sábado, julho 18, 2009

PAULO ROBERTO FALCÃO

Conformismo

ZERO HORA - RS - 18/07/09

Encontrei o treinador argentino Carlos Bilardo, no Mineirão, na noite em que o Estudiantes conquistou a Libertadores. Campeão do mundo em 1986 e vice em 90, Bilardo comanda hoje todas as seleções de base da Associação do Futebol Argentino, operando como um suporte para Maradona. Na rápida conversa que tivemos em Belo Horizonte, ele me explicou por que hoje é mais difícil dirigir uma equipe de futebol:

– Os jogadores perdem e não se importam de perder. Perdem e vão bailar. Têm outras diversões.

Quando Bilardo saiu, fiquei refletindo sobre o assunto. Depois do jogo, ouvi algumas declarações de jogadores do Cruzeiro que só confirmaram o desencanto do técnico argentino. E eles apenas repetiram o que muitos de seus colegas dizem depois de derrotas, por mais contundentes que elas sejam:

– Futebol é isso mesmo.

– Vamos partir para outra.

– A vida continua.

Com todo o respeito, são comentários conformados demais, quase derrotistas. O jogador que tem brio sai de uma partida daquelas dizendo que se sente envergonhado por ter perdido a chance de ser campeão. Tem que sair desabafando. Tem que ficar indignado. Tem que respeitar o torcedor.

Um atleta de competição tem que sair de campo consciente de que fez tudo o que era possível para ganhar o jogo. Sair dizendo que “a vida continua” é terrível. Ainda mais quando o jogador sai do estádio e vai bailar, como lembrou Bilardo.

Cabeça

Paulo Autuori deve ter preparado suas estratégias para o Gre-Nal de amanhã, mas não há dúvida de que o Grêmio forçará a jogada aérea sobre a zaga colorada, que andou levando gol de cabeça até do baixinho Conca, do Fluminense.

Maxi López é bom cabeceador, e o Grêmio ataca também com os seus zagueiros nos lances de bola parada.

Esquema

Tite tem Sandro, Maicon e Danny Morais para colocar ao lado de Guiñazu amanhã. Como D’Alessandro está liberado para jogar, terá que optar por dois volantes para manter os três zagueiros.

O lugar é de Sandro, se ele estiver em boas condições. Se não, é bem provável que ele tire um dos zagueiros e coloque outro volante, como vinha fazendo até o jogo contra o Fluminense.

História

Meus entrevistados desta tarde na Rádio Gaúcha (13h) viveram boa parte desta história dos 100 anos de Gre-Nais. São eles Paixão Côrtes, colorado de 82 anos, e Sérgio Bechellli, gremista de 64.

GOSTOSAS


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J. R. GUZZO

REVISTA VEJA
J.R. Guzzo

Gente do ramo

"Não quer dizer que jornalistas sejam pessoas melhores que quaisquer outras... Quer dizer, apenas, que mentem menos, e isso conta, quando se considera o trabalho que fazem"

Numa palestra que fez recentemente em São Paulo, o jornalista americano Gay Talese, um homem que sabe sobre o seu ofício praticamente tudo o que é possível saber, ou está muito perto disso, descreveu uma situação imaginária em que vale a pena pensar um pouco. Um cidadão caminha por uma avenida de Nova York, sugere Talese, e no seu trajeto passa, sucessivamente, por diversos edifícios: um que está cheio de advogados, outro que está cheio de homens de negócios, mais adiante um que está cheio de políticos e, no fim, um que está cheio de jornalistas. Em qual desses edifícios, pergunta ele, estariam sendo contadas naquele momento menos mentiras? Na sua opinião, alimentada por mais de cinquenta anos de experiência, não há dúvida: o prédio onde se mente menos é o dos jornalistas, em Nova York ou em qualquer outro lugar do mundo, inclusive aqui. Não há prova científica de que Talese esteja certo – mas, sinceramente, o que ele diz faz todo o sentido.

Longe daqui a menor ideia de ofender quem quer que seja; na verdade, por prudência e para simplificar a história, fiquemos só com dois dos edifícios citados, o dos políticos e o dos jornalistas. Dá para alguém sustentar, a sério, que os políticos – nossos atuais senadores da República, por exemplo – diriam menos mentiras para o público? Isso não quer dizer, é claro, que jornalistas sejam pessoas melhores que quaisquer outras; como todas as demais, infelizmente, terão de suar a camisa, no Dia do Juízo Final, para explicar seus muitos pecados. Quer dizer, apenas, que mentem menos, e isso conta, quando se considera o trabalho que fazem. Causar danos menores pode ser uma vantagem bem modesta, mas na prática sempre faz alguma diferença – e os jornalistas brasileiros andam necessitados de qualquer diferença a favor que possam encontrar, diante de tanta coisa ruim que se joga nas suas costas hoje em dia.

