O Chelsea é melhor, favorito, mas, se o Corinthians vencer, pelo estilo, não será surpresa
Lembro que, antes da final da Copa de 1998, quando trabalhava na ESPN Brasil, um membro da comissão técnica da seleção brasileira, responsável pelas óbvias e ridículas palestras de autoajuda aos jogadores, me respondeu, olhando firmemente para a câmera, para impressionar os telespectadores: "Quem vai ganhar não é o melhor time, e sim o que jogar melhor". Papo furado. Muitas vezes, não vence o melhor nem o que joga melhor.
Muitos leitores, quando lerem esta coluna, já saberão quem é o campeão do mundo. A não ser que aconteça algo novo e impactante, que me faça rever meus muitos equívocos, não vou mudar meus conceitos sobre as equipes por causa de um resultado. Se trocar de opinião a cada jogo, serei uma metamorfose ambulante, como diz a bela música de Raul Seixas. Seria mais interessante e criativo, mas, como sou um comentarista, tento ser coerente.
Diferentemente do jogo equilibrado entre Corinthians e Al Ahly, o Chelsea foi muito superior ao Monterrey. Não fiquei surpreso com as dificuldades do Corinthians. A vitória apertada foi uma repetição de tantas outras contra times inferiores.
A principal razão de os times brasileiros e sul-americanos terem mais dificuldades que os europeus para vencer nas semifinais é técnica. Os times sul-americanos são melhores, mas não tão superiores. Isso reflete na final. Nos últimos cinco anos, os europeus levantaram a taça.
Isso não significa que o Corinthians não possa vencer o Chelsea, como ocorreu com o Inter, contra o Barcelona, e com o São Paulo, contra o Liverpool. O Corinthians, por jogar com muita segurança, não permitir nem criar muitas chances de gols, costuma penar para vencer os times piores e, ao mesmo tempo, ser capaz de dificultar ou de vencer qualquer equipe, mesmo as superiores ao Chelsea.
Preciso fazer uma correção. Disse que o Corinthians é o mais europeu dos times brasileiros. É, em parte, por causa do sistema tático. Por outro lado, por ter jogadores com menos qualidade em relação às melhores equipes da Europa, e pelo hábito brasileiro de trocar poucos passes e de fazer muitos lançamentos longos, o Corinthians se parece mais com os times italianos, como escreveu o mestre Juca Kfouri, ao citar palavras de Maradona.
O grande craque se referia ao tradicional futebol italiano. O atual procura jogar com mais bolas no pé e troca de passes, como no restante da Europa. Além disso, ainda há particularidades na maneira de atuar entre os países da Europa e entre os países sul-americanos.
Em minhas caminhadas diárias, sempre que passo em frente a um edifício, próximo ao que moro em Belo Horizonte, o porteiro, com um largo sorriso, grita: "Vai, Coringão!". Se o Corinthians for campeão, vai aumentar o número de loucos no Brasil e no mundo.
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