mandara para a cadeia meses antes. Dias depois da decisão de Teori, baseado na descoberta de US$ 23 milhões em contas suíças do ex-diretor da Petrobras e na posse de um passaporte português, Moro mandou prendê-lo de novo.
Bateu na trave. Zavascki não sabia dos novos detalhes, e o petrocomissário não estava condenado, mas, se ele tivesse fugido, iria para sua biografia mais
uma libertação esquisita determinada por ministros do STF. Num caso estelar, Gilmar Mendes mandou soltar o médico Roger Abdelmassih, condenado a 276 anos de prisão pelo estupro de clientes. Está sumido desde 2009.
PSB ORGIÁSTICO
O doutor Eduardo Campos diz que seu PSB faz política com novos métodos, rompendo a dicotomia PSDB-PT. Dito isto, aliou-se ao PSDB em São Paulo e ao PT no Rio.
Essa nova política teve a virtude de produzir uma novidade a um só tempo inteligente e divertida.
É a definição dada pelo deputado Alfredo Sirkis para o flerte do
Rio: "Coligação orgiástica". (Ele usou também outra expressão, menos dominical.)
JBS
Há um ano, o grupo empresarial JBS comprou o Canal Rural, emissora especializada em atender a audiência do agronegócio. Sendo um dos maiores processadores de alimentos do mundo, seu interesse na operação relacionou-se com um serviço aos seus produtores e clientes. Nada mais. O grupo JBS não pensa em se meter em empreendimentos jornalísticos.
O NOVO CAPITALISMO DE ESTADO
Saiu pela editora da Universidade Harvard o livro "Reinventing State Capitalism" (reinventando o capitalismo de Estado), dos professores Aldo Musacchio, de Harvard, e Sérgio Lazzarini, do Insper. É uma aula para quem quiser entender o que são (ou foram) as "campeãs nacionais" do BNDES, as acrobacias da Petrobras ou as manobras do governo na Vale, tanto na hora de privatizá-la como na ocasião em que Lula enquadrou-a, com a eventual ajuda de Eike Batista.
O professor Lazzarini já havia estudado as conexões de tucanos e petistas com os cofres da Viúva no seu "Capitalismo de Laços", publicado em 2011. Agora, ele e Musacchio pesquisaram um fenômeno que vai além do Brasil. Se aqui surgiu a JBS com investimentos do BNDES, que é seu maior acionista minoritário, na China o governo alavancou o Agricultural Bank. Eles mostram que, depois da onda de privatizações do século passado, o capitalismo de Estado reinventou-se. Viúvas de todo o mundo tornaram-se acionistas minoritários, com um braço forte capaz de prevalecer quando lhe interessa, como aconteceu na Vale. Mostram que, para o bem ou para o mal, há por aí um novo fenômeno.
Musacchio e Lazzarini navegaram pelos balanços, cruzaram desempenhos de empresas e doações de campanhas eleitorais. Estudando a origem dos executivos de 250 estatais brasileiras entre 1973 e 1993, construíram um banco de dados com 467 biografias. Num balanço, aqui e ali encontraram lombadas, mas o trabalho não estimulará a satanização do Estado.
"Reinventing State Capitalism" está na rede por US$ 41,73, contra US$ 44,03 para a edição de papel.
Debacle argentina é lição para o Brasil - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 22/06
Além de reflexos no Mercosul e em todo o continente, os previsíveis problemas do vizinho comprovam o equívoco que é a diplomacia companheira do lulopetismo
A crise argentina se aprofunda com o risco de mais um calote externo, depois que a Suprema Corte americana acolheu demanda de fundos especulativos, “abutres”, que não aceitaram os termos da última renegociação da dívida do país e agora desejam receber os créditos pelo valor integral. A dimensão potencial do problema é expressa por duas cifras: se outros credores, em condições idênticas, quiserem o mesmo, a Argentina terá de desembolsar US$ 15 bilhões no dia 30, cerca da metade dos US$ 28 bilhões das reservas do banco central.
Este cenário drástico para a fase final do segundo mandato de Cristina Kirchner — as eleições presidenciais serão no ano que vem — está previsto há algum tempo, pois a derrota argentina na Justiça americana era uma possibilidade concreta.
Esse desfecho começou a ser desenhado pela postura arrogante do marido de Cristina, Néstor Kirchner, quando era presidente, na imposição de condições draconianas na renegociação da dívida, tornada impagável no rompimento da política de câmbio fixo, em dezembro de 2001.
Mesmo que aquelas condições fossem inexoráveis, a postura política argentina revogou qualquer chance de entendimento. Tudo condimentado por um conhecido discurso nacional-populista, marca registrada do peronismo kirchnerista.
O aprofundamento da crise do país — sem divisas em nível tranquilizador, com inflação em 30% e economia em recessão — marca o esperado esgotamento de um modelo heterodoxo intervencionista, de que resultou a fuga dos investidores e a marginalização da Argentina no mundo.
Embora tudo muito previsível, a diplomacia companheira do lulopetismo, à qual se subordina o Itamaraty, levou a política de comércio externo brasileira a concentrar suas apostas em aliados ideológicos latino-americanos, como a Argentina e Venezuela, esta colocada para dentro do Mercosul numa manobra da Casa Rosada e do Planalto, de que foi vítima o Paraguai. E assim, o Mercosul tem hoje dentro dele duas bombas de demolição em contagem regressiva. As consequências já começaram a ser colhidas há algum tempo. Por ser mercado estratégico para as exportações brasileiras — hoje, o terceiro em importância, atrás de China e Estados Unidos —, a Argentina, com sua crise, tem agravado a tendência de déficits externos do Brasil.
O volume do comércio entre os dois países, no ano passado em US$ 36 bilhões, já encolheu 11% desde 2011. A indústria brasileira, sem competitividade para ocupar outros mercados, tinha a Argentina como cliente preferencial. Hoje, cada vez menos.
Além de todas as implicações para o Mercosul e todo o continente, a debacle argentina demonstra como é alto o preço que se paga quando se definem estratégias externas inspiradas em paixões ideológicas.
Além de reflexos no Mercosul e em todo o continente, os previsíveis problemas do vizinho comprovam o equívoco que é a diplomacia companheira do lulopetismo
A crise argentina se aprofunda com o risco de mais um calote externo, depois que a Suprema Corte americana acolheu demanda de fundos especulativos, “abutres”, que não aceitaram os termos da última renegociação da dívida do país e agora desejam receber os créditos pelo valor integral. A dimensão potencial do problema é expressa por duas cifras: se outros credores, em condições idênticas, quiserem o mesmo, a Argentina terá de desembolsar US$ 15 bilhões no dia 30, cerca da metade dos US$ 28 bilhões das reservas do banco central.
Este cenário drástico para a fase final do segundo mandato de Cristina Kirchner — as eleições presidenciais serão no ano que vem — está previsto há algum tempo, pois a derrota argentina na Justiça americana era uma possibilidade concreta.