A ouvir o que se diz no governo e nos seus arredores, por exemplo, os jornalistas estariam entre as piores desgraças que este país tem para enfrentar no momento, mais ou menos no mesmo nível ocupado pela elite branca do sul e outros inimigos das causas populares. Murmura-se, sombriamente, que são filiados de carteirinha do PIG, ou "Partido da Imprensa Golpista". Quando publicam notícias sobre a última vigarice de senadores e deputados, revelam que ministros de estado não têm os altos diplomas que constavam em seus currículos oficiais ou informam que empresas-laranja recebem dinheiro público em pagamento de serviços que não executaram, são acusados de "desestabilizar" o Brasil. Brigadas de apoio ao governo, ao PT ou a seitas da base aliada propõem o tempo todo o "controle social dos meios de comunicação". Neste momento, pretendem fazer 1 000 "conferências municipais" e 27 "conferências estaduais" em preparação a uma "Conferência Nacional de Comunicação" que o governo quer realizar em dezembro; ainda não está claro se os "movimentos sociais" vão permitir que o direito à propriedade privada dos órgãos de imprensa, assegurado pela Constituição brasileira, possa ser defendido nesse encontro.

O governo também parece ter criado um padrão para reagir a qualquer informação de safadeza publicada pela imprensa: admite que é preciso "investigar" o que foi noticiado, mas ao mesmo tempo, e todas as vezes, acusa os jornalistas de "demonizar" quem está envolvido na notícia. É engraçado. Nenhum jornalista, por exemplo, jamais chamou o senador José Sarney de "grande ladrão da Nova República"; também não foi registrada uma única mentira ou erro factual em tudo o que os jornalistas publicaram nos últimos três meses sobre os horrores cometidos no Senado Federal. Quem chamou Sarney de "ladrão" anos atrás, além de "grileiro" e outras coisas, foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje não admite a menor restrição ao seu atual aliado. Pelo jeito, então, não há problema em chamar o senador de "ladrão"; o que não pode é dizer que ele empregou as sobrinhas, recebeu pagamentos indevidos em seu contracheque ou preside uma fundação que transaciona com empresas-fantasma. Aí já é "demonizar".

Aos jornalistas, no Brasil de hoje, não basta mentir menos que os políticos, ou não insultar as pessoas. Para receber o selo de aprovação oficial, parece que estão precisando, também, passar por campos de reeducação do governo, talvez com cursos da professora Marilena Chaui, nos quais reconheceriam seus erros, fariam uma autocrítica sincera e perderiam, de uma vez por todas, essa mania de ficar demonizando os outros.

RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA
As amizades colloridas
RUTH DE AQUINO
Revista Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Algumas imagens falam mais que mil palavras. A foto de Lula e Collor em Palmeira dos Índios, Alagoas, é tão expressiva que não precisaria de legenda. Olho no olho, sorriso autêntico de afeto, abraço forte e cúmplice sem constrangimento. Não foi uma foto posada ou armada. Era o lançamento da obra de uma adutora, do PAC. Sem necessidade, Lula reforçou o gesto com palavras: “Quero fazer justiça aos senadores Fernando Collor e Renan Calheiros, que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado”.

Mesmo que a memória do Brasil seja curta, mesmo que você não tenha pintado a cara de verde e amarelo e saído às ruas em 1992 para pedir o impeachment do presidente Collor por corrupção, esse momento histórico está impresso na retina dos brasileiros. Houve um surto de patriotismo ético. O país apeara do poder o falso caçador de marajás, o defensor ilusório dos descamisados. Um populista de direita que tinha construído jardins babilônicos em sua residência em Brasília, com cinco cachoeiras acionadas por mecanismo eletrônico. Algo comparável, em cafonice e megalomania, ao castelo do deputado mineiro Edmar Moreira, o bom companheiro avesso a julgamentos entre iguais.

Collor já tinha envergonhado a nação em 1989, na campanha para a Presidência, ao aplicar golpe baixo no adversário do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Exibira na televisão o depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando-o de pressão para abortar a filha dos dois.

Mesmo depois da eleição e do impeachment de Collor, Lula foi implacável – e com muita propriedade. Em 1994, quando Collor foi absolvido pelo STF, o petista disse: “Como cidadão brasileiro que tanto lutou para fazer a ética prevalecer na política, estou frustrado, possivelmente como milhões de brasileiros. Só espero que não apareça um trambiqueiro querendo anistiar Collor da condenação imposta pelo Senado”. A condenação era a inelegibilidade por oito anos.

Foi autêntico o abraço afetuoso de Lula e Collor. A palavra
“ética” sumiu dos discursos do presidente

A palavra “ética” sumiu do discurso de Lula. Hoje, seus compadres e amigos pertencem às oligarquias que combateu como inimigas do povo.

