FOLHA DE SP - 18/12
Fundamental ter um currículo claro e provas unificadas todo bimestre. E temos de alfabetizar no 1º ano. No Rio, vários alunos eram analfabetos funcionais
Os recentes resultados do Ideb, índice nacional que mede o desempenho da educação, permitem uma percepção clara dos desafios ainda a serem enfrentados se o Brasil deseja ter um desenvolvimento que inclua a todos.
Muito do que deve ser feito demanda ação firme dos municípios. Ainda temos muito a fazer, mas celebramos o avanço da educação no Rio de Janeiro: colocada agora em 4º lugar entre as capitais, para os anos iniciais, as escolas cariocas melhoraram em 22% nos anos finais, refletindo uma nota mais elevada na Prova Brasil e uma redução na evasão escolar e na repetência.
A importância da obtenção desses resultados em pouco tempo é clara quando voltamos à situação presente anos antes: só 29% das crianças de 5º ano com os conhecimentos apropriados para a série, pela Prova Brasil de 2007 (caindo de um patamar de 33% em 2005). Existiam 28 mil alunos analfabetos funcionais de 4º a 6º anos, sendo quase 17 mil apenas no 6º.
O esforço para dar um salto na qualidade da educação e assegurar equidade começou com o estabelecimento de um currículo claro, organizado por bimestres, com provas bimestrais unificadas de português, matemática, ciências e redação.
Convidamos os professores para ajudar na produção de material de apoio, na forma de cadernos pedagógicos e de aulas digitais, a serem projetadas em sala de aula.
Foi dada grande ênfase em alfabetização. Se havia tantos analfabetos funcionais, algo deveria estar errado. Investimos forte na formação do professor alfabetizador, autorizando, inclusive, que a escola escolhesse sua metodologia de alfabetização. Produzimos, junto com os professores, nosso próprio livro de alfabetização e passamos uma mensagem forte de que alfabetizamos no primeiro ano.
Não podemos aceitar que a escola privada alfabetize no primeiro ano e que a pública, dada a baixa escolaridade dos pais, deixe para fazê-lo mais tarde.
Para as áreas conflagradas, criamos o programa Escolas do Amanhã, com atividades pós-escola de arte, esportes e reforço escolar, com um programa inovador de ciências, centrado em experimentação, e com um método mais dinâmico de ensino para desfazer bloqueios cognitivos criados pela exposição diária à violência.
Cada escola recrutou um educador comunitário e três mães educadoras para ir à casa de alunos em risco de evasão e ser uma presença pacificadora no ambiente e implantou o Bairro Educador, iniciativa que integra as escolas e põe os espaços comunitários a serviço da educação.
Aqui também os avanços são excelentes: queda da evasão de 5,1% (2008) para 3,18% (2011) e aumento de 33% no IDEB dos anos finais, fase em que o tráfico recruta os jovens.
O reforço escolar teve importante papel na melhoria do ensino. Criamos um programa de aceleração dos mais velhos, de realfabetização dos analfabetos e o Nenhuma Criança a Menos, para garantir que os alunos com baixo desempenho nas avaliações externas tivessem chances de sucesso.
Criamos um novo modelo de ensino para adolescentes, o Ginásio Experimental Carioca, com muito protagonismo juvenil, interdisciplinariedade e educação baseada em projetos. Em tudo, uma forte preocupação em envolver as famílias. Produzimos cartilha para os pais apoiarem a educação em casa. Mesmo pais com baixa escolaridade podem e devem apoiar o estudo dos filhos, que agora recebem lição de casa e tarefas de férias.
Ainda há muito a fazer. Temos que garantir pelo menos sete horas de aula por dia, como fazem os países mais bem colocados no PISA, teste internacional de qualidade da educação em que o Brasil, apesar das melhorias, ainda ocupa o 53º lugar e colocar um sentido de urgência nos avanços. A pobreza de algumas áreas não pode ser desculpa. O Brasil tem pressa!
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