Esse desfecho começou a ser desenhado pela postura arrogante do marido de Cristina, Néstor Kirchner, quando era presidente, na imposição de condições draconianas na renegociação da dívida, tornada impagável no rompimento da política de câmbio fixo, em dezembro de 2001.
Mesmo que aquelas condições fossem inexoráveis, a postura política argentina revogou qualquer chance de entendimento. Tudo condimentado por um conhecido discurso nacional-populista, marca registrada do peronismo kirchnerista.
O aprofundamento da crise do país — sem divisas em nível tranquilizador, com inflação em 30% e economia em recessão — marca o esperado esgotamento de um modelo heterodoxo intervencionista, de que resultou a fuga dos investidores e a marginalização da Argentina no mundo.
Embora tudo muito previsível, a diplomacia companheira do lulopetismo, à qual se subordina o Itamaraty, levou a política de comércio externo brasileira a concentrar suas apostas em aliados ideológicos latino-americanos, como a Argentina e Venezuela, esta colocada para dentro do Mercosul numa manobra da Casa Rosada e do Planalto, de que foi vítima o Paraguai. E assim, o Mercosul tem hoje dentro dele duas bombas de demolição em contagem regressiva. As consequências já começaram a ser colhidas há algum tempo. Por ser mercado estratégico para as exportações brasileiras — hoje, o terceiro em importância, atrás de China e Estados Unidos —, a Argentina, com sua crise, tem agravado a tendência de déficits externos do Brasil.
O volume do comércio entre os dois países, no ano passado em US$ 36 bilhões, já encolheu 11% desde 2011. A indústria brasileira, sem competitividade para ocupar outros mercados, tinha a Argentina como cliente preferencial. Hoje, cada vez menos.
Além de todas as implicações para o Mercosul e todo o continente, a debacle argentina demonstra como é alto o preço que se paga quando se definem estratégias externas inspiradas em paixões ideológicas.
Tudo culpa da mídia - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 22/06
O PT não desiste: é tudo culpa da mídia. Depois de Lula ter proclamado aos quatro ventos que o lamentável episódio das ofensas dirigidas a Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa do Mundo foi obra da "zelite", seu homem de confiança no Palácio do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho, manifestou opinião diversa, mas não necessariamente divergente, que na verdade "aprimora" o argumento petista: a culpa é da "pancadaria diária" dos meios de comunicação no lombo do PT e de seu governo.
Ajudam a entender as intenções do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência as circunstâncias em que ele se manifestou. Circunstâncias que, de resto, demonstram claramente o que o PT entende por "democratização da mídia": uma reunião, no Palácio do Planalto - patrocinada, portanto, com recursos de todos os brasileiros -, com blogueiros e ativistas militantes ou simpáticos ao lulopetismo, convocados para tratar da necessidade de se articularem e unificarem o discurso contra a "direita militante que não havia antes", para fazer "o debate da mídia para valer" (não ficou claro se o "para valer" se referia ao debate ou à mídia).
Não é a primeira vez que os blogueiros e comunicadores ativistas simpáticos ao PT são convocados para debater seu peculiar senso de exercício democrático do jornalismo. Com Lula já estiveram, recentemente, duas vezes, a última no dia 8 de abril. E desses encontros saem sempre com munição adequada para atacarem nas redes sociais os adversários, aliás, "inimigos" do PT.
E não foi com outro objetivo que Gilberto Carvalho, o responsável no governo pela articulação dos "movimentos sociais" manipulados pelos petistas, reuniu a tropa, nunca é demais registrar, na sede do Poder Executivo, bem pertinho do gabinete da presidente da República. O tema dominante na agenda do encontro foi a luta pela aprovação do polêmico decreto da Presidência que cria conselhos de participação popular para a formulação de políticas públicas em todo o aparelho estatal.
Carvalho enfatizou a necessidade de articulação política de todos os comunicadores que apoiam o governo com base no argumento central dos ideólogos do partido e da campanha eleitoral petista: o País está dividido entre "esquerda" e "direita", esta fortemente apoiada pela "mídia conservadora e hegemônica". E foi neste contexto que, para reforçar a argumentação, chamou a atenção para o episódio do Itaquerão: "Lá no Itaquerão não tinha só elite branca! Eu fui para o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca".
E, mais adiante: "A coisa desceu! Tá? Isso foi gotejando, água mole em pedra dura, esse cacete diário de que não enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o Estado, que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! Porque não demos combate, não conseguimos fazer o contraponto. Essa eleição agora vai ser a mais difícil de todas".
Seria ingênuo imaginar que Carvalho estaria fazendo um exame de consciência, um ato de contrição e reconhecimento da incapacidade petista de transmitir sua mensagem às massas. Muito ao contrário, simplesmente reafirmou a tática de vitimização daqueles que começam a se desesperar diante da possibilidade crescente de verem ruir seus planos de permanecer no poder a qualquer custo.
As manifestações dos ativistas, por sua vez, foram pontuadas por críticas à "incapacidade" do governo de neutralizar a "mídia golpista" e pelas soluções recomendadas para o problema: o "controle social" dos meios de comunicação e o apoio do Estado, com injeção de abundantes recursos, àqueles que se dedicam a "defender as causas sociais". Houve até quem reclamasse do fato de o governo não usar a emissora pública TV Brasil: "Eu sei que o senhor não é o dono da TV Brasil, mas a TV Brasil não entra em nada! É preciso que o governo assuma seus riscos para animar os que estão assumindo riscos do lado de cá". Colocada a questão nesses termos, resta saber o que os "do lado de lá" vão dizer nas urnas de outubro.
O PT não desiste: é tudo culpa da mídia. Depois de Lula ter proclamado aos quatro ventos que o lamentável episódio das ofensas dirigidas a Dilma Rousseff no jogo de abertura da Copa do Mundo foi obra da "zelite", seu homem de confiança no Palácio do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho, manifestou opinião diversa, mas não necessariamente divergente, que na verdade "aprimora" o argumento petista: a culpa é da "pancadaria diária" dos meios de comunicação no lombo do PT e de seu governo.
Ajudam a entender as intenções do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência as circunstâncias em que ele se manifestou. Circunstâncias que, de resto, demonstram claramente o que o PT entende por "democratização da mídia": uma reunião, no Palácio do Planalto - patrocinada, portanto, com recursos de todos os brasileiros -, com blogueiros e ativistas militantes ou simpáticos ao lulopetismo, convocados para tratar da necessidade de se articularem e unificarem o discurso contra a "direita militante que não havia antes", para fazer "o debate da mídia para valer" (não ficou claro se o "para valer" se referia ao debate ou à mídia).
Não é a primeira vez que os blogueiros e comunicadores ativistas simpáticos ao PT são convocados para debater seu peculiar senso de exercício democrático do jornalismo. Com Lula já estiveram, recentemente, duas vezes, a última no dia 8 de abril. E desses encontros saem sempre com munição adequada para atacarem nas redes sociais os adversários, aliás, "inimigos" do PT.