O comício da semana aconteceu num estádio de futebol para 500 sem- -terra, agricultores, funcionários públicos, donas de casa, prefeitos e políticos de Alagoas. Dilma Rousseff, no palanque, exaltou a origem nordestina de Lula. Lula comparou Collor a Juscelino Kubitschek. Um jornal distribuído no evento deu manchete com o apoio de Lula ao candidato Collor.

Houve gente que sentiu nojo. Petistas se sentiram traídos e se perguntaram até onde Lula pode ir em nome da tal governabilidade. Mas é tudo tática. O rol de notícias da semana nos faz crer que assistimos a um gigantesco Casseta & planeta.

Edmar Moreira foi absolvido. O filho de Sarney, Fernando, foi indiciado por desvio e formação de quadrilha. A filha, Roseana, pagou R$ 4,3 milhões – de verba pública – por uma exposição do banqueiro amigo Edemar Cid Ferreira. O governo Lula assumiu o comando da CPI da Petrobras. E, de quebra, o Conselho de Ética do Senado, que blindará Sarney. O novo presidente do Conselho, indicado por Renan Calheiros, é o peemedebista Paulo Duque, de 81 anos: “Será que Renan me escolheu por meus olhos azuis?” Duque não teme cobranças e diz não dar muita importância à opinião pública, porque “ela é muito volúvel”.

Lula provocou os senadores da oposição: “São bons pizzaiolos”. A categoria dos pizzaiolos profissionais reagiu irada: “Não roubamos dinheiro público”.

Com o forno quente na cozinha da Casa-grande, é compreensível o alívio de Sarney diante do recesso: “Graças a Deus”. Será que o presidente do Senado vai interromper nas férias sua coluna na Folha de S.Paulo? Seria uma pena. A última foi sobre “a guerra de titãs entre Windows e Google”. Sarney se espanta com os chips e a teia de aranha virtual. E saúda como “um milagre” o Google Earth, “com sua capacidade de mostrar na tela a casa de todo mundo no mundo, inclusive a minha”. Aquela de R$ 4 milhões em Brasília também, senador? Encerra seu artigo com a máxima: “Aos vencedores, as batatas”. Seria melhor “aos vencedores, a pizza”. De lulla.

Yvette Moura

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


COISAS DA POLÍTICA

O recesso começou tarde

Villas-Bôas Corrêa

JORNAL DO BRASIL - 18/07/09

O bem-vindo recesso parlamentar deveria ter começado no princípio do mês e terminar no início da campanha eleitoral do próximo ano, prazo mínimo para os eleitores e a população esquecerem a pior temporada do pior Congresso de todos os tempos.

Mas, baixando a terra e pisando com cuidado para não sujar os sapatos, ninguém saiu ileso da sucessão de escândalos que desmoralizou o Congresso, exibiu a fragilidade da oposição – que pode ser avaliada pelo 8 a 3, resultado de pelada, da composição da CPI da Petrobras, com o governo senhor da presidência e da relatoria. Quando recomeçar o espetáculo, com a CPI coberta pela poeira do cerrado, todo o elenco estará cuidando do voto para mais um mandato.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos dias que passou em Brasília, cuidou mais da campanha da sua candidata, a ministra Dilma Rousseff, do que da papelada que não lê e da qual toma conhecimento pelo resumo de meia dúzia de linhas digitadas por seus assessores.

Na pré-campanha de um descaro sem paralelo, o presidente no azul do céu da popularidade, acima de 80% nas últimas pesquisas, vê-se no espelho como o dono do país. As viagens semanais, quando está no país, acompanhado da ministra Dilma, para as visitas às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e o reforço do Minha Casa Meu Voto, ainda nos primeiros passos, com a promessa da construção de 1 milhão de residências populares, coadunam-se bem com o pacote do Bolsa Família, do Bolsa Escola, do aumento do salário mínimo, do Pró-Uni que promete universidade para todos.

A vaidade do improvisador fluente subiu à cabeça, e não é boa conselheira. A chalaça insultuosa de chamar os senadores que combatem o governo na CPI da Petrobras de "bons pizzaiolos" deflagrou a reação do plenário, inclusive dos aliados, com as exceções de praxe do cordão que cada vez aumenta mais. Vários senadores, inclusive da ala governista, subscreveram o requerimento do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propondo um voto de censura ao presidente. Advertido, Lula caiu em si e manifestou seu arrependimento pela frase infeliz.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), passou o dia em seu gabinete, evitando comentar as novas denúncias contra ele e pessoas de sua família. E, ao deixar o gabinete, quando os repórteres perguntaram como se sentia com as férias parlamentares, desabafou: "Graças a Deus!".

É cedo para tentar especular sobre os próximos desdobramentos da crise do Congresso, na campanha eleitoral que deverá pegar fogo no próximo ano, depois da trégua das festas natalinas, da passagem de ano e do fim das férias escolares. Não é apenas a desmoralização do Legislativo que envolve os partidos e enxovalha lideranças atingidas por denúncias que estão sendo investigadas, que recomenda cautela nas análises, penduradas em tantas dúvidas.

