quarta-feira, agosto 24, 2011

KATIA MAIA - Pobre é uma M...


Pobre é uma M...
KATIA MAIA
BLOG DA KATIA MAIA (LINK)


Não sei, mas estou com a estranha sensação de que o maravilhoso mundo das compras coletivas nada mais é do que uma maravilhosa forma de pegar o dinheiro de quem se empolga, age por impulso e em contrapartida tem acesso à mais impossível disponibilidade de datas e horários para resgatar a compra.

Eu explico.

Animei-me toda com essa vida de compras coletivas, mas, confesso que, num total de quase dez cupons comprados, apenas um me satisfez por completo no dia, hora e prestação de serviços conforme o acordado.

Foi quando comprei um tratamento completo para os pés. Um daqueles momentos em que a gente se permite parar para deixar que alguém cuide (mesmo que pagando) de nossos tão maltratados pés. Pelo menos os meus (coitadinhos) o são.

Raramente tenho tempo para eles e nesse dia, com o cupom em mãos, num horário de almoço, eu deixei o estomago de lado – já que ele é sempre o atendido naquela hora – e me dediquei aos ‘pobrezitos’ dos meus ‘pezitos’.



Foi a única vez que a compra coletiva deu 10% certo, porque depois, nas minhas aquisições seguintes, sempre houve um ‘porém’. A verdade é que, quando compramos o cupom, vemos escrito nele – válido até... E a data é algo fora do comum. Sempre são três quatro meses de prazo para utilizá-los.

Talvez, esse prazo tão longo já seja uma pegadinha...

Falo isso, porque, no meu entendimento e pela minha experiência de compra coletiva dois pensamentos vêem à mente na hora da compra: adiantar ou atrasar o uso do cupom.

Se adiantamos e queremos usa-lo o mais breve possível, nunca há disponibilidade para a data que desejamos. E aí vem a atendente e informa:

- Me desculpe senhora, mas é que a promoção começou agora e estamos com os horários todos lotados. Fim de semana, então, não há uma só vaga. Mas, temos horário às 10h ou às 16h no meio da semana.

- Como assim só temos horário no meio da manhã, no meio da tarde, no meio da semana?

A menos que eu esteja errada - e salvo a vida de uma pequeníssima parcela da população - das mulheres economicamente ativas, é impossível parar para fazer um curso de maquiagem rápida, ou se entregar a uma manhã num SPA no meio do dia, ou depilar-se, ou fazer aula de pilates no meio do dia e da semana!

Perdoem meus maus pensamentos e minha falta de humor, mas, para mim, tudo não passa de uma jogada para não atender quem comprou os cupons com (segundo eles) 70% a 80% de desconto.

Fica difícil acreditar que a indisponibilidade existe também para quem quer pagar a tarifa cheia. Pobre é uma M... Parece até Plano de Saúde, quando ligamos para marcar consulta e os horários são sempre para três, quatro meses adiante.



Acho que é assim mesmo que funciona: vendem cupons baratíssimos com descontos inimagináveis e alijam do processo os consumidores pobres que correram atrás da liquidação. Para esses, as condições são tão absurdas que é o famoso: é pegar ou largar! E, não reclama e não chateia! Você já está pagando barato e ainda quer escolher!
Se a opção for marcar o horário de atendimento no fim do prazo do cupom, a resposta também é semelhante a do início:

- Como a promoção acaba no fim deste mês, senhora, estamos com todos os horários lotados. Temos apenas as 10h30 de terça-feira ou às 16h45 da quarta-feira.
- Sim, mas ainda faltam onze dias para o mês acabar!

- Sinto muito senhora, é que todos correram para marcar no fim da promoção.

Ah, ok, então está explicado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Não há saída a não ser perder o dinheiro.

Isso vale também para os restaurantes que vendem cupons coletivos. Quando você chega lá, o prato da promoção acabou!

- Como assim acabou (cara pálida)? Vocês não têm o controle de vendas de cupom?

- Temos, senhora, mas é que não esperávamos que viessem tantas pessoas da promoção no dia de hoje. Se a senhora quiser passar amanhã...

- Como assim passar amanhã (cara pálida, de novo)? Se eu paguei e no cupom diz, promoção válida até tal dia, eu agora preciso ficar indo e vindo para saber quando o prato está disponível? Vou ter que disputar a tapas?

Sei não, talvez eu não tenha dado sorte, mas para mim, a moral da história das compras coletivas é: nada é dado de bom grado. Os descontos só são possíveis por algumas razões e fazer caridade com o consumidor, certamente é a última delas.

Certamente, vender com 80% de descontos e dificultar o resgate do cupom é bastante apropriado para o comerciante. Assim, o lucro fica por conta daqueles que pagaram e não quiseram ou puderam resgatar. Saquei!

ANCELMO GÓIS - Viúvas de Kadafi


Viúvas de Kadafi
ANCELMO GOIS
 O Globo - 24/08/2011

A Andrade Gutierrez, que tocava quatro obras na Líbia, conseguiu receber adiantado do regime de Kadafi.

Já a Odebrecht ficou no preju. Coisa de uns US$300 milhões.

Sem Kadafi...

O que se diz entre entendidos de geopolítica é que, sem Kadafi, empresas de Itália e França serão privilegiadas em detrimento das de países como o Brasil.

Mas não dá para se prever quase nada em relação àquela parte conturbada do mundo.

Processo civil

O Instituto dos Advogados Brasileiros vota hoje moção contra a indicação de Eduardo Cunha para relator do projeto de reforma do Código de Processo Civil.

Filme sobre Lula

Em março de 2012, Ricardo Stuckert lançará um livro sobre o governo Lula.

Para 2014, o coleguinha, que foi fotógrafo oficial nos oitos anos de Lula e ainda acompanha o ex-presidente em alguns eventos, promete um documentário sobre o período.

Ato de pijama

Hoje, quando o suicídio de Getúlio Vargas completa 57 anos, funcionários do Ministério da Cultura, em greve, vão fazer um protesto, às 10h, na frente do Museu da República.

A turma promete ir de pijama, como Vargas quando se matou, e ler uma "carta testamento".

Ponto Final

Supersalários de volta ao Senado

Com aval de Sarney, casa reverte decisão da Justiça contra vencimentos acima de R$ 26 mil

Sarney tenta explicar helicóptero

Em sua decisão, o presidente do TRF-1 disse que a liminar ameaçava a ordem pública.

Sarney, dia sim, outro também, dá razão ao Barão de Itararé, que costumava dizer: "De onde menos se espera... daí é que não sai nada."

ROSÂNGELA BITTAR - A nova obsessão da presidente


A nova obsessão da presidente 
ROSÂNGELA BITTAR
VALOR ECONÔMICO - 24/08/11
É no raio de ação do Ministério da Saúde, e sem necessidade de chantagear o contribuinte com a ameaça de uma nova CPMF embutida na Emenda 29, como vem fazendo a Frente Nacional do setor que atua no Congresso, que o governo Dilma vem realizando um propósito, declarado há cerca de quatro meses a um grupo de ministros, anunciado como ordem em reunião no gabinete presidencial do Palácio do Planalto. A presidente registrou, naquele dia, surpreendendo a todos, as mudanças que elevaram à classe média milhares de brasileiros, alertou que era necessário dar continuidade à atenção a eles dedicada até aqui e pediu que fossem estudadas medidas específicas para o grupo.

O programa de erradicação da miséria seria um passo à frente na trajetória do Bolsa Família, de resgate dos mais pobres, mas haveria necessidade urgente de ter políticas para atender a um grande número de pessoas em ascensão social. Essas, as pesquisas já mostram ao governo, querem ter educação, boas escolas para seus filhos, querem consumir coisas de melhor qualidade e saúde. Principalmente desejam que seus planos de saúde, e boa parte delas os tem, lhes dê a assistência que buscaram ao contratá-los.

Na educação, a presidente pediu ampliação da estrutura física no ensino superior, ou seja, do número de universidades, embora nessa seara o problema maior sempre tenha sido e continua a ser nos níveis educacionais básicos, tanto em quantidade quanto em qualidade. Mas a presidente faz questão de ter iniciativas específicas para a classe média e esta almeja a educação superior. Determinou ampliação da formação para o trabalho em escolas técnicas, e ampliação da formação em pós-graduação, as bolsas para cientistas no exterior.

Saúde é a área mais avançada em atenções à classe média

O que ela pretende, explicam seus auxiliares, é possibilitar a formação para o trabalho ao mesmo tempo que, na pós-graduação, pessoas com formação em alto nível tenham condições de atuar, formar uma "consciência crítica" na sociedade por intermédio da vida universitária.

"A China fez isso muito bem, o Brasil também precisa ter uma elite preparada, precisa dar conta desse contingente que quer elevar seu padrão de vida", argumenta autoridade da Presidência. Com certeza, uma conversa em outro rumo ao que tomou o PT nos dois mandatos do ex-presidente Lula.

Ainda não há respostas a essas encomendas, mas na saúde já existem. Pesquisas qualitativas mostram a eficácia das novas medidas, duas delas com resultados contabilizados.

A primeira, adotada em meados de fevereiro, com pouco mais de um mês da atual gestão, foi o programa que garante medicamentos gratuitos para hipertensão e diabetes na rede de farmácias privadas que têm farmácia popular.

Já são 17 mil farmácias cadastradas e o interessado pode obter o medicamento independentemente de ter uma receita do SUS, do consultoria particular, do plano de saúde. O programa atinge todas as classes sociais mas o governo já guarda dados de pesquisa qualitativa revelando que houve uma resposta muito forte na classe média.

A pesquisa mostra que o programa atingiu a classe B, C e parte da A, principalmente uma faixa preponderante de idosos que usa medicamentos para hipertensão e diabetes. Em seis meses de programa, segundo registros do ministro Alexandre Padilha, houve um aumento de 212% no número de hipertensos com acesso aos medicamentos e aumentou em 153% o número de diabéticos que foram buscar remédios na farmácia da rede privada. Há redes inteiras de farmácias cadastradas no Ministério da Saúde e o programa já atingiu mais de 5 milhões de hipertensos e diabéticos.

Um segundo grupo de iniciativas com impacto direto sobre a classe média, sobretudo a que contrata planos de saúde, está na área da saúde suplementar. Os balanços do Ministério mostram um recorde, nesses primeiros seis meses de gestão, no ressarcimento dos planos de saúde aos SUS, maior do que nos últimos três anos acumulados.

