CORREIO BRAZILIENSE - 01/09
As águas voltaram a correr para o moinho da presidente Dilma Rousseff, alimentando a recuperação de sua popularidade que, segundo auxiliares, agora estaria na casa dos 40%, e, por decorrência, sua competitividade eleitoral. As pesquisas dirão. E, com isso, os adversários avaliam as condições de cada um para representar o papel de anti-Dilma no pleito de 2014, no esforço para barrar sua reeleição ou acumular forças para remover o PT do governo em 2018. Insere-se nesse movimento o encontro de quinta-feira entre os presidenciáveis Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
O crescimento de 1,5% da economia brasileira no segundo trimestre, superando a taxa de desenvolvidos e emergentes, inclusive os Estados Unidos, excetuando-se apenas a China, deve dar novo impulso à recuperação da presidente. O índice superou as previsões mais otimistas e desmentiu as hegemônicas profecias negativas. O foguetório foi discreto: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, proclamou a superação do "fundo do poço" mas previu crescimento moderado para o ano. Fora do governo, quem divergiu da manada e acertou foi o presidente da CNI, Robson Andrade. Em artigo na semana passada, ele apontou discrepância entre o pessimismo dos analistas e a realidade dos empresários, apostando na recuperação. A indústria, de fato, retomou a dinâmica, crescendo 2%, embora a agricultura tenha contribuído mais com o resultado trimestral.
Na frente social, Dilma parece estar ganhando a guerra do Programa Mais Médicos. Se ele der certo, lavrará dois tentos. Ganhará para si e para o candidato do PT ao governo de São Paulo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ela tem viajado intensamente pelo Sudeste - região em que mais caiu e onde vem obtendo a melhor recuperação. Vem se recompondo com os partidos aliados. E como eles não resistiram a cometer mais um desatino, preservando o mandato do deputado condenado Natan Donadon, pode sobrar apenas para o Congresso os protestos esperados para o Sete de Setembro. No resto do semestre, a aposta de Dilma é no êxito das concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos ao setor privado. Se o governo não cometer grandes erros, se o inesperado e o imprevisível não emergirem com a força de junho, Dilma deve começar 2014 como a candidata mais competitiva, ainda que não volte a ser a franca favorita de antes. Como candidata, ela precisa é resolver seus problemas com o PMDB e com os partidos da amplia coligação que a elegeu, em 2010. Esse quadro é que vem pautando os movimentos dos adversários.
O papel de anti-Dilma
As dificuldades de Marina Silva para viabilizar seu partido, a Rede Sustentabilidade, começam a frustrar as apostas de que ela se tornaria o polo mais forte contra Dilma. Afinal, ela é quem tem os maiores índices de intenção de votos (26% contra 35% de Dilma, na última pesquisa Datafolha) e o melhor desempenho num eventual segundo turno contra a presidente (46% a 41%, na mesma pesquisa). Mas, agora, ainda que o partido consiga ser legalizado, admite-se no círculo marinista que isso ocorrerá no limite do tempo de filiação, quando já será praticamente impossível atrair adesões (para garantir tempo de televisão) e projetar alianças para 2014. Resta sempre a hipótese de concorrer por outro partido, o plano B que ela se recusa a discutir até com os mais próximos. Candidata ou não, Marina será um fator importante na sucessão, que nenhuma coalizão anti-Dilma desprezará.
Eduardo Campos foi recentemente citado pelo jornal inglês Financial Times como a maior ameaça a Dilma em 2014. Ele é a maior novidade no quadro, mas seu jogo político é o mesmo dos outros. Diferente é o jogo de Marina. E diferentemente dela, ele não cresceu com a onda de protestos. Apenas preservou-se, contendo a exposição. Até agora, não firmou alianças nítidas e tem problemas no próprio partido. Ao saber de seu jantar com Aécio Neves, o governador do Ceará, Cid Gomes, protestou contra a hipótese de ver o PSB transformado em linha auxiliar do PSDB. Ele e o irmão Ciro, que defendem o apoio a Dilma, podem deixar o partido em outubro, como fizeram em 2004, quando o PPS optou pela oposição ao governo Lula, do qual Ciro era ministro. O maior ativo de Campos hoje é a simpatia do empresariado, que, na hora H, pisará em duas canoas: a da presidente e a do adversário mais competitivo. Claro que é cedo para Campos que, no fim do ano, deve romper com o governo para começar o ano com postura mais agressiva.
Embora enfrente um problema partidário que atende pelo nome de José Serra, o senador Aécio Neves é que vem reunindo as melhores condições para o papel de anti-Dilma. Apresentou crescimento, embora tenha depois perdido uns pontos. Seu partido é nacionalmente estruturado, dispõe de máquinas poderosas nos estados de Minas e São Paulo, terá um tempo de televisão razoável. As candidaturas de Campos e Marina no primeiro turno lhe interessam para forçar o segundo, assegurando-se - desde agora - da unidade das oposições no embate final. Para isso, prestará aos dois todas as homenagens e fará até concessões nas disputas estaduais.
