domingo, dezembro 27, 2009

JOÃO UBALDO RIBEIRO

Marvado atraso

O GLOBO - 27/12/09


Às vezes eu acho que nós, brasileiros, temos razão em manter nosso tradicional complexo de inferioridade, achando que tudo do famoso Primeiro Mundo é melhor do que aqui, a começar pela aparência e a terminar pela língua. É quando constato que somos atrasados mesmo, triste verdade. Somente um povo atrasado é que ia dedicar, como dedicou, espaço e tempo a comentar indignadamente e rechaçar com veemência uma piada que o ator Robin Williams fez num programa de tevê americano. Deve ser o único lugar do mundo onde isso acontece em relação a algo dito por Robin Williams, que os próprios americanos nem ouviram dá uma vergonhazinha.

Lembro agora, a propósito, o que aconteceu, faz algum tempo, quando o então correspondente do New York Times no Brasil escreveu sobre a relação do presidente Lula com as bebidas alcoólicas. O presidente quis expulsar do País o sacrílego jornalista e também lembro que o ministro Gushiken, aquele com cara de Fu-Man-Chu que na época nos assombrava, justificou tal reação dizendo que a matéria contendo o crime de lesa-majestade era equivalente a, em se estando no Japão, difamar o imperador. Em comparação, conta-se que, quando o presidente Kennedy se julgou ofendido pelo mesmo New York Times, apenas murmurou um palavrão e cancelou sua assinatura.

Agora, notadamente aqui pela América do Sul, cria-se novamente um clima anti-imprensa, a começar pelo nosso presidente, que se esquece do muito que deve a uma imprensa livre e agora a considera incômoda e quer ditar seu comportamento. Como não lê nada, a realidade lhe é narrada pelos puxa-sacos que o rondam, como rondam qualquer governante, e que não querem ser portadores de novas desagradáveis. A imprensa, assim, só pode refletir uma realidade que ele desconhece. Liberdade de imprensa, sim, contanto que a favor do poder. Tudo atraso, aqui neste triste continente agora ostentando cá e lá o que poderia ser uma caricatura, mas é retrato. Populismo barato, gritos de muerte a isso e muerte àquilo, viva la revolución aqui e viva la revolución ali, peitos ataviados com medalhas do tamanho de bolachões, provavelmente ganhas pela promoção ou repressão de alguma arruaça de meia pataca.

Mais atrasado que isso – e, ai de nós, não de todo incogitável num futuro tenebroso – só na Etiópia do tempo de Haile Selassie, quando qualquer coisa a ser impressa, até mesmo convites de casamento, tinha de passar pela censura oficial. Não duvido nada, mas nada mesmo, que alguém queira adotar práticas semelhantes para o Brasil de hoje e daqui a pouco proponham a padronização dos convites de casamento, para os quais sugiro logo a proibição dos dizeres “os noivos receberão os cumprimentos na igreja” para os casais cujo pai da noiva ganhe mais de vinte salários mínimos, pois nessa faixa será obrigatória a realização de uma recepção a convidados, com uma quota de trinta por cento para negros, vinte por cento para pardos e quinze por cento para moradores de comunidades carentes.

Não esqueçamos a tentativa que se fez em Brasília de regulamentar a maneira pela qual deveríamos falar, o politicamente correto da nossa linguagem de todo dia. Na ocasião, seus elaboradores e proponentes alegaram que a cartilha não era normativa, mas apenas sugestão, como se, no mar da macaquice e da indigência mental de tantos de nós, todo mundo em breve não fosse falar e escrever conforme ela. E daí a pouco, os comunicadores e porta-vozes estariam falando como o presidente do Lions Club de Wichita na presença dos leões e suas domadoras.

Age-se aqui como se as liberdades de pensamento, expressão e imprensa, que não podem ser dissociadas, como se uma fizesse sentido sem as outras, fossem uma outorga do Estado, ou, pior ainda, do governo. É comum entre nós a mentalidade de que o governo ou o Estado nos dá isso ou aquilo. Nem um nem outro nos dão nada, não somente porque pagamos os impostos que os sustentam, mas principalmente porque legitimamos o poder que é exercido sobre nós. Essas liberdades não são um dom do Estado ou do governo, são parte da dignidade e dos direitos básico do cidadão e da sociedade.

E não podemos, como também fazemos habitualmente, confundir Estado com governo. O funcionário público não é servidor do governo, mas do Estado. A tevê pública, ou o que lá seja isso no Brasil, não é do governo, mas do Estado. Contudo, não só encaramos como do governo tudo o que é estatal, como o governo de fato mete o bedelho a seu bel-prazer, em áreas que deviam ser escrupulosa e rigorosamente defendidas, como as próprias tevês públicas, onde nunca é aconselhável falar mal do governo e o mesmo governo nomeia e demite como lhe apraz.

Agora mesmo acaba de se encerrar uma tal Conferência Nacional de Comunicação, onde, segundo me contam, houve um festival de asnices e intenções duvidosas dignas da ala de extrema esquerda de um grêmio infanto-juvenil norte-coreano. Tentaram de novo criar um Conselho Federal de Jornalismo, para dar palpite na imprensa e, provavelmente, involuir para o ponto em que eu receberia uma lista de assuntos que deveria abordar neste espaço, bem como a opinião a ser adotada. Também propuseram a volta da exigência de diploma em comunicação para o exercício da profissão de jornalista. Isso não é pela liberdade de imprensa, porque qualquer cidadão deve ter o direito de publicar um jornal em que defenda legitimamente suas opiniões, sem precisar recorrer a um diplomado, que, em certos casos, só fará emprestar, ou vender, sua assinatura. Enfim, quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas. Com uma exceção: sem imprensa livre, elas piorariam bastante.

ANCELMO GÓIS

Ilhas Tim Maia

O GLOBO - 27/12/09


O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgão que cuida das unidades de conservação ambiental da União, retomou um processo para fazer das Ilhas Cagarras, no Rio, um monumento natural federal.
A ideia é proteger a biodiversidade das ilhas com a proibição da pesca industrial e o ordenamento da pequena pesca.

Do Leme ao Pontal...
Será criada uma zona de proteção marinha, que vai do Leme ao Pontal - como na música de Tim Maia, lembra?
Por isso, veja que legal, a proposta do ICMBio, que o ministro Carlos Minc achou um barato, é dar ao arquipélago o nome de Monumento Natural Tim Maia-Ilhas Cagarras.

Azul da cor do mar...
Minc diz que o grande objetivo é incentivar o ecoturismo de observação ali: "Tudo deve sair do papel até fevereiro."
Aliás, outras músicas de Tim, diz Rogério Rocco, do ICMBio, falam do ambiente marinho, como "Azul da cor do mar" e "Descobridor dos sete mares".

Paes sem fumaça
Eduardo Paes parou de fumar.

Mãos ao alto
O senador Mercadante diz que, em 2010, Senado e Câmara têm de conversar mais:
- Há bons projetos nas duas Casas aprovados sobre segurança. Mas o Senado precisa apreciar os da Câmara, e vice-versa.

O acervo do dr. Olavo
Chega às livrarias em janeiro um livraço de 708 páginas, organizado pelo bibliófilo Pedro Corrêa do Lago.
Trata-se da "Brasiliana Itaú", que reúne a coleção do banqueiro Olavo Setúbal sobre o Brasil. Imperdível.

