FOLHA DE SP - 22/04
BRASÍLIA - Depois de gritos e ranger de dentes no governo, os juros voltaram a subir. Agora, a nova batalha se dará em torno do tamanho da dose a ser aplicada na veia da economia pelo Banco Central.
Ela deve ser administrada de acordo com a disposição de crescimento do PIB. Se ele der sinais de aumento bem acima de 3%, juros amargos serão injetados em maior dose.
Motivo: pagamos hoje o preço do sucesso e do fracasso de medidas adotadas pelos governos Lula/Dilma, que não permitem um crescimento forte da economia.
Convivemos com uma realidade de quase pleno emprego, num quadro de produtividade em baixa e ritmo fraco de investimentos. Frutos de medidas desbalanceadas, que geram, na ponta, inflação alta.
Nos dias que antecederam a decisão do BC de subir a taxa de juros, economistas liberais apontaram, técnica e friamente, que uma correção de rumo teria de passar pelo aumento da taxa de desemprego.
Afinal, menos gente no mercado de trabalho significa menos consumidores, o que segura a alta de preços. Receita combatida com gosto pelo governo Dilma, mas que põe em debate uma de nossas deficiências de momento: o Brasil tornou-se carente de mão de obra e de trabalhadores qualificados.
Uma solução passa pela abertura do mercado de trabalho a estrangeiros, especialmente aos de alta qualificação. Minimizaria a falta de braços e levaria à incorporação de novas tecnologias, aumentando nossa produtividade. Fator essencial para crescermos mais sem inflação.
Caso contrário, seremos condenados a conviver com baixas taxas de crescimento até corrigirmos nossos desequilíbrios internos, o que pode levar muito tempo.
Só que Brasília vive, hoje, no compasso da eleição. Medidas que afetem trabalhadores/eleitores vão aguardar o tempo eleitoral. Afinal, o Planalto confia que o ritmo atual é suficiente para reeleger Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário