O GLOBO - 21/07
As pesquisas eleitorais continuam registrando a mudança de patamar para baixo dos índices de popularidade da presidente Dilma, aparentemente tendo como piso a média de 30% do eleitorado, que representa o eleitor cativo do PT. Antes de ampliar sua base eleitoral fazendo acordos políticos e transformando-se no personagem "Lulinha Paz e Amor", criado pelo marqueteiro Duda Mendonça, o ex-presidente Lula também atingia sempre essa faixa do eleitorado, e não conseguia vencer uma eleição.
Como era de se esperar, a mais recente pesquisa feita pelo Ibope já mostra a presidente empatando com um de seus adversários num hipotético segundo turno. Marina Silva, atuando a esta altura mais na sua vertente alternativa do que na de política profissional, tem recebido o apoio dos eleitores insatisfeitos de classes média e alta, surgindo como a escolha das ruas neste momento que parece prenunciar uma troca de guarda na política nacional.
Poderia Marina com sua Rede de Sustentabilidade repetir o fenômeno Collor de 1989, que venceu a eleição presidencial a bordo de um partido nanico, o PRN? O mesmo fenômeno pode acontecer agora, mas as razões, embora semelhantes, serão diferentes.
Collor montou sua farsa eleitoral de posse do mandato de governador de Alagoas, isto é, trabalhando dentro da estrutura política tradicional. E, nos bastidores, fez todos os acordos possíveis com os políticos tradicionais que combatia nos programas eleitorais.
Os eleitores estavam engajados em uma eleição presidencial que tinha diversos candidatos, muitos deles competitivos e representando tendências políticas variadas. Embora a maioria do eleitorado tenha escolhido Collor por ele representar a renovação da política fora da esquerda, havia um eleitorado forte de esquerda que apoiou Brizola e Lula.
Desta vez, Marina se destaca não por ser a renovação da política, mas por representar a candidata da não política. E não há no seu histórico nenhuma indicação que nos leve a imaginar Marina fazendo acordos por baixo dos panos com políticas tradicionais, mesmo que tenha uma longa convivência com o PT.
Se vencer, Marina terá sido eleita por que a maioria do eleitorado quer uma experiência extrema de não política tradicional no poder. Hoje, Marina é a candidata das ruas, enquanto o presidente do PSDB, Aécio Neves, é o dos políticos, diz-se em Brasília. Essa definição pode afetar a receptividade de Aécio num eleitorado que rejeita a política tradicional, mas, por enquanto, o que ele tem de mais eficiente são as negociações de bastidores para montar sua base de apoio.
Como já disse o próprio presidente do PT, Rui Falcão, hoje não se sabe mais quais partidos apoiarão a presidente Dilma em 2014. A base aliada não abandona o barco por enquanto, mas vai medindo o nível da água que vai subindo para ver qual a melhor hora de saltar para outra candidatura.
A de Aécio é a preferida entre os principais apoiadores de Dilma, até mesmo do PMDB. PP, PTB, PDT são partidos que negociam por baixo dos panos com o PSDB de Aécio, e existem outros que aguardam momentos mais oportunos, como o PSD de Kassab, que volta a namorar o ex-governador tucano José Serra para o caso de uma troca partidária que viabilize sua candidatura a presidente pela terceira vez.
Por mais que Marina desponte como a maior beneficiária dessa crise de legitimidade que assola nossa política, seu partido não terá nem tempo de televisão nem capilaridade nacional para se impor num jogo político ainda realizado pelos moldes tradicionais.
A estrutura partidária do PSDB costuma canalizar para seus candidatos os votos oposicionistas, razão pela qual Aécio Neves continua sendo o candidato mais forte na avaliação do próprio Palácio do Planalto.
A questão agora é saber se o voluntarismo das ruas será tão forte para levar Marina para um segundo turno, ou se Aécio Neves conseguirá, levado por um esquema partidário tradicional, convencer os eleitores de Marina de que ele é um político tradicional disposto à renovação ouvindo a voz das ruas.