Menos aporrinhação
Do boa gente Luciano Huck, outro dia, dizendo a amigos por que resolveu vender sua participação em alguns negócios:
- Descobri que melhor do que ser patrão é ter um bom emprego. Dá menos aporrinhação.

Dá dinheiro aí
A Finep e a Ancine continuam sem quitar seus compromissos com o Fundo Setorial do Audiovisual. O papagaio vem desde julho, quando foram escolhidos os filmes aptos a receber o patrocínio.
Segundo a turma do cinema, a promessa agora é que a grana saia em janeiro, porque o comando da Finep... tirou férias.

Enquanto isso...
Produções que contavam com os recursos estão ameaçadas de parar.
Outras nem começaram.

Menino do Rio
Na véspera de Natal, Aécio Neves curtia o sol na Praia de Ipanema, em frente ao Posto 10, com os amigos Alexandre Accioly e André Calainho.

Bola da fortuna
Acredite. Fred, o atacante do Fluminense, deu R$30 mil de gorjeta a um garçom do Porcão de Ipanema, dias atrás.
É que o da bandeja é tão fã do craque que fez uma promessa para o Flu não ser rebaixado.

2009 deixa saudade
O carioca, depois das boas notícias para o Rio este ano (Jogos de 2016, final da Copa de 2014 no Maracanã, paz em favelas), está ressabiado com 2010.
Pesquisa DataRio/DataGois com 450 moradores da cidade mostra que só 14% confiam que 2010 será melhor que 2009.

O amor é lindo
Giovanna Antonelli, a formosa atriz, está de amor novo.
O felizardo é Leonardo Nogueira, diretor de "Viver a vida", novela da TV Globo na qual Giovanna interpreta Dora.

Rocinha legal
Rodrigo Bethlem, o xerife de Eduardo Paes, num balanço do choque de ordem em 2009, descobriu que aumentou 20% a procura por legalização de imóveis na Rocinha depois da demolição do Minhocão, aquele prédio implodido na favela.
A prefeitura pôs no chão em toda a cidade este ano 1.167 construções ilegais.

Faz sentido
Ouvido no Bracarense, o boteco do Leblon, sobre o patrocínio milionário do Flamengo com a Hypermarcas, dona do Engov, do Doril, do Apracur etc.:
- O Fla acertou: Engov para a ressaca do Zé Roberto, Apracur para a dor de cabeça do Andrade e, para o Adriano, Doril... tomou... sumiu!

PREVISÃO

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Algo de podre

O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/12/09


A Presidência da República pretende trocar, ano que vem, os pisos dos Palácios do Planalto e da Alvorada. Motivo? O texto da licitação argumenta que eles "estão desgastados e afetando a saúde dos usuários". Além de ter "aspectos não condizentes com a nobreza dos palácios".
Custo? Cerca de R$ 500 mil.

Vale das lágrimas

Mal chegados a Copenhague, no "pelotão dos 600" do governo, os deputados cariocas Bernardo Ariston e André Lazaroni disseram-se "indignados" e distribuíram comunicado contra "a realização dessa farsa internacional". Abandonaram a COP-15.
E não disseram onde foram afogar as... Mágoas.

Carnaval erudito

A literatura vai invadir a avenida - literalmente. Campeã de 2009, a Salgueiro, que tem como enredo a história do livro, vai vestir suas baianas de Tenda dos Milagres, de Jorge Amado.
Já a bateria vai de Ali Babá e os 40 Ladrões, com sua rainha, Viviane Araújo, incorporada de Sherazade.

Tarde de Ro & Zi

Boa notícia para os portugueses: Ronaldo e Zidane jogarão juntos - pela primeira vez - dia 25 de janeiro, em jogo beneficente organizado pela ONU em Lisboa.
Boa notícia para Ronaldo e Zidane: pelo que se apurou, Cristiano Ronaldo não estará sequer por perto para disputar os aplausos.


Papai das Neves

Aécio Neves - dizem em Minas - aprendeu a lição de Maquiavel que manda fazer o bem aos poucos.
Nos últimos meses, tem procurado enviar à Assembleia, sistematicamente, projetos que beneficiam os servidores do Estado - todos a conta gotas, em pequenos pacotes. Um de cada vez.

Responsabilidade
Social


Apoiado pela ArcelorMittal, o programa Classe Hospitalar fecha 2009 com 15 mil atendimentos a crianças com câncer. Elas receberam ajuda pedagógica para diminuir a evasão escolar.
Artistas consagrados como Suzana Vieira e Luana Piovani posaram para o calendário 2010 da ONG Happy Down. As folhinhas podem ser compradas na Livraria Cultura ou no site da loja.
A Usiminas contratou este ano, com a ajuda da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados de Itaúna e de Nova Lima, em Minas, 17 ex-presos e pessoas que ainda cumprem pena. O projeto rendeu à empresa o Prêmio Ser Humano 2009, concedido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos.
A empresária Erika dos Mares Guia põe à venda linha de camisetas M&Guia do Bem (R$ 98). As peças, desenhadas por Mozart Fernandes, da Vértices, são inspiradas nas divas Brigitte Bardot, Jackie Onassis e Lady Di. Com renda revertida para o GRAACC.
A agência de publicidade Agnelo Pacheco vai distribuir a colaboradores e amigos mais de 3 mil brinquedos educativos. Quem receber terá a missão de repassá-los a crianças carentes. Estão na lista nomes como Lula, Michel Temer, Antônio Ermírio de Moraes e Ana Maria Braga.
A Fiat e o Senai capacitaram mais de 80 meninos carentes com o Programa Árvore da Vida. Os cursos técnicos na área automotiva, que hoje acontecem em São Paulo e Minas, vão para mais seis capitais no ano que vem.
O programa Mata Atlântica Vai à Escola, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica, faz as contas. Só este ano atendeu a cerca de 13 mil alunos da Grande São Paulo.

JOSIAS DE SOUZA

Dez perguntas que 2009 ‘legou’ para o ano de 2010

O BLOG DO JOSIAS - FOLHA DE SÃO PAULO


1. Sob Sarney, o Senado mergulhou em denúncias que resultaram em uma dezena de investigações do Ministério Público. O que acharam os procuradores?

2. Sob Arruda, reeditou-se a prática de usar peças de roupa como porta-proprina. À cueca, acrescentou-se a meia. Onde será enfiada a grana do próximo escândalo?

3. Ao levar o título de eleitor para passear em São Paulo, Ciro tornou-se um candidato multiuso atormentado por uma dúvida shakespeareana: Ser ou não ser?

4. Contra a tentativa do PMDB de fazer de Temer um vice consumado, Lula saiu-se com a fórmula da lista tríplice. Terá o MDB a ousadia de bater o ‘P’ na mesa?

5. O ex-tucano Meirelles, agora um neopemedebê, é candidato a qualquer coisa, inclusive a coisa nenhuma. Até quando dirá coisas definitivas sem definir as coisas?

6. Serra assedia Aécio, que finge que não é com ele. Afinal, o tucanato montará o mangalarga ‘puro sangue’ ou vai de pangaré ‘demo’?

