É sempre bom assunto falar mal dos políticos.
Mas sem generalizar a crítica: essa é a estratégia manjada de quem está interessado mesmo em chegar ao poder atropelando o sistema eleitoral - para substituí- lo por ditaduras de diferentes matizes.
Feita essa indispensável ressalva, merece a atenção do leitor-eleitor a reportagem, sextafeira passada, sobre o perfil político de vereadores cariocas que ocupam posições importantes na Câmara.
O exemplo mais impressionante é o da carreira do vereador Jorge Braz, eleito pelo PMDB, mas representante, de fato, da Igreja Universal do Reino de Deus. O que é provado pelos dois projetos que marcam seu mandato: um aumenta o número de decibéis permitidos em cultos diurnos e o outro reduz a multa em caso de infração do limite em qualquer culto no município.
Nada há a ser criticado nas duas iniciativas.
O que não dá para entender é a designação do vereador para a presidência da Comissão de Justiça e Redação. Trata-se, simplesmente, do órgão mais importante da Câmara - e cuida de assuntos sem qualquer relação com os temas que Braz domina, com inegável empenho.
Não é um caso isolado. E deve ser comparado com exemplos em que a Câmara destinou a pessoa certa para a função. O presidente da Comissão de Finanças e Orçamento é um professor universitário, que teve o cuidado de recrutar funcionários concursados, especializados nas áreas em que atuam.
Algo bem diferente, por exemplo, do vereador Carlos Bolsonaro, que vai iniciar seu segundo mandato como vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos. Ele combateu energicamente a distribuição de um kit antihomofobia nas escolas municipais e se prepara para uma segunda cruzada: proibir recursos públicos em programas de orientação nas escolas públicas sobre sexualidade.
Como se vê, temos representantes bons e ruins.
Grande novidade: é assim no mundo inteiro.
Mas nada nos liberta do dever de acompanhar o que cada um faz com os seus mandatos.
E tomar nota, para nos lembrarmos nas próximas eleições.
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