FOLHA DE SP - 13/06
SÃO PAULO - Arrastões se tornaram a nova coqueluche da cidade de São Paulo. Espalham-se rapidamente e todo mundo tem medo. Trata-se de um problema real de segurança pública para o qual o governo paulista precisa dar uma resposta. Cidadãos amedrontados são ruins para os negócios e para a política.
O mais interessante desse tipo de fenômeno, porém, é o que ele revela sobre nossa forma de pensar. Investigando como as pessoas estimam a frequência de algum evento ou categoria, Amos Tversky e Daniel Kahneman descobriram que seguimos a lei do menor esforço: já que o cérebro não carrega tabelas atuariais, nós nos apoiamos na facilidade com que exemplos vêm à nossa mente.
Os pesquisadores batizaram esse efeito de heurística da disponibilidade. Suas implicações são profundas.
Para começar, ficamos com uma imagem distorcida da realidade. Paul Slovic mostra que a percepção pública de riscos é uma ficção. Nos EUA, derrames provocam duas vezes mais mortes que acidentes; não obstante, 80% acham que os óbitos pela segunda causa são mais comuns. Acidentes ganham manchetes; AVCs, não.
Essa heurística faz com que temamos as coisas erradas. Sentimos calafrios só de pensar em ataques de tubarões, terroristas e acidentes aéreos, mas quase não nos comovemos diante de choques elétricos, quedas e afogamentos, que são perigos muito mais mortíferos e frequentes.
Para tornar as coisas ainda mais precárias, Slovic sustenta que, em muitas instâncias, avançamos ainda mais na política de substituições de menor esforço e deixamos que nossas emoções assumam as rédeas.
A pergunta "o que você pensa de X?" é difícil. Nem sempre temos uma opinião embasada sobre X. Assim, nossos cérebros pegam um atalho e, sem se dar conta, respondem dizendo como nos sentimos em relação a X.
Basicamente, nós lidamos com as complexidades do mundo fingindo que elas não existem.
Os pesquisadores batizaram esse efeito de heurística da disponibilidade. Suas implicações são profundas.
Para começar, ficamos com uma imagem distorcida da realidade. Paul Slovic mostra que a percepção pública de riscos é uma ficção. Nos EUA, derrames provocam duas vezes mais mortes que acidentes; não obstante, 80% acham que os óbitos pela segunda causa são mais comuns. Acidentes ganham manchetes; AVCs, não.
Essa heurística faz com que temamos as coisas erradas. Sentimos calafrios só de pensar em ataques de tubarões, terroristas e acidentes aéreos, mas quase não nos comovemos diante de choques elétricos, quedas e afogamentos, que são perigos muito mais mortíferos e frequentes.
Para tornar as coisas ainda mais precárias, Slovic sustenta que, em muitas instâncias, avançamos ainda mais na política de substituições de menor esforço e deixamos que nossas emoções assumam as rédeas.
A pergunta "o que você pensa de X?" é difícil. Nem sempre temos uma opinião embasada sobre X. Assim, nossos cérebros pegam um atalho e, sem se dar conta, respondem dizendo como nos sentimos em relação a X.
Basicamente, nós lidamos com as complexidades do mundo fingindo que elas não existem.
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