7. A liminar do STJ que retirou Daniel Dantas da grelha da Satiagraha antes do Natal reavivou a grande interrogação: Quando os tribunais superiores de Brasília vão converter em condenado um réu endinheirado.

8. Até quando o DEM vai fingir que não vê Paulo Octávio, o vice de Arruda, fingindo-se de morto?

9. De quanto tempo ainda precisa o governo para informar à platéia que raios de problema deixou à luz de velas 18 Estados brasileiros?

10. A que presidente Romero Jucá servirá como líder no Senado a partir de 2011?

GOSTOSA

ARI CUNHA

Fonte da vida

CORREIO BRAZILIENSE - 27/12/09


Reza a lenda que, quando ainda sementes, cada uma de três árvores sabia o que queria. Uma seria um baú para guardar tesouro. Outra sabia que seria um barco enorme e a última torcia para ninguém arrancá-la. Essa queria crescer e ver tudo do alto da montanha. O tempo passou e, de baú, a primeira virou um coxo pelas mãos dos lenhadores. A segunda, um barco pequeno, para pesca; e a terceira foi talhada para viga. Mais água correu pela ponte. O coxo abrigou um menino, o barco transportou um homem a quem os ventos obedeciam e a viga foi transformada em cruz. A partir daí, o mundo nunca mais foi o mesmo. Mas nós, pequeninos e insignificantes, não entendemos a grandeza de tudo o que nos rodeia e continuamos a achar que o futuro nos pertence. (Circe Cunha)


A frase que foi pronunciada

“O que você come entre o Natal e ano-novo não engorda. O que engorda mesmo é o que você come entre o ano-novo e o Natal.”

Sabedoria popular.



Dívida pública
Técnicos em economia queimam pestanas medindo a dívida pública. Temos ouvido que está em cerca de R$ 2 trilhões. Significa metade do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país.

Embrapa
Possuidora de equipes de raro saber, a Embrapa volta a indicar novo concurso. Não se sabe se o total é extraordinário, vai ser útil ou não ao país.

Semana trágica
Cento e vinte mortos são catalogados em uma semana de frio na Europa. A onda cobre várias partes, apesar de estarmos no começo da estação. Governos abrem serviços sociais para salvar os que perambulam pela noite fria.

Itália
Aproveitando o espírito natalino, o ministro do Interior, Roberto Maroni, colocou em prática a Operação Natal Branco. O objetivo vem no nome do departamento responsável: Centro de Identificação e Expulsão.

Em várias paróquias paulistas, lápis e papel nas mãos dos fiéis. Hora da pesquisa de campo. Vem reformulação por aí. Segundo o padre Benedito Spinoza, as milhares de respostas mostram que a Igreja Católica precisa urgentemente incrementar projetos de capacitação.

Marmanjos
Isso é que é país desenvolvido. Nos Estados Unidos, a idade-limite para os filhos continuarem dependentes dos pais em planos de saúde é de 27 anos.

Nada
Depois de a verdade vir à tona, a pergunta que não quer calar: o que acontecerá com o preço dos imóveis em Brasília, depois que as verdadeiras intenções do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) do Distrito Federal foram reveladas? Pela participação popular na elaboração do documento, é possível imaginar.

Contraste
Nota dos Correios dá a seguinte informação. Em 2002, o faturamento da empresa chegou a
R$ 6 bilhões, quando 4,41 bilhões de cartas foram enviadas. Em 2009, foram R$ 11 bilhões de faturamento, enquanto o número de missivas foi reduzido à metade.

Máscara
Ataques no comércio da internet. No Mercado Livre, um hacker recebe as mercadorias no interior de Pernambuco. Envia
e-mail falso confirmando as negociações. Às vezes há tempo de interromper a entrega. Mas é
sorte pura.


História de Brasília

Ainda sobre a diferença do ganha-pão, saibam que o Executivo não derrubará a “dobradinha”. Fará, isto sim, o médico chegar ao valor contínuo, e isso já terá sido uma boa medida. (Publicado em 21/2/1961)

DANUZA LEÃO

Os melhores tempos

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/12/09

"ÀS VEZES fico pensando: quais foram os melhores anos de minha vida? E você, pensa nos melhores da sua? Onde você estava, o que fazia, para que esse tempo tenha sido eleito por você como o mais inesquecível, entre tantos?
Não é fácil. Existiram tempos maravilhosos porque você estava em Paris ou Veneza; outros, tão maravilhosos quanto, numa praia do Ceará, nos tempos em que não tinha nenhuma responsabilidade; outros quando assumiu a primeira, com a chegada do primeiro filho. Pensando bem, foram muitos, diferentes e maravilhosos. Houve também os ruins e os muito ruins, mas esses são para guardar no fundo do coração, são só nossos e não se divide com ninguém.
Os bons tempos foram tão bons, e tantos, que fica difícil escolher. Seria quando você estava tão apaixonada -uma das vezes em que esteve apaixonada? Não, positivamente não.
Como se sofre quando se está apaixonada. A fragilidade de quem ama é de tal ordem que qualquer coisa pode fazer com que uma mulher, em segundos, passe da situação de ser a mais feliz do mundo para a de mais desgraçada do universo, e tudo depende dele, só dele.
Um telefonema inesperado, só para dizer que está com saudades, pode encher de alegria o coração de quem vive um amor. Mas qualquer atraso pode fazer com que uma mulher enlouqueça, literalmente, e faça as piores fantasias; naquele momento ela pode até achar que ele está num motel com a ex-esposa -é, mulher apaixonada fica insana- e que tinha razão quando achava que ele era mentiroso, fingido, e que as juras de amor ele fazia a todas.
Em parte todo homem merece que a mulher desconfie dele, e que ache, às vezes, que ele não vale nada. Na maioria das vezes ninguém vale tanto quanto a gente acha que vale quando está amando, mas esse é apenas um dos riscos que correm os que inventam se apaixonar.
O pior de tudo é que, quando se ama, se depende do outro para conseguir dormir, comer, fazer ginástica, dar uma boa risada, ler um livro, ir ao cinema, ser feliz, enfim.
Ou melhor: se depende do outro para viver. Agora, com a cabeça fria: dá para entender que todo mundo queira se apaixonar?
Mas tem também o outro lado: ser amada. E pior: ser muito amada. Quando um homem se apaixona, pode levar uma mulher à loucura, no melhor sentido -ou no pior.
No princípio, ela até gosta: qual a mulher que não adora ter um homem a seus pés?
Bem, até adora, mas durante um tempo, e em termos. O difícil numa paixão é não exagerar, não passar da medida, até porque quem ama demais está fadado a ser abandonado. O ser humano não costuma falhar, e nada faz com que uma pessoa se desinteresse mais rápido do que ter a certeza de que a outra está definitivamente conquistada.
Agora, a hora da verdade: quais foram os melhores tempos de sua vida? Sinceramente mesmo? Pois foram os tempos em que estava só e que não dependia de ninguém para ser feliz ou infeliz.
Era dona do seu nariz; mesmo quando viajava sozinha, e não tinha um amigo com quem jantar, e sentia aquela semi depressão de estar numa cidade estranha, num país estranho, muitas vezes com os termômetros marcando 0C, ah, que tristeza.
Uma tristeza, sim, mas tão boa quanto as maiores alegrias.
Porque ela foi sua, totalmente sua, e as coisas que são só nossas e não dependem de ninguém não têm preço. Mas atenção: quando se descobre que se pode ser feliz totalmente só, passa a ser perigoso, porque a partir daí fica difícil pensar em voltar a dividir o controle remoto.
O controle remoto e a vida."

