O GLOBO - 02/08
É um detalhe, que certamente não tem qualquer importância real, mas não deixa de ter um significado simbólico: há muito tempo não temos um Papa sem número. Francisco é o primeiro Papa nessa condição, desde os primeiros séculos da Igreja.
Uma coincidência, sem dúvida alguma, mas, quem sabe, também um sinal de que este chefe da Igreja pode ser diferente, em bom sentido, de muitos de seus antecessores, sem demérito, é claro, para qualquer deles.
Por exemplo, quando se ouviu um deles, espontaneamente, defender os homossexuais? Se uma pessoa é gay , disse Francisco, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? Não me lembro de ter ouvido um chefe da Igreja Católica fazer essa declaração, ainda por cima espontânea.
O dever da castidade imposto aos sacerdotes deixa-os obviamente distantes de suas palavras, mas, não sei não, quem nos diz que não seja um discretíssimo primeiro passo na direção de novos caminhos ainda mais surpreendentes? E ele não tratou apenas desse tema: declarou - sempre sem ser resposta a perguntas - que as mulheres têm papel mais importante do que o dos bispos; e ainda provocou: a Igreja precisa enfrentar a questão do divórcio.
Considerando-se que o catolicismo proíbe o divórcio, cabe perguntar: em que direção deve ser a discussão desse tema? Para completar o rosário de temas delicados, o Papa Francisco tocou espontaneamente em outro assunto espinhoso. Um monsenhor que ele nomeou para o Banco do Vaticano foi acusado de fazer parte de um lobby gay - e Francisco não hesitou em afirmar que ele não cometera crime algum -, embora tenha aproveitado para dar uma lambada em todos os lobbies, gays ou não.
Há muito tempo não leio afirmações de um chefe da Igreja tratando espontaneamente de temas tão delicados e, pelo menos aparentemente, saindo-se tão bem. Inclusive ao passar um pito - indiretamente, pelo menos - no clero brasileiro: estamos perdendo fiéis, principalmente para as igrejas neopentecostais.
Quem sabe, a visita de um chefe da Igreja com a coragem de tratar de temas delicados estimule o clero brasileiro a tomar iniciativas mais audaciosas, no melhor dos sentidos, é claro, para manter e ampliar a sua condição de religião mais poderosa - melhor dizendo, mais operosa - do Brasil e do continente.
Não lhe faltam - pelo menos ainda - fiéis para isso. Nem um clero à altura da tarefa. Pelo menos, é o que imagina este ateu.
Uma coincidência, sem dúvida alguma, mas, quem sabe, também um sinal de que este chefe da Igreja pode ser diferente, em bom sentido, de muitos de seus antecessores, sem demérito, é claro, para qualquer deles.
Por exemplo, quando se ouviu um deles, espontaneamente, defender os homossexuais? Se uma pessoa é gay , disse Francisco, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? Não me lembro de ter ouvido um chefe da Igreja Católica fazer essa declaração, ainda por cima espontânea.
O dever da castidade imposto aos sacerdotes deixa-os obviamente distantes de suas palavras, mas, não sei não, quem nos diz que não seja um discretíssimo primeiro passo na direção de novos caminhos ainda mais surpreendentes? E ele não tratou apenas desse tema: declarou - sempre sem ser resposta a perguntas - que as mulheres têm papel mais importante do que o dos bispos; e ainda provocou: a Igreja precisa enfrentar a questão do divórcio.
Considerando-se que o catolicismo proíbe o divórcio, cabe perguntar: em que direção deve ser a discussão desse tema? Para completar o rosário de temas delicados, o Papa Francisco tocou espontaneamente em outro assunto espinhoso. Um monsenhor que ele nomeou para o Banco do Vaticano foi acusado de fazer parte de um lobby gay - e Francisco não hesitou em afirmar que ele não cometera crime algum -, embora tenha aproveitado para dar uma lambada em todos os lobbies, gays ou não.
Há muito tempo não leio afirmações de um chefe da Igreja tratando espontaneamente de temas tão delicados e, pelo menos aparentemente, saindo-se tão bem. Inclusive ao passar um pito - indiretamente, pelo menos - no clero brasileiro: estamos perdendo fiéis, principalmente para as igrejas neopentecostais.
Quem sabe, a visita de um chefe da Igreja com a coragem de tratar de temas delicados estimule o clero brasileiro a tomar iniciativas mais audaciosas, no melhor dos sentidos, é claro, para manter e ampliar a sua condição de religião mais poderosa - melhor dizendo, mais operosa - do Brasil e do continente.
Não lhe faltam - pelo menos ainda - fiéis para isso. Nem um clero à altura da tarefa. Pelo menos, é o que imagina este ateu.
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