FOLHA DE SP - 20/12
BRASÍLIA - Há uma lógica tortuosa por trás do corte na conta de luz promovido pelo governo Dilma.
Desconto pressupõe redução de despesa, mas a estrutura montada para bancar parte do benefício custou aos cofres públicos quase R$ 10 bilhões nos últimos meses.
Para piorar, o cenário esboçado para 2014 é tão ruim quanto a fotografia de momento.
Pelas contas das distribuidoras, para manter os preços praticados neste ano, o governo terá que desembolsar mais R$ 13 bilhões para evitar reajustes que eliminem a benesse.
Não é preciso ser um especialista em finanças para questionar a validade de um desconto que custa bilhões e é bancado com dinheiro recolhido dos mesmos "beneficiados" pela conta de luz mais barata.
Dar com uma mão e tirar com a outra não é política de redução de custos, é propaganda enganosa.
Essa confusão foi armada pelo próprio governo. A redução de preço não foi negociada. O Planalto obrigou as empresas interessadas em renovar suas concessões no setor de geração a cortar compulsoriamente o valor da energia produzida. Nem todo mundo topou e acabou sobrando para o Tesouro Nacional.
A conta ficou mais salgada devido à falta de água nos reservatórios das hidrelétricas. Para garantir a luz em casa foi preciso apelar para o estoque de emergência, que vem das usinas que queimam óleo e gás para produzir eletricidade --bem mais cara.
Para evitar que o desconto desaparecesse meses depois de anunciado, o governo passou a bancar o custo extra das empresas.
A novela está prestes a se repetir. As distribuidoras não conseguem comprar energia barata e como estão impedidas de repassar mensalmente os custos para o consumidor, vão bater na porta do Tesouro, de novo.
Se o dinheiro não sair, os reajustes anuais --direito das empresas-- vão bater na casa dos 20%, zerando o desconto ofertado pela presidente.
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