quarta-feira, dezembro 22, 2010

EM PRIMEIRA MÃO


Banco Central lança nova moeda!
Notícia de primeira mão...
O Governo Federal lançará a nova moeda de 1  Créu, que começará a circular já nos primeiros dias de janeiro/2011, em todo o território nacional.......  
  



COLABORAÇÃO ENVIADA POR APOLO

UM ANCIÃO ESCROTO


FUDELÂNCIA DO DEPUTADO/MINISTRO

TREPE QUE A CÂMARA GARANTE


Atividade parlamentar remunerada



Leandro Colon, O Estado de S.Paulo
O futuro ministro do Turismo no governo de Dilma Rousseff pediu à Câmara dos Deputados o ressarcimento por despesas em um motel de São Luís (MA).
Indicado pelo comando do PMDB e aliado de José Sarney, o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) apresentou uma nota fiscal de R$ 2.156,00 do Motel Caribe na prestação de contas da verba indenizatória de junho.
O motel fica a 20 quilômetros do centro de São Luís. A suíte mais cara, que leva o nome "Bahamas", tem garagem dupla e custa de R$ 98 (três horas) a R$ 392 (24 horas). Segundo a gerente do local, o deputado Pedro Novais alugou um quarto para fazer uma festa.
Ao Estado, o parlamentar admitiu que o dinheiro da Câmara foi usado para pagar um motel. Ele considerou o episódio um "erro".
Parlamentar do chamado "baixo clero" da Câmara - ou seja, com pequena influência política na Casa -, Pedro Novais, 80 anos, foi convidado por Dilma Rousseff no dia 7 de dezembro para o ministério após ser indicado pela cúpula do PMDB.
Como deputado, ele recebe, além do salário, R$ 32 mil mensais a título de "verba indenizatória" para arcar com despesas do mandato. Um dinheiro limpo, livre de impostos.
Para justificar parte das despesas dessa verba em junho, Novais entregou à Câmara a nota fiscal de número 7.058 do Hotel Pousada Caribe Ltda., razão social do Motel Caribe.
O endereço do CNPJ registrado na Receita Federal e na nota fiscal apresentada pelo deputado é a Rua da União, 16, Turú, São Luís, onde funciona o motel. Os parlamentares são obrigados a prestar contas dos gastos com verbas indenizatórias.
Em entrevista gravada pelo Estado, a gerente do Motel Caribe, que se identificou como Sheila, disse que o deputado Pedro Novais reservou uma suíte para uma festa naquela período.
"Ele é um senhor. Já frequentou aqui, conhece o dono daqui e reservou para um jantar que estava dando para os amigos. Foi à noite", disse. "Eu lembro. Era festa com bastante gente, uma comemoração que eles estavam fazendo. Eram vários casais, várias pessoas. A gente cobra por casal. E tinha muita gente, a suíte era uma das mais caras. Tem piscina, banheira, sauna, tem tudo", afirmou a gerente.
A reportagem ainda esteve no local e fez imagens da fachada e de um quarto do Motel Caribe. Na portaria, havia o anúncio de uma promoção de 20% de desconto, feijoada e almoço de graça. "Traga alguém para almoçar aqui", diz uma placa.
No local, há quartos chamados "Bahamas", "Cozumel", "Aruba", "Cancún" e "Margarita", todos em homenagem a ilhas do Caribe.
Logo na entrada uma placa anuncia "Bem-vindo às islas mais deliciosas do Caribe".
"Esse motel é antigo. Nunca funcionou como hotel. É motel", disse a gerente. Os preços de permanência variam de R$ 27 (suíte Aruba) a R$ 392 (Bahamas).
Pedro Novais foi reeleito em outubro para seu sexto mandato na Casa. Na última eleição, declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 6,3 milhões, dos quais R$ 3,3 milhões depositados em conta corrente em três bancos diferentes.
Sua escolha pelo PMDB foi uma surpresa porque Novais não circula pelo primeiro escalão do partido. O nome dele foi sugerido pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e respaldado pelo grupo de José Sarney no Maranhão.
O escolhido de Dilma Rousseff para chefiar o Ministério do Turismo terá a missão de organizar uma pasta mergulhada em uma onda de denúncias de desvios de verba de emendas parlamentares destinada a shows e eventos culturais.
O Estado publicou uma série de reportagens mostrando o repasse irregular de emendas para programas da pasta a entidades de fachada.
O ministério ainda terá papel importante na organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Além da despesa de R$ 2,1 mil em um motel, Pedro Novais gastou R$ 22 mil em diárias no Hotel Emiliano, um dos mais luxuosos de São Paulo, desde setembro do ano passado.
Ele apresentou R$ 5,1 mil em gastos nesse hotel só neste mês. Uma diária no Emiliano, segundo consulta feita ontem em seu site, custa, no mínimo, R$ 1 mil. Deputado pelo Maranhão, Pedro Novais vive no Rio de Janeiro.

GOSTOSA

ALON FEUERWERKER

Variável subestimada
Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 22/12/2010


Este talvez tenha sido um fator subestimado pelo governo brasileiro quando enveredou pela aventura de Teerã: o grau de parceria entre Washington e Pequim pela manutenção da estabilidade planetária


O presidente da República que sai vem reafirmando seguidamente a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, segundo ele representativo de uma realidade já superada pela História.

Argumenta que o século 21 não pode ser lido apenas à luz das realidades produzidas na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Um diagnóstico razoável.

Nesses oito anos, a diplomacia brasileira esteve particularmente ativa nos investimentos para ampliar os espaços nos fóruns multilaterais, com resultados práticos imediatos modestos.

Sempre será possível argumentar, no futuro, sobre a veia visionária dos dirigentes brasileiros no início do século 21, mas aí a coisa passará ao terreno intangível.

O aumento da importância brasileira no mundo alimenta-se de vetores objetivos e subjetivos.

Estava escrito nas estrelas que quando o Brasil debelasse a inflação e entrasse numa rota de prosperidade nosso peso passaria a ser aceleradamente sentido. Com os Estados Unidos, a China e a Rússia, somos dos pouquíssimos no planeta com alta ponderação em território, população e economia. Simultaneamente.

E houve nas duas últimas duas décadas a forte presença do aspecto subjetivo. Uma boa sequência de governantes democráticos e empenhados na correção das nossas graves injustiças sociais.

Há diversos caminhos para ampliar o poder global, e a eficácia de um não é veredito da ineficácia de outros. A China, por exemplo, trabalhou em silêncio durante décadas, cuidando apenas de crescer, crescer, crescer. Os vetores inerciais da História conspiram a favor dos chineses e eles mostram perfeita noção disso.

Mais recentemente, nota-se alguma inflexão, com Pequim tateando crescentemente nas esferas política e militar. Só que sempre com a economia no comando. A preocupação mais recente dos líderes chineses parece ser com a garantia de desimpedimento das grandes rotas mundiais que cobrem a produção e o transporte de matérias primas.

Aqui um detalhe interessante. Poderia despertar curiosidade a relativa despreocupação da China com a hegemonia militar dos Estados Unidos. Acontece que ambos os projetos nacionais têm sido algo complementares.

Os investimentos militares de Washington ajudam a sustentar o domínio da superpotência, mas garantem também uma estabilidade planetária essencial para os negócios. E ninguém como a China tem mimetizado tão bem os Estados Unidos num aspecto central, bem explicado no bordão de que “o negócio dos Estados Unidos são os negócios”.

Há pendências, como a de Taiwan, que tem tudo para no futuro ser resolvida pacificamente, a exemplo do acontecido em Hong-Kong e Macau. Há temas mais complicados, como as Coreias, onde entretanto o consenso sino-americano é maior que o aparente. Que o diga o WikiLeaks.

Esta talvez tenha sido uma variável subestimada pelo governo brasileiro quando enveredou pela aventura de Teerã: o grau de parceria entre Washington e Pequim pela manutenção da estabilidade planetária.

Doce minoria
Todos os sinais apontam: ficou mais fácil a vida de Barack Obama no Congresso dos Estados Unidos depois que os democratas se arrebentaram nas eleições intermediárias este ano.

Para um governante como Obama, que no poder tem buscado fazer o que dissera na eleição, nem sempre é boa uma maioria congressual automática. O sujeito acaba ficando prisioneiro da própria agenda partidária.

Agora, quando os democratas protestam contra alguma coisa, Obama pode dizer — como fez no debate sobre a prorrogação dos cortes de impostos — que adoraria seguir a cartilha democrata, mas infelizmente precisa negociar com os republicanos.