E não foi com outro objetivo que Gilberto Carvalho, o responsável no governo pela articulação dos "movimentos sociais" manipulados pelos petistas, reuniu a tropa, nunca é demais registrar, na sede do Poder Executivo, bem pertinho do gabinete da presidente da República. O tema dominante na agenda do encontro foi a luta pela aprovação do polêmico decreto da Presidência que cria conselhos de participação popular para a formulação de políticas públicas em todo o aparelho estatal.
Carvalho enfatizou a necessidade de articulação política de todos os comunicadores que apoiam o governo com base no argumento central dos ideólogos do partido e da campanha eleitoral petista: o País está dividido entre "esquerda" e "direita", esta fortemente apoiada pela "mídia conservadora e hegemônica". E foi neste contexto que, para reforçar a argumentação, chamou a atenção para o episódio do Itaquerão: "Lá no Itaquerão não tinha só elite branca! Eu fui para o jogo, não no estádio, fiquei ali pertinho numa escola, para acompanhar os movimentos. Eu fui e voltei de metrô. Não tinha só elite no metrô não! Tinha muito moleque gritando palavrão dentro do metrô que não tinha nada a ver com elite branca".
E, mais adiante: "A coisa desceu! Tá? Isso foi gotejando, água mole em pedra dura, esse cacete diário de que não enfrentamos a corrupção, que aparelhamos o Estado, que nós somos um bando de aventureiros que veio aqui para se locupletar, essa história pegou! Na classe média, na elite da classe média e vai gotejando, vai descendo! Porque não demos combate, não conseguimos fazer o contraponto. Essa eleição agora vai ser a mais difícil de todas".
Seria ingênuo imaginar que Carvalho estaria fazendo um exame de consciência, um ato de contrição e reconhecimento da incapacidade petista de transmitir sua mensagem às massas. Muito ao contrário, simplesmente reafirmou a tática de vitimização daqueles que começam a se desesperar diante da possibilidade crescente de verem ruir seus planos de permanecer no poder a qualquer custo.
As manifestações dos ativistas, por sua vez, foram pontuadas por críticas à "incapacidade" do governo de neutralizar a "mídia golpista" e pelas soluções recomendadas para o problema: o "controle social" dos meios de comunicação e o apoio do Estado, com injeção de abundantes recursos, àqueles que se dedicam a "defender as causas sociais". Houve até quem reclamasse do fato de o governo não usar a emissora pública TV Brasil: "Eu sei que o senhor não é o dono da TV Brasil, mas a TV Brasil não entra em nada! É preciso que o governo assuma seus riscos para animar os que estão assumindo riscos do lado de cá". Colocada a questão nesses termos, resta saber o que os "do lado de lá" vão dizer nas urnas de outubro.
Mais do mesmo - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 22/06
Novo pacote de incentivo do governo Dilma Rousseff repete medidas já experimentadas e que não trouxeram grande resultado
O novo pacote de incentivo à indústria é mais um testemunho de que ainda não há compreensão no governo Dilma Rousseff (PT) sobre as razões de fundo para o desempenho anêmico da economia.
O anúncio veio com o carimbo eleitoral. A presidente quer melhorar sua imagem entre os empresários, que a veem com desalento.
Nesse intuito, porém, recorre à velha fórmula dos últimos anos: agrados pontuais sem conexão com uma estratégia de resgate da competitividade industrial. Com isso, não há condições de imprimir dinamismo ao setor.
Duas das principais medidas são a volta do Reintegra, mecanismo que devolve impostos aos exportadores, com uma alíquota simbólica de 0,3%, e a prorrogação do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), do BNDES, que financia máquinas e equipamentos com juros subsidiados.
Haverá também condições ainda mais favoráveis para o parcelamento das dívidas de empresas com o fisco. A frequência com que se recorre à renegociação de obrigações vencidas é preocupante, pois incentiva a sonegação.
Por fim, mais setores terão preferência nas compras públicas, com alíquota de 25% --isto é, itens produzidos no Brasil vencerão concorrências mesmo se forem mais caros que congêneres importados.
Muitos países adotam tal política em segmentos sensíveis. Nos EUA, por exemplo, a defesa nacional é sempre privilegiada. Por aqui, se a medida não estiver ligada a objetivos de longo prazo, não passará de mero protecionismo.
Todos esses programas já existem, ou existiram, e não trouxeram grande resultado. Além disso, espanta a inexistência de análises transparentes sobre custos e benefícios, dado o volume dos subsídios envolvidos. No fim de 2013, o governo elevou o limite de financiamentos nesta modalidade para R$ 372 bilhões.
A verdade é que não há na equipe econômica nenhum pensamento estratégico sobre o problema da competitividade, e o governo insiste num caminho que não tem levado à expansão do investimento.
O equívoco do diagnóstico fica ainda mais nítido quando se vê o ex-presidente Lula pedir mais incentivo ao crédito e mais disposição das famílias para gastar. Não percebe que o momento é diverso daquele de seu segundo mandato.
Os desafios para retomar o crescimento agora são de outra natureza. Cumpre restaurar a competitividade por meio de ações amplas. Mais previsibilidade na gestão econômica e políticas que incentivem a produtividade, em todos os setores, devem substituir o voluntarismo e o improviso que tantos prejuízos têm causado.
Novo pacote de incentivo do governo Dilma Rousseff repete medidas já experimentadas e que não trouxeram grande resultado
O novo pacote de incentivo à indústria é mais um testemunho de que ainda não há compreensão no governo Dilma Rousseff (PT) sobre as razões de fundo para o desempenho anêmico da economia.
O anúncio veio com o carimbo eleitoral. A presidente quer melhorar sua imagem entre os empresários, que a veem com desalento.
Nesse intuito, porém, recorre à velha fórmula dos últimos anos: agrados pontuais sem conexão com uma estratégia de resgate da competitividade industrial. Com isso, não há condições de imprimir dinamismo ao setor.
Duas das principais medidas são a volta do Reintegra, mecanismo que devolve impostos aos exportadores, com uma alíquota simbólica de 0,3%, e a prorrogação do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), do BNDES, que financia máquinas e equipamentos com juros subsidiados.
Haverá também condições ainda mais favoráveis para o parcelamento das dívidas de empresas com o fisco. A frequência com que se recorre à renegociação de obrigações vencidas é preocupante, pois incentiva a sonegação.
Por fim, mais setores terão preferência nas compras públicas, com alíquota de 25% --isto é, itens produzidos no Brasil vencerão concorrências mesmo se forem mais caros que congêneres importados.
Muitos países adotam tal política em segmentos sensíveis. Nos EUA, por exemplo, a defesa nacional é sempre privilegiada. Por aqui, se a medida não estiver ligada a objetivos de longo prazo, não passará de mero protecionismo.
Todos esses programas já existem, ou existiram, e não trouxeram grande resultado. Além disso, espanta a inexistência de análises transparentes sobre custos e benefícios, dado o volume dos subsídios envolvidos. No fim de 2013, o governo elevou o limite de financiamentos nesta modalidade para R$ 372 bilhões.
