O GLOBO - 04/08
Há três anos tivemos o Censo 2010, a mais ampla pesquisa sobre o perfil socioeconômico brasileiro, feita pelo IBGE. Através dele e da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), é possível diagnosticar, entre outras informações, a situação populacional brasileira.
Um dado a que devemos dar ênfase e que tem implicações econômicas importantes é a taxa de fecundidade da mulher brasileira. Esta taxa, segundo o último Censo, era de 1,90 filho por mulher. Trata-se de uma informação relevante, pois, na ordem natural da vida, cada geração deve ocasionar prole suficiente para repor mortes, e a mínima taxa para isto é de 2,10 filhos por mulher.
No Brasil, devido à grande queda na taxa de fecundidade, estamos tendo uma diminuição acelerada do ritmo de crescimento da população brasileira e seu consequente envelhecimento precoce. Através do último PNAD pode-se observar a tendência de envelhecimento da população nos últimos anos, segundo a participação refletida nos grupos etários.
A participação dos grupos compreendidos por pessoas de 60 anos ou mais totalizou 12,1% em 2011, enquanto que no ano de 2004 essa magnitude foi de 9,7%. Logo, o envelhecimento da população não apenas cresce, mas o faz rapidamente.
O país terá nos próximos vinte anos o bônus demográfico , como é chamado o fenômeno no qual a quantidade de população economicamente ativa, em condições de produzir, será máxima.
No entanto, quando o bônus demográfico se exaurir, a longo prazo, a parcela de população ativa diminuirá muito, porque uma boa parte dela será composta por idosos.
Ter menos bebês e mais idosos é, ao contrário do que alguns pensam, uma equação com sérias consequências econômicas.
Com uma população envelhecida e diminuída, haverá menos condições para o consumo interno, uma diminuição da produção de bens e serviços para esta demanda, uma oferta inferior de mão de obra a menor custo, preços pouco competitivos nas exportações e um menor aumento do produto interno bruto, caminhando-se com dificuldade para o crescimento econômico do país.
Além disso, o sistema previdenciário fica mais oneroso. A China, por outro lado, apesar das barreiras à natalidade devido à política de filho único por casal, tem ainda uma população pujante e uma economia forte.
Como reverter este processo que tanto prejudicará a nossa economia? O poder público deveria promover incentivos para que a maternidade fosse mais frequente. De fato, a escassez de nascimentos se converteu em um tema que ocupa um lugar importante na agenda governamental de alguns países europeus. Da mesma forma que as campanhas para a prevenção do tabagismo, do alcoolismo, da obesidade, procurando modificar condutas de risco, podem-se fazer empreitadas positivas para promover a natalidade.
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