Outra medida foi a resolução da Agência Nacional de Saude que estabelece tempo médio de espera para procedimentos dos planos de saúde. Publicada em junho, a determinação entra em vigor em setembro próximo, dando tempo aos planos para se adaptarem. Esse programa tem um toque sensível à classe média de pequenos municípios. Com plano de saúde mas sem atendimento no local onde mora, o cidadão pode exigir do plano a garantia de transporte para outra localidade.

Também na ANS, foi adotada a medida da portabilidade do plano. Para o aposentado ou para quem deixa o emprego demitido onde tinha um plano coletivo, o contribuinte pode migrar para outro e levar a carência, por exemplo. E, mais uma que entrou ontem em consulta pública, também em saúde suplementar, trata de uma regra que garante incentivos dos planos de saúde, com descontos promocionais, para quem realizar atividades preventivas de proteção à sua saúde. Como, por exemplo, atividade física em academia ou participação em programa para parar de fumar.

A mais recente encomenda da presidente é a implantação de um programa nacional, do Ministério da Saúde, do que chamam no governo de interação domiciliar, o "home care".

Será executado através de repasses para Estados e Municípios que pagarão as equipes, vinculadas a hospitais, encarregadas de treinar o atendimento em casa.

Até o fim deste ano, o governo quer ter 250 equipes funcionando no novo programa.

Dilma Rousseff resolveu não dormir no ponto nesta questão. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro a refletir sobre a ascensão de um novo e numeroso contingente populacional à classe média e sugerir ao seu partido que tomasse a si um discurso e um projeto de país voltado a esse grupo. Depois dele, houve uma constatação unânime dos cientistas políticos de que a classe média, nova e antiga, está mesmo a merecer um trabalho de conquista política. E, sobretudo, eleitoral. Certamente as próximas eleições mostrarão a força real desse grupo. Para a presidente Dilma, que em termos de ação pode sair na frente, a classe média transformou-se em uma obsessão.

RUY CASTRO - O homem de braços abertos

O homem de braços abertos
RUY CASTRO 
FOLHA DE SP - 24/08/11

RIO DE JANEIRO - Às vésperas do seu aniversário de 80 anos, em outubro próximo, o indiscutível logotipo do Brasil, o Cristo Redentor, vê-se disputado pelos herdeiros de dois homens envolvidos na sua criação: o engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa (1873-1947) e o escultor francês Paul Landowski (1875-1961). A disputa é de autoria. Cada lado quer assinar o Cristo.
A questão não é acadêmica. Envolve crédito artístico (o Cristo é o maior monumento art déco do mundo) e créditos bancários -os herdeiros de Landowski exigem uma fatia dos lucros gerados por sua suposta exploração comercial. Mas o Cristo pertence à Arquidiocese do Rio, que cede graciosamente sua reprodução (na forma de estatuinhas, santinhos e termômetros de feira hippie até joias da H. Stern) e só pede respeito pela imagem.
Os fatos são simples: Heitor da Silva Costa levou dez anos construindo o Cristo, de 1921 a 1931. Venceu a concorrência inicial (todo tipo de Cristo foi cogitado, até sentado), firmou sua localização (havia quem quisesse encarapitá-lo no Pão de Açúcar, em vez do Corcovado), optou pelo concreto armado revestido de pedra-sabão, contratou os desenhistas, ceramistas e escultores (entre eles, em Paris, Landowski, para executar a maquete, o rosto e as mãos) e acompanhou a construção, a 710 m do nível do mar.
A família do francês tenta diminuir o brasileiro. Para ela, Heitor seria só um mestre de obras; Landowski, o artista. Ótimo. Mas, para mim, ao se decidir pelo homem de braços abertos que, por seu formato e dimensões, poderia ser visto de toda parte da cidade e, à noite, iluminado, transformar-se-ia numa cruz, Heitor foi mais artista que qualquer artista. Pena Landowski não ter visto o resultado -nunca pôs cá os pés.
Outra coisa: para os herdeiros de Heitor, o Cristo pertence ao Rio. E este não lhes deve royalties, nunca lhes deverá.

DENISE ROTHENBURG - Choque de gerações


Choque de gerações
DENISE ROTHENBURG
Correio Braziliense - 24/08/2011

Volta e meia, a política tem estremecimentos entre aqueles que insistem em continuar na crista da onda e aqueles que, recém-chegados ou com alguns anos na "fila", cansam de esperar pacientemente por um lugar no primeiro escalão. É o que ocorre hoje no PMDB.

A turma que mora na cobertura insiste em permanecer onde está e não cede um milímetro de seu espaço ou projetos futuros. Henrique Eduardo Alves, um dos deputados mais antigos, exerce a liderança do PMDB há cinco anos e sonha em ser presidente da Câmara. Não esconde isso de ninguém. E tem se aproximado daqueles que melhor podem ajudá-lo nesse projeto.

No Senado, o líder Renan Calheiros (AL), outro que está por ali há tempos, tem o mesmo plano: presidir do Senado. Romero Jucá (RR), líder do governo desde os tempos de Fernando Henrique Cardoso, também não deseja abrir mão da ribalta. Nesse grupo, o presidente do Senado, José Sarney (AP), foi o único peemedebista até agora a dizer que este é seu último mandato.

Depois de mais de uma década com esse grupo no comando, começa a surgir um andar intermediário, que insiste em ocupar parte da cobertura do edifício PMDB. No Senado, oito parlamentares brigam por um lugar no conjunto de suítes privativas de Sarney, Renan, Jucá e Valdir Raupp (RO). Querem redecorar a Casa com um programa de governo. Na Câmara, surgiu o Movimento dos 35, com muitos deputados novos, cheios de vontade de trabalhar e de balançar o coreto do vice-presidente da República, Michel Temer, de Henrique Alves e de Eduardo Cunha — o deputado do Rio de Janeiro que levou Anthony Garotinho para o PMDB no passado e de quem o líder se aproximou. O objetivo é muito semelhante ao do grupo de senadores, ou seja, refrigerar o PMDB.

Essa turma nova quer espaço num clube onde hoje só entra quem diz amém aos comandantes. Três ministros — Pedro Novais, Garibaldi Alves e Moreira Franco — são ligados à cúpula do partido e não foram escolhidos pelas bancadas. Mendes Ribeiro, empossado na Agricultura, é daqueles que ganhou ingresso nesse clube agora e conseguiu mais por ser amigo de Dilma Rousseff do que por fazer juras de fidelidade aos generais. Na Câmara, Rose de Freitas virou vice-presidente mais por um gesto de apreço à igualdade de gênero defendida por Dilma, algo que o PMDB raramente exerceu.

Mendes já foi preterido no passado para dar lugar a Eduardo Cunha. Na Legislatura passada, o deputado fluminense presidiu a Comissão de Constituição e Justiça, quando o nome da fila era o de Mendes Ribeiro. Depois, Mendes, mais uma vez, perdeu a indicação para um menino novo do PMDB do Rio de Janeiro, Leonardo Picciani.

Os tenentes do PMDB aguentaram ver um soldado raso como Picciani assumir a CCJ, algo que chegou a arrancar protestos em outros partidos. Mas, agora, Eduardo Cunha relatar o Código de Processo Civil (CPC), que muitos pretendiam ver nas mãos de um jurista, foi demais. Essa indicação fez com que um grupo do PMDB passasse a chutar com mais força a porta de Henrique Eduardo Alves, pedindo a troca do relator e outras mudanças, inclusive o ministro do Turismo.

Embora sejam poucos os que vão ao líder expor o que pensam abertamente — caso de Rose de Freitas —, os que criticam nos bastidores são muitos. E, por mais que Alves se esforce em dizer que não tem nada demais fazer de Eduardo Cunha relator do CPC, ao sugerir quatro relatores adjuntos, passa a impressão de que colocou algumas "babás" para tomar conta do relator-geral. Ele alegou ainda que Cunha foi escolhido porque pediu primeiro. Ora, por esse raciocínio, se Tiririca tivesse pedido para ser relator e fosse do PMDB, então ele seria o indicado.

Essa operação não soou bem para a pré-candidatura de Alves à Presidência da Câmara, uma vez que há parlamentares espalhando nos bastidores alegando que quem não sabe ouvir o clamor da sociedade não pode presidir a Casa do povo. Referiam-se aos protestos da OAB e entidades do Ministério Público reclamando contra um relator não jurista para o CPC e a insistência do líder em mantê-lo.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que Renan Calheiros e Alves estão hoje numa encruzilhada. Ou cedem espaço aos tenentes do PMDB, ou podem ver comprometidos seus projetos futuros. Nunca é demais lembrar que um pode atrapalhar o outro. Afinal, se Alves presidir a Câmara, o PT dificilmente permitirá Renan comandando o Senado. Talvez não seja por acaso a presença de Renan Filho no grupo dos deputados rebeldes do PMDB, fazendo coro às cobranças ao líder. Quanto mais enfraquecida a pré-candidatura de Alves, mais forte pode ficar Renan. Essa novela está apenas começando. Novos capítulos virão com reflexos no governo, no Congresso e nas eleições de 2012. É só esperar para ver.

CRISTIANO ROMERO - Esperando Dilma


Esperando Dilma
CRISTIANO ROMERO
VALOR ECONÔMICO - 24/08/11
Se cumprir o que está prometendo na área fiscal, a equipe econômica do governo Dilma Rousseff fará história. Falta, ainda, o aval da presidente, mas o plano é gerar anualmente, até 2014, superávits primários nas contas públicas de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa é que esse esforço seja suficiente para zerar o déficit público, no mais tardar, em 2015. O principal objetivo do Ministério da Fazenda é criar condições para o Banco Central (BC) reduzir drasticamente a taxa de juros (Selic), hoje em 12,5% ao ano.

O contexto da nova política fiscal deriva da percepção de que o recrudescimento da crise nos Estados Unidos e na Europa provocará desaceleração mundial e, por consequência, inflação menor no mundo.

A avaliação é que, com juros próximos de zero e por causa dos problemas fiscais, as nações ricas não têm margem para produzir crescimento e ficarão nessa situação durante um bom tempo.