Esperando Lula
Dias atrás, o presidente que sai protestou veementemente contra as pressões sobre Julian Assange, o chefe do WikiLeaks. Se foi o início de uma bela carreira internacional em defesa da liberdade de expressão, aparece agora uma nova — e até melhor — oportunidade para agir.
O cineasta iraniano Jafar Panahi acaba de ser condenado a seis anos de prisão e a 20 anos sem poder filmar, escrever roteiros, dar entrevistas ou viajar para o exterior. É acusado de apoiar a oposição ao governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

ROBERTO DaMATTA

Cartórios, decretos e diplomas
Roberto DaMatta
O Globo - 22/12/2010

Em 1968, bastou um humilde requerimento para a Universidade de Harvard me enviar pelo correio o diploma de Master of Arts em Antropologia. Dois anos depois - após escrever uma tese - recebi, com a mesma ausência de pompa, o título de doutor em Filosofia (o tal Ph.D), que nos anos 70 causava um furor invejoso no Brasil - este país das papeladas e dos papelões. Das carteiras de identidade, alvarás, cartas de motorista, diplomas, certificados, títulos, atestados e certidões que, num sentido preciso e ibero-kafkiano, revelam que a papelada - a carteira e o diploma - conta mais que nós. Essa é a lógica dos decretos que aumentam absurdamente o salário dos parlamentares. Eles revelam que a lei não tem nada a ver com a economia moral da democracia. A que condiz com uma concepção do serviço público como expressão de uma aliança positiva entre Estado e sociedade. Pois, no Brasil, é a sociedade que sustenta um Estado absurdamente autorreferido e perdulário. Esse é, sem dúvida, o traço distintivo de um presidente que sai registrando a obra em cartório!

Quando recebi o canudo, falei sobre essa informalidade com colegas americanos. A resposta foi dura para os meus ouvidos de brasileirinho socializado para ser um aficionado de títulos: o que vale não é o diploma, mas a obra. Uma outra experiência notável foi ter que reconhecer a firma do presidente da Universidade de Harvard no consulado brasileiro. Sem tal aval, que meus colegas harvardianos achavam absurdo, o diploma não poderia ser levado em conta na universidade que me havia licenciado para a especialização na Harvard. Eis o nosso paradoxo ou ardil 22. Sem um papel você não pode ter o papel que precisa e sem esse papel, você não existe. A vida começa com um papel e você não nasce de uma trepada, mas de uma ida a um cartório.

Pior que isso, só a diplomação de Dilma Rousseff, eleita pelo povo a primeira mulher a ocupar a Presidência no Brasil. Pela mesma lógica o voto te fez presidente, mas sem um alvará você não pode exercer o poder que lhe foi dado pelo povo. Essa é uma das provas mais cabais do nosso perverso amor às papeladas que engendram papelões. O povo elege, mas, sem o alvará do Supremo, o eleito não é nada. Vejam o absurdo: depois de uma eleição nacional, alguém tem que ungir os eleitos com os santos óleos da burocracia, tal como os papas faziam com os imperadores na antiguidade. E depois dizem que eu idealizo e invento um detestável "Brasil tradicional" na minha modesta e ignorada obra antropoliterária.

Faço questão de notar, porém, que pouco adianta denunciar esse gosto pela papelada se o drama nacional continua sendo gerenciado por esse importante e pouco discutido teatro de burocracias e formalidades. Pois, entre nós, o documento vale mais do que vida e a história. O alvará que confirma, também libera os candidatos corruptos, condenados pela Lei Ficha Limpa na base de detalhes processuais. A gramática, como sempre, elimina a verdade do discurso. Por isso gostamos tanto dos diplomas que dizem que somos o que não somos.

Entrementes, porém, já sucede um entretanto: Lula - que vai saindo como nunca nenhum presidente deixou o cargo neste país - manda registrar em cartório os seus feitos como presidente, exagerando aqui e ali nos eventos e deixando de lado o mais importante: o fato de ter sido o primeiro mandatário de esquerda eleito no Brasil; o fato de ter sido o primeiro presidente de um partido ideológico mas que governou como um coronel político tradicional, aliando-se sem pejo ou dúvida aos outros coronéis do nosso sistema de poder. Que o seu partido, dito o mais moderno do Brasil, fez um mensalão e ama os cartórios luso-brasileiros onde tudo cheira a mofo e não há movimento, mas somente papelada. O salvador dos pobres consolida o capitalismo financeiro; o autêntico operário - aquele que seria a voz do povo destituído - foi o mais mendaz mandatário da história do nosso país. O registro em cartório prova como somos mais moldura do que quadro; como gostamos mais do vestido do que da dama; como preferimos a forma ao conteúdo. E como pensamos que a verdade é mesmo feita de papeladas e registros com firma reconhecida.

FLÁVIO LUIZ YARSHEL

Ano novo, Código de Processo Civil novo?
FLÁVIO LUIZ YARSHEL

FOLHA DE SÃO PAULO - 22/12/10

Presteza e eficiência não são obtidas apenas com redução de prazos ou do número de recursos: dependem também de estrutura material e pessoal 


A sociedade acompanha com grande expectativa a tramitação do projeto de novo Código de Processo Civil (CPC), recém-aprovado pelo Senado da República e que agora será encaminhado para a Câmara.
Há grande esperança, alimentada pelos integrantes da comissão responsável por sua formulação, de que o novo código será capaz de agilizar sobremaneira os processos e, quando menos, de atenuar as angústias e decepções decorrentes da morosidade do Judiciário.
É preciso louvar o trabalho dos juristas que se empenharam nessa empreitada. Embora o grupo seja heterogêneo, sua seriedade de propósito e capacidade técnica estão acima de dúvidas.
Seja qual for o desfecho da tramitação legislativa e independentemente da repercussão concreta do texto, se ele vier a ser aprovado, o esforço deve ser reconhecido.
Esse reconhecimento, contudo, não deve impedir a crítica construtiva. Não se trata de confrontar a autoridade intelectual dos autores do projeto com a de seus eventuais críticos. Trata-se de confrontar argumentos, venham de onde e de quem vierem.
Nesse momento, críticos não podem ser vistos como opositores. E, por fortuna, os membros da comissão têm exata consciência disso.
Assim, convém refletir sobre a real capacidade do novo texto para reduzir o tempo de tramitação dos processos. Embora o Código de Processo Civil vigore em todos os Estados-membros, é preciso considerar as realidades diversas.
Presteza e eficiência não são obtidas apenas com redução de prazos ou do número de recursos. Elas dependem de estrutura material e pessoal, além de uma adequada e competente gestão.
De que adianta enxugar prazos e racionalizar o procedimento se a juntada de uma petição ou de um mandado de citação podem demorar meses, em alguns casos? Problemas dessa ordem, infelizmente, o CPC não resolve. É preciso mais do que alterações na lei, e o cidadão precisa ser conscientizado disso.
Também é preciso considerar, com isenção, quais são os maiores e verdadeiros fatores que dificultam o bom funcionamento do Judiciário. Dentre eles está o Estado, em seus diferentes níveis.
Ele é seguramente o maior cliente do Poder Judiciário e é um dos maiores responsáveis pelo volume de causas e de recursos. Aliás, a possibilidade de a Fazenda Pública transigir em juízo é limitada e, portanto, todo o discurso da justiça consensual não vale para essa expressiva massa de processos.
Além disso, parte expressiva dos problemas do Judiciário está na incapacidade de o sistema lidar de forma eficiente e racional com os litígios de massa; por exemplo, os que envolvem direitos dos consumidores. Embora o projeto apresente proposta para uniformização dos julgamentos, o que precisa ser aperfeiçoado é a assim chamada tutela coletiva.
O projeto não trata da matéria, e o texto que tramitava no Congresso para instituir nova regulamentação sobre o tema específico não vingou.
Algo precisa ser feito a respeito.
Finalmente, não se pode querer acelerar o processo à custa de supressão -expressa ou velada- de recursos (que, embora eleitos vilões da história, se prestam a controlar a legalidade e a justiça das decisões judiciais); menos ainda mediante o emprego de multas e de outras sanções pecuniárias.
Ao fazê-lo, o legislador corre o sério risco de dar ao processo civil um perfil autoritário, no qual as partes silenciarão na base da força.
Enfim, se em 2011 tivermos um novo CPC, certamente teremos avançado em alguns aspectos. Mas não nutramos esperanças irrealistas, para que não aumentemos nossa decepção no que diz com as coisas da Justiça. 