A verdade é que não há na equipe econômica nenhum pensamento estratégico sobre o problema da competitividade, e o governo insiste num caminho que não tem levado à expansão do investimento.
O equívoco do diagnóstico fica ainda mais nítido quando se vê o ex-presidente Lula pedir mais incentivo ao crédito e mais disposição das famílias para gastar. Não percebe que o momento é diverso daquele de seu segundo mandato.
Os desafios para retomar o crescimento agora são de outra natureza. Cumpre restaurar a competitividade por meio de ações amplas. Mais previsibilidade na gestão econômica e políticas que incentivem a produtividade, em todos os setores, devem substituir o voluntarismo e o improviso que tantos prejuízos têm causado.
A média que nos coloca abaixo - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
GAZETA DO POVO - PR - 22/06
Dados do projeto Índice para uma vida melhor mostram que Brasil precisa esboçar, com urgência, uma revolução educacional. Do contrário, não veremos país nenhum
Apenas 34 mil brasileiros acessaram o endereço da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para conferir o Índice para uma vida melhor (www.ocdeindicevidamelhor.org). Desses, 800 responderam ao questionário. Apesar da adesão pequena, os resultados apontam pistas sobre o grau de satisfação da população com o país, e quais expectativas nutrem.
Dos 11 itens da pesquisa, as maiores preocupações nacionais, nessa ordem, são “educação”, “satisfação pessoal” e “saúde”. As menores preocupações são “comunidade” e “engajamento cívico”. Resta saber se os itens mais coletivos importam menos à população ou se, na visão dos respondentes, estão mais bem resolvidos. A pesquisa não responde essa sutileza, mas aponta para tantas outras que podem pautar as políticas públicas. A dizer, os demais itens são moradia, renda, trabalho, satisfação de vida, segurança, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
O resultado que mais deu repercussão – negativa – diz respeito à produtividade. De acordo com os índices da OCDE, o brasileiro trabalha mais do que a média dos habitantes de países ricos, mas produz menos e ganha remunerações mais medíocres. Entre os 36 países avaliados, o Brasil tem a pior renda per capita e 11% da população com carga horária semanal superior a 11%. Tudo isso, mesmo sendo a sétima economia do mundo. Soa esquizofrênico: rico, o Brasil tem uma das piores rendas per capitas – algo quatro vezes a menos do que a das famílias médias americanas, por exemplo.
A explicação para tamanha disparidade está na instrução. Com menos tempo de exposição à escola, a população brasileira encontra mais dificuldade em transformar o tempo gasto na vida profissional em resultados. O que mais surpreende os analistas é que, apesar do desempenho pouco vantajoso – não é agradável trabalhar tanto e receber pouco em troca –, 80% dos que responderam ao questionário se dizem satisfeitos com a vida, um índice quatro dígitos mais alto do que a dos outros países.
Assim que o dado da produtividade foi divulgado, houve quem o lesse do ponto de vista mais pejorativo – algo como “o brasileiro trabalha pouco”. Produzir menos não é, contudo, sinônimo de trabalhar menos, mas de não tirar do tempo do trabalho tudo o que ele pode render, usando do raciocínio e da organização, habilidades que melhoram à medida que avança o tempo de exposição à escola.
Os índices educacionais confirmam que o país perde – e muito – por causa desses descompasso, aspecto que compromete as perspectivas de desenvolvimento. Não se tem notícia de país desenvolvido que tenha quadro semelhante. No Brasil, 43% das pessoas entre 25 e 64 anos têm ensino médio. No Chile, esse índice é de 72%. Nos EUA, de 89%. As perspectivas não são muito melhores entre os jovens adultos, em tese, com idade de acertar sua situação escolar: 57% dos brasileiros entre 25 e 34 anos concluíram o ensino médio. Entre os desenvolvidos essa estatística supera 80% da população na mesma faixa etária.
Mesmo em situações de crise, países como a Argentina e a Rússia, para citar dois, se saem melhor, graças à escolaridade. Um engenheiro que esteja trabalhando de motorista de táxi, em Buenos Aires, por exemplo, tende não só a otimizar – como gostam de dizer os representantes do mundo corporativo – como em retornar para seu campo de atuação específica ou migrar para o empreendedorismo.
É questão séria. Difícil não citar aqui a média dos índices educacionais nas zonas de “polícias pacificadoras”, ou o nome que tenha. Em Curitiba e região metropolitana, por exemplo, a faixa nessas zonas favelizadas é de quatro anos de estudo, mesmo entre os jovens adultos. Do que se pode deduzir que os moradores das “zonas congeladas” podem ficar livres da violência, mas permanecem sujeitos à informalidade, situação na qual são vulneráveis ao crime, ativo e passivo. Do que se deduz que sem uma revolução educacional, em paralelo, não há política de segurança pública que funcione.
Em tempo. Esses dados eram conhecidos, antes mesmo da OCDE trazê-los à baila. A cada ano o Brasil perde mais a oportunidade de romper o dique e salvar seus jovens. Não se trata, obviamente, de uma tarefa do Estado, apenas, mas de toda a sociedade. Enquanto as mais diversas instituições não fizeram dessa a sua bandeira, não veremos país nenhum.
Dados do projeto Índice para uma vida melhor mostram que Brasil precisa esboçar, com urgência, uma revolução educacional. Do contrário, não veremos país nenhum
Apenas 34 mil brasileiros acessaram o endereço da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para conferir o Índice para uma vida melhor (www.ocdeindicevidamelhor.org). Desses, 800 responderam ao questionário. Apesar da adesão pequena, os resultados apontam pistas sobre o grau de satisfação da população com o país, e quais expectativas nutrem.
Dos 11 itens da pesquisa, as maiores preocupações nacionais, nessa ordem, são “educação”, “satisfação pessoal” e “saúde”. As menores preocupações são “comunidade” e “engajamento cívico”. Resta saber se os itens mais coletivos importam menos à população ou se, na visão dos respondentes, estão mais bem resolvidos. A pesquisa não responde essa sutileza, mas aponta para tantas outras que podem pautar as políticas públicas. A dizer, os demais itens são moradia, renda, trabalho, satisfação de vida, segurança, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
O resultado que mais deu repercussão – negativa – diz respeito à produtividade. De acordo com os índices da OCDE, o brasileiro trabalha mais do que a média dos habitantes de países ricos, mas produz menos e ganha remunerações mais medíocres. Entre os 36 países avaliados, o Brasil tem a pior renda per capita e 11% da população com carga horária semanal superior a 11%. Tudo isso, mesmo sendo a sétima economia do mundo. Soa esquizofrênico: rico, o Brasil tem uma das piores rendas per capitas – algo quatro vezes a menos do que a das famílias médias americanas, por exemplo.
A explicação para tamanha disparidade está na instrução. Com menos tempo de exposição à escola, a população brasileira encontra mais dificuldade em transformar o tempo gasto na vida profissional em resultados. O que mais surpreende os analistas é que, apesar do desempenho pouco vantajoso – não é agradável trabalhar tanto e receber pouco em troca –, 80% dos que responderam ao questionário se dizem satisfeitos com a vida, um índice quatro dígitos mais alto do que a dos outros países.