Informações sobre esforço fiscal são contraditórias

Nesse ambiente, o Brasil também cresceria menos nesse período, muito provavelmente abaixo do potencial (hoje, estimado em 4% ao ano), mas aproveitaria o momento para resolver problemas que, 17 anos depois de iniciado o processo de estabilização, não foram solucionados, como a convivência com a maior taxa de juros do planeta. Se a estratégia der certo, o país chegará a 2014, de acordo com projeção da área econômica, com juros civilizados e situação fiscal incomparavelmente melhor que a da maioria dos países.

Antes do recente agravamento da crise mundial, o plano de voo do governo brasileiro era outro. Premido pela aceleração inflacionária, aumentou o superávit primário em 2011, cumprindo até agora, sem descontos, a meta cheia, de cerca de 3% do PIB. Para 2012, no entanto, a ideia era preservar do esforço fiscal investimentos previstos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como deixou claro, em entrevista ao Valor na semana passada, um importante auxiliar da presidente Dilma.

Segundo esse ministro, o governo está satisfeito com os resultados da política de combate à inflação, mas reconhece que "(...) a Esplanada [dos Ministérios], hoje, está no chão". O colaborador da presidente confidenciou, na prática, a fadiga política provocada pelo controle das contas públicas este ano e contou que, em 2012, será diferente.

Em entrevista a Claudia Safatle, do Valor, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou que não haverá relaxamento fiscal em 2012 e que o governo mudou, "de forma permanente", o mix de política econômica. Ao desmentir um colega de ministério, declarou que, ao contrário do que ocorreu em 2008, a resposta à crise será mais monetária, via redução dos juros, do que fiscal (aumento dos gastos).

O esclarecimento de Mantega tranquilizou sua equipe, que vem trabalhando para botar em pé um ambicioso plano fiscal traçado para os próximos anos. A tarefa não é fácil, afinal já há um significativo aumento de despesa contratado para o próximo ano - o reajuste do salário mínimo (SM) em 14%.

Cerca de 60% dos benefícios sociais e a maior parte do seguro-desemprego estão atrelados ao SM. Mais importante: algo como 45% do gasto corrente da União acompanha a variação do mínimo. Por essa razão, a área econômica prepara medidas para compensar, do ponto de vista fiscal, o aumento de despesa previsto. Em termos nominais, o impacto do reajuste do salário mínimo será de R$ 23,3 bilhões, mas técnicos calculam que, termos reais (e líquidos), o montante a ser compensado é de R$ 10 bilhões.

Desde o início da nova fase da crise mundial, o ministro da Fazenda tem dito que o governo não abrirá a guarda fiscal. Na semana passada, também o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou, em teleconferência com jornalistas estrangeiros, que "(...) a política fiscal apertada que temos praticado neste ano deve ser mantida para continuar diferenciando o Brasil no futuro próximo".

Mantega e Tombini são as autoridades máximas da equipe econômica. Certamente, não defenderiam a manutenção do esforço fiscal sem a bênção do Palácio do Planalto. Mas está claro, também, que falta a presidente Dilma vir a público reiterar a decisão anunciada por seus auxiliares. Seu silêncio gera dúvidas.

Em Brasília, sabe-se que a tal insatisfação da base parlamentar e mesmo de alguns ministros com o governo se deve ao ajuste fiscal em curso. O descontentamento dos funcionários públicos, que reclamam de reajuste salarial, também é crescente. O que a equipe econômica está dizendo é que o arrocho será mantido até o fim do mandato da presidente.

Há desconfianças entre os analistas quanto aos propósitos de Dilma. Há menos de duas semanas, o Valor revelou que ela teria recomendado cautela a um possível movimento de redução dos juros pelo Banco Central. O alerta foi entendido por observadores, como Mansueto Almeida, do Ipea, como um sinal de que a presidente não tem interesse em manter o esforço fiscal de 2011 nos anos seguintes por reconhecer que a agenda social, cujo principal componente é a política de correção do salário mínimo, e de investimentos do governo é incompatível com a redução permanente da taxa de juros.

ANTONIO PRATA - Os mercadores de Veneza

Os mercadores de Veneza
ANTONIO PRATA 
FOLHA DE SP - 24/08/11

Chamar as prateleiras do supermercado de gôndolas é como construir prédios no meio do Ibirapuera


FOI COM GRANDE assombro e não menor repúdio que eu descobri, dia desses, que as estantes dos supermercados chamam-se gôndolas.
Até então, tinha cá para mim que gôndolas eram utilizadas única e exclusivamente para levar casais apaixonados, espiões russos e turistas japoneses pelos canais de Veneza. Jamais imaginaria que esse mesmo substantivo pudesse, encalhado num piso de linóleo e sob o tremelicar quase imperceptível das lâmpadas fluorescentes, sustentar pacotes de biscoito, caixas de sabão em pó, gordura vegetal hidrogenada.
Nunca fui a Veneza. Talvez seja melhor assim. Sua existência, não confirmada pessoalmente, continua a fazer parte do meu imaginário infantil: a cidade cujas ruas são feitas de água está para São Paulo como os unicórnios para os cavalos, os vulcões para as montanhas, os dinossauros para as lagartixas. E, se o chifre do unicórnio não é qualquer chifre, mas uma lança espiralada, inexistente noutros animais, os barcos da cidade aquática tampouco poderiam ser meras lanchas ou canoas: são gôndolas, com suas pontas curvas como as dos sapatos do Sultão d'As Mil e Uma Noites, de Ali Babá e Seus Quarenta Ladrões, dos gênios que surgem da lâmpada, em meio à fumaça, prontos a realizar três desejos. Alguma semelhança com prateleiras de fórmica e aço inox, caro leitor? Não, não, eis aí um atentado contra a língua, um crime de lesa-poesia que deve ser reparado o quanto antes.
Veja bem: as cidades têm regras para protegê-las da voracidade do mercado. Planos diretores, leis de zoneamento: ali pode prédio, aqui não. A propaganda tem leis para conter a falta de escrúpulos dos anunciantes: álcool não deve ser anunciado para menores de idade, cigarros estão proibidos de patrocinar eventos esportivos. O próprio mercado precisa ser regulado externamente. As palavras, contudo, quem as protege? Ninguém. Um dia, um infeliz decide batizar as estantes de gôndolas e pronto, o mal está feito.
Trazer a gôndola dos canais de Veneza para as seções de laticínios é, para a linguagem, equivalente a construir um prédio no meio do Ibirapuera, para as cidades. Uma gôndola de supermercado, meus amigos, é um unicórnio abatido para, do marfim de seu chifre, arrancarem cinzeiros e bolas de sinuca.
Minha bronca com esse sequestro semântico é tanta que, se nesta manhã fria, enquanto escrevo a crônica, me aparecesse um gênio da lâmpada, com seus gondulares sapatões, incluiria no pacote de desejos o pedido para que rebatizasse as prateleiras dos supermercados, restituindo assim à gôndola a grandiosidade arruinada por latões de óleo de soja e saquinhos de Miojo.
Ou os mercadores dão às estantes um nome apropriado -estantário, prateleiral, "trúncio", por que não?- e devolvem à humanidade esse belíssimo substantivo, ou lançarei uma ampla contraofensiva na internet, com apoio de poetas, de escritores e da máfia italiana: passaremos a chamar cartão de crédito de avestruz, caixa registradora de asa-delta e crachá de buganville. Para cada grama de lirismo que nos foi roubado, um grama será devolvido, impiedosamente.

ZUENIR VENTURA - Papo de velho


Papo de velho
ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 24/08/11

Na fila de idosos de um banco, o assunto é o veto da presidente Dilma ao aumento acima da inflação dos aposentados que ganham mais do que o salário mínimo.

- Você viu que a Dilma liberou as emendas parlamentares?

_- Não. Quanto?

- R$1 bilhão agora e mais R$5 bilhões até o fim do ano.

- Pra isso, ela arranja dinheiro.

- Claro. É para pacificar, quer dizer, pra comprar os parlamentares de sua base de apoio. Vamos acabar financiando corruptos.

- Como sempre.

- Alguém alegou que os desvios de recursos dos ministérios dos Transportes, da Agricultura, do Turismo é que vão impedir o reajuste dos aposentados e pensionistas do INSS.

- Quer dizer, os caras além de roubarem o dinheiro público também roubam indiretamente o nosso.

- A Dilma vai ter o troco na hora da reeleição, que evidentemente ela vai tentar.

- Ela acha que faxina sozinha dá voto.

- Ela não perde por esperar.

Como membro do clube, fiquei com vontade de entrar na conversa e convocar uma passeata de velhinhos. Desisti com medo de que me pedissem para organizar.

Por falar nisso, a gente sabe que está ficando velho quando se choca vendo a foto de um rosto deformado por pancada - olhos e nariz inchados, hematomas, corte profundo - e a notícia em tom comemorativo: "Lutador brasileiro desfigura rosto de adversário americano no UFC." Custo a entender que o estrago fora feito praticando um esporte que é o que mais cresce no mundo e no Brasil, onde quase metade do público é feminino. Procuro me informar mais e descubro no Google outras reportagens e vídeos. Em um, que é saudado como "combate épico", um lutador desfere um pontapé na cara do outro. São dois brasileiros famosos e a cena mostra como um deles, Anderson Silva, acertou "um chute frontal no queixo do compatriota Vítor Belfort". O texto fala com empolgação em "chute espetacular", "cinematográfico", e eu, por fora, fico sem entender, já que para mim "chute espetacular e cinematográfico" é o que alguém dá na bola, não no queixo do outro (um detalhe: o lutador estirado no chão, inerte, parece desacordado, mas continua recebendo socos na cabeça. Pelo menos mais dois).

O velhinho aqui, desatualizado, gostaria de saber se as jovens aficionadas, que são muitas, sonham com seus filhos fazendo carreira nesse esporte.

Caiu, ou está caindo, espero, o ditador mais antigo do mundo: Kadafi, 69 anos e 42 de poder. O mais velho renunciou há seis meses, Hosni Mubarak, 82 anos e 30 como déspota (ambos são também os mais ricos). Quando Kadafi subiu em 1969, Fidel já dominava Cuba havia uma década. Se não tivesse passado o governo para o irmão, ele, sim, seria o ditador mais idoso, com 85 anos. É bom advertir, porém, que o vírus da tirania não é exclusivo da senectude. Ele costuma atacar cedo.