GOSTOSAS DO TEMPO ANTIGO

SUELY CALDAS

Transição para 2010

O ESTADO DE SÃO PAULO 27/12/09



"Os brasileiros entram em 2009 com incerteza e apreensão, desconhecendo o que os espera, qual a real extensão dos estragos da crise, quanto tempo ela vai durar e com dúvidas quanto ao futuro. Haverá chances de voltar à prosperidade de 2008? (...) na onda do otimismo pré-crise um capítulo à parte para a Bovespa, que iniciou 2008 com 60 mil pontos, disparou a 73 mil em maio e acabou o ano murcha em 36 mil pontos" - assim se iniciava o último texto do ano de 2008 publicado neste espaço.

As dúvidas se dissiparam, a economia brasileira se recuperou antes do que se imaginava e previa, a incerteza foi superada e hoje o futuro em 2010 é previsível. Se no começo de 2009 a economia privada apostava numa queda entre 1,5% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e o governo, num crescimento de 2,5%, hoje a realidade mostra que os dois estavam errados: o número final do PIB em 2009 tende a apontar um leve recuo, o que os economistas chamam de crescimento zero.

Literalmente nocauteada no primeiro momento da crise, a Bovespa saiu do fundo do poço, dobrou de valor e hoje oscila entre 66 mil e 69 mil pontos. Para ela convergiram capitais externos em busca de lucro rápido e já há quem alerte para o risco de formação de uma bolha. As empresas preferem não acreditar e nela apostam programando lançamento de ações.

O Brasil se recuperou bem, mas outros países se saíram melhor. China, Índia e alguns asiáticos nem sequer foram arranhados pela crise e continuaram crescendo o ano inteiro. Por aqui ela chegou forte, foi enfraquecendo, mas ainda não conseguiu recuperar a melhor marca da geração de empregos de 2008.

Apesar das incertezas políticas e do excesso de gastos dos governos em épocas de eleição, é certa a expansão da economia em 2010, um tanto em razão da baixa base de comparação com 2009 e muito pelo ritmo da produção, em franca ascensão, sobretudo da indústria, que na crise demorou mais a se recuperar. E as pesquisas sobre intenções de investimento ajudam, são animadoras. As previsões de crescimento do PIB refletem esse clima de otimismo: elas variam entre 4% e 6,5%, a Fiesp aposta em 6,2% e o governo, em 5,5%.

O fator eleição, que sempre funcionou como gerador de incertezas e de especulações no mercado financeiro, em 2010 não deve atrapalhar, como aconteceu em 2002. Hoje nenhum dos candidatos à Presidência representa o risco de ruptura à estabilidade econômica que Lula representava em 2002. Não há razões, portanto, para ataques contra o real e para a situação de desordem econômica que abalou o Brasil em 2002.

Ajudaria muito uma transição política civilizada e serena se na campanha eleitoral, ou mesmo antes dela, Lula anunciasse a disposição de nomear uma equipe para passar a gestão do governo ao novo presidente a ser eleito. Como fez FHC. Esse gesto ajudaria a frear tentativas de especulação no setor financeiro.

Se o risco eleitoral é controlado, o risco de um crescimento abaixo do potencial do País não está descartado. Ele é gerado pelo próprio governo, ao recusar avanços à estabilidade da economia, gastando mais do que pode, comprometendo a receita tributária com despesas engessadas (que não podem ser removidas) e, pior, levando-as a crescer nos próximos anos, invadindo o mandato do próximo presidente. O aumento salarial do funcionalismo, o inchaço da máquina pública com apadrinhados, cruzar os braços para a expansão do déficit da Previdência (pública e privada) e gastar em obras eleitoreiras de eficácia e qualidade duvidosas para atrair votos para os candidatos do PT - é isso que compromete a estabilidade da economia.

Os números comprovam: aumentos salariais e novas contratações elevaram a folha de pagamento do governo federal de 4,8% do PIB, em 2002, para 5,1%, este ano. No Poder Judiciário, por exemplo, o salário médio dos funcionários, do motorista ao ministro do Supremo Tribunal Federal, ultrapassa R$ 5 mil - muito acima de todo o resto dos trabalhadores privados do País, o que faz de Brasília a cidade brasileira de maior renda per capita.

A expansão da dívida pública é outro freio ao crescimento. Com o pretexto de reagir contra a crise o governo decidiu reduzir o superávit primário de 2009 e 2010, o que fez sua dívida crescer em vez de reduzir, como tem sistematicamente prometido o Ministério da Fazenda. Em 2009 o ministro Guido Mantega prometeu encerrar o ano com redução no endividamento, mas a dívida líquida cresceu de 38,8% do PIB para 44%. E a situação piora quando é usado o indicador da dívida bruta, que saltou de 53,1% para 67% do PIB ao longo do governo Lula, e já soma quase R$ 2 trilhões.

Agravado pelo limitado poder de interferência do governo, porque depende do desempenho da economia mundial - e os países ricos continuam mal -, o déficit externo de transações correntes é o grande problema a ser enfrentado em 2010. Bancos, agentes financeiros e o próprio Banco Central elevaram suas previsões para esse indicador. Com exportações em queda, o déficit deve saltar de US$ 23 bilhões, em 2009, para US$ 56 bilhões, em 2010, aumentando de 1,4% para 3,2% do PIB. "Um déficit superior a 1,5% do PIB não é nada saudável", reconhece o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Mas, se este ano a economia começou mal e terminou bem, a política começou ruim e terminou péssima.

O retrocesso político-institucional que começou com casos de corrupção - Waldomiro Diniz, o mensalão do PT, os vampiros, aloprados e outras aventuras, o loteamento político-partidário de cargos técnicos - foi reforçado em 2009 com as contas secretas do Senado, os negócios suspeitos da família Sarney, o mensalão do DEM em Brasília. Até a União Nacional dos Estudantes (UNE) desviou dinheiro público para empresa fantasma em Salvador. E pior: tudo com a bênção e o estímulo do presidente Lula, que, em vez de condenar e combater corruptos, os defende. Mas o máximo desse retrocesso político, em 2009, foi a ressurreição da censura à imprensa, que o País imaginava estar morta e enterrada junto com a ditadura militar.

Um próspero 2010 a todos!

Suely Caldas, jornalista, é professora de Comunicação da PUC-Rio E-mail: sucaldas@terra.com.br

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Madonna avacalhou o Natal!

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/12/09



O Natal é o nascimento do Jesus. O Original. Porque o Jesus da Madonna virou DJ!