FLÁVIO LUIZ YARSHELL, advogado, é professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

JOSÉ NÊUMANNE

Ih, deu lulice no Lulinha!
JOSÉ NÊUMANNE
O ESTADO DE SÃO PAULO - 22/12/10

Convém, de início, reconhecer que o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva está cada vez mais com tudo e cada vez mais "prosa". E tem sobejas razões para tanto: a dez dias de passar a faixa para a sucessora, atingiu os píncaros da glória com 87% de popularidade e 80% de apoio ao governo nas pesquisas de opinião. E quem duvidar das pesquisas está convidado a ler o noticiário dos últimos 50 dias sobre o resultado da eleição e as consequências disso no alto comando do poder republicano. Contra tudo e contra todos ele impôs seu "poste" ao Partido dos Trabalhadores, levou Dilma Rousseff praticamente do nada ao topo do poder e se transformou no Condestável incontestável do futuro governo. A ponto de a jornalista Mary Zaidan registrar em seu twitter que o próximo passo da presidente eleita será convidá-lo a permanecer na Presidência com pompa e força. Nunca antes na História do Brasil um governante foi tão popular e teve tanto poder no último mês do mandato, quando a tradição reza que contínuo afasta o pé do quase ex-chefe para varrer embaixo da cadeira e copeiro lhe serve café frio.
Mas nem o mais condescendente dos devotos da notória obra de Sua Excelência deixará de reconhecer que o homem anda exagerando. O contraste entre a discrição da presidente que entra e o exibicionismo do que está de saída ulula mais do que o óbvio de Nelson Rodrigues. Na muvuca das compras de fim de ano, Dilma Rousseff se escondeu atrás do saco de presentes de Papai Noel e age numa discrição tão silenciosa que o colunista Roberto Pompeu de Toledo chegou a elogiar sua inexistência na última página da Veja da semana passada. De fato, nem o heterônimo de Fernando Pessoa Ricardo Reis inexistiu tanto em Lisboa na cena do melhor romance do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago quanto nossa já quase primeira magistrada nos dois meses que separam sua vitória nas urnas da transmissão do cargo. Oito anos depois da badalada transição mais democrática da história do PSDB para o PT há tão escassa transição a ser feita de um petista para outro que, como já foi lembrado, a composição do futuro ministério mais parece apenas uma reforma ministerial capitaneada por Lula. Muitos ficam, outros trocam de cadeira, quase nada muda.
Nesta cena, prestes a ser ex-presidente, Lula se move com desenvoltura surpreendente até para quem o tem em conta de um grande cara-dura. No palanque da favorita, num comício no segundo turno da eleição em Campinas, ele deu o primeiro passo nessa direção ao criticar os adversários e neles incluir os meios de comunicação ditos conservadores. "Eles não se conformam que o pobre não aceita mais o tal do formador de opinião pública. Que o pobre está conseguindo enxergar com seus olhos, pensar com a sua cabeça, pensar com a própria consciência, andar com as suas pernas e falar pelas suas próprias bocas, não precisa do tal do formador de opinião pública. Nós somos a opinião pública e nós mesmos nos formamos", proclamou, parodiando (sem saber, é claro) o homônimo francês Luís 14, dito o Rei Sol, construtor do Palácio de Versalhes, a quem é atribuída a sentença que sintetiza o auge do absolutismo: "L"état c"est moi" ("o Estado sou eu"). Há dúvidas sobre a autoria da frase, mas ninguém jamais duvidou de sua falsidade: o pretenso autor morreu em 1715, seu bisneto Luís 16 foi decapitado por revolucionários 78 anos depois e o Estado francês existe 295 anos depois de o corpo real ter virado pó.
Com Dilma eleita e cada vez mais convencido de ser infalível como um papa católico, Lula mandou o repórter Leonencio Nossa, deste jornal, "se tratar" com um psicanalista por lhe ter perguntado se visitava o Maranhão em retribuição a serviços prestados pelo clã Sarney a seu sucesso político. Na mesma ocasião, também sem ter exata noção do que falava, atribuiu a mandatos populares o condão de tornar seres humanos instituições, negando a essência democrática da impessoalidade institucional e pregando o culto à personalidade, próprio de tiranias nazista, fascista e comunista.
Ao se dizer "a encarnação do povo", comparou-se com Cristo na eucaristia. E, ante uma plateia de prefeitos e governadores ansiosos por aplaudi-lo em troca de polpudas verbas do PAC 2, ele relacionou a vitória eleitoral de sua candidata entre as obras do próprio governo. E teve o topete de convidar José Dirceu, acusado em processo que tramita no Supremo Tribunal Federal de ter chefiado uma operação ilícita de compra de apoio parlamentar, para participar da solenidade em que registrou em cartório as realizações de seus oito anos de gestão. Quando todos imaginavam que aquele poderia ser o gran finale da ópera à qual o cínico acréscimo de Dirceu simbolizou a incorporação do "mensalão" aos feitos da república petê-lulista, o presidente deu uma demonstração clara de que ainda não se desfez de todos os truques retóricos para se manter em cena, mesmo tendo autorizado gastos de R$ 20 milhões para celebrar sua despedida. Questionado numa entrevista à RedeTV sobre sua intenção de voltar futuramente ao cargo, ele respondeu: "Não posso dizer que não, porque sou vivo. Sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária."
Ih, deu "lulice" no Lulinha! Após ter jurado que o futuro governo teria a cara da chefe sem deixar de apoiar publicamente a permanência de auxiliares fiéis, o patrono expôs sua protegida ao maior dos constrangimentos, avisando: "estou de olho em você, garota." É isso aí! Das hipóteses da surpreendente escolha de Dilma para sucedê-lo a melhor é a de Arnaldo Jabor que, em entrevista à Playboy, apostou que ele só pode ter escolhido uma mulher porque, machista, não crê que uma fêmea o trairia, como na certa um macho o faria. Mas seguro morreu de velho e, para evitar a síndrome da criatura que sempre apunhala o criador, avisou que o fantasma do rei morto atormentará as noites insones da rainha posta. 
JOSÉ NÊUMANNE JORNALISTA, ESCRITOR E EDITORIALISTA DO "JORNAL DA TARDE"

GOSTOSA

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Saudades da dona Marisa! 
José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 22/12/10

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E mais uma predestinada: atendimento nutricional com doutora Fernanda MAGRO! E esta: clínica psiquiátrica doutora Elaine Cristina GARDENAL!
E eu vou sentir saudades do Lula. Porque ele não faz mais discurso, ele faz STAND-UP COMEDY! Eu vou sentir saudades do Lula porque ele está acima do bem e do mal. Tá sempre voando. Rarará!
Vou sentir saudades. A gente cria apego. Com aquela barba que tá parecendo capacho de lareira!
E sabe como vai se chamar a Era Lula? ERA DOSE! "Como era o tempo do Lula?" "Era dose, viu."
E dona Marisa? Ela vai embora e a gente nunca ouviu a voz dela! Ela é a nossa primeira dama Hello Kitty. A boneca muda! Eu nunca ouvi a voz dela.
Por que a dona Marisa é muda?
1) Porque ela engole todos os esses que o Lula joga fora. 2) Porque ela passa goma antes de sair e, se abrir a boca, craquela tudo. 3) Porque costuraram o nome dela na boca do sapo errado. 4) Porque ela invocou o direito constitucional de permanecer calada.
Mas eu acho que a dona Marisa não é muda, é ATÔNITA! De ficar ouvindo o Lula falar. Rarará!
E vou ficar com saudades dos modelitos da dona Marisa. Lembra quando ela virou a Mulher Sofá? Faz vestido com o forro do sofá. Eu acho que o estilista da dona Marisa é o decorador do Lar Center. Rarará!
E quando ela vestiu aquele maiô branco com estrela vermelha? E ficou parecendo a bomba da Texaco! Rarará! Vou sentir saudades. A gente cria apego! E ela é a nossa Mulher Cabide. Vive pendurada no Lula.
E aquela bolsinha? Ela vai ter LER (Lesão por Esforço Repetitivo) no cotovelo de tanto segurar aquela bolsinha. Tendinite no cotovelo!
O brasileiro é cordial! A penúltima do Gervásio! Cartaz do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu ficar sabendo que algum cabrunco veio aqui no escritório com o macacão encardido, vou fazer o sujismundo lavar o chão do mictório e a privada com a boca até sair espuma pela orelha. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Rarará!
E o Lula ainda tá pensando em voltar para São Bernardo? Para encarar o Gervásio? Rarará!
E eu não vou ter saudades do mito Lula. Vou ter saudades dos micos do Lula! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÔNICA BERGAMO

Bola Fora 
 Mônica Bergamo 
Folha de S.Paulo - 22/12/2010

O G4, grupo dos quatro maiores times de futebol (Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos) discutia ontem a possibilidade de acionar a Justiça para exigir o rompimento do contrato entre a Federação Paulista de Futebol com uma empresa que negociará a publicidade em placas de seus estádios. Dirigentes do SPFC e do Palmeiras alegam que os termos negociados são desfavoráveis em relação a propostas de outras empresas e que foram incluídos no contrato sem o conhecimento dos clubes.