MARCELO COELHO - Outra arte

Outra arte
MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 24/08/11 

Estamos sempre perdendo, o mais difícil é levar as coisas para o lado pessoal na arte de agradecer


Chaves, celulares, óculos; não importa. Perca uma coisa por dia, recomenda Elizabeth Bishop (1911-1979) num poema famoso. Existe, diz ela, a "arte de perder", cujo aprendizado não é difícil.
Estamos sempre perdendo. Já perdi uns três celulares, sem contar o carregadorzinho que acompanha cada um, e que é sempre diferente. Nem falo das máquinas fotográficas digitais, dos seus carregadores e dos fios que servem para ligá-las ao computador. Se não as perco, logo se quebram. Como não adianta mandar para o conserto, estão perdidas de qualquer jeito.
As próprias fotos, transferidas para o computador, nem por isso estão guardadas. Perderam-se em alguma pasta de arquivos; se não tenho paciência para procurá-las, perdidas ficarão.
Isso no que se refere à arte de perder. Existe outra arte, todavia, um pouco mais difícil, e outro poeta, um pouco menos direto, se ocupou dela.
É a arte de agradecer. Acho que William Wordsworth (1770-1850) se referia a isso quando escreveu, depois de um passeio campestre: "Tudo o que contemplamos está cheio de bendições".
Claro, quando se tem 28 anos (a idade de Wordsworth quando escreveu "Tintern Abbey") e se está diante de uma paisagem verdejante, não é injustificado reconhecer, com a calma intensidade do poeta, que "all which we behold is full of blessings".
Mas ele sabia do que estava falando. Não ignora, no mesmo poema, "o peso moroso e duro de todo este inexplicável mundo", nem tudo o que já tinha perdido desde sua infância, livre e selvagem, naqueles mesmos campos da Inglaterra.
Ainda assim, ele quer agradecer -e esse aprendizado tem um bocado de religioso. A coisa toda está acima das minhas forças, mas não custa treinar de vez em quando.
No trânsito, na fumaça e na chateação de São Paulo, tenho topado com não sei que tipo de árvore, floridíssima, numa cor clara de rosa quase branca. Não basta, acho, pensar: "Olha aí, bonita essa árvore".
Ajuda imaginar que é um presente. Se não de Deus, que seja da prefeitura, não importa. É bom levar as coisas para o lado pessoal, como fazemos tão facilmente diante de infelicidades diversas. "Essa árvore está aí para mim." Agradeço.
Convém não exagerar. Li outro dia que um cidadão paulistano, acordando feliz para ver a bela figueira centenária que tinha diante da janela do apartamento, teve a ingrata surpresa de vê-la derrubada.
Era cupim; era o vento; até aí, nada de mais, mas o chato é que seu carro tinha ficado embaixo. Por esse tipo de coisa, conheço um colega carioca que, todos os dias, quando acorda, dá graças ao destino por não ter nascido paulista.
Eu estava dizendo que já perdi três celulares, mas (para entrar enfim no tema deste artigo) eis aí uma perda que não lamento. Na verdade, o que desejo agradecer aqui é o fato de não precisar de celular.
Entendo que um médico, um advogado criminal ou um corretor de imóveis não possam viver sem celular. Já pensei em abandonar até o telefone fixo, que me sobressalta a cada chamada (por que não mandaram um e-mail?). Enquanto isso não acontece, o celular fica bem desligadinho, lá onde não sei onde ficou.
Não nego as vantagens do aparelho. Você pode usá-lo em todo lugar. Você também se torna onipresente. É, assim, um multiplicador de espaço.
O telefone móvel, como o automóvel e qualquer outra coisa que termine em "móvel" serve para isso mesmo. Livra-nos da casa, dos fios, das tomadas, do lugar, do terreno, até do computador.
E o próprio computador, observo de passagem, já se livra de si mesmo graças à computação "em nuvem" -seus arquivos e programas vão literalmente para o espaço, ou melhor, para a ausência de lugar, para um espaço invisível, abstrato, nenhum.
Chego então ao paradoxo. Com a onipresença conquistada, com a multiplicação de um lugar em todos os lugares possíveis, com a mobilidade geral de tudo, é o tempo que se reduz.
Cada celular é um roedor de tempo, e o cidadão, para estar acessível e ser acessado em todos os lugares, paga o preço de viver espremido, sem ar, numa cela minúscula de poucos minutos por vez.
Seria o caso, então, de aprender com as árvores, que têm muito tempo para crescer e florir, por estarem fixas no espaço, presas às suas raízes. A menos, claro, que desabem de repente.

ILIMAR FRANCO - O revolto PMDB


O revolto PMDB
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 24/08/11

O vice Michel Temer não conseguiu conter a ala do PMDB que contesta a hegemonia do PT no governo. Um grupo de 35 deputados fechou questão a favor da votação da Emenda 29 (Saúde) e coleta a assinatura dos demais 44 deputados da bancada. Eles ameaçam entrar em obstrução após votar o Pronatec e o Supersimples. O líder Henrique Alves (RN) negocia com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) saída que evite o impasse. Ressentimento com a hegemonia petista
A ala descontente do PMDB, reunida por quatro horas anteontem à noite com o vice Michel Temer, reclamou: 1. "a participação do PMDB no governo Dilma (ministérios) foi reduzida em relação ao governo Lula"; 2. "não participamos da definição das políticas públicas, como os planos Brasil Sem Miséria e Brasil Maior"; 3. "nossa preocupação é com a força política do partido nas eleições municipais". Temer pediu calma e ponderou que "gradualmente exerceremos maior influência no governo Dilma". No governo Lula, o PMDB não integrou o primeiro ministério de Lula. Só foi integrado depois do mensalão.

"Confio no império do bom senso" - Edison Lobão, ministro (Minas e Energia), apelando para um entendimento entre os estados para a distribuição dos royalties.

FORA DE CONTROLE. Os tucanos não se conformam com a posição adotada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, contrária à instalação de uma CPI da Corrupção. Cobrado pelo presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), na foto, Fernando Henrique afirmou que cabe ao partido decidir sobre a realização ou não de uma CPI, mas que ele, pessoalmente, vai apoiar a presidente Dilma sempre que achar que ela está certa.

Firmes e frouxosA cúpula do DEM chamou os líderes do PSDB para uma reunião ontem à tarde. O Democratas reclamou da tibieza da oposição do PSDB e cobrou um maior engajamento dos tucanos na luta para criar a CPI da Corrupção no Congresso.

NeutraOs partidos foram informados, pelo Palácio do Planalto, que a presidente Dilma não está apoiando nem vai apoiar nenhum dos candidatos à vaga de ministro do TCU. Ela não quer que o governo se envolva. Há vários candidatos aliados.

O PPS e o regime militarO PPS bateu cabeça ontem na Câmara. Quando o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tentou impedir os funcionários dos Correios de assistir à sessão, o presidente do PPS protestou: "Não imaginava que o PT um dia ia fechar as galerias. Isso acontecia no regime militar". Mais tarde, ao defender a permanência dos mesmos funcionários, o líder Rubens Bueno (PR) disse: "Nos bons tempos da ditadura militar esse plenário ficava lotado. Na ditadura, os militares, à paisana, enchiam essas galerias e ouviam a oposição".

Me dê motivoDo líder do PMDB, Henrique Alves (RN), para a vice da Câmara, Rose de Freitas (ES): "Você quer tirar o Pedro Novais do Turismo. Ele é um companheiro de seis mandatos. O partido não vai virar as costas para ele. Ele não foi citado pela PF".

VetoAo pedir para conversar com o PSDB sobre a criação da Comissão da Verdade, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) perguntou se poderia levar o ministro Celso Amorim (Defesa) e o assessor especial José Genoino. Ouviu um não.

APONTADO como candidato que poderia unir o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) na eleição para a prefeitura de São Paulo, o Senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) terá de transferir seu título para concorrer. Seu domicílio eleitoral é de São José do Rio Preto.

O EX-MINISTRO Nelson Jobim continua participando das reuniões da Afirmação Democrática, ala do PMDB formada por ex-eleitores do tucano José Serra.

GOVERNADORES de 21 estados querem mudar o indexador de suas dívidas de IGP + 6% para IPCA + 2%.

ROBERTO DaMATTA - Conflito de interesse


Conflito de interesse
ROBERTO DaMATTA
O Globo - 24/08/2011

Aexpressão é parte do vocabulário dos sistemas políticos que perseguem um equilíbrio inalcançável entre pontos de vista particulares e o sistema que os sustenta em sociedades movidas por competição eleitoral. Quando não há competição eleitoral (como ocorre no liberalismo) há equilíbrio, mas, em contrapartida, não há conflito de interesse já que o interesse do Grande Irmão ou do Partido despoticamente sufoca tudo.

Mas no liberalismo de Montesquieu há, de um lado, a motivação por ganhos e, de outro, a consciência das implicações (e dos custos) da realização dessas motivações para a coletividade. E quando o Fulano ou o Sicrano souberem? Será que a proposta está de acordo com as normas do sistema? Questionam todos os interessados que querem realizar o seu empenho, o qual demanda visibilidade, pois o sistema precisa, como num jogo de futebol, de testemunho público e de "transparência". O que poderá ocorrer se eu for contratado em surdina, digamos, pelo Ministério do Turismo, para planejar o panorama do turismo no Brasil nos próximos quatro anos pela modesta quantia de 50 milhões de reais? Como ocorreu a contratação? Quem a propôs? Que tipo de relacionamento eu teria com certas pessoas do Ministério? Quem competia comigo ou quem inventou a ideia e assim por diante são perguntas mais do que legítimas que surgem aos berros ou sussurros, buscando a legitimidade (ou a face externa) do processo. Porque a legitimidade (uma dimensão capital das ações sociais que Max Weber suscitou na sua obra) diz respeito a presença do público ou da totalidade nos processos sociais. Eu posso fazer sozinho mas quem aprova comprando, lendo ou apoiando é a sociedade! A legitimidade fala da reação da coletividade diante dos fatos que ocorrem no seu meio. Se os fatos forem opacos ou bizarros (como pode um pessoa enriquecer 20 vezes em 2 dias; ou porque os "parques de diversão" se transformaram em "parques de aflição" na cidade do Rio de Janeiro), eles trazem de volta a lógica do bom-senso - a voz do todo ao qual também pertencemos.

