O agronegócio é o responsável, há anos, pelos sucessivos superavit da balança comercial
Quando a Unidos de Vila Isabel adentrou o Sambódromo, às 5h40 da terça-feira de Carnaval, já o personagem homenageado em seu samba-enredo, o homem do campo, estava em plena labuta.
Não pôde assistir ao vivo a homenagem. Acorda-se cedo no meio rural. Ao alvorecer, todos já estão a postos.
E mesmo feriados como o do Carnaval não interrompem a produção, que põe na mesa do brasileiro a melhor e mais barata comida do mundo.
O belíssimo enredo "A Caminho da Roça", com que a Vila Isabel venceu o desfile carioca, admirado em todo o mundo, fez, enfim, jus a um segmento da sociedade brasileira historicamente negligenciado (e vilipendiado) por parcela influente das classes cultas, em nome de interesses político-ideológicos.
A luta pela estatização do campo, projeto antigo da esquerda revolucionária, tenta atribuir ao produtor rural a responsabilidade pelas mazelas sociais do país, quando a realidade é justo o oposto.
Nenhum outro segmento contribui tanto para o desenvolvimento econômico e social do país.
Senão, vejamos: é o agronegócio o responsável, há anos, pelos sucessivos superavit da balança comercial brasileira e responde também por 30% dos empregos formais do país.
Nosso superavit anual nas exportações é de US$ 79,4 bilhões; o superavit final do país é de US$ 19,4 bilhões, o que significa que o agro financia os US$ 60 bilhões de deficit dos outros setores. Dá cobertura, por exemplo, aos US$ 22,2 bilhões que os turistas brasileiros gastam lá fora, enquanto os estrangeiros deixam aqui apenas US$ 6,6 bilhões.
Mais: o agro brasileiro é hoje modelo em todo o mundo. Estudo sobre produtividade agrícola em 156 países, publicado pelo Ministério da Agricultura dos Estados Unidos (USDA), constata que o crescimento desse setor entre nós foi, na década de 2000, de 4,04%, enquanto a taxa mundial no mesmo período foi de apenas 1,84%.
Deve-se isso ao aporte tecnológico e à dedicação ao trabalho -dedicação exaltada pelo enredo da Vila Isabel: "Semear o grão.../saciar a fome com a plantação/é a lida.../arar e cultivar o solo/ver brotar o velho sonho/alimentar o mundo/bem viver/a emoção vai florescer", diz um trecho do samba, cantado pelos milhares de foliões que lotaram as arquibancadas do Sambódromo.
Não obstante, ao setor se quer imputar a herança colonial-escravagista do país, rotulando-o como atrasado, quando, inversamente, é o que mais incorpora tecnologia de produção e mais investe no aprimoramento de sua mão de obra.
Acusam-no de predador ambiental, num país que preserva nada menos que 61% de seu território com cobertura vegetal nativa e utiliza menos de um terço (27,7%) para a produção de alimentos.
Nenhum outro país exibe números sequer aproximados.
A Amazônia, foco da cobiça internacional -e obsessão dos ambientalistas a serviço de ONGs estrangeiras-, teve reduzidos, de 2004 para cá, em nada menos que 84% os desmatamentos.
Ninguém preserva -e conhece- mais a natureza e o ambiente que quem deles depende para sobreviver: o homem do campo. Daí o absurdo das acusações que lhe são assacadas.
Na linguagem do samba, pode-se dizer que o agro tem sido a comissão de frente da economia brasileira. Não atravessa o ritmo e garante há anos o desfile da vitória do desenvolvimento do país.
É, pois, inadmissível que não tenhamos ainda um sólido sistema de seguro agrícola e que se expulsem produtores rurais de suas terras em nome de uma antropologia ideologizada e ultrapassada, que conspira contra o bem-estar social.
E ainda: que tenhamos os portos mais ineficientes do mundo, graças a uma minoria que defende interesses particulares em prejuízo do país.
A homenagem da Vila Isabel representa um importante -e justíssimo- reconhecimento do Brasil urbano e popular a um segmento que, como nenhum outro, o tem servido com competência e dedicação.
E que, mesmo enfrentando forças obscurantistas e poderosas, não deixará de fazê-lo jamais.
Aos que jogam contra o país, nosso lema é: abram alas!
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