O favoritismo da candidata Dilma Rousseff, herdeira da popularidade do presidente Lula e que começa a chegar às ruas das capitais e grandes cidades, ainda não foi submetido ao teste do confronto com as oposições. Enquanto o esquema governista tem uma candidata, com o apoio do presidente Lula, a oposição desperdiça o tempo com as hesitações entre dois e três pretendentes, incluindo o deputado Ciro Gomes (PSDB-CE), que confirma ser a Presidência sua ambição prioritária. O chove-não-molha entre os governadores José Serra, de São Paulo, e o mineiro Aécio Neves, engessa a oposição, fragilizada no Congresso e que se sustenta com a atuação vigorosa de meia dúzia de senadores e deputados. Poucos deputados. O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), é candidato declarado a vice-presidente na chapa oficial, com o apoio de Lula. E tem conseguido preservar a Casa do descalabro moral do Senado.

Um inesperado sinal de que a desmoralização do Congresso começa a chegar à rua: a passeata dos estudantes, promovida pela União Nacional de Estudantes e outras entidades – que reuniu 2 mil pessoas, pelos cálculos da Polícia Militar, e mais de 5 mil segundo os manifestantes – no desfile pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para o 51° Congresso Nacional da UNE. A UNE foi agraciada pela Petrobras e por órgãos públicos federais com a verba de R$ 920 mil. Não faltará dinheiro para a campanha oficial.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama

Holofote


Felipe Patury

Os paulistas querem Serra no Planalto

Pedro Silveira/Folha Imagem


O presidente Lula divulga que o governador paulista José Serra prefere concorrer à reeleição certa a disputar o Palácio do Planalto, em 2010. Há quinze dias, disse isso ao governador do Paraná, Roberto Requião, para evitar que ele passasse a apoiar Serra. Trata-se apenas de uma estratégia de Lula para esvaziar o palanque do tucano e forçá-lo a antecipar o lançamento de sua candidatura. A seus ministros, o presidente conta outra história. Relatou-lhes um encontro no qual Serra lhe disse que só decidirá sua candidatura no próximo ano – mantra que o governador repete a quem quiser ouvir. Aos mais próximos, Serra mostra uma pesquisa feita há poucos dias: 65% dos paulistas querem que ele dispute a Presidência e 70% preferem que adie esse anúncio para 2010.

Pegou mal para Lula

Dida Sampaio/AE


Não caiu bem no eleitorado o apoio dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Senado, José Sarney, acusado de comandar uma central secreta de nepotismo e favorecimento a apadrinhados. Um indicador do desgaste de Lula é uma pesquisa telefônica feita em São Paulo pelo Ipespe. O levantamento revela que 82% dos entrevistados conhecem as denúncias que pesam sobre Sarney, 79% acreditam que ele deveria deixar o cargo enquanto os fatos são apurados e 71% dizem que Lula errou ao defender o presidente do Senado.

Mais pimenta na Bahia

Otavio Cabral/ Correio da Bahia


Numa briga interminável, os herdeiros de Antonio Carlos Magalhães agora disputam o comando da TV Bahia, afiliada da Rede Globo. O senador ACM Júnior e o empresário Luís Eduardo Magalhães Filho, o Duquinho, juntaram-se para comprar a parte do terceiro herdeiro, César Mata Pires, dono da construtora OAS. O empreiteiro topou, mas não muito: cobra 200 milhões de reais por suas ações, um terço do total. ACM Júnior e Duquinho acham caro e dizem que, por esse valor, venderiam suas partes a Mata Pires. Ele não quer.

Nome de vivo, não

Divulgação


O Ministério Público Federal deu um prazo de sessenta dias para que o governador do Acre, Binho Marques, mude os nomes da Biblioteca Marina Silva e da Usina de Artes João Donato. Os prédios, os mais vistosos de Rio Branco, foram batizados pelo ex-governador Jorge Viana, que descumpriu a lei que proíbe que obras públicas levem o nome de pessoas vivas. Os procuradores processarão Marques por improbidade administrativa se ele não cumprir a orientação no prazo.

Como seduzir o eleitor

Divulgação


O marketing político deu fama e fortuna ao sociólogo Antônio Lavareda, mas nenhum de seus cinco primeiros livros trata do assunto. Em novembro, ele aproveitará o aniversário de vinte anos da primeira eleição presidencial da redemocratização para lançar um sexto livro, A Sedução do Eleitor, bem colado à sua experiência profissional. No texto, que não terá cunho acadêmico nem rememorará suas campanhas passadas, Lavareda tentará mostrar que as pesquisas ajudam a vencer nas urnas e como se escolhe a mensagem certa para cada candidato.

