O GLOBO - 22/04
Juros básicos provavelmente subirão mais um pouco nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom)
Não há modelo matemático capaz de simular, com precisão, a taxa de juros real (ou até mesmo nominal, sem descontar o efeito da inflação) para uma economia como a do Brasil, ainda com muitas deformações. É um exercício que só pode ser testado na prática, com erros e acertos, avanços e recuos. Uma economia normal não pode funcionar sem crédito, e o Brasil tinha antes uma situação completamente anômala, pela qual, por exemplo, mais de 90% das transações imobiliárias não tinham respaldo de financiamentos imobiliários concedidos por situações financeiras. Agora esse tipo de empréstimo representa, no conjunto, a maior operação de crédito com pessoas físicas, ultrapassando o montante de empréstimos para compra de automóveis, igual ao resto do mundo. O crédito está então quase se transformando em atividade rotineira na economia e não é preciso mais taxas de juros básicas extravagantes para moderá-lo. Agora a dosagem na taxa de juros tende a mirar mais nas expectativas, que hoje se constituem em um acelerador dos preços. Nesse sentido, o Banco Central ainda terá de subir mais um pouco os juros básicos.
Diária abusiva em grandes eventos
Não é só por aqui que as diárias dos hotéis vão à estratosfera na época de grandes eventos. No ano que vem, o congresso mundial do petróleo será realizado em Moscou. Para as datas do evento os hotéis de lá só aceitam reservar cobrando diárias de no mínimo mil euros. Participarão do congresso altos executivos das poderosas companhias petrolíferas, mas haverá também muitas reuniões técnicas com pessoas que não aceitam pagar tão caro para se hospedar. A entidade que organiza o congresso (World Petroleum Council) é hoje presidida por um brasileiro, Renato Bertani, que já pensa até em pedir ajuda do Kremlin para resolver tal questão. Pelo lado russo, quem preside o comitê é um ex-comandante de submarino. Que só fala russo.
E aproveitando que o tema é petróleo, uma boa notícia para o Rio: a FMC Technology comprou o galpão de uma fábrica vizinha (área de 40 mil metros quadrados) e vai construir lá a sua quarta unidade industrial na Pavuna. Precisa de espaço para produzir a um ritmo de três "árvores de natal" (equipamento que conecta os poços de petróleo a plataformas, no caso da produção no mar, ou também em terra) por semana.
Os novos apartamentos no Porto
O primeiro grande empreendimento imobiliário na zona portuária do Rio que contempla também apartamentos residenciais será lançado em junho. Na verdade já está em construção. É um conjunto de prédios comerciais e residenciais que será usado inicialmente nos Jogos Olímpicos de 2016, como vila para os árbitros e a chamada mídia não credenciada (muitos jornalistas do exterior e de outras partes do Brasil acompanharão o que acontece na cidade e os bastidores dos jogos, sem estar diretamente presente nas áreas reservadas à imprensa nos locais das competições). Serão quatro prédios residenciais com um total de mil unidades nesse empreendimento. A venda dos apartamentos será feita primeiro para funcionários públicos municipais. Se houver sobra, os imóveis restantes serão vendidos a quem estiver interessado.
Os futuros moradores poderão ocupar os apartamentos logo depois de concluídos os Jogos Paralímpicos, programados para agosto de 2016. No planejamento da prefeitura, a zona portuária deverá receber cem mil novos habitantes, atraídos pela revitalização da região e pela proximidade com o centro da cidade. Um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) fará a ligação da zona portuária com o centro. Se tudo sair conforme o previsto, será um tipo de transporte público rápido e confortável.
Chineses ignoram inflação
O jornalista Chico Lélis, especializado em automóveis, que foi nosso colega aqui no GLOBO anos atrás, conta uma história interessante: morador de São Paulo, ele lembra exatamente que precisou comprar um guarda-chuva grande (Chico tem 1 metro e 90) num dia de chuva forte no mês de outubro de 2004; pagou R$ 10 pelo dito cujo ao camelô, pois a opção de um pequeno e automático, embora custasse R$ 5, não era a que mais lhe convinha. Passados quase dez anos, os camelôs de São Paulo (e no Rio também ) continuam vendendo os mesmos guarda-chuvas por R$ 5,00 e R$ 10, sendo que o grande foi promovido a automático. Os chineses ignoraram a inflação no Brasil e com isso hoje detêm quase a totalidade do mercado de guarda-chuvas. Haja competitividade para enfrentá-los.
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