Assim que o dado da produtividade foi divulgado, houve quem o lesse do ponto de vista mais pejorativo – algo como “o brasileiro trabalha pouco”. Produzir menos não é, contudo, sinônimo de trabalhar menos, mas de não tirar do tempo do trabalho tudo o que ele pode render, usando do raciocínio e da organização, habilidades que melhoram à medida que avança o tempo de exposição à escola.
Os índices educacionais confirmam que o país perde – e muito – por causa desses descompasso, aspecto que compromete as perspectivas de desenvolvimento. Não se tem notícia de país desenvolvido que tenha quadro semelhante. No Brasil, 43% das pessoas entre 25 e 64 anos têm ensino médio. No Chile, esse índice é de 72%. Nos EUA, de 89%. As perspectivas não são muito melhores entre os jovens adultos, em tese, com idade de acertar sua situação escolar: 57% dos brasileiros entre 25 e 34 anos concluíram o ensino médio. Entre os desenvolvidos essa estatística supera 80% da população na mesma faixa etária.
Mesmo em situações de crise, países como a Argentina e a Rússia, para citar dois, se saem melhor, graças à escolaridade. Um engenheiro que esteja trabalhando de motorista de táxi, em Buenos Aires, por exemplo, tende não só a otimizar – como gostam de dizer os representantes do mundo corporativo – como em retornar para seu campo de atuação específica ou migrar para o empreendedorismo.
É questão séria. Difícil não citar aqui a média dos índices educacionais nas zonas de “polícias pacificadoras”, ou o nome que tenha. Em Curitiba e região metropolitana, por exemplo, a faixa nessas zonas favelizadas é de quatro anos de estudo, mesmo entre os jovens adultos. Do que se pode deduzir que os moradores das “zonas congeladas” podem ficar livres da violência, mas permanecem sujeitos à informalidade, situação na qual são vulneráveis ao crime, ativo e passivo. Do que se deduz que sem uma revolução educacional, em paralelo, não há política de segurança pública que funcione.
Em tempo. Esses dados eram conhecidos, antes mesmo da OCDE trazê-los à baila. A cada ano o Brasil perde mais a oportunidade de romper o dique e salvar seus jovens. Não se trata, obviamente, de uma tarefa do Estado, apenas, mas de toda a sociedade. Enquanto as mais diversas instituições não fizeram dessa a sua bandeira, não veremos país nenhum.
Gás é oportunidade para atrair novos investidores - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 22/06
Com a entrada em produção de novos campos no pré-sal, a oferta tende a crescer, e o país precisará de infraestrutura para abastecer o mercado
A abertura do mercado brasileiro de petróleo deu enorme impulso à indústria, especialmente à Petrobras, que conseguiu se livrar de antigas amarras e, sem a armadura do anacrônico monopólio, foi forçada a se tornar uma empresa mais competitiva. Infelizmente, quando esse processo ainda engatinhava, o governo Lula resolveu descer diversos degraus após a comprovação da descoberta de vultosos reservatórios na camada do pré-sal. As consequências de tal retrocesso podem ser percebidas na economia brasileira. O apetite das companhias petrolíferas para investir no país tem diminuído e a Petrobras já não possui folga para financiar todos os projetos de seu interesse e os que fora obrigada a assumir por imposição político-ideológica do governo do PT.
O governo Dilma retomou as licitações, mas já sem o brilho dos anos iniciais da abertura, exatamente pela perda de apetite dos investidores. No pré-sal, realizou a primeira sob o regime de partilha (para o qual apenas um consórcio ofereceu lance), que, espera-se, tenha sido o último em condições pouco atrativas para o conjunto da indústria.
O potencial de crescimento do setor de petróleo no Brasil permanece elevado, mas, para se materializar, depende da multiplicação de investidores que se disponham, inclusive, a fazer mais parcerias com a Petrobras. Por causa do retrocesso já mencionado, o governo terá agora de dar demonstrações claras que investidores são bem-vindos. A cadeia produtiva do gás natural talvez seja uma oportunidade concreta para isso.
O país importa hoje grande volume de gás — mais da metade do consumo. E da Bolívia, por meio de um duto que está no limite de sua capacidade de transporte, ou sob a forma de GNL (gás liquefeito), que é reconvertido em unidades especiais no litoral brasileiro. Há uma demanda crescente pelo gás, tanto para a produção industrial como para a geração de energia elétrica. As limitações de oferta e de infraestrutura é que restringem essa demanda.
No entanto, tudo leva a crer que a curva ascendente da produção de petróleo no pré-sal será acompanhada por um incremento semelhante na de gás. A Petrobras já planeja o transporte para terra firme do gás que for extraído nos poços marítimos, mas a infraestrutura terrestre existente não é suficiente para conduzir toda essa futura oferta para os consumidores. Para que não surja um novo gargalo no setor, o governo deveria ouvir o mercado e estabelecer condições que possam atrair investimentos que se somem aos que estão sendo realizados pela companhia estatal. Um pequeno gasoduto (Guapimirim-Comperj) deverá ser licitado ainda este ano ou início de 2015 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Pode ser um primeiro teste.
Com a entrada em produção de novos campos no pré-sal, a oferta tende a crescer, e o país precisará de infraestrutura para abastecer o mercado
A abertura do mercado brasileiro de petróleo deu enorme impulso à indústria, especialmente à Petrobras, que conseguiu se livrar de antigas amarras e, sem a armadura do anacrônico monopólio, foi forçada a se tornar uma empresa mais competitiva. Infelizmente, quando esse processo ainda engatinhava, o governo Lula resolveu descer diversos degraus após a comprovação da descoberta de vultosos reservatórios na camada do pré-sal. As consequências de tal retrocesso podem ser percebidas na economia brasileira. O apetite das companhias petrolíferas para investir no país tem diminuído e a Petrobras já não possui folga para financiar todos os projetos de seu interesse e os que fora obrigada a assumir por imposição político-ideológica do governo do PT.
O governo Dilma retomou as licitações, mas já sem o brilho dos anos iniciais da abertura, exatamente pela perda de apetite dos investidores. No pré-sal, realizou a primeira sob o regime de partilha (para o qual apenas um consórcio ofereceu lance), que, espera-se, tenha sido o último em condições pouco atrativas para o conjunto da indústria.
O potencial de crescimento do setor de petróleo no Brasil permanece elevado, mas, para se materializar, depende da multiplicação de investidores que se disponham, inclusive, a fazer mais parcerias com a Petrobras. Por causa do retrocesso já mencionado, o governo terá agora de dar demonstrações claras que investidores são bem-vindos. A cadeia produtiva do gás natural talvez seja uma oportunidade concreta para isso.
O país importa hoje grande volume de gás — mais da metade do consumo. E da Bolívia, por meio de um duto que está no limite de sua capacidade de transporte, ou sob a forma de GNL (gás liquefeito), que é reconvertido em unidades especiais no litoral brasileiro. Há uma demanda crescente pelo gás, tanto para a produção industrial como para a geração de energia elétrica. As limitações de oferta e de infraestrutura é que restringem essa demanda.
