FOLHA DE SP - 10/09
Contribuem para a escolha de uma sede olímpica não apenas projetos esportivos e orçamentos mas também as condições geopolíticas do momento dessa decisão.
Três eram as candidaturas finalistas para sediar a competição de 2020: Madri, Istambul e Tóquio. A lenta recuperação econômica na Europa e o alto desemprego no país decerto contribuíram para que a capital espanhola fosse eliminada na primeira rodada de votação entre os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) no sábado, em Buenos Aires.
A recente erupção de protestos populares contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan --seguida pela dura repressão governamental-- não favoreceu a candidatura da cidade turca, ademais prejudicada pela proximidade com a Síria, em violenta guerra civil.
Apresentada como a opção mais segura entre as concorrentes, Tóquio afinal ganhou, pela segunda vez, o direito de sediar a Olimpíada.
Em 1964, menos de 20 anos depois da derrota na Segunda Guerra Mundial, o Japão usou a competição esportiva para mostrar sua nova face ao mundo: um país desmilitarizado e em rápida ascensão econômica e tecnológica --o primeiro trem-bala da história, por exemplo, entrou em atividade a tempo de ser usado nos Jogos.
Hoje estagnado e ofuscado pelo protagonismo da China, o Japão vê nos Jogos Olímpicos de 2020 outra oportunidade de dinamizar sua economia e se reinserir no contexto internacional.
Não serão necessários grandes investimentos em infraestrutura, transporte público ou rede hoteleira. Poucas instalações esportivas terão de ser construídas, e a cidade já conta com um fundo de US$ 4,5 bilhões para essas obras. Tóquio estima um orçamento total abaixo de US$ 8 bilhões.
Cenário muito diverso do que se verifica no Rio de Janeiro, próxima sede olímpica. A cidade brasileira apresentou, em 2008, orçamento de mais de US$ 14 bilhões. A três anos da competição, acumulam-se dúvidas quanto a projetos de infraestrutura e prazos das obras --para nada dizer dos temores de corrupção com os gastos crescentes.
Não há exagero em afirmar que o jeitinho brasileiro já deixou um legado na história olímpica: influenciou o COI a levar os Jogos de volta a um país desenvolvido.
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