O poder passou do carisma e da tradição (as pessoas nasciam, não se elegiam reis...) ao sistema burocrático-legal que se interpõe e administra os eternos conflitos entre os interesses particulares e a moralidade coletiva. As leis feitas para todos e o seu aparelho institucional são as almas do sistema democrático. Os interesses são as mãos visíveis dos desejos legítimos (ou escusos) de enriquecer e de ter sucesso. O problema é saber o que, como e quando tais interesses se sustentam num jogo no qual muitos agentes começam a oferecer simultaneamente os mesmos bens e serviços de modo cada vez mais igualitário e impessoal ao estado e ao "governo".

Impossível, porém, perceber conflito de interesses num sistema familístico no qual os governantes se apossavam do governo e do "poder", concebido como um modo de liquidar adversários, de ajudar parentes, partidos e amigos; e de aristocratizar quem o alcançava. Nesta concepção não havia uma diferença entre interesses do todo (ou da sociedade) representado pela administração pública e os interesses do "governo" que se confundiam com os segmentos certos de que "agora é a nossa vez".

Antigamente havia quem não pagasse imposto de renda no Brasil. Hoje todos pagamos impostos - muitos impostos. A teoria é puro bom-senso: paga mais quem ganha mais; e os impostos pagos são redistribuídos em bens e serviços que contemplam todo o sistema engendrando interdependências. Antigamente prestávamos mais atenção a cobrança; hoje - eis a revolução - prestamos muito mais atenção a redistribuição! A partir da vivência com um mundo mais transparente, repleto de problemas e informatizado, ficou claro que o tal "estado" - esse engenho que recolhe e usa os dinheiros de todos - não funciona pensando na coletividade que ele representa e deve servir, mas opera claramente em benefício de uma outra entidade que nós, no Brasil, chamamos de governo e que é, de fato, uma das encarnações mais negativas, senão a mais negativa do estado entre nós.

É precisamente isso que precisa ser mudado. Não dá mais para continuar a operar num sistema político no qual "ter poder" é distribuir cargos em vez de usar esses cargos como instrumentos de gerenciamento público. Não é mais possível pensar o "poder" como algo ao sabor de pessoas, partidos e interesses - como um recurso para aristocratizar grupos que dele fazem parte por nomeação, vínculo ideológico ou eleição. Está passando o tempo no qual o governo podia ser "dono do Brasil" e como tal gastar bastarda e irresponsavelmente o fruto do nosso trabalho, ignorando o país e pensando exclusivamente nos seus comparsas. O limite da demagogia que inventou esse híbrido de eleição, populismo e coalizão semipatriarcal tem tudo a ver com a incoerência entre pessoas e papéis. Afinal, um ator medíocre não pode interpretar Hamlet, do mesmo modo que é preciso fazer com que o estado e, sobretudo, o governo sejam servidores da sociedade, a ela devolvendo o resultado do trabalho de seus cidadãos comuns. Afinal, a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. Essa é a questão!

JOSÉ SIMÃO - Uau! Gaddafi parece Seu Madruga!

Uau! Gaddafi parece Seu Madruga! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 24/08/11

A coisa mais difícil é encontrar o Gaddafi porque todo mundo só fala Alá; tá mais pra Alá do que pra cá!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Mulher esfaqueia marido no Rio Grande do Sul". Local do crime? Parque da Harmonia.
E a melhor jogadora de futebol da Espanha se chama Verónica Boquete. Já imaginou o Galvão? "Boquete pode, Arnaldo?" Rarará! E essa: "Lula diz a Marta que candidato a prefeito deve ter cara nova". Mas não é o que ela vem tentando fazer? Ter uma cara nova?! Rarará!
E o Gaddafi? O Kagadafi! A coisa mais difícil é encontrar o Gaddafi porque todo mundo só fala Alá. Onde tá o Gaddafi? Alá! Mas não era aqui? Não, alá! Alá ele! Aliás, ele tá mais pra Alá do que pra cá! E adoro os nomes das cidades: Misrata. Pelas bombas devia ser Mismata. E Brega? Deve ser em homenagem ao próprio Gaddafi. O ditador mais brega do mundo!
E um amigo meu quer um míssil emprestado da Otan pra jogar na casa da sogra dele: "Não aguento mais comer aquele maldito suflê de abobrinha". Ele está escondido no porão do Habib's! Por R$ 0,49!
Eu acho que os rebeldes vão moer o Gaddafi pra fazer esfirra! E vão jogar o Gaddafi no mar também, como o Bin Laden? No mar Morto?! E essa: "Sarney usa helicóptero do Maranhão em viagem particular". Típica notícia boba! O Maranhão é particular. Tanto que o Sarney mudou o nome pra MYranhão!
E adorei essa: "Helicóptero que transportou Sarney teve uso inadequado". Já sei, emprestou o helicóptero para o Gaddafi fugir! Uso inadequado? Usaram como banheiro químico? Rarará! Estou lendo um livro sobre os Kennedy e, perto deles, a família Sarney deve ser canonizada. Agora sou pela canonização da família Sarney! Rarará! Como diz o outro: não dá a ideia! É mole? É mole, mas sobe! Os Predestinados! Mais três para a minha série os Predestinados! É que em Fortaleza tem um proctologista chamado doutor Regadas. Rarará!
E direto de Portugal: tenente da brigada de paraquedistas: Jorge ALTURAS! E a mãe: "Meu filho, vais te chamar Jorge Alturas e vais pular delas". E não se esqueça de abrir o paraquedas. Rarará!
E uma leitora mandou avisar que o concunhado dela se chama Roberto Pinto Alegria. A alegria da casa. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MARTHA MEDEIROS - A idade do posso tudo

A idade do posso tudo 
MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 24/08/11

Ela tem algo em torno de 70 anos, mas parece menos, como é comum hoje em dia. Dinâmica, é daquelas mulheres de personalidade que sabem conduzir uma boa conversa. No entanto, passei a reparar que suas opiniões, outrora expressadas de forma elegante, entraram no estágio “faca na bota”.

Ela mesma deu a pista sobre o que estava acontecendo, depois de ter feito um comentário certeiro, porém bastante duro a respeito de uma amiga: “Agora eu falo mesmo, tenho idade pra isso”.

Esse episódio me voltou à lembrança quando li recentemente a notícia de que o ator Gerard Depardieu não acatou o pedido de uma comissária de bordo para que ele aguardasse a decolagem antes de ir ao banheiro: ele simplesmente urinou no corredor da aeronave, diante de outros passageiros.

Se estava tão apertado, deveria ter entrado no banheiro mesmo assim, ninguém iria segurá-lo à força, mas partir para a provocação me pareceu arrogante, a mesma arrogância que tenho percebido em pessoas que, diante da maturidade mais que estabelecida, julgam-se acima do bem e do mal.

Conheço pessoas de 85 e até de 90 anos que, se não esbanjam saúde, seguem firmes e fortes sobre as próprias pernas e com a cabeça igualmente funcionando bem. Aquela caricatura dos avós de cabelo branco, com as costas arqueadas, arrastando os pés e extremamente rabugentos é apenas isso, uma caricatura. Vovós, hoje, estão tendo que apresentar a carteira de identidade no caixa do banco para provar que têm direito a fila especial.

Ainda assim, a idade manda recado. Os joelhos já não reagem como se espera, a memória fica difusa, as chances de ser olhado com algum desejo pelo sexo oposto caem drasticamente e o futuro, bem, o futuro não é mais representado por uma infinita highway, e sim por uma estradinha de tiro curto e com placas avisando: atenção, curva perigosa.

O maior benefício de ter vivido tanto é, de fato, a sabedoria acumulada. Só que alguns optam por jogá-la na cara dos outros com as palavras mais afiadas que encontram, como se a sabedoria fosse um instrumento de desforra.

O caso do ator francês é diferente, não há sabedoria nenhuma na sua transgressão, mas é outra amostragem do “dane-se” que acomete muita gente madura. Ao alcançar uma idade avançada, parece que a elegância deixa de ser essencial para o convívio. Depois de ter passado a vida obedecendo regras e sendo cordato, o sujeito sente-se autorizado a fazer a macaquice que quiser – como faria o adolescente que ele já foi.

De minha parte, não me vejo na iminência de rodar a baiana por direito adquirido com a idade, mas vá saber daqui a alguns anos. De boa moça a bruxa azeda, a transformação pode se dar do dia pra noite. Basta um convite para confrontar-se com a própria finitude.

MÔNICA BERGAMO - REGIME LIBERADO


REGIME LIBERADO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 24/08/11

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve recuar da decisão inicial de proibir todos os remédios para emagrecer. Parecer técnico que será submetido à diretoria do órgão retira derivados anfetamínicos do mercado (como femproporex e dietilpropiona), mas permite a comercialização da sibutramina.

REGIME 2
Proibida em países da Europa, a sibutramina (vendida com nomes comerciais como Biomag, Sibus e Slemfig) continuaria sendo comercializada no Brasil, mas sob controle mais rígido. Ao receitá-la, o médico teria que assinar um termo de responsabilidade. E o paciente, outro termo dizendo que recebeu todas as informações sobre os riscos do uso da substância, em especial em pacientes com cardiopatia pré-existente.

REGIME 3
O relatório técnico da Anvisa será submetido à votação da diretoria no dia 30.

PROVA
O ministro Fernando Haddad recebe hoje os representantes de 70 mil professores das universidades federais. Deve manter a proposta de reajuste de 4% em seus salários, mais incorporação de gratificações. Os docentes ameaçam entrar em greve e fazer ruído na pré-campanha dele à Prefeitura de SP.

PROVA 2
Um professor-auxiliar recebe, nas federais, salário inicial de R$ 2.762. Os titulares, R$ 11.755.

SONO BOM
O governo vai renovar o enxoval dos aviões da Presidência da República. Serão comprados oito jogos de lençol 100% algodão, com fios penteados em cetim de cores suaves (vinho, branco, bege, marfim, azul e terra), e oito jogos de lençol 600 fios, 100% algodão egípcio, de textura acetinada e cores nobres (branca, marfim e cáqui). E também toalhas de fios penteados em cetim.

SONO BOM 2
Na encomenda foram incluídos 300 travesseiros e 300 mantas. A compra, no total, deve custar R$ 96 mil.