No entanto, tudo leva a crer que a curva ascendente da produção de petróleo no pré-sal será acompanhada por um incremento semelhante na de gás. A Petrobras já planeja o transporte para terra firme do gás que for extraído nos poços marítimos, mas a infraestrutura terrestre existente não é suficiente para conduzir toda essa futura oferta para os consumidores. Para que não surja um novo gargalo no setor, o governo deveria ouvir o mercado e estabelecer condições que possam atrair investimentos que se somem aos que estão sendo realizados pela companhia estatal. Um pequeno gasoduto (Guapimirim-Comperj) deverá ser licitado ainda este ano ou início de 2015 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Pode ser um primeiro teste.
Conflitos e insegurança hídrica - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 22/06
Diante da pior seca das últimas seis décadas, cerca de 1.500 municípios nordestinos decretaram situação de emergência no ano passado. Para evitar o desabastecimento de água, a cidade mineira de Pirapora recorreu ao Judiciário a fim de obrigar a Hidrelétrica de Três Marias a manter uma vazão de 250m³/s. Há poucas semanas, a mortandade de peixes na barragem da usina mostrou quão fragilizada está a bacia hidrográfica do Rio São Francisco. Há franca competição entre o setor elétrico e os múltiplos usuários ao longo do Velho Chico.
A construção de canais destinados à transposição das águas do São Francisco avança pelos estados do Nordeste. A dúvida quanto aos resultados da obra é cada vez maior, considerando a atual redução da oferta de água. No último verão, o volume de chuva em todo o país foi, segundo estimativas, 30% menor do que em anos anteriores. O aquecimento global, somado às intervenções antrópicas, explica o fenômeno.
Desde 2013, o sistema Cantareira, responsável por atender mais de 9 milhões de paulistas, caminha para o colapso. A menor quantidade de chuva e uma distribuição desequilibrada na comparação com anos anteriores exigiram do governo de São Paulo impor punições pecuniárias a quem extrapolar o consumo. Racionalizar o uso se tornou condição sine qua non para evitar um racionamento rigoroso ou a falta total da água para consumo humano.
As tentativas de negociação do governo paulista para obter água do Paraíba do Sul foram frustradas. O governo do Rio de Janeiro nem sequer admitiu discutir a possibilidade, sob o argumento de que haveria comprometimento na oferta de água aos municípios da bacia. O Executivo fluminense ponderou ainda que São Paulo já é atendido por afluentes do Paraíba do Sul, o que tornava injustificável a transposição para suprir o sistema Cantareira.
Em todos esses cenários está evidente o conflito pela água. Em maior ou menor escala, a disputa ocorre em vários cantos do território nacional. No Brasil, essa é mais uma entre as muitas contradições existentes, considerando que o país dispõe de 20% da água potável do planeta, conforme avaliação da Organização das Nações Unidas. Ainda assim, há uma profunda e dramática desigualdade na oferta de água.
Hoje, com os avanços tecnológicos, é possível, com margem de erro mínima, planejar e se antecipar aos fenômenos climáticos que interferem brutalmente na rotina das cidades. Igualmente, é factível fazer distribuição de água e garantir segurança hídrica a toda a população. Para isso, é preciso investir com seriedade, romper com os gargalos impostos pelos interesses exclusivistas de grupos e valorizar o coletivo e, acima de tudo, ter compromisso com os cidadãos.
Apresenta-se como fundamental ainda apostar na educação ambiental, tanto no campo quanto na cidade, para eliminar o desperdício. Cobrar e premiar o setor produtivo que utiliza com responsabilidade o patrimônio natural, de modo a permitir a migração em tempo adequado para uma economia verde. Não dá mais para estabelecer políticas sociais e econômicas dissociadas dos aspectos ambientais. Diferentemente disso, é conspirar contra o planeta e a vida.
A construção de canais destinados à transposição das águas do São Francisco avança pelos estados do Nordeste. A dúvida quanto aos resultados da obra é cada vez maior, considerando a atual redução da oferta de água. No último verão, o volume de chuva em todo o país foi, segundo estimativas, 30% menor do que em anos anteriores. O aquecimento global, somado às intervenções antrópicas, explica o fenômeno.
Desde 2013, o sistema Cantareira, responsável por atender mais de 9 milhões de paulistas, caminha para o colapso. A menor quantidade de chuva e uma distribuição desequilibrada na comparação com anos anteriores exigiram do governo de São Paulo impor punições pecuniárias a quem extrapolar o consumo. Racionalizar o uso se tornou condição sine qua non para evitar um racionamento rigoroso ou a falta total da água para consumo humano.
As tentativas de negociação do governo paulista para obter água do Paraíba do Sul foram frustradas. O governo do Rio de Janeiro nem sequer admitiu discutir a possibilidade, sob o argumento de que haveria comprometimento na oferta de água aos municípios da bacia. O Executivo fluminense ponderou ainda que São Paulo já é atendido por afluentes do Paraíba do Sul, o que tornava injustificável a transposição para suprir o sistema Cantareira.
Em todos esses cenários está evidente o conflito pela água. Em maior ou menor escala, a disputa ocorre em vários cantos do território nacional. No Brasil, essa é mais uma entre as muitas contradições existentes, considerando que o país dispõe de 20% da água potável do planeta, conforme avaliação da Organização das Nações Unidas. Ainda assim, há uma profunda e dramática desigualdade na oferta de água.
Hoje, com os avanços tecnológicos, é possível, com margem de erro mínima, planejar e se antecipar aos fenômenos climáticos que interferem brutalmente na rotina das cidades. Igualmente, é factível fazer distribuição de água e garantir segurança hídrica a toda a população. Para isso, é preciso investir com seriedade, romper com os gargalos impostos pelos interesses exclusivistas de grupos e valorizar o coletivo e, acima de tudo, ter compromisso com os cidadãos.
Apresenta-se como fundamental ainda apostar na educação ambiental, tanto no campo quanto na cidade, para eliminar o desperdício. Cobrar e premiar o setor produtivo que utiliza com responsabilidade o patrimônio natural, de modo a permitir a migração em tempo adequado para uma economia verde. Não dá mais para estabelecer políticas sociais e econômicas dissociadas dos aspectos ambientais. Diferentemente disso, é conspirar contra o planeta e a vida.
Reacende-se o álcool - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 22/06
Foram dois anos de sucessivas más notícias, mas em 2013 surgiram sinais de que o setor de etanol ensaia uma retomada do seu potencial inegável, mesmo após o solavanco imposto pela crise internacional e por políticas equivocadas.
No ano passado, a produção do setor alcooleiro cresceu 18%. Retornou aos níveis dos picos de 2008 e 2010, acima dos 27 bilhões de litros. Assim, o Brasil reafirma-se como segundo maior produtor mundial. Só perde para os Estados Unidos, com 50 bilhões de litros, registra em relatório a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal.
