FOLHA DE SP - 15/03
BRASÍLIA - Todos os governos se sentem injustiçados e nenhum aceita crítica. Nos do PT, é pior ainda: quem não é parceiro vira adversário, quando não inimigo. Cá pra nós, nem o papa Bento 16 escapou.
Dito isso, Mercadante (Educação) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social) têm alguma razão quando reclamam do ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos países. Mas não toda.
Têm razão ao dizer que o Pnud, da ONU, usa dados defasados, não capta a rápida inclusão no Brasil e acaba sendo "injusto". Em vez de desmentir, o Pnud admite que utiliza dados antigos -por uma questão de "isonomia" com os outros países.
Mas os ministros não têm razão quando ignoram que, se o Brasil evolui na área social, os demais também progridem, e muito. Nos Bric, houve enormes avanços nas últimas décadas. Na América do Sul, idem. O Brasil não é uma ilha, nem tem vitórias e méritos sozinho. O aumento da classe média, por exemplo, é mundial, apesar do oba-oba interno.
Pesquisas, números, cruzamentos são sempre passíveis de apaixonados debates, ainda mais num terreno tão sensível como o das melhorias sociais. A iniciativa do Pnud de monitorar os esforços e provocar reações e competição tem a melhor das intenções, mas os resultados devem ser vistos mais pelo aspecto geral do que número a número.
Pelos resultados divulgados ontem, o Brasil evolui positivamente desde 1980, cresceu 23,7% desde 1990 e está no bloco de países com IDH alto. Ainda assim, continua em 85º lugar entre 187 países -atrás, aqui na região, de Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela e Peru. (Não bastassem Maradona, Messi, os Prêmios Nobel e agora o papa Francisco...)
Vamos convir. Além de ficar atrás de todos esses cinco sul-americanos no IDH, ficou também no índice de crescimento do PIB de 2012. E isso, apesar do legítimo esperneio, não deve ser pura coincidência, certo?
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