BOLA 2
O Santos diz que seguirá a tendência da maioria. O Corinthians até ontem não se manifestou. A Federação Paulista não foi encontrada.

SEMPRE AO SEU LADO
O último pronunciamento que Lula fará à nação, amanhã, será cheio de emoção e de recados. "Saio do governo para viver a vida das ruas", diz ele. "Homem do povo que sempre fui, serei mais povo do que nunca, sem renegar meu destino e jamais fugir da luta." "Onde houver um brasileiro sofrendo, quero estar espiritualmente ao seu lado. Onde houver uma mãe e um pai com desesperança, quero que minha lembrança lhes traga um pouco de conforto. Vivi no coração do povo e nele quero continuar vivendo até o último dos meus dias."

PEDIDO ENFÁTICO
Lula diz ainda que governou "bem" por ter berço pobre, se sentir como um cidadão comum e por conseguir se "livrar da maldição elitista" que governava para poucos e se esquecia "da maioria do seu povo, que parecia condenada à miséria e ao abandono eternos". Encerra com um "pedido enfático" para que "todos apoiem a nova presidenta, assim como me apoiaram em todos os momentos".

FICA FHC
O secretário Andrea Matarazzo, da Cultura, que organizou homenagem no fim de semana para Fernando Henrique Cardoso na Osesp, defende que o ex-presidente permaneça à frente da fundação da orquestra. O mandato de FHC vence em junho, mas pode ser renovado.

ESQUENTA DE NATAL
O maquiador Marcos Costa fez um jantar de Natal em sua casa. Entre os convidados estavam o estilista Ronaldo Fraga e sua mulher, Ivana Neves. A modelo Malana e os empresários Flávia Ceccato e Houssein Jarouche também compareceram.

PELO SKYPE
Wagner Moura, de férias na Bahia, tem feito diariamente reuniões por meio do Skype com possíveis investidores de "Serra Pelada", longa do qual ele será coprodutor junto com a Paranoid. O ator também será protagonista do filme.

AXÉ BAHIA
Bebel Gilberto se junta à turma que passará o Ano-Novo em Trancoso, na Bahia. A cantora faz show de Réveillon no Hotel da Praça.

REFÚGIO
J. Hawilla, da Traffic, e sua mulher, Eliane, inauguram entre amigos a casa de praia da família, em Iporanga, no Guarujá, no Réveillon.

DEIXA A VIDA ME LEVAR
Zeca Pagodinho será uma das atrações do festival Oi Noites Cariocas, que acontece em fevereiro, no Píer Mauá, no Rio. O show de abertura do evento será de Nando Reis.

PIERRÔ E COLOMBINA
O baile de gala de Carnaval da revista "RG", de Patricia Carta, será na Sala São Paulo.

MALHAÇÃO PORTENHA
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pediu que fosse montada uma academia de ginástica em sua suíte no hotel Bourbon Cataratas Resort, em Foz do Iguaçu, onde aconteceu a Cúpula do Mercosul. Cristina pediu esteira, bicicleta ergométrica, mesa de massagem e pesos.

RECITAL
José Eduardo Cardozo, futuro ministro da Justiça, se apresentou ao piano durante um jantar de fim de ano organizado pelo advogado Alberto Toron com amigos de faculdade.

CURTO-CIRCUITO

Alda Marco Antonio, vice-prefeita de SP, inaugura amanhã, às 10h, a Morada São João, que abrigará 220 idosos.

As cantoras Anna Toledo, Natalia Barros, Izzy Gordon e Anaí Rosa se apresentam hoje, às 20h30, no Madeleine Bar, na Vila Madalena. Classificação etária: 18 anos.

O festival de férias do Teatro Folha começa no dia 3 de janeiro, às 16h, com a peça "A Lenda de João e Maria". Classificação: livre.

A cantora de jazz Sara Chrétien se apresenta hoje, a partir das 22h, na inauguração do bar do restaurante Anita, em Higienópolis. Classificação etária: 18 anos.

O Instituto Abad, da Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores de Produtos Industrializados, inaugura hoje ponto de coleta de materiais recicláveis, no atacadista Roldão do Butantã.

ILIMAR FRANCO

Apertar o cinco 
Ilimar Franco 
O Globo - 22/12/2010

A crise econômica internacional fez a presidente eleita, Dilma Rousseff, adiar planos e resistir às propostas de criação de novos ministérios. A expectativa, no curto prazo, de desaceleração da economia, recomenda prudência nos gastos públicos. A criação do Ministério das Micro e Pequenas Empresas está adiada. O futuro governo disse não ao ministério dos Jogos Olímpicos, do PCdoB, e à secretaria de Segurança no Trânsito, do PSC.

No umbigo do PT
A turma do PMDB está achando graça das manifestações de petistas contrários a presença de peemedebistas em cargos importantes do segundo escalão, como no setor elétrico. Na cúpula do principal aliado da presidente eleita, Dilma Rousseff, o que se diz é que o PT devia olhar para o próprio umbigo. Eles lembram que os grandes escândalos do governo Lula tiveram como protagonistas quadros petistas, como no mensalão, nos vampiros, nos aloprados etc. A maioria das grandes trapalhadas também teve petistas na linha de frente, como é o caso do Enem, de Erenice Guerra e da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Difícil agradar
A presidente eleita, Dilma Rousseff, está sendo muito criticada por ouvir demais as indicações de ministros do presidente Lula. O governador Geraldo Alckmin (SP) apanha por ouvir de menos a cúpula tucana na formação do secretariado.

Está pintando
O deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) está para reassumir a Secretaria Nacional da Justiça na gestão do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Ele ocupou o cargo quando dirigia a pasta o governador eleito do RS, Tarso Genro.

Os partidos e o governo Dilma
Na formação do governo Dilma Rousseff, os partidos tiveram maior peso nas decisões sobre o Ministério do que tiveram com o presidente Lula. O PMDB detonou a nomeação do secretário Sérgio Côrtes (RJ) para a Saúde. O PP emplacou o deputado Mário Negromonte (BA) em Cidades. O PCdoB segurou Orlando Silva no Esporte. O PR acomodou o senador Alfredo Nascimento (AM) no Transportes. O PT embalou o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) para a Saúde.

A visão do governo Dilma sobre a APO
O entendimento que predomina no staff da presidente eleita, Dilma Rousseff, é de que a Autoridade Pública Olímpica (APO) não é um cargo político, mas gerencial. Logo após a posse, a nova presidente vai chamar o governador Sérgio Cabral (RJ) e o prefeito Eduardo Paes (Rio) para debater o papel da APO. No staff de Dilma, a avaliação é de que o governo federal tenha influência nesse organismo proporcional ao fato de ser o maior financiador dos Jogos de 2016.

SOBRE o interesse das alas que disputam o PSDB pelo controle do DEM, fala a deputada Solange Amaral (RJ): “O pessoal está disputando o moribundo”.

O DEPUTADO Indio da Costa (DEM-RJ) liga para dizer, sobre informação relativa à disputa entre José Serra e Aécio Neves, que “não tenho nada com isso, é coisa do PSDB”; “não sei de conversa”; e, por fim, “há uma tentativa de criar cizânia onde não há”.

RADIOGRAFIA do novo Congresso do DIAP, publicada ontem, vale: a bancada empresarial aumentou de 170 para 242 parlamentares; e, a ruralista de 120 para 159.

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Saga cearense 
Merval Pereira 

O Globo - 22/12/2010

A saga de Ciro Gomes continua se revelando uma das mais patéticas da política nacional. De político renovador que acabou com as oligarquias cearenses, tornou-se símbolo de sua própria oligarquia, e acabou dando a volta ao mundo para acabar novamente em Sobral, que já teve seu irmão como prefeito e terá um representante seu no Ministério do primeiro governo Dilma, com o patrocínio político de seu grupo cearense.