Odebrecht pode comprar parte da Brenco

Llia Lubambo


O presidente da Brenco, Henri Philippe Reichstul, busca formas de capitalizar a empresa, que atua no mercado de álcool. Ele contratou um banco para procurar novos sócios. Cinco petroleiras e empresas chinesas já foram contatadas. A negociação está mais avançada com a ETH, subsidiária da Odebrecht, que analisa se injetará ou não 250 milhões de reais no negócio até setembro. A Brenco foi surpreendida pela eclosão da crise global. Seus custos aumentaram e a companhia, que precisaria de 300 milhões de reais para começar a produzir, já consumiu 400 milhões de reais e ainda não entrou em operação. Os atuais sócios, entre os quais o BNDES, querem diminuir as despesas administrativas. Para atendê-los, Reichstul reduziu a diretoria à metade. Também concordou com os pedidos para que as operações sejam acompanhadas por duas empresas de consultoria: a americana Accenture e a brasileira Angra Partners.

MÍRIAM LEITÃO

Os rios voam

O GLOBO - 18/07/09

Seis da manhã no resto do país, lá ainda eram cinco, quando o carro entrou no campus da centenária Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

O motorista reduziu a velocidade: “Aqui a gente tem que ir bem devagar para não atropelar os bichos.

Preguiça ainda dá tempo de ver, mas cotia aparece do nada.” Assim deve se chegar à Amazônia: com respeito, devagar. A informação surge do nada.

Nossa maior floresta é a maior floresta do mundo. A gente só acha que aquele mundo é simples quando está longe; mais perto, mais difícil de entender ele é. Tenho ido lá para ver um pedacinho por vez. Desta vez, fui à reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Manaus.

No pouco que vi, aprendi muito. Fui, convocada pelo Globo Amazônia, um projeto que tem levado os repórteres da Rede para reportagens, reuniões, entrevistas, no local do nosso maior desafio. Madruguei para entrar ao vivo no Bom Dia Brasil.

A SBPC foi, quando o Brasil precisou, centro de resistência política. Hoje, porque disso o Brasil precisa, escolheu o tema: “Amazônia, Ciência e Cultura”. Numa reunião dessas, só se consegue ver uma parte daquele mundo de aulas, palestras, mesas-redondas e cursos. Os eventos ocorrem simultaneamente, o Campus é enorme.

Só a área verde é equivalente a 700 mil campos de futebol. As construções são em pontos diferentes e distantes, a logística da cobertura tem que ser estudada com cuidado.

Nas salas de aula, as explicações técnicas são dominantes, mas há a hora de ver o panorama. Foi assim que o professor Ângelo da Cunha Pinto, da UFRJ, numa aula sobre química das plantas, saiu dos taxóis e alcalóides à convocação de pesquisa em massa na Amazônia.

Os recursos de pesquisas fizeram como os portugueses, se concentraram no litoral.

Não que devam agora ser reduzidos os investimentos em centros de outras regiões, mas é preciso aumentar o que vai para a Amazônia.

Só 4,5% dos mestres e doutores do Brasil estão lá.

— Como Getúlio um dia pensou em ocupar a região com soldados da borracha, temos agora que convocar os mestres e doutores da Amazônia — disse.

A Academia Brasileira de Ciências tem feito a mesma convocação, a pioneira Bertha Becker tem apontado nessa direção há anos. Eles têm razão: não se protege o que não se conhece; não se transforma em valor econômico o que não foi entendido.

Entender é exercício caprichoso, que exige tempo. O erro do professor de Harvard Mangabeira Unger foi achar que sabia tudo, antes de ver de perto e com calma o que nos tem assombrado há séculos.

Ele tinha soluções prontas e frases feitas. Errou no diagnóstico e, pior, deixou remédios aviados que terão efeitos colaterais.

Mandar os cérebros na frente, explorar com a razão, ocupar com o entendimento.

Essa é a única coisa sensata a fazer diante de uma encruzilhada na qual estão os destinos do Brasil e do mundo.

Com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), numa viagem anterior, aprendi o que é o BoomColapso. A tese, recentemente publicada na “Science”, mostra com estatísticas irrecorríveis que a ocupação desordenada, feita por motosserras, correntões e fogo, produz surtos de crescimento seguidos de colapsos. As áreas atacadas dessa forma medieval até crescem, por pouco tempo; até produzem riqueza, apropriada por poucos; mas depois retornam a quadros agravados de pobreza e violência. O progresso é breve; a destruição e miséria, permanentes.

O Brasil é dividido em regiões e estados para organizar a geografia e a política, mas, na vida real, o Brasil é uma continuidade por terra, mar e ar. Blocos de umidade se formam sobre a Amazônia, correntes de ar levam a umidade para o resto do país nos “rios voadores”. Nem todo vapor de água será chuva, por isso os cientistas falam em umidade precipitável.

