terça-feira, setembro 10, 2013

Truculência às cegas - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 10/09
Causam perplexidade e indignação os atos de violência registrados nas festividades do Sete de Setembro. Perplexidade pela falta de preparo demonstrado pelas autoridades. Não surpreendeu a ninguém a presença de vândalos nas manifestações. Até as pedras sabiam que baderneiros iriam às ruas ofuscar o ato pacífico previsto para a ocasião.
A polícia, porém, deu novamente show de despreparo e amadorismo. Reprimiu com violência cidadãos que exerciam o legítimo direito de ir e vir. Não só. Profissionais da imprensa que acompanham o movimento para dar informação a leitores, ouvintes e telespectadores não tiveram melhor sorte. Sofreram ataques de quem deveria defendê-los.

Diante das cenas, entidades de classe divulgaram notas de repúdio contra a virulência injustificada. A Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) condenaram a reação desmedida. Houve até abuso de autoridade.

Capitão jogou spray de pimenta e desdenhou de cidadãos que se comportavam com civilidade e respeito. É preocupante a constatação da incapacidade das forças de segurança de separar o joio do trigo. Mascarados mal-intencionados precisam ser reprimidos e responder pelos prejuízos causados. Impõe-se discriminar quem é quem até para garantir o direito de homens e mulheres de se exprimir democraticamente.

As comemorações do Dia da Pátria foram burocráticas, sem as atrações que levavam famílias para o ato cívico. Encurtadas, empobrecidas e isoladas pela segurança, as paradas perderam o caráter festivo e afastaram as pessoas cujo único objetivo era homenagear os símbolos nacionais no dia a eles dedicado. Terminado o desfile, a maior parte dos presentes se retirou da concentração. Ficaram os manifestantes. Outra vez os baderneiros se infiltraram para tumultuar.

Foram eles, apesar de serem em menor número, que chamaram a atenção. Ou melhor: desviaram a atenção de quem estava lá para defender avanços sociais. O governo respirou aliviado. A grande derrotada é a sociedade. O Brasil precisa do brilho das manifestações pacíficas para promover mudanças. Sem a força das vozes populares, as autoridades continuarão a surfar na zona de conforto - incapaz de modernizar paradigmas obsoletos que se perpetuam na vida pública nacional.

Não foi sem razão que as manifestações de junho receberam aplausos entusiasmados da população de norte a sul do país. Pacíficas, oxigenaram velhas práticas que se reproduzem em palácios e ministérios. Levas de jovens, convocados pelas redes sociais, desfilavam cartazes com exigência de melhorias que interessam à sociedade. As urgências não morreram. Continuam a clamar as medidas que as máscaras querem calar.

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