De quase presidente eleito em 2002, Ciro Gomes está prestes a tornar-se um político sem mandato e sem apoio político de seu próprio partido, o PSB, que entrou em polvorosa quando a presidente eleita o convidou pessoalmente para assumir o Ministério da Integração Nacional.

A começar pelo presidente e principal líder do PSB, o governador reeleito em Pernambuco, Eduardo Campos, houve reação de todos os lados contra sua indicação. Campos tinha um candidato pessoal ao Ministério e não abriu mão para Ciro.

O PMDB fez questão de revelar seu descontentamento com a volta de Ciro ao primeiro plano do governo do qual se sente sócio.

O vice-presidente eleito, Michel Temer, que Ciro chamou de comandante de um agrupamento sem escrúpulos, mandou seu recado: como ministro, Ciro lhe deveria obediência hierárquica, e teria que ter “contenção verbal”.

Ciro ficou conhecido pela virulência de sua fala, o que lhe valeu o apelido de “língua de aluguel” do governo, especialmente quando se referia ao tucano José Serra. Na eleição presidencial de 2002, houve um momento da campanha em que o então candidato do PPS, Ciro Gomes, apareceu na frente de Lula.

O presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, dizia que sua situação era tão confortável que, se Ciro tivesse viajado com a mulher, Patrícia Pillar, e desaparecido da campanha, poderia ter sido eleito.

Em vez disso, prosseguiu na campanha e, entusiasmado pela aprovação popular que colhia naquele momento, deixou-se perder pela boca, o que, aliás, tornou-se seu hábito. Xingou de burro um eleitor que o questionava num programa de rádio, fez comentários machistas em relação a Patrícia Pillar e se perdeu completamente, não conseguindo nem mesmo ir para o segundo turno.

Nunca ninguém foi tão humilhado publicamente quanto Ciro Gomes na campanha eleitoral deste ano, impedido de apresentar sua candidatura à Presidência da República pelo próprio Lula, que o induziu ao erro ao sugerir que transferisse seu título eleitoral para São Paulo a fim de disputar o governo daquele estado.

Não conseguiu apoio do PSB, que tinha o empresário Paulo Skaf como candidato, um dos maiores absurdos políticos de nossa história recente, foi bombardeado pelo PT, e acabou não podendo nem mesmo ser candidato a deputado federal. Vendo o cerco contra sua candidatura à Presidência na eleição deste ano se apertar, Ciro voltou a usar sua língua ferina, dessa vez contra o próprio governo.

Disse que Lula “viajou na maionese”, e estava enganado pensando que era Deus e que tudo podia. Disse que Serra era mais preparado para exercer a Presidência da República do que Dilma.

Caiu em desgraça junto ao PT, ao PMDB e ao próprio PSB, cujo presidente Eduardo Campos conspirou com Lula para inviabilizar a candidatura de Ciro.

A relação conflituosa de Ciro com Lula levou até mesmo a que ele rompesse com seu maior aliado político no Ceará, o senador Tasso Jereissati, que já abandonara o candidato tucano José Serra para apoiá-lo em 2002. Pois Ciro traiu o acordo branco que tinha com Tasso no Ceará para tentar se aproximar mais de Lula, mas não teve a contrapartida.

O que Lula queria era uma disputa polarizada entre Dilma e Serra, ou entre PT e PSDB, ou, melhor ainda, entre ele e Fernando Henrique. E Ciro insistia em quebrar essa polarização, alegando que era melhor para os governistas que houvesse mais candidaturas.

Lula mostrou-se certo, do ponto de vista de seu interesse pessoal, na estratégia, tanto que foi a presença de Marina Silva pelo PV que impediu que a disputa se resolvesse já no primeiro turno.

Mas, naquele momento, registrei aqui na coluna que o que menos importava era o que pensa ou diz o deputado Ciro Gomes. “Goste-se ou não da maneira como o deputado federal Ciro Gomes faz política, uma coisa é certa: sua desistência forçada à disputa da Presidência da República é um golpe na democracia”, escrevi então.

Considerava, e ainda considero, que a interferência frontal do presidente Lula para inviabilizar uma candidatura em benefício da que escolhera era uma agressão do ponto de vista democrático à livre escolha do eleitor.

Conchavos de gabinete com o objetivo de transformar em plebiscito uma eleição em dois turnos, concebida justamente para dar ao candidato eleito a garantia de apoio da maioria do eleitorado, reduziram o sentido da eleição.

Ciro foi de diversos partidos, inclusive da Arena no tempo da ditadura, mas teve sucesso político no PSDB, pelo qual chegou a ser ministro da Fazenda na transição do governo Itamar Franco. Foi chamado às pressas para apagar um incêndio que ameaçava a candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso.

O então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, foi flagrado com o microfone aberto em um programa de televisão dizendo coisas como “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. Ciro Gomes era um jovem político de sucesso que governava o Ceará, e foi uma grande solução política para o momento.

Esse período serviu também para que se tornasse adversário ferrenho tanto do ex-presidente quanto de José Serra, a quem, pela gana que tem, deve atribuir uma atuação decisiva para que não tenha continuado ministro da Fazenda.

Na ocasião, o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso ofereceu-lhe o posto de Ministro da Saúde, que Ciro recusou, considerando uma ofensa a oferta.

Anos depois, José Serra, derrotado na disputa para a Prefeitura de São Paulo, ocupou o Ministério da Saúde e alavancou sua carreira política, tornando-se candidato a presidente em 2002.

Até hoje medidas adotadas no ministério, como os genéricos, lhe rendem uma visibilidade política importante.

Pois, ironicamente, Ciro hoje tinha como seu sonho de consumo assumir o Ministério da Saúde no governo Dilma, o que lhe foi negado liminarmente.

MÍRIAM LEITÃO

Resposta torta 
Miriam Leitão 

O Globo - 22/12/2010

O Blog do Planalto rebaixou o Brasil. Para justificar o injustificável 53º lugar no PISA, diz o seguinte: “Na lista dos 52 países que estão à nossa frente, apenas um tem o PIB inferior ao do Brasil, a Tailândia.” Como somos a oitava economia, fica o mistério: como podem existir 51 países maiores do que o Brasil? Com argumentos toscos e obviedades, o governo repete sua autolouvação.

Estão na nossa frente, na lista do desempenho da educação, países como Chile, Bulgária, Eslovênia, Estônia, Romênia, Lituânia, Turquia, Sérvia e Trinidad e Tobago. Inúmeros outros de PIBs menores do que o do Brasil.

A educação sempre foi uma chaga aberta no país. Foi protelada governo após governo. Não é um problema só do atual. Na administração passada, deu um passo importante que foi a universalização. Os avanços que ocorreram agora foram insuficientes. É melhor reconhecer isso para dar sentido de urgência a um déficit que pode nos roubar o futuro. Melhor reconhecer os erros do que tentar torcer a aritmética mais básica e dizer que existem 51 países maiores do que o oitavo do mundo.

O Blog do Planalto mobilizou ministros para responder ao jornal O GLOBO, que fez no fim de semana um caderno com o balanço dos oito anos do governo Lula. É natural que um espaço oficial ressalte os avanços e dê menos ênfase aos erros. O que cansa é a versão de que nada de certo ocorreu antes de 2003.

Há um trecho em que a defesa do governo diz que fez uma “minirreforma tributária.” E na lista dos itens dessa minirreforma inclui “prorrogação da DRU e da CPMF.” Em outro trecho, diz que a DRU foi uma forma “engenhosa” feita pelo governo anterior de “desviar R$ 100 bilhões da educação.” Ou bem prorrogar a DRU é parte de uma minirreforma ou é uma forma perversa de desviar recursos da educação. O governo tem que escolher como definir o mecanismo que, a propósito, bom nunca foi. Quando inventada, a Desvinculação das Receitas da União (DRU) tinha o objetivo de ser uma ferramenta temporária, enquanto não se fazia uma reforma tributária. O governo FHC e o governo Lula não fizeram a reforma e o que era para ser temporário se eternizou.

O Blog do Planalto diz que eu fui parcial porque disse que o crescimento de 2010 é em parte devido à queda de 2009. E que ao citar o déficit em transações correntes de US$ 50 bilhões não o atribuí à crise internacional.

Vamos por partes na suposta parcialidade. Que o crescimento de 2010 é em parte devido à queda do ano passado é um fato estatístico. Como se mede o crescimento do PIB comparando um ano com o anterior, a recuperação após uma queda é atingida por um fenômeno conhecido
como carregamento estatístico. Isso não desmerece o desempenho de 2010, mas assim é a estatística. Façase a conta pelo crescimento médio dos dois anos e se terá que o país cresceu em média 3,5%. Bom, mas nada espetacular.