Até o momento, Dilma está segura num segundo turno, o que deve ser suficiente para refrear o movimento de "Volta Lula" dentro do PT. Mas, além da economia, vai ser decisiva a capacidade da presidente de fazer política com seu partido e sua base aliada. Nada indica, porém, que ela seja capaz da reviravolta necessária na política, muito menos na economia.
Como era de se esperar, a mais recente pesquisa feita pelo Ibope já mostra a presidente empatando com um de seus adversários num hipotético segundo turno. Marina Silva, atuando a esta altura mais na sua vertente alternativa do que na de política profissional, tem recebido o apoio dos eleitores insatisfeitos de classes média e alta, surgindo como a escolha das ruas neste momento que parece prenunciar uma troca de guarda na política nacional.
Poderia Marina com sua Rede de Sustentabilidade repetir o fenômeno Collor de 1989, que venceu a eleição presidencial a bordo de um partido nanico, o PRN? O mesmo fenômeno pode acontecer agora, mas as razões, embora semelhantes, serão diferentes.
Collor montou sua farsa eleitoral de posse do mandato de governador de Alagoas, isto é, trabalhando dentro da estrutura política tradicional. E, nos bastidores, fez todos os acordos possíveis com os políticos tradicionais que combatia nos programas eleitorais.
Os eleitores estavam engajados em uma eleição presidencial que tinha diversos candidatos, muitos deles competitivos e representando tendências políticas variadas. Embora a maioria do eleitorado tenha escolhido Collor por ele representar a renovação da política fora da esquerda, havia um eleitorado forte de esquerda que apoiou Brizola e Lula.
Desta vez, Marina se destaca não por ser a renovação da política, mas por representar a candidata da não política. E não há no seu histórico nenhuma indicação que nos leve a imaginar Marina fazendo acordos por baixo dos panos com políticas tradicionais, mesmo que tenha uma longa convivência com o PT.
Se vencer, Marina terá sido eleita por que a maioria do eleitorado quer uma experiência extrema de não política tradicional no poder. Hoje, Marina é a candidata das ruas, enquanto o presidente do PSDB, Aécio Neves, é o dos políticos, diz-se em Brasília. Essa definição pode afetar a receptividade de Aécio num eleitorado que rejeita a política tradicional, mas, por enquanto, o que ele tem de mais eficiente são as negociações de bastidores para montar sua base de apoio.
Como já disse o próprio presidente do PT, Rui Falcão, hoje não se sabe mais quais partidos apoiarão a presidente Dilma em 2014. A base aliada não abandona o barco por enquanto, mas vai medindo o nível da água que vai subindo para ver qual a melhor hora de saltar para outra candidatura.
A de Aécio é a preferida entre os principais apoiadores de Dilma, até mesmo do PMDB. PP, PTB, PDT são partidos que negociam por baixo dos panos com o PSDB de Aécio, e existem outros que aguardam momentos mais oportunos, como o PSD de Kassab, que volta a namorar o ex-governador tucano José Serra para o caso de uma troca partidária que viabilize sua candidatura a presidente pela terceira vez.
Por mais que Marina desponte como a maior beneficiária dessa crise de legitimidade que assola nossa política, seu partido não terá nem tempo de televisão nem capilaridade nacional para se impor num jogo político ainda realizado pelos moldes tradicionais.
A estrutura partidária do PSDB costuma canalizar para seus candidatos os votos oposicionistas, razão pela qual Aécio Neves continua sendo o candidato mais forte na avaliação do próprio Palácio do Planalto.
A questão agora é saber se o voluntarismo das ruas será tão forte para levar Marina para um segundo turno, ou se Aécio Neves conseguirá, levado por um esquema partidário tradicional, convencer os eleitores de Marina de que ele é um político tradicional disposto à renovação ouvindo a voz das ruas.
Até o momento, Dilma está segura num segundo turno, o que deve ser suficiente para refrear o movimento de "Volta Lula" dentro do PT. Mas, além da economia, vai ser decisiva a capacidade da presidente de fazer política com seu partido e sua base aliada. Nada indica, porém, que ela seja capaz da reviravolta necessária na política, muito menos na economia.
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