Vários foram os fatores que contribuíram para esse impulso de recuperação. A melhor novidade é que o Planalto parece enfim ter despertado para a necessidade de apoiar a área combalida: liberou mais recursos do BNDES, elevou de 20% a 25% a mistura de álcool anidro na gasolina e desonerou o etanol das contribuições PIS e Cofins.
Foram favoráveis, ainda, o aumento de 7,7% na produtividade e o baixo preço internacional do açúcar, que estimulou a destinação de parcela maior da cana colhida para a fabricação de álcool.
Retomou-se, finalmente, a reforma dos canaviais, abandonada nos últimos anos. Parece ter sido decisivo para isso o Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais, que atendeu demanda de R$ 2,65 bilhões em 2013, quase o dobro de 2012.
Com a produção maior e mais estável de etanol e um recuo na importação de gasolina, o preço do biocombustível de cana recuou para 68% do da gasolina, na média de 2013. Tornou-se, assim, de novo atrativo para o consumidor, que reagiu: a participação do etanol avançou de 33% para 38% do consumo total para veículos leves.
Tal resposta rápida só é possível porque a base de automóveis flex continua a expandir-se no país. Estes já representam 88,5% das unidades novas e 59% da frota nacional de 35 milhões de veículos leves.
Seria imprudente, porém, concluir que tudo vai bem com o etanol. Por ora, a recomposição dos canaviais e o aproveitamento da capacidade ociosa permitem suprir o incremento na demanda, mas logo se apresentarão as limitações geradas pelo desinvestimento. Havia 440 usinas operando em 2010; em 2013, esse número caíra para 388.
O maior desafio ainda se encontra à frente do setor: organizar-se, internacionalizar-se e capitalizar-se o suficiente para voltar a construir usinas. A maior ajuda que o governo poderia dar seria reverter a política que mantém artificialmente baixos os preços da gasolina.
Foram dois anos de sucessivas más notícias, mas em 2013 surgiram sinais de que o setor de etanol ensaia uma retomada do seu potencial inegável, mesmo após o solavanco imposto pela crise internacional e por políticas equivocadas.
No ano passado, a produção do setor alcooleiro cresceu 18%. Retornou aos níveis dos picos de 2008 e 2010, acima dos 27 bilhões de litros. Assim, o Brasil reafirma-se como segundo maior produtor mundial. Só perde para os Estados Unidos, com 50 bilhões de litros, registra em relatório a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal.
Vários foram os fatores que contribuíram para esse impulso de recuperação. A melhor novidade é que o Planalto parece enfim ter despertado para a necessidade de apoiar a área combalida: liberou mais recursos do BNDES, elevou de 20% a 25% a mistura de álcool anidro na gasolina e desonerou o etanol das contribuições PIS e Cofins.
Foram favoráveis, ainda, o aumento de 7,7% na produtividade e o baixo preço internacional do açúcar, que estimulou a destinação de parcela maior da cana colhida para a fabricação de álcool.
Retomou-se, finalmente, a reforma dos canaviais, abandonada nos últimos anos. Parece ter sido decisivo para isso o Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais, que atendeu demanda de R$ 2,65 bilhões em 2013, quase o dobro de 2012.
Com a produção maior e mais estável de etanol e um recuo na importação de gasolina, o preço do biocombustível de cana recuou para 68% do da gasolina, na média de 2013. Tornou-se, assim, de novo atrativo para o consumidor, que reagiu: a participação do etanol avançou de 33% para 38% do consumo total para veículos leves.
Tal resposta rápida só é possível porque a base de automóveis flex continua a expandir-se no país. Estes já representam 88,5% das unidades novas e 59% da frota nacional de 35 milhões de veículos leves.
Seria imprudente, porém, concluir que tudo vai bem com o etanol. Por ora, a recomposição dos canaviais e o aproveitamento da capacidade ociosa permitem suprir o incremento na demanda, mas logo se apresentarão as limitações geradas pelo desinvestimento. Havia 440 usinas operando em 2010; em 2013, esse número caíra para 388.
O maior desafio ainda se encontra à frente do setor: organizar-se, internacionalizar-se e capitalizar-se o suficiente para voltar a construir usinas. A maior ajuda que o governo poderia dar seria reverter a política que mantém artificialmente baixos os preços da gasolina.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“Uma ponte ou um viaduto talvez não seja entregue”
Ex-presidente Lula, desinformado sobre as muitas obras não concluídas para a Copa
EDUARDO CAMPOS É POUPADO POR LULA
Quem se encontrou com o ex-presidente Lula nos últimos dias garante que ele nem parece o mesmo que bufava há um ano com a decisão do afilhado Eduardo Campos (PSB) de disputar a Presidência. A ordem de Lula no PT é centrar fogo no tucano Aécio Neves, adversário principal, e poupar o socialista, que, além de não representar no momento uma ameaça à reeleição de Dilma, poderá apoiá-la em segundo turno.
NINGUÉM FEZ MAIS
Lula é grato a Campos por haver prestado o mais relevante serviço ao PT, nas eleições: neutralizar a candidatura de Marina Silva.
PORTAS ABERTAS
Segundo aliados políticos, Lula tem se referido com carinho a Campos, apesar de ele ter “se aventurado por caminhos diferentes”.
MORDE E ASSOPRA
Lideranças do PT-PE dizem que o discurso “paz e amor” de Lula é fachada, e que petistas foram incumbidos de “bombardear” Eduardo.
BRECOU GERAL
Rubens Bueno (PPS), sobre tentativa do governo de esvaziar CPMI da Petrobras: “Só prova que eles não querem investigar nada”.
RENEGA POLÍTICA, MAS AGE COMO POLÍTICO
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, já disse que o Brasil “só tem partidos de mentirinha”, faz caras e bocas diante das câmeras da TV Justiça, nas sessões do STF, adota a expressão de fedor ao se referir a políticos, mas age como eles. Domingo (15), no Rio, no Aeroporto Santos Dumont, posou para fotos, paparicou outros passageiros e, sorridente, até fez graça para atendentes da cafeteria.
COMO POLÍTICO
Assediado, Joaquim foi o alvo de diversos selfies, no Santos Dumont, enquanto ouvia elogios como música. Tudo com inusual paciência.
À VONTADE
Em público, Joaquim aparenta manter distância dos políticos, mas quando conversa com eles em particular, parece muito à vontade.
SONHO ACALENTADO
À vontade durante almoço oferecido ao francês François Hollande, em dezembro, Joaquim confessou a políticos o sonho de ser senador.
CÃO QUE LADRA...
A ONG Repórteres sem Fronteiras se solidarizou com os 16 jornalistas ameaçados no site do partido pelo vice-presidente do PT, Alberto Cantalice por críticas ao governo. Ele avisou que quer “tirá-los do ar”.
LOROTA PROTELATÓRIA
Relator da cassação do mandato de André Vargas, Júlio Delgado (PSB-MG) puxou a orelha do deputado Sibá Machado (PT-AC), que prometeu, e furou, o testemunho de três petistas no Conselho de Ética.