SHALOM, SHALOM
A CIP (Congregação Israelita Paulista), que tem como secretário Luiz Eduardo Gross, comemorou 75 anos de existência com o show "Acordes pela Paz", no Teatro Bradesco, anteontem. A cantora Fabiana Cozza e o grupo The Voices of Peace Choir se apresentaram.

DENISE, A PERFORMÁTICA
A dramaturga, atriz e diretora Denise Stoklos estreou o espetáculo "Preferiria Não?", no fim da semana, no Sesc Consolação. O ator Fernando Alves Pinto e a estilista Fernanda Yamamoto circularam pelo teatro.

CAZUZA MERCURY
A ONG inglesa mantida pela família de Freddie Mercury, que cuida de pessoas que têm HIV, decidiu apoiar financeiramente a Sociedade Viva Cazuza no Brasil. A entidade internacional também fará uma campanha com imagens de celebridades brasileiras como Gilberto Gil usando o bigode de Mercury e a bandana de Cazuza para chamar a atenção da população para a causa.

AMAZÔNIA QUE SONHA
O cantor e ativista americano Michael Franti colocou em sua página no Facebook uma foto em que aparece protestando contra o desmatamento da Amazônia em frente ao consulado brasileiro em San Francisco, nos EUA, na semana passada. Franti se apresenta no festival SWU, em Paulínia, no dia 12 de novembro.

VASSOURADAS
Em entrevista que irá ao ar hoje na rádio Bandeirantes, Dirce Tutu Quadros, filha do ex-presidente Jânio Quadros, fala sobre o alcoolismo do pai. "Ele tomava uísque junto com o café da manhã." Ela diz que a renúncia dele à Presidência, que completa 50 anos, roubou "minha infância e juventude" e que Jânio era "dominado" pelo então ministro da Justiça: "Ele não almoçava nem jantava sem a permissão do Oscar Pedroso Horta".

RSVP
Os designers Fernando e Humberto Campana confirmaram presença na abertura de "Anticorpos", retrospectiva sobre a obra dos irmãos.


Será no CCBB de SP, no dia 5 de novembro.

CURTO-CIRCUITO

O primeiro volume da coleção "Direito Penal" (GZ Editora), coordenada por Miguel Reale Jr., será lançado hoje, das 19h às 22h, na Livraria da Vila dos Jardins, na alameda Lorena.

A galeria Mezanino, de Renato de Cara, mudará de endereço, em setembro, para a rua da Glória, no bairro da Liberdade.

O pianista Marcelo Bratke e a artista plástica Mariannita Luzzati farão o concerto "Cinemúsica", para convidados, no coquetel de lançamento da cadeira Oswaldo Bratke, hoje, na Etel Interiores.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Consumo industrial de energia cresce apenas 2%
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 24/08/11

O consumo industrial de energia no Brasil apresentou crescimento abaixo do estimado no primeiro semestre. Foi de apenas 2% a alta no consumo das unidades industriais, ante os primeiros seis meses do ano passado, segundo índice da gestora independente de energia elétrica Comerc Gestão.
"No início do ano, a previsão para o setor era de cerca de 5%", diz Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc. Neste mês, o crescimento foi revisado para baixo pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), de 5% para 3,9%. Também foi revisto pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), que havia previsto alta de 5,4% na demanda de eletricidade no país em 2011, mas reduziu para 3,6%. Para o segundo semestre há esperança de que o nível se eleve. Costuma haver elevação pelos setores ligados a refrigeração e pelo aquecimento do comércio.
"Boa parte do crescimento insatisfatório foi causado pela crise internacional. Houve queda nas Bolsas, redução da atividade nos EUA, na Europa e no Japão e câmbio valorizado", diz Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc. Entre os setores de maior impacto estão têxtil, eletroeletrônicos e químico, nos quais o câmbio exerce influência. Eles são mais vulneráveis à concorrência de importados, que atrapalham o ritmo de produção local. Entre os destaques positivos estão vidros e material de construção civil, estimulados pelo crescimento brasileiro.

TEMPERO MINEIRO
A Laticínios Porto Alegre abre em setembro seu novo complexo industrial, na cidade de Ponte Nova (MG). O projeto, de 170 mil metros quadrados e que recebeu investimentos de R$ 50 milhões, permitirá que a companhia dobre a sua produção. A unidade abrigará três fábricas: de queijos, de soro de leite em pó e de rações. A produção de alimentação para gado visa atender a demanda de fornecedores de leite.
O objetivo da empresa é aumentar sua participação de mercado em Espírito Santo, Minas e Rio, principalmente com derivados do leite de maior valor agregado, como requeijão e manteiga. O projeto ainda prevê a produção diária de 150 mil litros de leite longa vida. Além da sede em Ponte Nova, a companhia também tem fábrica em Mutum (MG). A principal concorrente da Laticínios Porto Alegre é a Itambé, além de pequenas fábricas de queijo de MG.

UM POR TODOS
A CMA, especializada no desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para o mercado financeiro, lança amanhã um pacote de soluções para o setor. Foram investidos R$ 53 milhões para criar um programa que unifica os sistemas usados pelas corretoras e facilita a administração de contas, segundo a empresa. Entre as plataformas que serão lançadas está um dispositivo de segurança para gestores de fundo. "As tecnologias nascem, mas leva tempo até que sejam popularizadas. Não espero retorno imediato", diz o presidente da empresa, José Juan Sanchez.

Exportação de máquina pesada sobe, mas deficit permanece

Diferentemente do que vinha ocorrendo há alguns anos, a exportação de bens de capital sob encomenda cresceu com mais força que a importação no país nos primeiros sete meses deste ano. Apesar da alta nas vendas de maquinário pesado ao exterior, o deficit comercial, ainda que um pouco menor, permanece no setor, segundo a Abdib (associação de infraestrutura e indústria de base).
O saldo da balança está negativo em US$ 524,8 milhões de janeiro a julho deste ano, ante US$ 577,8 milhões em igual período de 2010. O resultado, porém, ainda não deve ser tomado como tendência de que a balança possa ser revertida no curto prazo, segundo a Abdib. De janeiro a julho, as exportações foram de US$ 2,9 bilhões, alta de 26% em relação aos sete primeiros meses do ano passado. As importações somaram US$ 3,4 bilhões, 19% superior em relação a igual período de 2010.

Economia mundial deve ter incremento de 2,5% em 2011

A economia global deve fechar o ano com crescimento de 2,5%, de acordo com novo estudo da EIU (Economist Intelligence Unit). África subsaariana e Améria Latina serão as responsáveis por alavancar o incremento econômico, com 4,6% e 4,2%, respectivamente. Ásia e Austrália, que juntas cresceram 6,5% no ano passado, devem ter uma expansão bem mais modesta em 2011, de 3,7%. As conhecidas crises nos EUA e na zona do euro são apontadas como causas do fraco desempenho da economia. A desaleração do Brasil e da China também colaborou para a queda no crescimento global, segundo a EIU.
O estudo prevê crescimento ainda menor para 2012 (de 2,4%). A economia europeia deve ter o ritmo mais lento entre todas (1,3%).

VIVAS PARA O PROER
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, e os ex-diretores Claudio Mausch, Alkimar Moura e Luis Carlos Alvarez recebem no dia 31 uma homenagem da Câmara Municipal do Rio.
Um conjunto de medalhas será entregue em reconhecimento pela formulação e pela implementação do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional). "Quase 15 anos depois, todos nós estamos fora do governo", lembra Mausch. "Uma de nossas falhas, talvez, tenha sido a falta de uma melhor comunicação."
Para o ex-diretor de Normas e Fiscalização, todo programa governamental para o sistema financeiro já nasce antipático. "Talvez seja algo característico dos bancos", observa ele. "Houve uma forte crítica inicial, tão grande quanto o desconhecimento do que era o próprio Proer."

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA


Freio de arrumação
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 24/08/11

Incomodada com os sinais de que a guerra interna das bancadas tornou-se fator de desestabilização de ocupantes da Esplanada, Dilma Rousseff mandou avisar aos deputados que, em seu governo, partidos indicam ministros, e só. Depois de nomeados, disse ela a auxiliares, não cabe aos parlamentares tirar do cargo. Lembrou que o regime é presidencialista.
Dirigido especialmente ao PMDB de Pedro Novais (Turismo) e ao PP de Mário Negromonte (Cidades), o recado se inscreve no esforço, vocalizado ontem pela ministra Ideli Salvatti e pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), para acalmar aliados com a mensagem de que a "faxina" acabou.


Entendeu? Do líder Henrique Alves (PMDB-RN) para Rose de Freitas (ES), que havia cobrado a saída de Pedro Novais: "Dilma quer mantê-lo. Dez ou 15 deputados não vão mudar isso".

Baixa De um cardeal peemedebista, na posse de Mendes Ribeiro: "Perdemos o Ministério da Agricultura". A aposta é que o gaúcho será menos PMDB e mais Dilma".

Pelos ares Na posse, estavam lado a lado o ex-ministro Wagner Rossi, Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e José Sarney. Com tantos casos sobre aviões e helicópteros a explicar, alguém na plateia disse: "É a bancada aérea".

Papel passado Dilma só receberá o PR quando a "independência" for oficialmente revogada. Até lá, Ideli se encarrega do partido.

Passivo Quando presidente da Conab, Rossi nomeou a lobista Ana Lúcia Curado para cargo de confiança. Em 2010, quando já estava na estatal, ela teve rendimentos com sua empresa de lobby declarados no IR.

Composição Se o PMDB mantiver a indicação de Eduardo Cunha (RJ) para relatar a reforma do Código de Processo Civil, João Paulo Cunha (PT-SP) não aceitará a presidência da comissão especial que analisará o tema.

Simbólico Um observador do protocolo de Lula notou: o ex-presidente recebeu os pré-candidatos do PT à prefeitura paulistana, anteontem, na ordem decrescente de sua preferência (Fernando Haddad, Carlos Zarattini, Jilmar Tatto e Marta Suplicy). Não que Lula queira qualquer um que não o ministro da Educação.

Inflamável É consenso que Marta se inviabilizou dentro do PT, mas quem a conhece diz que, se o processo não for conduzido com a devida liturgia, ela tem bala para causar muito estrago.

Meia volta Depois das seis defecções em sua bancada, o PSDB paulistano está próximo de recuperar o vereador Juscelino Gadelha, um dos que se rebelaram contra a eleição da nova cúpula tucana. O retorno é costurado por Alberto Goldman.