Buemba! Buemba!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Parece que eu subi uma escada rolante ao contrário! E parece que eu engoli um zoológico: peru, galinha, porco! E já sei, dia 4 de janeiro vai ser o Dia Mundial Pra Fazer Força Pra Calça Fechar!
E a Dilma sem peruca tá parecendo a Margie Simpson!
Um amigo fez um poema em homenagem àquele deputado que escondeu grana na meia, o Prudente! "Papai Noel, que o senhor deixe na meia da gente/ o que deixou na meia do Prudente/ Ou o senhor também vai por no fiofó da gente?".
E sabe o que um amigo meu fez no Natal? Vomitou no tapete da sogra e mijou no elevador do prédio.
E um outro amigo foi passar o Natal em Fortaleza e teve uma vida sexual intensa: comeu dois caranguejos! Rarará!
E uma leitora me disse que em Votuporanga tem dois mototáxis: o mototáxi do Biroca e o mototáxi do Chupeta. Se o Biroca estiver ocupado, utilize os serviços do Chupeta.
Ou seja, ninguém vai passar o Réveillon em branco! E mais um da série Os Predestinados: é que no Exército tem um urologista chamado Tenente RUELLAS! Rarará!
E a cena mais fofa do Natal aconteceu no presépio da praça de Criciúma, Santa Catarina. Um vira-lata se aninhou na manjedoura. E pegou no sono ao lado do menino Jesus.
Então é a manjedoura da Madonna: vira-lata que dorme com o menino Jesus. Rarará!
A Madonna avacalhou com o Natal. O Natal é o nascimento do Jesus. O Original. Porque o da Madonna virou DJ!
Aliás, já imaginou essa manchete de Natal? Jesus Virou DJ! Rarará!
E a clássica pergunta: "Onde você vai passar o Réveillon?". Na Bahia. Réveillon na Bahia é bom porque termina o Réveillon e já começa o Carnaval. Não tem aquele intervalo insuportável! Rarará!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Aracaju, no Sergipe, tem um inferninho chamado Vaticano! Ueba! Mais direto, impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro obvio lulante. "Asiático": companheiro com uma baita de uma azia depois de ter comido a rabanada da irmã da sogra! Rarará! O lulês é mais fácil que o ingreis.
Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.

UM CIBITE BALEADO

PAINEL DA FOLHA

Crescimento sustentável

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/12/09


No que diz respeito à escolha do vice de sua chapa presidencial, o PV está na mesma situação dos "grandes" PT e PSDB, ou seja, pretende adiar a definição o máximo possível. Embora seja consensual no partido e no entorno de Marina Silva a conveniência de que a escolha recaia sobre um empresário de algum modo associado à agenda ambiental, nomes como Guilherme Leal (Natura), Roberto Klabin (Klabin) e Márcio Elias (Parmalat) continuarão a ser postos para circular no noticiário sem indicação de preferência.
Para além da necessidade de acomodar aliados, a procrastinação tem motivo bem palpável. "Enquanto o vice permanece em aberto, os empresários continuam todos contribuindo", diz um dirigente verde.


A estrela sobe 1. Por uma combinação de fatores que vão da derrapagem do projeto Ciro-SP ao eventual descarte da opção Antonio Palocci, Aloizio Mercadante virou o nome da hora nas especulações sobre o candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes. Nesse cenário, Marta Suplicy disputaria o Senado.

A estrela sobe 2. Em público e mesmo nas conversas partidárias, Mercadante tem sido enfático em rejeitar a possibilidade, reafirmando a intenção de buscar novo mandato no Senado. Mas ainda não se sabe o que Lula quer. Isso fará toda a diferença.

Ou um... Opinião de um conhecedor do equilíbrio interno da campanha de Dilma Rousseff: se Fernando Pimentel for o candidato do PT em Minas, diminuirão bastante as chances de Palocci ser o escolhido para concorrer ao governo de São Paulo.

...ou outro. Tanto Pimentel quanto Palocci integram o comitê central do projeto Dilma -o primeiro mais próximo da ministra; o segundo, de Lula. Caso o ex-prefeito de BH abandone o posto para cuidar da própria eleição, o presidente tenderia a fazer de Palocci o coordenador da campanha nacional.

Paixão. Em reunião com políticos no interior paulista, José Dirceu cravou previsão: segundo o ex-ministro, Dilma empatará com José Serra (PSDB) na Semana Santa.

Setorial. Segundo um cardeal da campanha de Dilma, a zona de atuação de Dirceu no momento é menos o PT propriamente dito e mais a ponte com o PMDB, antiga especialidade do deputado cassado. É por aí que ele espera se credenciar para influir no eventual futuro governo.

Dois litros por dia. De um ministro de Lula, sobre a resiliência demonstrada pelo governador de São Paulo no Datafolha da sucessão presidencial: "Esse Serra não vai ser fácil de desidratar".

Esperneio 1. Às vésperas das férias forenses, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu parecer sobre o recurso em que Marcos Valério pretende afastar Joaquim Barbosa da relatoria da ação penal do mensalão. Valério alega prejulgamento do ministro do Supremo Tribunal Federal por ter afirmado que o empresário é "expert" em lavagem de dinheiro.

Esperneio 2. Antes de submeter o caso ao plenário do STF, o presidente do tribunal, Gilmar Mendes, poderá mandar ouvir Joaquim Barbosa, para que o ministro diga se se sente impedido. Outra hipótese: indeferir liminarmente o pedido, o que poderia ter sido feito em novembro, quando a peça foi protocolada.

Precedente. O ministro do Superior Tribunal de Justiça Arnaldo Esteves Lima, que concedeu liminar suspendendo a Operação Satiagraha da PF, antecipou-se ao entendimento de Gilmar Mendes em outro caso polêmico. Em novembro passado, Esteves Lima votou contra a prisão do médico Roger Abdelmassih, acusado de estuprar pacientes, agora solto por decisão do presidente do Supremo.
com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

O cenário é bom para o PT, mas não podemos subir no salto. Já vi governo bom perder eleição e governo ruim ganhar.
De CÂNDIDO VACCAREZZA, líder da bancada petista na Câmara, recomendando "humildade" e "determinação" aos correligionários na disputa presidencial de 2010.

Contraponto

Como água


Quando lhe perguntaram se havia assistido à cinebiografia de Lula, Devanir Ribeiro, amigo do presidente desde os tempos de sindicato, disse que preferiu não ir à pré-estreia, receoso do contraste entre ficção e realidade. Ao ouvir, por exemplo, que o Lula da tela fumava demais e bebia só para se soltar nos comícios, o deputado revelou:
-Fumar ele sempre fumou muito. Mas o Lula nunca foi de beber, era atleta. Engordou por recomendação médica.
Diante da curiosidade do interlocutor, Devanir seguiu:
-O Lula teve pedra nos rins, e o médico deu a ele duas opções de tratamento: água ou cerveja. Não preciso nem dizer a você qual ele preferiu, né?

JOSIAS DE SOUZA

Anúncios classificados de um 2010 ‘desclassificado’

O BLOG DO JOSIAS - FOLHA DE SÃO PAULO


1. Abelha petê deseja encontrar zangão pemedebê com fins matrimoniais. Oferece altar, cargos, verbas, roupa lavada, proteção para o Sarney e liderança para o Jucá. Carta acompanhada de três currículos para a Colmeia da Casa Civil (Palácio do Planalto, Praça dos Três Poderes, Brasília, DF).

2. Legenda assanhada, especializada em coligações heterodoxas e dotada de tempo de tevê avantajado, gostaria de se corresponder com candidatos bem postos. Mediante a perspectiva de acesso à chave do cofre, dispõe-se a romper acordo pré-nupcial já celebrado.

