domingo, novembro 10, 2013

Ainda fechado - PANORAMA ECONÔMICO

O GLOBO - 10/11


Álvaro Gribel e Valéria Maniero - Interinos

A indústria reclama da entrada forte dos produtos importados, mas de qualquer ângulo que se olhe, o que se vê é que a economia permanece muito, muito fechada. O grau de abertura do Brasil cresceu nas últimas décadas: de 17%, em 1991, para 25%, em 2011 . Avançou, mas pouco, e ainda está bem atrás dos outros países, que também ampliaram sua integração de lá para cá. 

No mesmo período, o grau de abertura medido pela corrente de comércio (exportações mais importações) sobre o PIB dos Brics e de Indonésia, México e Turquia, juntos, pulou de 33% para 57%. Os nossos parceiros na sigla são bem menos fechados. Em 2011, o grau da Índia era de 54%; da Rússia, 52%; e da China, de 59%. Na América Latina, a Argentina, que inventou medidas protecionistas de todo tipo nos últimos anos, era mais aberta que nós em 2011 (41%, mesmo percentual do Chile).

O grau da Colômbia era de 39%. O Brasil também perdia dos EUA e do Japão, ambos com 32%. A Coreia do Sul impressiona por ter subido de 55% para 110%. Num ranking com 122 países, o Brasil era o mais fechado há dois anos. Esses números, levantados pelo Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, estarão na próxima Carta do Ibre. No documento, o instituto aborda a evolução do grau de abertura da economia sob diferentes critérios.

Mas o resultado é sempre o mesmo: o Brasil permanece pouco aberto ao comércio internacional. — Há uma vasta literatura documentando o efeito positivo da abertura comercial no crescimento do PIB e da produtividade. Ela mostra que o fechamento da economia é ruim para o desenvolvimento econômico — diz o diretor do Ibre, Luiz Guilherme Schymura. 

O estudo diz que mais protecionismo é prejudicial para a economia como um todo no médio e longo prazo, com riscos, inclusive, para a indústria. — É bom lembrar que a abertura da economia à importação de bens de capital reduziria o preço relativo do investimento no país, o que seria desejável diante das baixas taxas de poupança doméstica e de formação bruta de capital fixo — afirma Schymura. 

Aumentar as transações comerciais com o mundo ganha ainda mais relevância diante dos sinais cada vez mais fortes de esgotamento do consumo interno.

Onde falta mão de obra 
Há 64 atividades com escassez de mão de obra, principalmente de trabalhadores mais qualificados, segundo estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) antecipado para a coluna. Do total, 72% são atividades relacionadas ao setor de serviços. Há carência de profissionais no comércio varejista, em serviços de alimentação e de tecnologia da informação, por exemplo. 

“A razão para essa performance mais aquecida do setor de serviços está na crise econômica internacional. Enquanto a agropecuária e a indústria sofriam com a retração das principais economias, o crescimento do Brasil se deu amparado no mercado interno”, diz o economista Fabio Bentes, da CNC. 

Enredo repetido 
Todo ano, quando o gasto com seguro-desemprego sobe, o governo promete tomar medidas para combater as fraudes e o rombo nas contas públicas. Uma busca rápida na internet impressiona pela semelhança entre as reportagens deste ano e as do mesmo período de 2012. Pelas contas do economista Fábio Giambiagi, quando a taxa de desocupação estava em 12%, o gasto com seguro-desemprego representava 0,5% do PIB. Hoje, com a desocupação em 5,5%, o país gasta 1%. Não faz sentido. 

VAREJO NO AZUL. O comércio pode registrar aumento das vendas pelo sétimo mês seguido, se o dado de setembro vier positivo. O IBGE divulga o número oficial na quarta-feira.

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