FOLHA DE SP - 04/08
BRASÍLIA - Reza a lenda política que agosto é o mês do azar, quando Getúlio Vargas se suicidou, Jânio Quadros renunciou e Juscelino Kubitschek morreu num acidente de carro até hoje ainda nebuloso.
Pois justamente em agosto recomeça o julgamento do mensalão no Supremo, que pega o PT de jeito, e emerge a denúncia da alemã Siemens de que houve um cartel para licitações das obras do metrô de São Paulo, o que desestabiliza o PSDB.
Como pano de fundo, a popularidade de Dilma em queda, protestos contra Alckmin e Cabral, o Congresso em pé de guerra e a recuperação da economia, só na promessa.
Tem-se que agosto encontrará o governo batendo cabeça, o Congresso testando forças, os tucanos esbaldando-se com o mensalão petista, e os petistas, com o caso Siemens dos tucanos. E a plateia botando fogo.
Isso tudo é álcool, gasolina e fósforo aceso para as manifestações populares. Elas começaram em junho, movidas em grande parte pela exaustão diante das práticas políticas e da falta de ética, e prometem voltar com tudo no Sete de Setembro, pelos mesmos motivos, mas com novidades, confrontos explosivos e a sensação de que não se salva um.
Se o mensalão do PT atinge José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha, a denúncia da Siemens, que entregou documentos para as autoridades brasileiras, aponta o governo Mário Covas, chega ao primeiro de Geraldo Alckmin e atinge um ano do de José Serra. É guerra de comandantes, não de soldados.
Como sempre, o caso Siemens começa assim: vem a manchete na imprensa, o atingido diz que há manipulação política e o investigador responde que o processo é legal, rigoroso e técnico. Depois, vira tudo um deus nos acuda, com verdades borbulhando, a mídia vasculhando cada vírgula, a opinião pública irada.
Mas agosto é só o começo, setembro está logo aí e 2014 é ano de eleição presidencial. O que está ruim sempre pode piorar.
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