3. Mineirinho, querido, volte para o ninho. Compreendemos sua irritação com a perda do quarto da frente, com vista para o Planalto. Mas, entenda, ali só cabia um bico. Prometemos reformar o quartinho dos fundos. Pode trazer aquela velha ambição que te acompanha.

4. Candidata verde procura empresário ecológico que seja maduro o bastante para viver experiência a três com um PSOL ardente. Telefonemas para a sede do PV.

5. Exército vermelho, angustiado com sequência de derrotas no front de São Paulo, convoca soldado cearense de Pindamonhangaba que tomou o “pau de arara errado”. Escreva, telefone, dê notícias, diga que sim.

6. Vende-se um lote de deputados seminovos. Encontram-se estacionados na Câmara Legislativa do DF. As caras são de pau maciço. As consciências, de material flexível. A fidelidade, canina. Não aceitamos cheques. Admite-se pagamento em panetones.

GOSTOSA

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ELIO GASPARI

Cabral continua devendo o Bilhete Único

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/12/09



O governador do Rio criou uma bem-vinda tarifa intermunicipal, mas exagerou na propaganda


O DOUTOR JULIO LOPES , secretário de Transportes do governador Sérgio Cabral, insiste: não se pode comparar o Bilhete Único de São Paulo com o do Rio de Janeiro. Tem toda razão, e o motivo é simples: aquilo que está sendo chamado de Bilhete Único pela sua máquina de propaganda é apenas uma tarifa de integração dos ônibus dos municípios vizinhos com a rede de transportes públicos da cidade do Rio de Janeiro. Cobrirá algo como 1,5 milhão de viagens/dia. O Bilhete Único paulista atende 12 milhões.
Nos próximos dias a cidade de São Paulo terá duas novas tarifas. Uma, de R$ 2,70, permite que o cidadão faça quatro viagens de ônibus num período de três horas. Outra, de R$ 4, integra os passageiros da rede de ônibus com a malha do metrô. No Rio, as viagens serão só duas, por duas horas, ao preço de R$ 4,40, com acesso ao metrô, aos trens e às barcas.
As viagens iniciadas e terminadas dentro do município do Rio não terão cobertura do Bilhete Único. Para um morador de Bangu que vai para Copacabana e faz uma perna da viagem de ônibus e a seguinte de metrô, a mordida continuará igual: pagará R$ 5.
Pelas promessas de Sérgio Cabral, um sistema semelhante ao de São Paulo já deveria estar em vigor no Rio há precisamente um ano. Ainda assim, seu bilhete intermunicipal beneficiará centenas de milhares de trabalhadores. Quem paga até R$ 9,50 por uma viagem de Nova Iguaçu à zona sul desembolsará apenas R$ 4,40. O desconto alivia o orçamento de famílias para quem R$ 10 por dia significam real economia. Faz-se mais justiça barateando a viagem de quem sai de São João de Meriti para o Leblon do que refrescando a tarifa num percurso Jardim Botânico-Metrô Ipanema-Botafogo.
Cabral fez bastante. Já o prefeito Eduardo Paes, que prometeu o Bilhete Único durante a campanha eleitoral, está tomando um baile da privataria, logo dela. O Metrô do Rio e a SuperVia criaram modelos próprios de integração tarifária. Quem viaja de metrô e depois sobe num trem paga R$ 3,80. Na tarifa cheia pagaria R$ 5. O metrô também tem algumas linhas integradas a ônibus, com bilhetes de R$ 3,60. (Em São Paulo a tarifa para quem viaja de ônibus e metrô irá para R$ 4.)
O bilhete integrado produzido pela iniciativa privada cobre 150 mil viagens/dia, dá lucro e não custa um ceitil à Viúva. Ele só existe porque está fora do alcance dos intere$$e$ das frotas de ônibus da cidade do Rio.
Cabral, Julio Lopes e Eduardo Paes continuam devendo a tarifa única à cidade de são Sebastião.

HABEMUS GILMAR
Pindorama tem dois tipos de presos. Aqueles que gramam a cana e os que ganham habeas corpus quando o doutor Gilmar Mendes responde pelo expediente do Supremo Tribunal Federal.
O médico Roger Abdelmassih foi preso no dia 17 de agosto e seus advogados conseguiram soltá-lo porque pediram um habeas corpus quando o tribunal estava em recesso e o pedido foi à mesa do doutor Gilmar. O mesmo tribunal já negara um habeas corpus ao mesmo doutor, em decisão tomada pela ministra Ellen Gracie.
Abdelmassih não é um Daniel Dantas qualquer. Ele carrega no seu prontuário 56 acusações de estupro. O doutor garantia às clientes que em sua clínica não usava embriões de "qualquer neguinha de rua".

GUANTÁNAMOBRÁS
O austríaco Manfred Nowak, relator especial das Nações Unidas para a repressão à tortura, sugeriu que países como o Brasil aceitem presos de Guantánamo.
Muito bonito. A guerra é do governo dos Estados Unidos e Pindorama importaria a encrenca dos prisioneiros que os americanos não querem guardar em seu território.
Nosso Guia poderia apresentar ao companheiro Obama uma proposta amiga, e de interesse mútuo: os Estados Unidos mandam para cá tantos presos quantos queiram. Em contrapartida, para cada preso recebido pelo Brasil, o governo americano dará licenças de trabalho para mil brasileiros que vivem sem documentos nos Estados Unidos.
Para que não se pense em interferência indevida nos assuntos internos americanos, ficaria a critério das autoridades locais escolher os imigrantes que seriam beneficiados por cada troca.

DIREITA, VOLVER
A marquetagem petista tem o sonho de transformar a eleição presidencial num plebiscito em torno da figura de Nosso Guia. Se o Padre Eterno lhe conceder essa graça, há outro pedido: que Ele ajude a empurrar José Serra para a direita. Alguns comissários acreditam que, aqui e ali, suas preces já foram ouvidas.

ANDAR DE CIMA
No século 19, o grande fazendeiro e senhor de escravos Joaquim de Souza Breves resolveu desafiar os poderes do mundo e sequestrou a neta Paulina, filha do Conde Fé D'Ostiani com sua filha Rita, que morreu quando a criança tinha seis anos.
Não houve força capaz de convencer vovô Breves a devolver a menina ao pai. D. Pedro 2º se fez de bobo e ao rei da Itália só restou esperar.
Breves acabou cedendo. Paulina casou-se com o conde Tristan, filho do almirante Montholon e de Albine, provável namorada de Napoleão em Santa Helena. (O imperador seria o pai de uma criança chamada Helene Napoleone e murmurava-se que o corno envenenara o corso).
Passou-se mais de um século e um ramo dos Lins e Silva do Rio teve seu momento-Breves. Até o início deste ano, usufruíram de uma mordaça judicial imposta à imprensa. Depois, lutaram no Judiciário até a exaustão de suas relações pessoais e profissionais. Ao fim, o padrasto João Paulo Lins e Silva devolveu o garoto Sean Goldman ao pai americano num desnecessário e deliberado espetáculo circense.

ANDAR DE BAIXO
No último domingo de compras, o Norte Shopping do Méier, no Rio, recebeu 150 mil pessoas. São dois Maracanãs.