Alta velocidade Ao sancionar hoje a Aglomeração Urbana de Jundiaí, Geraldo Alckmin anunciará a construção do trem ligando a cidade a São Paulo, trajeto percorrido em 23 minutos, em velocidade de até 160 km/ h. A obra, de R$ 1,9 bilhão, ficaria pronta em 2014.

Bancada Dos oito deputados federais do PSDB-SP barrados nas urnas, só Renato Amary e Walter Feldman, que deixaram o partido, e Arnaldo Madeira, afastado da vida pública, não foram acolhidos por Alckmin. O tucano instalou ontem Antonio Pannunzio no Memorial da América Latina. Lobbe Neto (Cepam), Fernando Chucre (Serra do Mar), Sílvio Torres (Habitação) e Vanderlei Macris, promovido à Câmara, já estavam contemplados.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"Se um dia houver uma CPI da Carona, não sobrará um aqui no Congresso."
DO DEPUTADO ANDRÉ VARGAS (PT-PR), ironizando as cobranças da oposição ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações), que ontem foi questionado na Câmara sobre o uso do avião de um empresário na campanha de 2010.

contraponto

O outro


Em evento promovido pela Advocacia-Geral da União ontem em Brasília, a ministra Iriny Lopes (Mulheres) discursava sobre a participação feminina nos espaços de decisão. Em dado momento, ela se dirigiu ao titular da AGU, que estava a seu lado:
-Isso significa, meu caro Lula...
Em meio ao riso dos presentes, a ministra se corrigiu, lembrando que Luís Inácio Adams tem o mesmo prenome do ex-presidente. Gentil, Adams arrematou dizendo considerar "uma honra" ser chamado de Lula.

DORA KRAMER - Uma mão suja outra


Uma mão suja outra
DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 24/08/11

A regra é clara: o salário mais alto a ser pago no funcionalismo público é o equivalente ao que recebem os ministros do Supremo Tribunal Federal, hoje fixado em R$ 26.723,13.

Embora seja o que diz a Constituição, não é o que ocorre no Senado nem o que pensa o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região, que cassou a liminar de um juiz de primeira instância proibindo - a pedido do Ministério Público - o pagamento de salários acima do teto a cerca de 700 dos 3 mil funcionários do Senado, que acumulam vantagens e benefícios e chegam a receber R$ 35 mil por mês.

O cálculo é estimado porque a Casa presidida por José Sarney não fornece o dado correto nem aos órgãos de controle, em outra transgressão constitucional, desta vez ao preceito da transparência que deve nortear a administração pública.

A decisão ainda não é final, mas de qualquer forma evidencia um conluio entre os Poderes Judiciário e Legislativo em atuação na defesa de seus próprios interesses.

A Mesa do Senado, ao recorrer da primeira sentença, mostra total desapreço pela palavra empenhada - e pelo dinheiro gasto com serviços contratados à Fundação Getúlio Vargas - de fazer uma reforma administrativa e controlar os gastos.

O tribunal, por sua vez, agiu também em causa própria: procura agradar ao comando do Senado na expectativa de que venha a ser agraciado por ele com apoio à elevação do teto salarial. Unem-se, assim, os dois Poderes, num esforço para agredir a lei e lesar o Erário.

A argumentação do presidente do TRF, Olindo Menezes, para cassar a liminar é um verdadeiro elogio à desfaçatez. Disse ele que manter a proibição do pagamento de salários acima do teto constitucional poderia "lesar a ordem pública", pois o "corte abrupto" inviabilizaria os trabalhos do Senado.

Corte abrupto? O tema está há meses em pauta. E ainda que a redução fosse repentina, no que isso prejudicaria o funcionamento do Senado superfaturado em efetivo e privilégios?

Certamente nenhum dos funcionários do Senado, detentores ou não de supersalários, se disporia a abrir mão de um emprego que não encontra paradeiro em matéria de condições vantajosas na iniciativa privada.

Ademais, o que lesa a ordem pública não é o cumprimento da lei, mas alianças nocivas entre instituições da República que avocam a si o direito de abusar de suas prerrogativas.

Ação temerária. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, apresentou suas credenciais para escolher relatores de projetos, ao justificar a indicação de Eduardo Cunha para relator da reforma do Código de Processo Civil: "Ele me pediu em fevereiro".

Ou seja, com o líder e deputado decano da Casa é assim: quem pedir leva. Independentemente da qualificação (ou desqualificação) para a tarefa.

Henrique Eduardo Alves bancou a indicação e também sustentou posição em favor da permanência de Pedro Novais no Ministério do Turismo contra a opinião de metade da bancada que lidera.

Vai cavando, assim, a abertura de larga cunha em seu projeto de presidir a Câmara na sucessão de Marco Maia. Se a bancada quiser, começa por destituí-lo da liderança já no ano que vem.

Se o líder apurar os ouvidos, ouvirá de liderados que o acordo feito com o PT foi o de contemplar "um" deputado do PMDB, não necessariamente "o" deputado Henrique Eduardo Alves.

No paralelo. O esforço do ex-presidente Lula para se manter no noticiário a fim de não perder os requisitos da perspectiva de poder é legítimo.

Mesmo que isso suscite suspeitas de que esteja em campanha para 2014 e reduza, assim, Dilma Rousseff à condição de uma presidente-tampão.

Mas, daí a despachar com ministros do governo dela cobrando informações e providências de forma a responder a cobranças de sua "base", vai uma boa distância.

Aquela que separa a atuação política com aspirações eleitorais aceitáveis do desrespeito à pessoa da presidente e à instituição presidencial.

JORGE WERTHEIN - Ciência, resiliência e inclusão social


Ciência, resiliência e inclusão social
JORGE WERTHEIN
O Estado de S.Paulo - 24/08/11

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançou recentemente o documento Against the Odds - Disadvantaged Students who Succeed in School (algo como "Contrariando as Probabilidades - Estudantes em Desvantagem que têm Êxito na Escola"). Baseada na análise do desempenho dos jovens submetidos ao Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), a organização revela que estudantes em desvantagem do ponto de vista socioeconômico podem destacar-se nos estudos quando expostos a maior carga horária de educação em ciências.

Segundo a OCDE, uma hora a mais de aulas regulares de ciências aumenta a probabilidade de um estudante ser resiliente, ou seja, superar obstáculos e ter bom desempenho. "Dadas as mesmas circunstâncias, políticas voltadas para esse objetivo (mais educação científica para os carentes) favorecerão a equidade nos resultados educacionais e impulsionarão a média do desempenho", diz o documento. Com o estudo a OCDE demonstra que as ciências podem ser mais um fator de inclusão social.

Em cenários de elevados índices de repetência e abandono escolar, o impacto positivo do ensino de ciências pode ser ainda maior. Em outro documento, Pisa in Focus ("Pisa em Foco"), a OCDE analisa o impacto da repetência e conclui: 1) Índices elevados de repetência podem sair caro para os países; 2) em países onde mais estudantes repetem o ano o desempenho geral tende a ser menor, e a situação social tem impacto mais forte nos resultados da aprendizagem do que nos países onde há menos estudantes repetentes - os mesmos resultados encontram-se em países onde é mais comum transferir alunos fracos ou alunos-problema; 3) países com menos opções de transferir estudantes empregam outros meios de trabalhar com alunos com dificuldade, tais como dar mais autonomia às escolas para elaborar o currículo e as avaliações.

Nesse contexto, cabe lembrar que para bem educar meninos e meninas é indispensável investir tempo e recursos humanos e materiais na formação de professores, apoiando-os no processo de aprimoramento tanto da didática quanto do conteúdo das disciplinas científicas. São os professores que têm o poder de transmitir o desafio da ciência a seus alunos.

Além de estimular o espírito investigativo, o raciocínio lógico e o pensamento científico, úteis a qualquer domínio do saber, o aprendizado de ciências abre portas para um mercado de trabalho extremamente promissor. Dezenas de carreiras - antigas e novas - estão na área de ciências, a maioria delas sob forte demanda de profissionais qualificados, em especial nos países em desenvolvimento.

Resultado da Sessão de Alto Nível do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc), realizada em Genebra na primeira semana de julho, a declaração ministerial Implementando os Compromissos e Metas Acordados sobre Educação, em seu 9.º item (subitem h), compromete-se a "fortalecer as oportunidades para estudantes aproveitarem e contribuírem para a inovação científica e tecnológica e desenvolver estratégias para ampliar a participação de meninas e mulheres na educação científica e tecnológica". Trata-se, simultaneamente, de mais um compromisso e alerta para todos os países, especialmente os menos desenvolvidos e em desenvolvimento, sobre a relevância do papel da educação com foco nas ciências e na tecnologia.

Cabe chamar a atenção, no documento do Ecosoc, para a menção a "oportunidades", "estratégias", "meninas e mulheres". Em consonância com o que defende a OCDE, os ministros reunidos em Genebra enxergam a educação em ciências como oportunidade tanto de usufruir quanto de promover o desenvolvimento científico-tecnológico. Para isso julgam importante contar com a participação de meninas e mulheres e as incluem no texto porque reconhecem o fato de que, em muitos países, há preconceito e discriminação baseados em gênero, mesmo no âmbito educacional. Embora o segmento populacional, nesse caso, seja específico (mulheres), a lógica por trás do compromisso dos ministros é a mesma da OCDE: inclusão social por meio da educação em geral e da formação científico-tecnológica em particular.

Como se sabe, numa sociedade altamente informatizada e mediatizada, ser e sentir-se cidadão integrado depende, em grande parte, do domínio de códigos científico-tecnológicos, seja para ingressar e manter-se no mercado de trabalho, seja para administrar a vida pessoal. A própria interpretação dos fatos à volta demanda esse tipo de conhecimento. Portanto, a formação precária em ciências e tecnologia - ou, em casos extremos, a ausência dessa formação - implica dois níveis de exclusão social: um mais visível, que envolve dificuldades de inserção e ascensão no mundo laboral, e outro mais sutil, relacionado à capacidade de tomar decisões individuais conscientes, assim como de participar de importantes processos decisórios coletivos.