Quanto ao déficit em transações correntes, ele tem pouca relação com a crise externa. O que os escribas oficiais poderiam ter dito é que mostra a força do crescimento, da importação, inclusive de máquina e equipamentos. O Brasil não teve queda de exportação. Os produtos que o Brasil exporta aumentaram de preço. Então, não se culpe a crise externa pelo déficit brasileiro.

O governo diz que é mito que ele manteve a política econômica do governo anterior e fica procurando nuances para negar o inegável. Diz que a queda das metas de inflação foram mais drásticas antes e agora são mais graduais. Ora, a ferramenta é exatamente a mesma.

É falso dizer que o atual governo derrubou a inflação de dois dígitos para o nível de 5%. Todos sabem que o que fez subir a inflação no finalzinho do governo anterior foi o temor de que o governo Lula fosse colocar em prática certas ideias amalucadas que seus economistas defendiam para segurar os preços.

A média de investimento público dos dois governos é de medíocres 0,8% do PIB. Com o balanço do PAC pode- se fazer mágicas, mas os fatos são eloquentes. A única obra de logística do PAC concluída foram as eclusas de Tucuruí, iniciadas há 30 anos. Mesmo assim, a contabilidade do PAC registra 70% das ações de logística concluídas. O presidente Lula inaugurou, dias atrás, 16 km da ferrovia Oeste- Leste que terá 1.700 km. Não se inaugura uma obra com menos de 1% concluída, a menos que se pense que as pessoas são bobas.

O governo se credita ter diminuído a mortalidade infantil. É verdade. O governo anterior também. A taxa tem caído fortemente há três décadas. A mortalidade infantil caiu, segundo o IBGE, 33% no governo Fernando Henrique, e 27% no atual. A torcida é para que essa queda seja ainda maior no governo Dilma.

A autolouvação chega a comemorar queda de doenças transmissíveis no país, onde quase 5.000 pessoas morrem por ano de tuberculose.

Há dramas urgentes e números inaceitáveis. Se o governo admitisse isso seria levado mais a sério ao mostrar suas conquistas.

CELSO MING

E o rombo vai se alargando 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 22/12/2010

Por enquanto, o rombo nas contas externas do Brasil está sendo mais do que compensado com a entrada de capitais.

Mas preocupa a escalada do déficit registrado nas transações correntes, que resume todo o fluxo de recebimentos e pagamentos em relação ao exterior, menos entrada e saída de capitais.

O gráfico dá uma ideia da rapidez com que esse rombo vai sendo aberto. A excelente perspectiva de faturamento com exportações de commodities, mais a entrada de investimentos estrangeiros, o bom nível de crédito que o País desfruta hoje e, mais que tudo, as reservas já perto dos US$ 300 bilhões garantem cobertura para esse déficit crescente. O problema é que ele reflete um salto insustentável do consumo.

Alguns economistas e muitos empresários da indústria lamentam o bom desempenho da exportação de produtos primários. Entendem que vai empurrando a economia para a produção de bens de baixo valor agregado e que empregam relativamente pouca gente, com a agravante de que concorrem para a valorização do real (baixa do dólar), fator que tira competitividade do produto industrial brasileiro.

Esse conceito de que é ruim ter forte exportação de commodities talvez fosse válido no início da segunda metade do século passado, quando os termos de troca eram desfavoráveis para o Brasil, então um exportador de café e açúcar.

Mas não dá mais para sustentar essa linha de raciocínio. As mercadorias estratégicas já deixaram de se concentrar nos produtos da indústria de transformação. Continuam a ser os de alto conteúdo tecnológico e hoje são cada vez mais matérias-primas, alimentos e petróleo. E essa é a grande riqueza do Brasil que mais atrai o investimento estrangeiro. Não fosse a exportação de produtos primários, que correspondem hoje a 45% do total, mais o cacife em reservas, o País já estaria em apuros.

O esgotamento do Tesouro Nacional como financiador de última instância de projetos de infraestrutura está empurrando a economia para as PPPs (parcerias público-privadas), modelo em que o setor privado, tanto nacional como estrangeiro, passará a ter maior participação. Por enquanto, o governo do PT ainda esperneia diante da perspectiva de ter de atrair capitais de fora. Mas provavelmente terá de se render ao inevitável ou, então, conformar-se com o colapso da rede de estradas, portos e aeroportos, e aí pagar o preço do fracasso.

Se houver essa abertura para o Investimento Estrangeiro Direto (IED) na infraestrutura, o fluxo de capitais ainda compensará o aumento do déficit nas contas correntes. Mas a longo prazo é preciso prover mais poupança interna, o que implicaria menor velocidade do crescimento do consumo e mais austeridade.

As primeiras manifestações da presidente eleita, Dilma Rousseff, indicam que o governo está atento para o problema e parece preparado para colocar em prática uma estratégia econômica que volte a dar importância ao equilíbrio das contas públicas. O problema é que a costura política que está sendo feita nessa transição de administração parece indicar que o novo governo ficará vulnerável às pressões políticas. Quando isso acontece, é preciso fazer concessões na distribuição das verbas públicas. O risco é que não se consiga reequilibrar as prioridades.

"Lá está pior"
A Infraero e as companhias aéreas do Brasil estão esfregando as mãos diante do caos aéreo na Europa. Acham que agora dispõem de um bom arsenal de desculpas para o que acontece por aqui.

Colchão acolhedor 
O Instituto Nacional de Estadística y Censos (Indec) calcula que os argentinos entesouram no momento nada menos que US$ 140 bilhões, em casa ou no exterior. É o equivalente a quase duas vezes as exportações do país neste ano.

A inflação da carne
A alta da carne continua sendo o maior impacto sobre a evolução do custo de vida do brasileiro. Ontem, saiu o IPCA-15, do IBGE, que acusou um avanço de 8,32% nos preços das carnes, com impacto de 0,21 ponto porcentual na inflação de 0,69% no período de 30 dias terminado no dia 15. A carne bovina não é o único vilão inflacionário. Os preços da carne de frango subiram 5,31% em dezembro depois de terem avançado 3,33% em novembro.

O CÉU PODE ESPERAR

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Ninguém gostou 
Renata Lo Prete 
Folha de S.Paulo - 22/12/2010

O emergente PSB sai da negociação com Dilma Rousseff por espaço na Esplanada tão ou mais insatisfeito do que o PMDB. Queria três ministérios. Levou dois. Queria que as escolhas contemplassem um indicado do presidente da sigla, Eduardo Campos, outro dos irmãos Ciro e Cid Gomes e um representante da bancada. Esta última ficou a ver navios. Queria ganhar Aeroportos. Ficou com Portos e uma promessa.

Dilma, por sua sua vez, também não gostou da canseira que o partido lhe deu. Tampouco apreciou o fato de que a lista final do PSB excluiu o nome de Antônio Carlos Valadares, impedindo o presidente do PT, José Eduardo Dutra, de herdar sua cadeira no Senado.

Na mesmaComentário de um cacique do PSB sobre as idas e vindas da negociação da cota ministerial do partido: "Acordei de manhã bem cedo, andei o dia todinho e não saí de casa".

Closet
Dilma estuda a possibilidade de usar dois trajes no dia da posse: um na cerimônia no Congresso, outro para receber a faixa de Lula no Palácio do Planalto.

Toma lá...Pedro Novais (PMDB-MA) beneficiou sua base eleitoral com recursos do Ministério do Turismo, que comandará a partir de janeiro. Prefeitos das cidades favorecidas admitem que retribuíram fazendo campanha para o deputado.

...dá cáDos cinco municípios onde Novais foi mais votado, quatro receberam um terço dos R$ 8,2 milhões em emendas que ele indicou ao ministério em 2009 e 2010. Apelidado de "Pedro não vai", dada sua escassa presença no Maranhão, o deputado consegue, com esses recursos, obter o apoio dos prefeitos a cada eleição.

CalculadoraO TSE divulga hoje o custo fechado das eleições de 2010: R$ 3,23 bilhões. O valor inclui o segundo turno, do qual participaram 20 candidatos aos governos de nove Estados e os dois finalistas da disputa pela Presidência da República.

"X" da questãoObjeto do desejo de Alberto Goldman, a Secretaria de Saneamento tem valor por um único motivo: abriga a Sabesp sob seu guarda-chuva. Aliados apostam que, mesmo se indicar o atual governador para a pasta, Geraldo Alckmin não lhe permitirá influir sobre a escolha do futuro presidente da empresa.

