O GLOBO - 02/08
Audaciosas e hilariantes aventuras desse fabuloso personagem que beira o inverossímil
Já leu o best-seller “Inferno”, de Dan Brown ? Não leia, não perca seu tempo com essa longa e entediante palestra sobre pintores renascentistas e igrejas de Florença e Veneza, misturada com versos do “Inferno”, de Dante Alighieri, como pano de fundo para uma gincana de um professor americano de Simbologia, e uma linda jovem com um QI fabuloso, para tentar impedir a ativação de um vírus criado por um cientista louco para matar um terço da humanidade, acreditando que assim a salvaria do inevitável extermínio provocado pela superpopulação da Terra.
O grande mistério da história é: por que o genial cientista que criou o vírus, que eles imaginam ser um 2.0 da peste negra medieval, não se contenta com a sua nobre missão de salvar a raça humana, mas faz questão de se suicidar e deixar um emaranhado de pistas, dicas e charadas em quadros, livros e estátuas para encaminhar os heróis eruditos para o local secreto onde o vírus será ativado na data fatal? Ora, para Dan Brown escrever essa baboseira e ganhar milhões de dólares.
Já leu o best-seller “Dirceu”, de Otávio Cabral ? Corra para ler, você não vai conseguir parar. Não só pelas audaciosas e hilariantes aventuras desse fabuloso personagem que beira o inverossímil e faria a alegria de qualquer ficcionista, mas pela rica narrativa de sua relação de amor e ódio com Lula, que por si só mereceria um livro, e de suas brigas e traições com Palocci, Tarso Genro, Mercadante, Marta e outros grã-petistas.
São várias as vidas de Dirceu, de líder estudantil preso pela ditadura e exilado em Cuba a comandante de focos de guerrilha aniquilados pelo Exército antes de começarem, do falso comerciante Pedro Carôço no interior do Paraná a presidente do PT que chega ao poder com Lula em 2002, de chefe da quadrilha do Mensalão a homem de negócios milionário. De herói a vilão, do céu ao inferno, são muitos os inimigos que enfrentou e as mulheres que conquistou, amou, traiu e enganou. Que filme !
Se fosse traduzido para o inglês e apresentado como um romance, “O inferno de Dirceu” seria muito melhor e faria mais sucesso que o de Dan Brown.
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