Portanto, quando a OCDE expressa a relevância de ampliar a dedicação dos estudantes à educação científica como forma de estimulá-los e torná-los mais resilientes, e o Ecosoc promove encontro ministerial no qual autoridades de alta patente se comprometem a elevar a qualidade da educação, inclusive e especialmente a científico-tecnológica, e incluir no processo meninas e mulheres, quando fatos como esses coincidem, torna-se ainda mais evidente a relação entre educação, ciência e inclusão social. Trata-se de visão ao mesmo tempo resultante e promotora da sociedade do conhecimento. É uma espécie de círculo virtuoso no qual o saber exige cada vez mais saber - desde que todos possam dele participar, ou não seria um círculo virtuoso.

MARCIA PELTIER - Preocupação social


Preocupação social 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 24/08/11

Violência e ilegalidade são os temas que mais preocupam os brasileiros, segundo o estudo Mood of the World, da empresa de pesquisa GfK, a quarta do mundo. O resultado contrasta com o ranking mundial, no qual inflação e alta de preços ocupam a primeira colocação, seguidos de recessão e desemprego. Foram ouvidos 32 mil consumidores em 25 países, de janeiro a abril deste ano. O uso de drogas, a Aids e a qualidade das escolas públicas também estão na lista dos cinco maiores problemas no nosso país.

Dinheiro no bolso

Na esfera econômica, embora o Brasil não tenha ficado imune à crise mundial de 2009, a pesquisa mostra que 75% dos brasileiros estão confiantes de que sua situação estará melhor daqui a um ano. A taxa nos deixa na segunda colocação em otimismo, ficando somente atrás da China entre os 25 países pesquisados.

Anônimas, não

O Observatório da Corrupção que o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, lança hoje, não permitirá, apenas, que a sociedade acompanhe – e possa a vir a pressionar – o andamento de processos já iniciados nessa área, como o do Mensalão. O site também acolherá denúncias, desde que devidamente identificadas, de novos casos de corrupção. Elas serão repassadas às autoridades competentes.

Primeiro terremoto

A carioca Daniella D. Rauch, moradora de New Jersey, passou, ontem, pela experiência do terremoto que sacudiu o leste dos Estados Unidos. Sentada no jardim de sua casa, ela sentiu a cadeira balançar e não acreditou. Quando tudo começou a mexer, saiu correndo para dentro de casa. “Pensei que fosse uma ventania como as do Brasil, mas tudo tremeu em seguida”.



Está escrito

O empresário Getúlio Dornelles Vargas Neto está prestes a sucumbir à herança sanguínea. Presente, hoje, em Natal, à abertura do congresso da Associação Norteriograndense dos Advogados Trabalhistas que homenageará Getúlio Vargas – cuja morte completa 57 anos – ele estuda convites do PT e do PDT para entrar na política. Enquanto isso não acontece, irá escrever um livro baseado nos textos deixados por seu pai, Maneco Vargas, que tal como seu avô, acredita-se que cometeu suicídio.

Paródias em cena

O humorista Fernando Ceylão assina a direção da comédia policial Assassinato no Motel, a partir de 7 de setembro, no Teatro Café Pequeno, no Leblon. Ele promete muita ação e agilidade na trama, que trata da morte de uma atendente de sexshop num motel chamado Amor em Fúria. “Quero ocupar todo o espaço físico da casa. O público fará figuração na peça’’, diz. “Misturei referências às comédias de que mais gosto para montar o espetáculo’’, resume.

Adrenalina

André Ramos, que sempre decorou com elegância os famosos réveillons que costuma dar ao lado de Bruno Chateaubriand, vai estrear este sábado profissionalmente. Levarão sua assinatura os arranjos de rosas vermelhas que vão enfeitar a noite black-tie no Intercontinental organizada pela 3RStudio em benefício do Projeto Uerê. A primeira vez já será na pressão: o salão onde acontecerá o jantar será liberado apenas duas horas antes do evento. A Chandon doará a bebida e o chef Demar, o menu. Todos os 120 convites, a R$ 200, foram vendidos.

Com a comunidade

Romero Britto decidiu comemorar o seu aniversário, dia 8 de outubro, na quadra da Renascer de Jacarepaguá, cujo enredo do carnaval de 2012 será sobre a vida do artista plástico. Na mesma data acontecerá a final do samba-enredo da escola, que estará estreando, no próximo ano, no Grupo Especial. Caberá a Britto fazer o anúncio do samba vencedor.

Livre Acesso

O advogado e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro Ronaldo Petis Fernandes está organizando um almoço em homenagem ao presidente do TJ do Rio, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, na próxima terça, dia 30, às 12h30. Na ocasião, Rebêlo receberá o diploma Mauá do presidente da entidade, o empresário Antenor de Barros Leal.

O Instituto Brasileiro de Medicina Tradicional Chinesa está com inscrições abertas para o curso de pós-graduação em Acupuntura e Shiatsu.

A Valen, multimarcas de Renata Franco e Marta Lahtermaher, lança hoje, no Shopping da Gávea a nova coleção da linha própria da dupla, em cores vibrantes como laranja, coral, pink e verde. A loja também estará com coleções das grifes John John,Raphael Falci, Juliana Jabour, GIG e Patrícia Viera, entre outras. A consultora de estilo estará dando dicas no local.

O poeta e ensaísta Antonio Cícero faz uma introdução aos principais conceitos da filosofia em um curso gratuito que vai ser realizado na Biblioteca de Botafogo, amanhã e dia 30.

A Diita, grife de Carol Marques e Bianca Castro, conhecida pelos vestidos de festas, lança nova coleção nesta quinta-feira, no Shopping da Gávea. Para a temporada primavera-verão 2011-2012, a marca aposta em vestidos tipo coquetel coloridos e traz como novidade uma linha de semi-joias, composta por anéis e brincos de pedras brasileiras e cristais Swarovski.

Luísa Angelete e Manoel Marcondes Neto, consultores de gestão e de produção cultural, lançam hoje, na Livraria Leonardo da Vinci, Economia da Cultura: contribuições para a construção do campo.

Diego Maia, presidente do Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas recebe nomes de peso no I Seminário Mundo Empresarial, hoje, das 16h às 20h, no centro do Rio.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

ROLF KUNTZ - Se as commodities caírem


Se as commodities caírem
ROLF KUNTZ
O Estado de S.Paulo - 24/08/11

O Brasil continua aproveitando a onda de bons preços internacionais para minérios, produtos agrícolas e bens intermediários. Cotações favoráveis são a principal explicação para o bom desempenho do comércio exterior, com exportação de US$ 157,6 bilhões de janeiro até a terceira semana de agosto - valor 31,3% maior que o de um ano antes - e superávit de US$ 18,4 bilhões. O resultado final do ano deverá ultrapassar o de 2010, US$ 20,2 bilhões. A última projeção do mercado financeiro é um saldo de US$ 22,8 bilhões. E se os preços caírem? As cotações tendem a manter-se ou a diminuir, segundo comentou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em depoimento no Congresso nesta terça-feira. Não virão, portanto, novas pressões inflacionárias desse mercado, segundo sua avaliação. Mas poderá - faltou acrescentar esse ponto - haver consequências indesejáveis nas contas externas. De janeiro a julho, o País acumulou um buraco de US$ 28,9 bilhões nas transações correntes com o exterior, equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2010, no mesmo período, a proporção foi maior, 2,4%. Houve melhora, portanto, graças ao crescimento do PIB, e esse déficit parece perfeitamente administrável. Mas como ficará a situação, se houver uma desvalorização das commodities?

É bom levar em conta essa possibilidade, por causa do risco de uma nova recessão nas economias mais avançadas e da perspectiva de menor crescimento chinês. Nos últimos três anos os termos de troca - relação entre preços de exportações e de importações - aumentaram 35%. Isso permitiu suportar o aumento de importações, principalmente de bens de consumo e bens intermediários, ocasionado pela expansão da demanda interna e pela valorização do real. O déficit na conta corrente voltou a crescer, mas se manteve em níveis considerados seguros. Mas convém pensar nas consequências de uma volta dos termos de troca a padrões menos favoráveis.

Se os termos de troca permanecerem constantes, o déficit em transações correntes cairá dos atuais 2,1% do PIB para 1,8% no próximo ano, segundo estimativa da Sobeet, a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica. Se convergirem para a média observada a partir de 2000, o buraco aumentará para 3,1% em 2012. Mas poderá chegar a 3,3% ou a 3,6%, no mesmo ano, se as médias forem aquelas dos períodos iniciados em 1990 ou em 1980. A manutenção de todas as demais variáveis, incluído o crescimento do PIB, é um dos pressupostos adotados para esses cálculos. Mesmo na pior hipótese, o déficit continuaria financiável em 2012, segundo os autores das projeções. Mas poderia haver problemas nos anos seguintes.

Outros economistas têm procurado estimar como ficariam as contas, no caso de uma alteração nos termos de troca. Se a relação entre preços de exportação e de importação estivesse na média de 1980 a 2010, o saldo comercial nos 12 meses terminados em julho seria um déficit de US$ 24,6 bilhões, em vez de um superávit de US$ 26,4 bilhões, segundo cálculo da Quest Investimentos citado pelo Valor.

O crescimento brasileiro, baseado principalmente no dinamismo do mercado interno, tem dependido, portanto, das condições excepcionalmente favoráveis do mercado de produtos básicos e bens intermediários. A demanda interna tem pressionado fortemente as importações. Neste ano, o gasto com produtos importados, mesmo sem grande influência de preços, foi até a terceira semana de agosto 28,2% maior que o de um ano antes. A diferença entre o valor exportado neste ano e o registrado em 2010 foi pouco maior - 31,3% - e é explicável essencialmente pelo aumento de preços internacionais. A relativa segurança das contas externas - com o déficit em conta corrente em nível ainda administrável - tem dependido, portanto, de fatores fora do controle dos brasileiros - o crescimento dos emergentes, especialmente da China, e seus efeitos sobre as cotações das commodities.

Esses fatores são reversíveis e já há quem preveja uma forte desaceleração da economia chinesa. Esse é o caso do professor americano Michael Pettis, da Universidade de Pequim, segundo reportagem da correspondente Claudia Trevisan, publicada no Estado de segunda-feira. Admitir a hipótese de um crescimento menor da China, pelo menos para montar uma estratégia defensiva, seria uma demonstração de prudência do governo brasileiro. Muito mais prudente, no entanto, teria sido um cuidado maior com o poder de competição da economia brasileira. Aproveitar a valorização das commodities é muito bom. Ruim é depender dos preços desses produtos e da fome de matérias-primas de umas poucas economias emergentes.