PauseAlckmin evitou anunciar ontem novos nomes para o primeiro escalão paulista na tentativa de não contaminar a votação do Orçamento de 2011, que deveria invadir a madrugada de hoje. Dada a ansiedade das siglas aliadas, em especial PV e PMDB, o tucano corria o risco de criar insatisfações e perder votos na última hora.

É Natal 1Considerado linha dura no trato com o empresariado paulista, o secretário Mauro Ricardo Costa assinou, no intervalo de quatro dias, três medidas caras ao setor: desoneração de impostos para aquisição de equipamentos médicos, isenção estendida para doações a Estados afetados pelas enchentes e parcelamento do ICMS das vendas de fim de ano para o comércio varejista.

É Natal 2Mauro Ricardo, que em janeiro trocará a Fazenda estadual pela Secretaria de Finanças da capital. também protagonizou o lançamento do "placar" da Nota Fiscal Paulista, principal vitrine de sua gestão.

Visita à FolhaAntonio Carlos Valente, presidente do Grupo Telefônica no Brasil, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Emanuel Neri, diretor de Comunicação Corporativa.

Tiroteio
"A cada dia, Lula sofre mais com o fim iminente de seu governo. Se pudesse, não descartaria voltar já em 1º de janeiro. Imagino as noites que tem passado."

DO EX-PREFEITO DO RIO CESAR MAIA (DEM), sobre entrevista na qual o presidente deixou em aberto a possibilidade de concorrer em 2014.

Contraponto

Barreiras matrimoniais 
Durante almoço para apresentação do balanço de final de ano da CNI (Confederação Nacional da Indústria), realizado dias atrás em Brasília, o novo presidente da entidade, Robson Andrade, comentou numa roda de empresários e jornalistas que sua filha é casada com um chinês. Logo surgiu quem brincasse:

-Isso sim é a invasão chinesa!

Andrade contemporizou:

-Até agora eu não sei se é mais uma ameaça ou se estou fazendo um hedge...

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Zaeli expande atuação no Norte e no Nordeste 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 22/12/2010

Para aumentar a presença nas regiões Norte e Nordeste, a indústria de alimentos Zaeli abrirá três centros de distribuição, na primeira quinzena de janeiro, em Barreiras (Bahia), Imperatriz (Maranhão) e Ananindeua (Pará).

"Queremos ser mais competitivos nas regiões. Vamos atender algumas localidades que estavam distantes e não conseguíamos chegar", afirma Valdemir Zago, presidente da Zaeli.

Com a unidade do Pará, por exemplo, a empresa vai atender 50% do Estado.

A demanda por produtos mais bem elaborados e, consequentemente mais caros, está maior neste ano.

"Antes, vendíamos muito no Nordeste arroz tipo dois, tipo três. Agora, com o aumento da renda, vendemos mais o tipo um", diz Zago.

Apesar de o consumo no Nordeste estar crescendo, o Paraná tem a maior fatia do faturamento, de 30%.

A empresa está em negociação com fundos de investimento para ampliar o capital. "Queremos alavancar alguns projetos e crescer mais rápido", afirma ele.

O plano da empresa é, em um prazo de cinco anos, atingir faturamento de R$ 1 bilhão para abrir capital. Neste ano, a receita deve chegar a R$ 400 milhões.

A companhia industrializa mais de 250 produtos, divididos em 21 linhas, além de alguns itens importados com a marca da empresa.

Lula e Os Catadores
O Banco do Brasil assina amanhã, em SP, um acordo com a associação nacional de catadores que poderá beneficiar 85 mil pessoas. Com a presença do presidente Lula e da presidente eleita, Dilma Rousseff, serão entregues cartões para pessoas físicas e jurídicas. O objetivo é fomentar a inclusão bancária, segundo o BB e a sua fundação.

Consórcio cresce como fonte de financiamento a máquinas 
Ainda recente no país, o uso do consórcio como nova ferramenta de financiamento para a aquisição de máquinas avançou.

A Abimaq (associação que reúne o setor) e a administradora Embracon iniciaram neste ano uma parceria para comercializar cotas para equipamentos produtivos.

O sistema oferece consórcio para a aquisição de bens e para a venda da produção de máquinas. "Esse recurso era usado apenas para máquinas agrícolas", afirma Carlos Nogueira, diretor de financiamento da Abimaq.

A procura por consórcios de máquinas de grande porte, caminhões e ônibus cresceu 53% em novembro em relação a outubro, segundo a Embracon, que registrou faturamento de R$ 13,2 milhões na modalidade no mês.

A estimativa da empresa é que em menos de cinco anos a nova carteira atinja o mesmo tamanho da carteira de imóveis, que é a que registrava as maiores taxas de crescimento até então.

Outras administradoras de consórcios também devem, em breve, lançar o serviço, cuja popularidade tem avançado na indústria.

"O financiamento mais atrativo hoje de investimento no Brasil é do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], mas nem todos conseguem ter acesso", diz Nogueira.

As taxas de administração do consórcio variam conforme o tempo. São de 13% para o período de 36 meses e podem chegar a 20% do total financiado para 150 meses.

Brasil é país em que mais jovens pagam celular, afirma estudo 
Os adolescentes de 15 a 19 anos de Brasil e Alemanha são os que mais pagam suas contas de celular no mundo.

Na faixa etária, 56% dos jovens desses países não dependem dos pais para pagar o que gastam com telefone móvel, segundo pesquisa da consultoria Nielsen.

A seguir estão Reino Unido e Rússia, com 52% e 47%, respectivamente. O país em que os jovens menos pagam suas contas de celular é a Itália, com 21%.

Segundo a Nielsen, 90% dos usuários que têm até 24 anos optam por celulares pré-pagos no Brasil. Esse tipo de plano também é o preferido para 77% dos brasileiros acima dessa idade.

Entre os 19 países analisados, os únicos em que há predomínio de jovens com celulares pós-pagos são EUA, Espanha e Reino Unido.

O estudo mostra que poucos jovens brasileiros costumam usar celular para outras finalidades, como baixar jogos e ter acesso à internet.

Apenas 7% das pessoas de até 24 anos utilizam o telefone para checar e-mail no país, o que representa menos de um quinto que nos EUA, onde esse número é de 39%.

Telefone...O setor de telecomunicações cresceu 27% neste ano, de acordo com o Sinstal (Sindicato Nacional de Prestadoras de Serviços de Telecomunicações). A expectativa da entidade é gerar 100 mil empregos em 2011.

...ocupadoO país tem 18 milhões de conexões de banda larga. No total de telefonia, internet e vídeo são mais de 255 milhões de consumidores. Até 2014, o país poderá ter mais de 40 milhões de casas utilizando serviços de alta velocidade.

Parcerias em saúdeOs laboratórios Stiefel e a Unitah, especialista na intermediação de negócios e que trabalha com o Centro de Genomas, passarão a usar as pesquisas do instituto Methodus para desenvolvimento de produtos.

Cooperativa...A Unimed-BH alcançou 965 mil vidas na carteira neste ano. O número de médicos cooperados chegou a 4.838 e outros 121, de 35 especialidades, foram aprovados para integrar a cooperativa a partir de 2011.

...médicaA expectativa da cooperativa é ter faturamento de cerca de R$ 1,79 bilhão neste ano, aproximadamente 84% terá sido destinado a custeio da assistência médico-hospitalar, de acordo com a entidade.

NatalinoA diferença de preços dos produtos mais procurados no Natal pode chegar a 120%, segundo pesquisa do site de comparação de preços BuscaPé. Um Playstation 3 Slim 120 GB, da Sony, varia de R$ 888,30 a R$ 1.960,31.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Tentando agilizar 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 22/12/2010

Com a decisão de Lula em deixar para Dilma a indicação do substituto de Eros Grau no STF, Cezar Peluso, presidente, toma atitude inédita. Todos os processos que estavam sob responsabilidade de Grau podem seguir para mãos de outro membro da Corte.

Se assim requisitarem os respectivos advogados.

Veia conciliadora
Convidado por Dilma no sábado para assumir o Ministério da Saúde, Alexandre Padilha teve postura rara. Foi no domingo ao Hospital Sírio Libanês conversar com Gonzalo Vecina, médico também cotado para o cargo. Tomou antes um café com Paulo Chap Chap e Roberto Kalil, para depois sentar-se com Vecina. Em uma longa conversa a dois, discutiram o futuro da saúde pública no País.