TRANSPORTE SEM SUBSÍDIO É COISA DE POBRE

Num dos seus aspectos mais radicais, a demofobia urbana não pode ouvir falar em Bilhete Único e logo grita "subsídio!", como se subsidiar transportes públicos fosse um problema. É solução. Problema é não financiá-los. Todas as grandes capitais do mundo subsidiam.
O demófobo cosmopolita diz que as coisas em Pindorama são uma porcaria, enquanto "lá fora", ou no "Primeiro Mundo", a vida é outra.
Em matéria de transporte público, acontece o seguinte em Nova York: a tarifa cheia do ônibus e do metrô custa US$ 2,50 (R$ 4,50). Ela permite que se passe de um sistema ao outro. O nova-iorquino também pode comprar por US$ 89,90 um cartão que lhe dá acesso ilimitado ao metrô e aos ônibus durante 30 dias. Dessa maneira, se o trabalhador toma duas conduções na ida e outras duas na volta, a tarifa unitária sai por US$ 0,75, ou R$ 1,35.
Há mais. Quem compra o cartão habilita-se a um rebate no imposto de renda equivalente a algo como US$ 380 anuais. Assim, a tarifa do trabalhador das duas conduções cai para US$ 0,50 (R$ 0,90) por embarque.
É muito mais barato ir para o trabalho no regime de capitalismo populista de Nova York do que sob o canibalismo social do Rio de Janeiro.

GAUDÊNCIO TORQUATO

A política e o homem público

O ESTADO DE SÃO PAULO - 27/12/09


2009 chega ao fim deixando a impressão de que a política, aqui e alhures, não passou no teste para aferir sua qualidade. A frustração generalizada com os pífios resultados da conferência de Copenhague aponta para o fracasso da missão de mandatários importantes, a partir de Barack Obama, em que se depositavam as maiores esperanças da coletividade mundial. Espraia-se por todos os continentes o sentimento de que a política, além de não corresponder aos anseios das sociedades, não é representada pelos melhores cidadãos, como estatuía o ideário aristotélico.

A estampa dos homens públicos também se apresenta esboroada. Basta olhar para o nariz e os dentes quebrados do premier italiano, Silvio Berlusconi, pelo impacto de uma pequena réplica do Domo de Milão, jogada por um manifestante de rua. Aquela imagem reflete o sexto compromisso não cumprido pela democracia, que trata da educação para a cidadania, e que foi objeto de análise de um dos mais proeminentes pensadores da ciência política, o também italiano Norberto Bobbio, em seu vigoroso ensaio sobre o ideário democrático.

Governantes das mais diferentes ideologias dão efetiva contribuição à degenerescência da arte de governar, pela qual Saint Just, um dos jacobinos da Revolução Francesa, já expressava, nos meados do século 18, grande desilusão: "Todas as artes produziram maravilhas, menos a arte de governar, que só produziu monstros." A frase se destinava a enquadrar perfis sanguinolentos. Mas, na atualidade, a canalhice e a mediocridade também frequentam espaços públicos. Quando Bill Clinton foi flagrado em atitudes não muito litúrgicas nos salões da Casa Branca, o panteão da esculhambação se elevou às alturas. Da mesma forma, ao admitir ter recebido doações do caixa 2, o ex-presidente Helmut Kohl cindiu o escudo da ética alemã.

O que explica a propensão de homens públicos a assumirem o papel de atores de peças vis, cerimônias vergonhosas e, ainda, abusarem de linguagem chula, incongruente com a posição que ocupam? O que explica a imagem de um governador recebendo pacotes de dinheiro ou a de um presidente de Assembleia escondendo propina na cueca? A resposta pode ser esta: a despolitização e a desideologização, que se expandem na sociedade pós-industrial. Os mecanismos tradicionais da democracia liberal estão degradados. Outra resposta aponta para o paradigma do "puro caos", que o professor Samuel Huntington identifica como fenômeno contemporâneo e que se ancora na quebra no mundo inteiro da lei e da ordem, nas ondas de criminalidade, no declínio da confiança na política e na solidariedade social.

No caso da política, esse declínio é acentuado. Ela deixou o espaço missionário para entrar no mercado das profissões. Por que os mecanismos clássicos da política vivem crise descomunal? As nações democráticas registram, neste princípio de século, forte declínio da participação dos cidadãos no exercício da vida pública. Basta apurar o retraimento dos eleitores por ocasião dos pleitos. O profundo desinteresse das populações pela política se explica pelos baixos níveis de escolaridade e ignorância sobre o papel das instituições, e pelo desinteresse dos políticos em relação às causas sociais. Este fenômeno - a distância entre a esfera pública e a vida privada - se expande de maneira geométrica.

Na Grécia antiga, a existência do cidadão se escudava na esfera pública. Esta era sua segunda natureza. A pólis constituía o espaço contra a futilidade da vida individual, o território da segurança e da permanência. Até o final da Idade Média, a esfera pública se imbricava com a esfera privada. Nesse momento, os produtores de mercadorias (os capitalistas) invadiram o espaço público. Aí começa o ciclo da decadência. Que, na primeira década do século 20, se acentuou com o declínio moral da classe governante. Assim, o conceito aristotélico de política - a serviço do bem comum - passou a abrigar o desentendimento. E a ambição.

Com a transformação dos estamentos, as corporações profissionais se multiplicaram. Campos privados articularam com o poder público leis gerais para as mercadorias e as atividades sociais. Sensível mudança se processa. Agora, a esfera pública vira arena de interesses. Disputas abertas e intestinas são deflagradas, na esteira de discussões violentas. Bifurca-se o caminho da res publica com a vereda do negócio privado. O diagnóstico é de Hannah Arendt: "A sociedade burguesa, baseada na competição, no consumismo, gerou apatia e hostilidade em relação à vida pública, não somente entre os excluídos, mas também entre elementos da própria burguesia." Em suma, a atividade econômica passou a exercer supremacia sobre a vida pública. Os eleitores se distanciaram de partidos, juntando-se em núcleos ligados ao trabalho e à vida corporativa - sindicatos, associações, movimentos. Eis a nova face da política.

Se há participação dos aglomerados sociais, ela ocorre dentro das organizações intermediárias. O discurso institucional, levado a efeito por atores individuais e partidos, não faz eco. Mas a estética da política pontua e remanesce nos sistemas cognitivos, emoldurando a policromia e o polimorfismo do modus operandi dos atores em seus palcos: parlamentares se atracando em plenários, dentes quebrados, sangue jorrando pelo nariz, encontros mafiosos, orações de propina, dólares na cueca, descrições de cenas de sexo, ovos podres atirados em autoridades, etc.

