Usada e abusada nas duas últimas campanhas presidenciais, carregada para cima e para baixo nos dois primeiros governos do PT a fim de que o então presidente Luiz Inácio da Silva se apresentasse como uma espécie de Getúlio Vargas revivido aos olhos da História em retrospectiva, a Petrobrás vai assumindo lugar de destaque no antecipado embate de 2014.
Dessa vez, porém, com sinal trocado: é a oposição que carrega a empresa para o centro da cena. Sem os mesmos instrumentos porque não tem o governo nas mãos para anunciar grandes feitos (em geral ao molde de mercado futuro), o provável candidato do PSDB, senador Aécio Neves, igualmente exagera ao comprometer-se a entrar numa guerra para "salvar o País" por meio da recuperação da Petrobrás.
Mas, fato é que vem batendo na mesma tecla do mau desempenho da companhia traduzido na queda do valor no mercado financeiro, na perda de pontos no ranking mundial, na redução acentuada dos lucros, na diminuição da capacidade de investimentos, no aparelhamento e uso político da empresa.
Neste último aspecto, o PT de certa forma passou recibo ao responder à provocação do adversário por intermédio da presidente da Petrobrás, Graça Foster. Para não corroborar a acusação do PSDB, ela deveria ficar fora disso. Talvez o PT tenha avaliado que, ao divulgar uma entrevista dela no site do partido, tenha dado um caráter "técnico" à resposta.
Os tucanos agora parecem dispostos a ir à forra, já que em 2006 e 2010 o PT conseguiu votos e espaço acusando o PSDB de querer privatizar a Petrobrás. A versão aí se sobrepôs ao fato de que nunca foi essa a intenção.
Agora que os resultados são ruins e o tão festejado pré-sal nada rendeu ainda além de discórdia entre Estados e forças aliadas, é como se o feitiço tivesse virado contra o feiticeiro.
O PT, contudo, tem tempo e, sobretudo, ferramentas para encontrar um antídoto: a máquina federal, o prestígio da presidente Dilma Rousseff e nenhum pudor de usar o governo para fins eleitorais.
Mão do gato. A presidente Dilma manipulou o poder de veto para rejeitar a proposta (de iniciativa do PSDB) de desoneração dos produtos da cesta básica, aprovada pelo Congresso no ano passado.
Meses depois, usou o espaço reservado ao chefe da Nação em rede nacional de rádio e televisão para comunicar a decisão do governo de desonerar os produtos da cesta básica.
Ainda que se pudesse abstrair a existência de leis que falam na igualdade de condições em disputas eleitorais, impossível não levar em conta a realidade de absoluta e abusiva desigualdade.
Por isso mesmo soa graciosa a versão de que o "Palácio do Planalto" considera "eleitoreira" a proposta do governador Eduardo Campos de buscar uma saída negociada entre Estados produtores e não produtores de petróleo, para a crise dos royalties.
O objetivo dele pode até ser - e parece mesmo ser - construir plataforma de lançamento entre os colegas, mas o governo federal não é exatamente credenciado para desqualificar atos dessa natureza.
Instantâneo. No quesito nó em pingo d'água: o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, saiu-se como protagonista da reunião de quarta-feira dos governadores no Congresso, cujos mestres de cerimônia - Henrique Alves e Renan Calheiros - foram mantidos à distância do PSB nas respectivas eleições para presidentes da Câmara e do Senado.
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