Diante de um mapa mundi , o professor Pedro Leite da Silva Dias explicou que sobre três regiões do mundo se formam imensas massas de umidade: Amazônia, África e Indonésia. Essa água em forma gasosa é transportada para outras regiões do globo terrestre. São responsáveis em grande parte pelas chuvas do mundo. Como se dá essa formação de massas úmidas? Como elas são transportadas? De onde exatamente vêm? Os cientistas estão estudando isso há anos. Já no fim dos anos 70, o professor Eneas Salati fez modelos. Em 1985, uma parceria entre a NASA e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), aprofundou os estudos dos JBNs, Jatos de Baixo Nível.

O professor José Marengo batizou os JBNs com o feliz nome de “rios voadores”. A nova e complexa metodologia de pesquisa foi explicada pelo professor Marcelo Moreira numa aula tão técnica que tive saudades da “banda diagonal endógena”. Achei que os economistas são simples, e o economês, língua corrente. O desafio da pesquisa é captar no ar o vapor de água, condensá-lo, para estudar fisicamente as gotas.

— Precisamos conversar com as moléculas, perguntar de onde elas vêm. Elas têm características diferentes dependendo da origem — explicou, claro como água limpa, Pedro Leite Dias.

Mas quem vai pegar gotas no ar? Quem é o louco? Gerard Moss entra em cena.

Suíço, no Brasil há duas décadas, apaixonado por rios e florestas, Moss foi empresário, hoje voa pela ciência.

Meu espaço acabou.

Amanhã eu conto o resto.

GOSTOSA


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PAINEL DA FOLHA

Para bom entendedor

FOLHA DE SÃO PAULO - 18/07/09

O comando do PSDB cobrou de Aécio Neves (MG) que se distancie de Ciro Gomes (PSB-CE) e evite atrair holofotes para o deputado após o mal-estar causado pelos ataques dele a José Serra (SP) em Belo Horizonte. Para a cúpula do partido, a justificativa lançada por Aécio, em telefonemas após o incidente, de que Ciro é sempre imprevisível, não colou. A avaliação é que era sabido que o cearense vinha subindo o tom das críticas, disparadas inclusive contra um aliado estratégico em São Paulo, o PMDB de Orestes Quércia.
Leia-se: num momento em que o tema ‘disputa interna’ do PSDB ganhava contornos mais pacíficos, Aécio poderia ter evitado confusão.

Ninguém me tira - Senadores viram no discurso de José Sarney (PMDB-AP) proferido ontem em plenário uma tentativa de ‘sair das cordas’ e dar início ao recesso com um recado: o de que não pretende renunciar ao cargo.

Lula-lá - O fato de Sarney ter dito expressamente no discurso que não conta nem com o PSDB nem com o DEM foi lido pela oposição como a admissão de que o presidente do Senado é refém do apoio de Lula para sobreviver.

Avestruz - Já aliados do presidente do Senado ironizavam ontem o silêncio de Cristovam Buarque (PDT-DF), que, durante a fala de Sarney, não pediu aparte para repetir sua pregação pela saída do peemedebista do cargo.

Prioridades - Em plena crise, o site do Senado resolveu fazer a seguinte enquete na internet: ‘Qual a sua opinião sobre a entrada da Venezuela no Mercosul?’. Em tempo: Sarney é defensor do veto ao país de Hugo Chávez.

Às moscas - Petrobras e Senado firmaram convênio, em 2006, para que servidores da Casa participassem de seminários técnicos da estatal. Em contrapartida, funcionários da Petrobras teriam acesso a cursos do Instituto Legislativo Brasileiro. Até hoje, ninguém se interessou.

Barba e cabelo - A Plansul, que já ganha do Senado por R$ 5,1 milhões para prestar serviços técnicos e operacionais, acaba de fechar dois contratos com a Câmara, no valor total de R$ 6,4 milhões, para operar na área de limpeza e técnica da Casa.

Minueto - Júlio Pedrosa, afastado do cargo de diretor da Gráfica do Senado, foi nomeado assistente de diretor.

Com que roupa? - Na sua estratégia de obter a unanimidade dos movimentos sociais, Lula participa, dia 31, do Congresso Nacional da Força Sindical. No fim de semana seguinte, o presidente prestigia o congresso da CUT, central da qual é fundador e que sempre foi adversária da Força.

Questão filosófica - Presidente da CPI da Conta de Luz, Eduardo da Fonte (PP-PE) quer abrir os trabalhos, em agosto, com a convocação de três economistas e um contador do BNDES que assinaram o artigo ‘Por que as tarifas foram para os céus?’.

Imagem... - O PSDB paranaense contratou pesquisa para avaliar o impacto da pancadaria entre o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e Roberto Requião (PMDB). O governador tem usado a TV Educativa do Paraná, do governo estadual, para denunciar caixa dois na campanha de Richa.

... é tudo - Numa sondagem telefônica, o partido já constatou queda de dois pontos nos índices de popularidade do prefeito e pré-candidato à sucessão de Requião. Do total de entrevistados, 30% disseram acompanhar as denúncias.

