FOLHA DE SP - 02/01
SÃO PAULO - Com a recuperação gradativa de Dilma Rousseff nas pesquisas, a Copa do Mundo passou a ser tratada por Marina Silva e Eduardo Campos (PSB) como a principal oportunidade, talvez a única, de reverter o favoritismo da petista na eleição presidencial de outubro.
A despeito da economia manca, dos mensaleiros presos, das suspeitas contra tucanos em São Paulo, Marina e Campos não conseguiram avançar no discurso da "nova política", da "terceira via", lançado por ocasião da aliança feita em outubro, embaralhando-se com o oposicionismo puro e amarelado do PSDB. Qual é a diferença entre o governador pernambucano e o senador mineiro?
Sem saber muito bem como seguir em frente, aguardam uma segunda onda de indignação. "Desejo [a essa multidão que foi às ruas] mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014", escreveu a ex-ministra, na Folha, na sexta-feira passada, citando o "país do futebol".
Copa e eleição não costumam se misturar, mas o fato de a competição ocorrer aqui pode modificar as coisas. Um eventual fracasso na organização, problemas nos aeroportos ou na segurança têm potencial para despertar um sentimento de vergonha nacional. Mas torcer por isso é mais estúpido do que desejar o insucesso de Neymar e cia.
A repetição dos protestos de junho também é uma possibilidade, afinal sempre há motivo para se revoltar no Brasil, e muitos estarão interessados em aproveitar a janela de exposição da Copa. Mas é necessário lembrar que os atos de 2013 só ganharam dimensão, levando multidões às ruas, quando a polícia de Alckmin usou de violência irracional contra manifestantes e jornalistas, indignando o país. Até então o aumento da tarifa mobilizara uma meia dúzia.
Haverá um novo estopim em junho? Pode até acontecer, mas apostar nisso agora, como fazem Marina e Campos, submetendo-se a essa expectativa, é mais arriscado do que tentar adivinhar o vencedor da Copa.
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