FOLHA DE SP - 27/06
OS BANCOS brasileiros emprestam em "ritmo de crise". Quer dizer, os bancos públicos emprestam cada vez mais, os privados desaceleram. Mais ou menos como aconteceu em tantos outros momentos de incerteza ou baixa na economia, em especial em 2008-09.
É o que se depreende do balanço do crédito de maio, divulgado ontem pelo Banco Central.
Pelo andar da carruagem, o estoque de crédito (total de dinheiro emprestado e que ainda não foi pago) vai crescer em termos reais mais ou menos tanto quanto em 2011, ou entre 17 e 18% em termos nominais (sem descontar a inflação).
Trata-se de um crescimento bastante razoável, ressalte-se. Mas não vai ser por aí que a economia vai crescer mais rápido.
Além do mais, é razoável estimar que o ritmo de expansão de crédito não vai aumentar -talvez diminua daqui a pouco. Os bancos públicos não podem segurar sozinhos a peteca por muito tempo. As instituições privadas estão cautelosas e assim devem continuar enquanto a inadimplência não baixar e a crise europeia não esfriar.
No trimestre março-maio, os bancos públicos responderam por 61% do aumento do crédito. No mesmo trimestre do ano passado, a fatia dos estatais era de 34%. Em 2011, a divisão do bolo entre públicos e privados se normalizava.
No pior momento da crise de 2008-09, os estatais chegaram a responder por 80% da expansão do crédito.
Os resultados dos bancos públicos, pelo menos no que diz respeito a risco, foram bons -não aumentou a quantidade de empréstimos ruins, inadimplência e calotes. Não se pode saber, claro, da qualidade dos empréstimos desta safra. Certo é que os bancos públicos agora terão menos fôlego. Não podem continuar a se expandir se o seu capital não aumentar -estão chegando ao limite.
Mesmo antes de o combustível do crédito dos estatais terminar, no entanto, nota-se que não vai ser via crédito adicional que a atividade econômica vai passar do presente ritmo de crescimento, de 2% ao ano, para 3% ou 4%, como quer a presidente.
Os resultados do ano até agora indicam que as medidas de estímulo baixadas pelo governo foram capazes apenas de evitar paradeira maior. Ressalte-se: não se trata de dizer que foram irrelevantes. Evitaram apagões na indústria de bens duráveis, os quais poderiam se alastrar pelo resto da economia.
O problema, cada vez mais óbvio, é que faltam investimentos e aumentos de produtividade.
A indústria segurou o investimento porque não cresce faz quase dois anos, em parte devido à concorrência de importados. O empresariado em geral está receoso porque não entende muito bem o novo ritmo da economia e porque teme desastres na economia mundial. O governo federal não consegue investir por inépcia e burocracia.
Na atual situação, porém, apenas o governo federal poderia destravar a situação do investimento. A insegurança do setor privado vai durar ainda algum tempo, até o tempo clarear no exterior e a atividade aqui no Brasil esquentar.
Mas o governo federal por ora se mostra capaz apenas de aplicar mais remendos na economia. Como deve fazer hoje, outra vez.
É o que se depreende do balanço do crédito de maio, divulgado ontem pelo Banco Central.
Pelo andar da carruagem, o estoque de crédito (total de dinheiro emprestado e que ainda não foi pago) vai crescer em termos reais mais ou menos tanto quanto em 2011, ou entre 17 e 18% em termos nominais (sem descontar a inflação).
Trata-se de um crescimento bastante razoável, ressalte-se. Mas não vai ser por aí que a economia vai crescer mais rápido.
Além do mais, é razoável estimar que o ritmo de expansão de crédito não vai aumentar -talvez diminua daqui a pouco. Os bancos públicos não podem segurar sozinhos a peteca por muito tempo. As instituições privadas estão cautelosas e assim devem continuar enquanto a inadimplência não baixar e a crise europeia não esfriar.
No trimestre março-maio, os bancos públicos responderam por 61% do aumento do crédito. No mesmo trimestre do ano passado, a fatia dos estatais era de 34%. Em 2011, a divisão do bolo entre públicos e privados se normalizava.
No pior momento da crise de 2008-09, os estatais chegaram a responder por 80% da expansão do crédito.
Os resultados dos bancos públicos, pelo menos no que diz respeito a risco, foram bons -não aumentou a quantidade de empréstimos ruins, inadimplência e calotes. Não se pode saber, claro, da qualidade dos empréstimos desta safra. Certo é que os bancos públicos agora terão menos fôlego. Não podem continuar a se expandir se o seu capital não aumentar -estão chegando ao limite.
Mesmo antes de o combustível do crédito dos estatais terminar, no entanto, nota-se que não vai ser via crédito adicional que a atividade econômica vai passar do presente ritmo de crescimento, de 2% ao ano, para 3% ou 4%, como quer a presidente.
Os resultados do ano até agora indicam que as medidas de estímulo baixadas pelo governo foram capazes apenas de evitar paradeira maior. Ressalte-se: não se trata de dizer que foram irrelevantes. Evitaram apagões na indústria de bens duráveis, os quais poderiam se alastrar pelo resto da economia.
O problema, cada vez mais óbvio, é que faltam investimentos e aumentos de produtividade.
A indústria segurou o investimento porque não cresce faz quase dois anos, em parte devido à concorrência de importados. O empresariado em geral está receoso porque não entende muito bem o novo ritmo da economia e porque teme desastres na economia mundial. O governo federal não consegue investir por inépcia e burocracia.
Na atual situação, porém, apenas o governo federal poderia destravar a situação do investimento. A insegurança do setor privado vai durar ainda algum tempo, até o tempo clarear no exterior e a atividade aqui no Brasil esquentar.
Mas o governo federal por ora se mostra capaz apenas de aplicar mais remendos na economia. Como deve fazer hoje, outra vez.
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