Tiroteio

Não bastasse a precariedade das condições políticas, a governadora Yeda Crusius agora precisa de tratamento terapêutico.
Da deputada MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS), sobre a reação da governadora gaúcha, que chamou de ‘torturadores’ professores que faziam manifestação em frente à sua casa, na quinta-feira.

De volta - O ex-deputado Paulo Delgado (PT-MG), que vinha atuando como lobista da Fiesp em Brasília, assumirá a vaga na Câmara aberta com a morte do peemedebista Fernando Diniz, ontem.

Contraponto

Cadeira cativa

Na sessão de instalação da CPI da Petrobras, na terça-feira, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) rebatia a oposição, que reclamava de não ter tido direito a indicar nem o presidente nem o relator da comissão.
- Quando nós éramos oposição, não pegávamos nem gripe -justificou Mercadante, usando como exemplo a CPI do Futebol, de 2001, presidida por Álvaro Dias (PSDB-PR) e relatada por Geraldo Althoff (PFL-SC).
Dias, que estava presente, não perdeu a piada:
- Mas foi o Romero Jucá que me indicou!
Jucá, hoje líder de Lula no Senado, era na época líder do governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA
Diogo Mainardi

O hip hop da Petrobras

"Duas empresas de fundo de quintal receberam
8,2 milhões de reais da Petrobras, em 102 contratos"

O hip hop da Petrobras é de MV Bill. Ele canta: "Sou rapper bem! Sou aliado dos manos". Eu pergunto: quais manos? Algumas semanas atrás, a CPI da Petrobras recebeu uma planilha contendo os contratos assinados pelo departamento de marketing da empresa. Os contratos cobriam só um ano: 2008. E cobriam só uma área da empresa: a área de abastecimento, que até abril deste ano era chefiada pelo petista baiano Geovane de Morais, nomeado por outro petista baiano, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.

Uma das empresas incluídas na planilha encaminhada à CPI despertou meu interesse: R.A. Brandão Produções Artísticas. Em 2008, ela ganhou mais de 4,5 milhões de reais da Petrobras, em 53 contratos. Ela fez de tudo: de cartilha sobre o meio ambiente (98 000 reais) até bufê em obras de terraplanagem (21 000); de dicionário de personalidades da história do Brasil (146 000) até "design ecológico em produtos sociais" (150 000).

MV Bill, o "aliado dos manos", surgiu nesse momento. Em 2007, ele publicou Falcão: Mulheres e o Tráfico, editado pela Objetiva. O livro é assinado também por Celso Athayde, seu empresário e seu parceiro numa ONG: a Central Única das Favelas – Cufa. A particularidade do livro é a seguinte: seus direitos autorais, em vez de pertencerem a MV Bill e a Celso Athayde, pertencem à fornecedora da Petrobras, a R.A. Brandão Produções Artísticas.

Perguntei a Roberto Feith, da Objetiva, o que MV Bill tinha a ver com a empresa contratada pela Petrobras. Ele se negou a responder. Uma repórter de VEJA fez a mesma pergunta à assessoria de MV Bill, que atribuiu a Celso Athayde a responsabilidade integral pelo projeto do livro. Celso Athayde, por sua vez, ao ser indagado desligou o telefone. Como canta MV Bill, em Como Sobreviver na Favela: "A terceira ordem é boca fechada, que não entra mosca e também não entra bala".

A R.A. Brandão Produções Artísticas está registrada em nome de Raphael de Almeida Brandão. Ele tem 27 anos. O capital da empresa, segundo a Junta Comercial, é de 5 000 reais. Como uma empresa dessas, de fundo de quintal, conseguiu ganhar 4,5 milhões de reais da Petrobras é uma pergunta que tem de ser respondida pela CPI. Trata-se de uma empresa de fachada? Ela é controlada por MV Bill e Celso Athayde? Ela realmente recebeu pelos direitos autorais de Falcão: Mulheres e o Tráfico ou limitou-se a fornecer notas frias aos seus autores? Nesse caso, ela forneceu notas frias aos "manos" da Petrobras?

Mas há um fato ainda mais escabroso. A R.A. Brandão Produções Artísticas está sediada na casa de Raphael de Almeida Brandão. No mesmo local está sediada também uma segunda empresa: a Guanumbi Promoções. De acordo com os documentos da CPI, a Guanumbi Promoções recebeu – epa! – 3,7 milhões de reais da Petrobras. Somando as duas empresas, portanto, foram mais de 8,2 milhões de reais, em 102 contratos. Na maioria das vezes, elas emitiram notas para os mesmos eventos, com as mesmas datas. Foi assim no caso de uma festa em Mossoró, no Rio Grande do Norte, de um evento de Fórmula Indy, em Indianápolis, e de um agenciamento do Hotel Blue Tree, para a Fórmula 1, em que uma empresa faturou 159 000 reais e a outra faturou
146 000 reais.

MV Bill sabe como sobreviver na favela. Ele sabe melhor ainda como sobreviver na Petrobras.

BONS CUMPANHERO

INFORME JB

Um mau presságio ronda Sarney

Vasconcelo Quadros

JORNAL DO BRASIL - 18/07/09

A profecia do cientista político David Fleisher, professor da Universidade de Brasília, é catastrófica para o presidente do Senado. Segundo ele, José Sarney deverá renunciar ao mandato entre agosto e setembro. "Ele vai ser empurrado pelo PMDB", diz o acadêmico, que sentiu cheiro de despedida no discurso em que Sarney fez, ontem, um balanço no qual cita 40 obras de sua gestão. Embora tenha garantido que não está amedrontado com "insultos ou ameaças", a frase mais característica de que as denúncias acertaram o fígado estão na parte em que se refere às acusações que corroem o clã no Maranhão. Fleisher acha que, quando se trata de manter os privilégios, o PMDB é pragmático, e nem Sêneca o comoverá. Lembra o professor que com Renan Calheiros foi assim.

À francesa Tardio

Na avaliação de Fleisher, como tem muito a perder, na hora certa o PMDB governista vai sugerir uma saída à francesa ao agrado de todos os atores envolvidos no processo. "Sarney é imortal e pode dizer que vai cuidar de suas memórias", prevê o cientista político. O gesto de renúncia, segundo ele, livraria o presidente Lula de complicações com a governabilidade e não atrapalharia o futuro de Dilma.

É dramática a situação das vítimas da gripe suína. Em boa parte dos casos chega-se ao absurdo de o resultado do exame confirmando a infecção pelo H1N1 ser anunciado depois que o paciente já morreu. É o caso do funcionário do Hospital Regional de Santa Maria (RS), cujo diagnóstico saiu três dias depois do sepultamento.

Falta

Pouco criativa e alvo de polêmica no Maranhão, a operação que devassou as atividades do empresário Fernando Sarney não se chama mais Boi Barrica. Agora é Faktor. Um sinal de que está fazendo falta a criatividade do ex-número 2, Zulmar Pimentel, o padrinho que dava nomes bíblicos às operações da PF.

Fogo alto

O líder tucano José Aníbal usou gasolina para apagar o fogo que encurrala a governadora gaúcha Yeda Crusius. Disse que os protestos são obra do "sinistro" Tarso Genro e de sua filha, a deputada Luciana Genro, a quem chamou de desequilibrada.

Insônia no PT

Decisão do juiz paulista Gilson Miranda a favor de 8.500 mutuários da Cooperativa de Habitação de São Paulo (Bancoop) está tirando o sono da cúpula petista. Num dos itens, o magistrado diz que eles nada têm a ver com as dívidas de R$ 43 milhões que a cooperativa tem com o Previ, Petrus, Banesprev e Funcef.

Alvo

A Bancoop foi criada na gestão do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) e é a maior concentração de dirigentes petistas e bancários por metro quadrado. Ela é alvo de investigações estaduais e federais.

Logo, existe

Para mostrar que existe, sim, o PSOL vai pedir formalmente a destituição do senador Paulo Duque da presidência da Corregedoria logo depois do recesso.

CLÓVIS ROSSI

Os EUA vão para o spa

FOLHA DE S. PAULO - 18/07/09

SÃO PAULO - Na conversa que teve com seu colega Luiz Inácio Lula da Silva, em Áquila, durante as multicúpulas do G8 e cia., o presidente Barack Obama transmitiu um recado claro: que o mundo não conte mais com o consumo norte-americano para tocar a vida. Lula deve ter ficado impressionado, a julgar pelos comentários que fez no dia seguinte, durante sua entrevista coletiva.

Ontem, Lawrence Summers, um dos principais nomes da assessoria presidencial, avançou alguns detalhes sobre o que será a economia do G1, que continuam sendo os Estados Unidos, se os planos de Obama forem de fato adiante.

"A economia americana reconstruída tem que ser mais orientada para a exportação e menos para o consumo; mais orientada para o meio ambiente e menos para a energia fóssil (menos petróleo); mais orientada para a biotecnologia e para o software e menos para a engenharia financeira; mais orientada para a classe média e menos para o crescimento da renda que favorece desproporcionalmente uma fatia muito pequena da população", afirmou Summers.

Fácil e bonito de falar, difícil de fazer. Mesmo assim, eu votaria, em 2010, em quem defendesse esse tipo de conceitos, desde que tivesse credibilidade para fazê-lo. Pena que credibilidade e política, no Brasil, raramente se encontram.

A construção dessa nova economia não é um problema apenas dos Estados Unidos. A crise demonstrou a plena vigência de um ditado que alguns afoitos davam por ultrapassado, o que diz que, quando os Estados Unidos espirram, o mundo pega pneumonia.

Pegou. Agora que os Estados Unidos se encaminham para um tremendo spa/academia, o mundo será de novo afetado, para o bem e para o mal. O diabo é que ninguém, no Brasil, está pensando em como adaptar-se a um país de apetite menos pantagruélico.