O GLOBO - 16/07
Salvo a sedutora namorada do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro último sob a acusação de ter montado uma quadrilha para explorar jogos ilegais, ninguém merecedor dos holofotes da mídia parece ter dito coisa com coisa na semana passada. Absurdo o descompasso entre o discurso e a realidade, entre o anunciado e a coerência.
Provocada por jornalistas, Andressa Mendonça, 30 anos, antecipou o que imagina fazer no dia em que Cachoeira for solto: Vou começar a defender a legalização dos jogos. Nada mais de acordo com o que conferiu projeção ao namorado. De resto, um tributo ao arriscado ramo de atividade que garante o conforto do casal.
Ingenuidade e transparência costumam ser boas companheiras. A verdade ganha com a parceria delas. Esperteza e malícia, vez por outra, assinam desastres inesquecíveis ou trapalhadas pitorescas. Da ingênua Andressa à esperta em treinamento Dilma: quem elegeu a senhora para suceder a Lula?
Sua simpatia? Não foi. A paciência que os sábios transpiram no trato com os afoitos? Não foi. Sua oratória? Também não. Algo de mágico chamado carisma? Menos ironia, Noblat! A mulher é presidente! Sua cancha em disputar eleições? Jamais disputara uma antes.
Lula escolheu Dilma para manter aquecida sua cadeira. Mas quem a elegeu foi a satisfação da maioria dos brasileiros com os resultados da economia. Mais dinheiro no bolso e mais crédito na praça desidratam escândalos, desmoralizam a moral e fazem tábula rasa da ética.
E como é que Dilma, que por tantos anos celebrou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador do conjunto de riquezas do país; como é que ela, ao ver o PIB ladeira abaixo, comete o atrevimento de dizer que o PIB não tem lá essa importância toda, importante é como cuidamos das nossas criancinhas?
Quer dizer: Pibão vale. Merece ser reverenciado. Pibinho não vale. Entra em cena o vinde a mim as criancinhas! Para quê? Para serem mais bem alimentadas com menos recursos? Aproxime-se para lá, dona Dilma! Respeito à inteligência alheia é bom e ainda tem quem goste.
De Dilma à senadora Kátia Abreu, ex-DEM do Tocantins, uma das estrelas do recém- criado PSD e autora da ameaça de abrir uma dissidência no partido que não é de direita, nem de esquerda, nem de centro, segundo seu fundador, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo: dissidência para quê, senadora?
Kátia apoiava a decisão do PSD mineiro de reforçar a candidatura à reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte, o queridinho do senador Aécio Neves (PSDB). Aí Kassab, para agradar a Dilma, atropelou o PSD mineiro e mandou que apoiasse a candidatura a prefeito de Patrus Ananias, do PT.
Dezoito quilômetros, percorridos em 15 minutos de carro, separam a mineira Paraisópolis, cidade de 20 mil habitantes, da paulista São Bento do Sapucaí, com cerca de 12 mil habitantes. No mais rico estado do país, o DNA do PSD é tucano. No segundo mais rico, começa a se tingir de vermelho. A ideia da dissidência não junta lé com cré.
O vice-presidente da República, Michel Temer, abriu as portas do PMDB para Kátia. Caso ela se mude para lá, terá deixado o PSD porque em Minas ele aderiu ao PT. Para cair no colo do PMDB, que governa o país aliado ao PT. Pensando bem, não faz sentido. Mas, pensando melhor, talvez faça.
Fez sentido Demóstenes culpar a imprensa pela cassação do seu mandato? Logo ela, que o apontava como o príncipe da decência? Mas a quem poderia culpar? Por ora, não faz sentido a CPI do Cachoeira reconhecer o seu fracasso. Deixou a Delta em paz? Em compensação, pôs para circular um campeão de audiência.
Nada a ver com conversas gravadas de Cachoeira. É um vídeo extraído do acervo da CPI que mostra uma atraente assessora do senador Ciro Nogueira (PP-PI), semicoberta por tatuagens, entregue aos cuidados de um assessor do senador Sérgio Petecão (PSD-AC). Cópias do vídeo custam uma nota.
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