O Estado de S.Paulo - 19/01
Ainda a maior máquina partidária, o que o faz um aliado imprescindível a qualquer governo, o PMDB historicamente condiciona seu apoio político a um tratamento proporcional ao peso do partido, e ao vigor eleitoral do parceiro no comando do País.
Ao menor sinal de erosão de uma dessas variáveis corresponde uma reação, cuja intensidade é determinada pelo grau de ameaça percebido.
A história se repete agora quando o governo começa o ano da campanha da reeleição mais fragilizado do que previra.
O pano de fundo da insatisfação do PMDB são as condições mais competitivas dadas pelo governo ao PT, contemplado com pastas ministeriais bem mais influentes no processo eleitoral, e privilegiado na formação das alianças país afora.
A presidente Dilma, se inclina por uma solução que abra mais espaço ao partido, sem aumentar sua cota ministerial, preservando a capacidade do PMDB de exercer influência política junto a aliados e financiadores de campanhas.
O que preocupa o governo é o risco de perda de apoio em regiões estratégicas, num eventual processo de "cristianização" promovido pelo PMDB, com reflexos na campanha presidencial.
O partido é facilitado pelas condições gerais adversas ao governo. Embora dissimule as dificuldades, o Planalto sabe que os 43% de aprovação da presidente representam um índice vulnerável para quem está no Poder.
A deterioração da economia é real e gradativa e o governo já traiu suas preocupações com os efeitos desse quadro no cotidiano do eleitor mais de uma vez. Embora a influência da economia na eleição dependa do grau de percepção do eleitor, este já foi menor do que agora.
No cenário mais amplo, que inclui a conquista do governo de São Paulo, o ex-presidente Lula continua tenso com o efeito do fraco desempenho do prefeito Fernando Haddad sobre a candidatura de Alexandre Padilha que não afetou, até aqui, o favoritismo do governador Geraldo Alckmin.
A Copa do Mundo, um ativo eleitoral importante, ocorrerá com maus índices de mobilidade urbana e violência, que podem reduzir o poder ufanista do torneio, sempre unificador.
Passagens caras, trânsito infernal, aeroportos inconclusos, serviços urbanos abaixo da exigência mínima, podem contaminar a eleição, pela afetação do humor do eleitor.
São, portanto, acima do desejável, as apreensões do governo em 2014. Vão da economia às alianças regionais, passando pela crise entre os partidos da base e alcançando os riscos de uma Copa que aumentará a população das grandes cidades, desafiando a capacidade de gestão de um sistema já saturado.
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