FOLHA DE SP - 16/08
Represamento artificial da inflação por meio de populismo tarifário da gestão Dilma desarranja diversos setores da economia
Problemas enfrentados pela Petrobras e a reiterada reivindicação de reajuste dos combustíveis derivados do petróleo ressaltam os desarranjos causados por controles artificiais de preços.
Outro sinal de que reajustes vêm sendo reprimidos transparece na inflação média dos preços e tarifas de mercados regulados pelo governo, os "preços monitorados", substancialmente menor que a inflação geral desde o início deste ano.
Nos últimos 12 meses, o aumento nessa categoria foi de apenas 1,3%-- a menor alta desde o lançamento do Plano Real. Preços livres subiram 7,9% no mesmo período.
Decerto a baixa inflação dos preços monitorados a partir de fevereiro deve-se em grande parte à queda do valor médio da energia. No entanto, mesmo essa redução de custos, a princípio bem-vinda, deveu-se a uma intervenção desastrada do governo nas concessões vincendas de usinas hidrelétricas.
Ao fim do episódio, o governo terá de bancar a conta da redução tarifária, provavelmente com emissão de dívida, mais um remendo na política econômica.
O represamento artificial da inflação por meio de populismo tarifário faz água em vários lugares.
A redução das tarifas de eletricidade redundará em deficit ou dívida. A pedido do governo federal, São Paulo e Rio de Janeiro adiaram os reajustes do transporte público para junho. Acuado pelos protestos daquele mês, o mesmo governo federal pressionou pela revogação de tais aumentos.
O quase tabelamento do preço da gasolina prejudica o caixa, a capacidade de investimento e o crédito da Petrobras. A petroleira já mal sabia como dar conta de suas novas responsabilidades de grande investidora do pré-sal.
Manietada pelo governo, a empresa sofre descrédito no mercado e reivindica outra vez reajustes que revigorem sua saúde financeira. Se não bastassem tais problemas, o preço artificialmente baixo da gasolina prejudica o setor de etanol, além de contribuir para congestionar ruas e poluir o ar.
Mesmo a ideia de exigir "modicidade tarifária" além da conta nas concessões de rodovias e ferrovias, entre outros projetos de infraestrutura, prejudica e atrasa os leilões que devem repassar tais serviços e obras à iniciativa privada.
Incapaz de investir por falta de recursos e competência, às voltas com um crescimento medíocre, o governo ainda põe obstáculos no caminho da retomada.
Anos de má gestão macroeconômica contribuíram sobremaneira para o recurso entre desinformado e desesperado aos remendos dos controles de preços.
As rachaduras dessa represa mambembe aparecem agora ao mesmo tempo. Os vazamentos fazem ainda mais estragos na credibilidade do governo e no desempenho econômico do país.
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