O que fazer para limpar a sujeira que borra a imagem do homem público? Não adianta colocar sobre ela camadas de tinta. Equivaleria a pintar uma parede sem argamassa, oca. A pintura deve ser feita por dentro. A reengenharia voltada para o resgate da moral na vida pública é tarefa para mais de uma geração. Mas pode ser iniciada já. Primeiro passo: o homem público deve cumprir rigorosamente o papel que lhe cabe. Segundo: punir os que saem da linha. Terceiro: revogam-se as disposições em contrário.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO

LUIS FERNANDO VERISSIMO

2009 tchau

O GLOBO - 27/12/09


O pai do ano foi o presidente do Paraguai e ex-bispo Fernando Lugo, que reconheceu a
paternidade de todos os filhos que disseram que eram seus, inclusive alguns mais velhos do que ele.
***
As voltas do ano: Ronaldo ao Corintians, Adriano ao Flamengo e Collor ao noticiário.
***
Madonna esteve no Brasil e namorou um Jesus. A relação, imagina-se, foi ainda mais ardente pela sugestão de incesto.
***
Entreouvido na Itália:
– Atiraram o Duomo de Milão no Berlusconi.
– Oba!
– Era uma miniatura.
– Ah...
***
Moda do ano: meias elásticas “DEM”, para carregar propina.
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Cineasta do ano: Durval Barbosa.
***
Mãe do ano: o governo americano, que deu bilhões para grandes bancos americanos não quebrarem, com a recomendação de não gastarem tudo em gratificações de fim
de ano.
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Mão do ano: a do Henry Thierry.
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Ivete Sangalo engravidou. Fernando Lugo apressou-se a declarar que não esteve nem perto da cantora.
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Barack Obama tomou posse como o primeiro presidente quenio-havaio-americano dos Estados Unidos, e provavelmente o último.
***
Barack Obama recebeu o prêmio Nobel da paz numa
cerimônia em Oslo. Não é verdade que tenha sido revistado na entrada porque podia estar armado.
***
O campeão de golf Tiger Woods revelou-se um sexólatra compulsivo. Pior serão as piadas sobre tacos e buracos que vêm aí.
***
Buuuu do ano: para os alunos que hostilizaram a menina Geisy numa universidade paulista só porque estava com um vestido curto, para os torcedores do Grêmio que hostilizaram jogadores do seu time por terem se esforçado contra o Flamengo, para o Piquet que simulou um acidente a pedido no Grand Prix de Cingapura, para o Ahmadinejad e para a gripe suína.
***
Fernando Lugo, explicando seus filhos, disse que tudo se deve à restrição da sua igreja ao uso da camisinha

CLÁUDIO HUMBERTO

“Qualquer um faria [o mesmo]”
PRESIDENTE DO STJ, CÉSAR ASFOR, DEFENDENDO A DECISÃO DE SUSPENDER A SATIAGRAHA.

DENUNCIANTE TAMBÉM COLECIONA PROCESSOS
O homem-bomba Durval Barbosa e réu em 32 processos, por supostas maracutaias nos tempos que presidiu a estatal Codeplan, no DF, e responde a dois processos no Supremo Tribunal Federal na companhia de figuras ilustres como o ex-governador Joaquim Roriz, o ex-deputado Pedro Passos e Rogério Rosso, atual dirigente da mesma Codeplan, principal cliente de empresas de informática no governo do DF.
ARRUDA NA DANÇA
O governador José Roberto Arruda também responde a um processo no STF, mas movido pelo Ministério Público do Trabalho.
DEVAGAR, QUASE PARANDO
Reflete-se em várias obras públicas, no DF, o clima borocoxô dos integrantes que sobraram no governo Arruda. O ritmo diminuiu muito.
VERGONHA
Pesquisa Dados, no DF, mostra que 68% dos moradores dão nota máxima 5 ao trabalho (ou à falta dele) dos deputados distritais.
FESTA MINHA
Apesar do mensalão do DEM no DF, 86,1% da população não quer cancelar a festa dos 50 Anos de Brasília, segundo a pesquisa Dados.
GOVERNO QUASE PRIVATIZA A HEMODIÁLISE NO DF
O governo do Distrito Federal vai fechar 2009 com quase R$ 54 milhões pagos a clínicas particulares que realizam, desde 2007, tratamentos de hemodiálise em pacientes que não conseguem atendimento na rede pública de saúde. Só este ano, foram pagos R$ 18,9 milhões com a “terceirização” da hemodiálise. Para 2010, a previsão do GDF é de que esse número chegue a R$ 22 milhões.
PERSPECTIVA
A Associação de Renais de Brasília diz que o valor gasto com a “terceirização” poderia custear mil novas máquinas de hemodiálise.
NÚMEROS
Em Brasília, 1,2 mil pessoas precisam de hemodiálise. Destas, 75% dependem do serviço público de saúde.
ASSOPRA
O BNDES vai financiar “fazendas de vento” no Sul do País por R$ 838 milhões. A ideia é incentivar a “energia limpa” no Brasil do Pré-Sal.
A CONTA DO AFANO
O relatório da CPI da Câmara que investigou o aumento astronômico nas contas de luz recomenda à Aneel que recalcule, em 30 dias, exatamente quanto foi cobrado a mais da população. Estimativas iniciais apontavam R$ 7 bilhões, mas podem chegar a R$ 41 bilhões.
DESRESPEITO DELIBERADO
Segundo o relatório final da CPI da Conta de Luz, ficaram identificados “indícios claros” de que a atuação da Aneel “foi deliberada no sentido de repassar todos os riscos financeiros do serviço de distribuição de energia” aos consumidores para aumentar o lucro dos concessionários.
VAI DEMORAR
A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do DF, Estefânia Viveiros, prevê que a votação dos pedidos de impeachment do governador José Roberto Arruda deve ficar para junho de 2010.
NA CASA DO ‘DEMSALÃO’
Para a manutenção e funcionamento da TV Legislativa do DF, foram investidos R$ 4,7 milhões. Os R$ 500 mil previstos para a Rádio Legislativa não foram gastos. É que o projeto não saiu do papel.
FATURANDO MERRECA
Relator do Orçamento, o deputado Geraldo Magela (PT-DF) tentou faturar uma decisão que na verdade não foi dele, mas do ministro Paulo Bernardo: fixar o salário mínimo em R$ 510.
PARA TURISTA VER
O Senado não vai parar neste recesso, pelo menos para os curiosos. Na véspera de ano-novo, as visitas guiadas podem ser feitas até as 15h. No dia 1º, o Salão Negro abre às 13h. A visita termina só às 20h.
ABERTURA
A proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 fez o governo retomar a discussão da abertura do mercado doméstico de aviação civil para empresas estrangeiras. Não dá para confiar em TAM, Gol e outras porcarias que monopolizam esse mercado.
HPV: CADÊ A VACINA?
Uma em cada quatro mulheres brasileiras está infectada pelo HPV, principal causa de câncer de útero. O risco maior atinge as que começam a vida sexual mais cedo, diz a Organização Mundial de Saúde. Já passou da hora de o Ministério da Saúde liberar as vacinas.
PENSANDO BEM...
...a safadeza de políticos do DF faz lembrar a frase do Barão de Itararé: “O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato”..

PODER SEM PUDOR
CHOROU E NÃO ‘MAMOU’
Na votação final do Orçamento de 2004, o PFL mostrou que é um expert na mendicância por verbas. No último dia de votação antes do Natal, após uma madrugada de discussão, os parlamentares tinham chegado finalmente a um acordo, com uma redivisão de emendas para tentar agradar a todos. O deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) tomou a palavra e pediu que o seu Estado ganhasse mais um pouco. Ganhou vaias. No final, ele se justificou:
– Afinal, quem não chora não mama...