Batalha à vista
Campos, Aécio e Marina estarão unidos numa batalha que se avizinha. Talvez ainda nesta semana os governistas tentem votar, no Senado, o projeto do senador Romero Jucá, que altera algumas regras eleitorais. Para as oposições, casuísmo puro. Por exemplo, a redução do período de duração da campanha na tevê, a pretexto de poupar a paciência do eleitor. Aécio e Campos concluíram que eles é que perderão, pois precisam se tornar mais conhecidos nacionalmente.
O crescimento de 1,5% da economia brasileira no segundo trimestre, superando a taxa de desenvolvidos e emergentes, inclusive os Estados Unidos, excetuando-se apenas a China, deve dar novo impulso à recuperação da presidente. O índice superou as previsões mais otimistas e desmentiu as hegemônicas profecias negativas. O foguetório foi discreto: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, proclamou a superação do "fundo do poço" mas previu crescimento moderado para o ano. Fora do governo, quem divergiu da manada e acertou foi o presidente da CNI, Robson Andrade. Em artigo na semana passada, ele apontou discrepância entre o pessimismo dos analistas e a realidade dos empresários, apostando na recuperação. A indústria, de fato, retomou a dinâmica, crescendo 2%, embora a agricultura tenha contribuído mais com o resultado trimestral.
Na frente social, Dilma parece estar ganhando a guerra do Programa Mais Médicos. Se ele der certo, lavrará dois tentos. Ganhará para si e para o candidato do PT ao governo de São Paulo, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ela tem viajado intensamente pelo Sudeste - região em que mais caiu e onde vem obtendo a melhor recuperação. Vem se recompondo com os partidos aliados. E como eles não resistiram a cometer mais um desatino, preservando o mandato do deputado condenado Natan Donadon, pode sobrar apenas para o Congresso os protestos esperados para o Sete de Setembro. No resto do semestre, a aposta de Dilma é no êxito das concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos ao setor privado. Se o governo não cometer grandes erros, se o inesperado e o imprevisível não emergirem com a força de junho, Dilma deve começar 2014 como a candidata mais competitiva, ainda que não volte a ser a franca favorita de antes. Como candidata, ela precisa é resolver seus problemas com o PMDB e com os partidos da amplia coligação que a elegeu, em 2010. Esse quadro é que vem pautando os movimentos dos adversários.
O papel de anti-Dilma
As dificuldades de Marina Silva para viabilizar seu partido, a Rede Sustentabilidade, começam a frustrar as apostas de que ela se tornaria o polo mais forte contra Dilma. Afinal, ela é quem tem os maiores índices de intenção de votos (26% contra 35% de Dilma, na última pesquisa Datafolha) e o melhor desempenho num eventual segundo turno contra a presidente (46% a 41%, na mesma pesquisa). Mas, agora, ainda que o partido consiga ser legalizado, admite-se no círculo marinista que isso ocorrerá no limite do tempo de filiação, quando já será praticamente impossível atrair adesões (para garantir tempo de televisão) e projetar alianças para 2014. Resta sempre a hipótese de concorrer por outro partido, o plano B que ela se recusa a discutir até com os mais próximos. Candidata ou não, Marina será um fator importante na sucessão, que nenhuma coalizão anti-Dilma desprezará.
Eduardo Campos foi recentemente citado pelo jornal inglês Financial Times como a maior ameaça a Dilma em 2014. Ele é a maior novidade no quadro, mas seu jogo político é o mesmo dos outros. Diferente é o jogo de Marina. E diferentemente dela, ele não cresceu com a onda de protestos. Apenas preservou-se, contendo a exposição. Até agora, não firmou alianças nítidas e tem problemas no próprio partido. Ao saber de seu jantar com Aécio Neves, o governador do Ceará, Cid Gomes, protestou contra a hipótese de ver o PSB transformado em linha auxiliar do PSDB. Ele e o irmão Ciro, que defendem o apoio a Dilma, podem deixar o partido em outubro, como fizeram em 2004, quando o PPS optou pela oposição ao governo Lula, do qual Ciro era ministro. O maior ativo de Campos hoje é a simpatia do empresariado, que, na hora H, pisará em duas canoas: a da presidente e a do adversário mais competitivo. Claro que é cedo para Campos que, no fim do ano, deve romper com o governo para começar o ano com postura mais agressiva.
Embora enfrente um problema partidário que atende pelo nome de José Serra, o senador Aécio Neves é que vem reunindo as melhores condições para o papel de anti-Dilma. Apresentou crescimento, embora tenha depois perdido uns pontos. Seu partido é nacionalmente estruturado, dispõe de máquinas poderosas nos estados de Minas e São Paulo, terá um tempo de televisão razoável. As candidaturas de Campos e Marina no primeiro turno lhe interessam para forçar o segundo, assegurando-se - desde agora - da unidade das oposições no embate final. Para isso, prestará aos dois todas as homenagens e fará até concessões nas disputas estaduais.
Batalha à vista
Campos, Aécio e Marina estarão unidos numa batalha que se avizinha. Talvez ainda nesta semana os governistas tentem votar, no Senado, o projeto do senador Romero Jucá, que altera algumas regras eleitorais. Para as oposições, casuísmo puro. Por exemplo, a redução do período de duração da campanha na tevê, a pretexto de poupar a paciência do eleitor. Aécio e Campos concluíram que eles é que perderão, pois precisam se tornar mais conhecidos nacionalmente.
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