DÚVIDA VEGETAL
Do jornalista Carlos Brickmann, com o brilho de sempre, sobre os casos de vandalismo em São Paulo, quinta-feira (19): “Depois da passeata do Movimento Passe Livre, Alckmin é chuchu ou banana?”.
MARATONA
Apesar das brigas em São Paulo e Pernambuco, a presidente Dilma confirmou que irá à convenção nacional do PCdoB no próximo dia 27, em Brasília. Antes disso, vai ao lançamento de Rui Costa (PT) ao governo da Bahia.
CORTANDO PELA RAIZ
Líder em criminalidade, o México trancafia “di menor” assassino: um adolescente de 15 anos, que matou outro de 13 na escola em maio, vai ficar oito anos na cadeia, segundo informa o jornal local Reforma.
CONTAGEM
O Programa Gol Verde, do governo da Bahia, promete plantar 1.111 mudas de Mata Atlântica para cada gol marcado na Fonte Nova. Após a goleada da França, já são 18.887 árvores.
LICENÇA
Considerado um dos parlamentares mais assíduos do Congresso, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) decidiu pedir licença do mandato em julho para se dedicar exclusivamente à reeleição.
HORA DA LARGADA
Pré-candidato ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara fará ofensiva e espalhará fotos suas ao lado do ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) a partir de 6 de julho.
FAMÍLIA DA PESADA
Com a moratória da Argentina, o Brasil e “compañeros” bolivarianos enfrentarão aquela situação familiar de cobrar a dívida do cunhado.
PODER SEM PUDOR
DERRUBADO NO TAPUME
Além de apanhar da língua portuguesa, Lula correu o risco de tomar um corretivo, certa vez, ao receber nosso primeiro campeão mundial de judô, João Derly. O então presidente ganhou um quimono (dogui) e a faixa preta (obi), maior graduação no esporte, mas quase tomou um ippon (golpe) com a bobagem que deixou escapulir:
– Estou pronto para a luta, vamos para o tapume!
Ganhar a faixa sem luta e chamar tatame de tapume, além de desrespeito, tinha toda pinta de “golpe da direita”, desconfiaram os judocas.
Ex-presidente Lula, desinformado sobre as muitas obras não concluídas para a Copa
EDUARDO CAMPOS É POUPADO POR LULA
Quem se encontrou com o ex-presidente Lula nos últimos dias garante que ele nem parece o mesmo que bufava há um ano com a decisão do afilhado Eduardo Campos (PSB) de disputar a Presidência. A ordem de Lula no PT é centrar fogo no tucano Aécio Neves, adversário principal, e poupar o socialista, que, além de não representar no momento uma ameaça à reeleição de Dilma, poderá apoiá-la em segundo turno.
NINGUÉM FEZ MAIS
Lula é grato a Campos por haver prestado o mais relevante serviço ao PT, nas eleições: neutralizar a candidatura de Marina Silva.
PORTAS ABERTAS
Segundo aliados políticos, Lula tem se referido com carinho a Campos, apesar de ele ter “se aventurado por caminhos diferentes”.
MORDE E ASSOPRA
Lideranças do PT-PE dizem que o discurso “paz e amor” de Lula é fachada, e que petistas foram incumbidos de “bombardear” Eduardo.
BRECOU GERAL
Rubens Bueno (PPS), sobre tentativa do governo de esvaziar CPMI da Petrobras: “Só prova que eles não querem investigar nada”.
RENEGA POLÍTICA, MAS AGE COMO POLÍTICO
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, já disse que o Brasil “só tem partidos de mentirinha”, faz caras e bocas diante das câmeras da TV Justiça, nas sessões do STF, adota a expressão de fedor ao se referir a políticos, mas age como eles. Domingo (15), no Rio, no Aeroporto Santos Dumont, posou para fotos, paparicou outros passageiros e, sorridente, até fez graça para atendentes da cafeteria.
COMO POLÍTICO
Assediado, Joaquim foi o alvo de diversos selfies, no Santos Dumont, enquanto ouvia elogios como música. Tudo com inusual paciência.
À VONTADE
Em público, Joaquim aparenta manter distância dos políticos, mas quando conversa com eles em particular, parece muito à vontade.
SONHO ACALENTADO
À vontade durante almoço oferecido ao francês François Hollande, em dezembro, Joaquim confessou a políticos o sonho de ser senador.
CÃO QUE LADRA...
A ONG Repórteres sem Fronteiras se solidarizou com os 16 jornalistas ameaçados no site do partido pelo vice-presidente do PT, Alberto Cantalice por críticas ao governo. Ele avisou que quer “tirá-los do ar”.
LOROTA PROTELATÓRIA
Relator da cassação do mandato de André Vargas, Júlio Delgado (PSB-MG) puxou a orelha do deputado Sibá Machado (PT-AC), que prometeu, e furou, o testemunho de três petistas no Conselho de Ética.
DÚVIDA VEGETAL
Do jornalista Carlos Brickmann, com o brilho de sempre, sobre os casos de vandalismo em São Paulo, quinta-feira (19): “Depois da passeata do Movimento Passe Livre, Alckmin é chuchu ou banana?”.
MARATONA
Apesar das brigas em São Paulo e Pernambuco, a presidente Dilma confirmou que irá à convenção nacional do PCdoB no próximo dia 27, em Brasília. Antes disso, vai ao lançamento de Rui Costa (PT) ao governo da Bahia.
CORTANDO PELA RAIZ
Líder em criminalidade, o México trancafia “di menor” assassino: um adolescente de 15 anos, que matou outro de 13 na escola em maio, vai ficar oito anos na cadeia, segundo informa o jornal local Reforma.
CONTAGEM
O Programa Gol Verde, do governo da Bahia, promete plantar 1.111 mudas de Mata Atlântica para cada gol marcado na Fonte Nova. Após a goleada da França, já são 18.887 árvores.
LICENÇA
Considerado um dos parlamentares mais assíduos do Congresso, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) decidiu pedir licença do mandato em julho para se dedicar exclusivamente à reeleição.
HORA DA LARGADA
Pré-candidato ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara fará ofensiva e espalhará fotos suas ao lado do ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) a partir de 6 de julho.
FAMÍLIA DA PESADA
Com a moratória da Argentina, o Brasil e “compañeros” bolivarianos enfrentarão aquela situação familiar de cobrar a dívida do cunhado.
PODER SEM PUDOR
DERRUBADO NO TAPUME
Além de apanhar da língua portuguesa, Lula correu o risco de tomar um corretivo, certa vez, ao receber nosso primeiro campeão mundial de judô, João Derly. O então presidente ganhou um quimono (dogui) e a faixa preta (obi), maior graduação no esporte, mas quase tomou um ippon (golpe) com a bobagem que deixou escapulir:
– Estou pronto para a luta, vamos para o tapume!
Ganhar a faixa sem luta e chamar tatame de tapume, além de desrespeito, tinha toda pinta de “golpe da direita”, desconfiaram os judocas.
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