Em tempo: Padilha não saiu do hospital sem visitar o ex-ministro Luiz Gushiken, que se encontra internado.

Como dantes
Para José Carlos Pinheiro Neto, da GM, as recentes limitações nos financiamentos de carros tiveram pouco efeito prático. "É raro alguém dar uma entrada de 30% em dinheiro. Normalmente, este montante é coberto com a troca de carro usado na negociação", explica.

Nada tira de 2010 a condição de um dos melhores anos da indústria automobilística do Brasil.

Maçã por maçã
Luciano Almeida, secretário de Desenvolvimento do Estado, presidirá a agência Investe SP. Alckmin aceitou a indicação de Goldman.

Estranha, a política
Mesmo bem cotado dentro do PSDB e queridinho de Alckmin, o vereador Floriano Pesaro deve ser preterido na pasta da Assistência Social. Para acomodar aliados na barganha política da Assembleia Legislativa.

Ano novo, teto novo
Ronaldo e Bia Antony mudam hoje para sua casa ainda incompleta, nos Jardins. Aguardam, para depois do Ano-Novo, instalação de placa solar que fará par com o teto verde - um captador de água das chuvas para molhar o jardim.

Resultado de projeto sustentável assinado por Paula Mattar.

Na ativa
Enio Mainardi negocia com duas editoras a publicação de novo livro. Só o título já promete polêmica: Vagina Dentada.

São 30 a 40 contos e, ao contrário do que se pressupõe, nem todos tratam do universo feminino.

Sacudida
Maria Bethânia está mais ativa que muita sambista revelada na Lapa. Depois de dois discos, show e DVD, decidiu levar o projeto Bethânia e as Palavras para seis capitais.

Depois do Rio, chega a Salvador no mês que vem. E em março, estaciona em São Paulo.

Na frente
Natal do pirata? Roupas falsificadas da Reserva e Sérgio K estão vendendo que nem fralda na 25 de março.

A Heaven, nos Jardins, promove a última festa no ano hoje. Nas picapes, Marcinho e Hadji.

Eduardo Kobra faz intervenção em 3D: Cenário de Natal. Hoje, na Avenida Paulista.

O Bar do Anita inaugura hoje com show de Sara Chrétien.

De olho nos veranistas de Punta del Este, Karla Sarquis e Sharon Beting abrem por lá, domingo, a primeira filial da SUB no exterior.

Papai Noel faz plantão hoje no Estádio do Morumbi. Participa de festa gratuita organizada pelo São Paulo.

Com presença de Jaime Oncins, o Clube Pinheiros organiza, hoje, coquetel beneficente do projeto Jogada Nota 10.

O DJ Mario Fischetti é atração hoje da Festa do Branco montada pela Disco. Trata-se de um esquenta de pré-réveillon.

Imagine um sapatênis com sola de látex, produzido com algodão reciclado e amaciado na manteiga de semente de cupuaçu. Pois é. Essa é a ideia da Raiz da Terra Green a ser lançada ano que vem durante o Rio-à-Porter.

GOSTOSA

JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA

Pisa - os dois Brasis
João Batista Araujo e Oliveira 
O ESTADO DE SÃO PAULO - 22/12/10


A nova rodada do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) confirma: há dois Brasis. O Brasil das escolas particulares, com 502 pontos, bem próximo à média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e o das escolas públicas, com média de 387 pontos, na rabeira do mundo. Isso significa que o aluno médio de 15 anos de idade daqueles países encontra-se quase três séries escolares à frente dos alunos de nossas escolas públicas. E que metade dos brasileiros dessa faixa etária nem sequer entende o que lê. A outra metade foi apenas um pouquinho além disso.

Houve avanços no País? Sim. E possivelmente se devem à progressão do fluxo escolar: hoje temos mais jovens de 15 anos no ensino médio, e isso pode explicar grande parte da evolução dos resultados. Mas estamos bem? Não. Estamos muito mal. Houve surpresas nos resultados? Talvez. O desempenho das escolas públicas nas diversas Unidades da Federação (UFs) reproduz as diferenças regionais. Como as amostras foram tomadas dentro de cada uma dessas unidades, é prematuro fazer inferências sobre as escolas privadas ou comparações entre as UFs.
É patente que falhamos e continuamos falhando no essencial. Não fizemos uma reforma educacional digna do nome. Temos boas intenções e o esboço de uma mobilização social ainda capenga e fortemente atrelada ao Estado. Há boas ideias e iniciativas interessantes aqui e ali, algumas com os elementos certos para quem desejar fazer uma reforma educativa para valer. Mas não há proposta - nos planos federal, estadual ou municipal - consistente e contendo as condições necessárias e suficientes para mudar o quadro.
Coincidente com o Pisa, recém-publicado estudo da McKinsey confirma o que já sabemos sobre reformas educativas eficazes e lança novas luzes sobre um aspecto que deveria interessar a autoridades e à comunidade acadêmica: uma reforma eficaz se faz com ingredientes já conhecidos e comuns a todos os países de sucesso na área educacional.
A novidade: a receita e a dose mudam de acordo com o estado do paciente. Quanto mais primitivo o sistema educativo - caso do Brasil -, mais necessárias as intervenções estruturadas e dirigidas. Para sermos igual a Cingapura ou Coreia do Sul, por exemplo, precisamos seguir o que fizeram esses países quando estavam na nossa situação. E não copiar o que executam hoje.
O Brasil erra quando preconiza autonomia onde ela não pode existir. E, mais ainda, quando centraliza decisões, usando nas escolhas critérios que não procedem. Ou seja: usamos os ingredientes errados em doses erradas.
Temos, aqui, ao mesmo tempo, problema e solução. O problema - comum a praticamente todas as redes de ensino do Brasil - é de qualidade. Estamos na lama. Se a evidência científica e a experiência internacional valerem para o País - e deveriam valer -, a solução encontra-se numa série de medidas já testadas lá fora: foco na alfabetização e no ensino da língua e da Matemática; prescrição de currículos e materiais de ensino estruturados, com suporte de bons livros didáticos e com orientações claras e específicas para um professor que apresenta hoje baixos níveis de qualificação; apoio para o cumprimento rigoroso do ano letivo e do tempo em sala de aula; supervisão baseada em instrumentos adequados e em informações oriundas de avaliações para a melhoria das práticas escolares. A eficácia de sistemas de incentivos é demonstrada em vários casos, mas ainda é objeto de grandes controvérsias.
Além dos resultados, o Brasil também difere dos países desenvolvidos pelo fato de haver enorme diferença entre o desempenho das escolas de uma mesma rede de ensino: além da ineficácia e ineficiência, os sistemas de ensino também lidam mal com a questão da equidade. São mais dois Brasis dentro de cada rede. Essa dispersão de resultados reflete o erro estratégico das políticas que centralizam o que não deveriam e descentralizam o que não poderiam. Nossa meta mais importante deve ser a redução das diferenças entre os resultados das escolas. O relatório da McKinsey confirma o que vozes isoladas vêm preconizando no Brasil: é preciso sintonizar pedagogia e gestão.
Muitos dos ingredientes de sucesso estão em uso em algumas redes de ensino, mas com composição, dose e estilos diferentes e quase sempre de maneira errática ou inconsistente. Há ainda muita incompreensão sobre o que efetivamente funciona em educação e na sala de aula - apesar das evidências científicas. Isso é resultado de ignorância patrocinada pelos interesses corporativistas e por uma forte visão ideológica que permeia as faculdades de educação, os egrégios conselhos de composição igualmente corporativista e a cabeça das autoridades educacionais.
Mais difícil do que fazer certo é manter o foco. As secretarias de Educação e o Ministério da Educação (MEC) inundam as escolas com uma miríade de ideias e programas que até podem ter mérito isoladamente, mas que acabam contribuindo para distrair as redes e escolas do foco principal. O maior equívoco reside nas estratégias de capacitação, que ignoram as condições reais do professor.
Temos aí mais uma chance. O estudo da McKinsey aponta caminhos. Se tivermos a humildade de não querer redescobrir a roda, podemos melhorar nosso padrão educacional. Dado o desequilíbrio federativo, o papel do MEC e dos governos estaduais poderia ser de importância vital para estimular boas reformas, com base no pluralismo de abordagens, desde que reconhecidamente eficazes.
Mas para isso seria necessária uma revolução nas formas de pensar e de agir do MEC e das secretarias. Até lá, as redes de ensino terão de procurar seus próprios caminhos e resistir às pressões e modismos. De boas intenções o inferno está cheio.
PRESIDENTE DO INSTITUTO ALFA E BETO