terça-feira, setembro 10, 2013

Silêncio em Washington - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 10/09

Oito parlamentares brasileiros estão em Washington a convite da Câmara Americana de Comércio (Amcham) desde ontem, numa missão parlamentar na qual foram recebidos por pesos-pesados da economia norte-americana com interesses no Brasil. No fim da tarde, estiveram com assessores do secretário de Estado norte-americano, Jonh Kerry. Ninguém fala sobre as denúncias de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos no Brasil, embora o assunto esteja em todas as cabeças. O constrangimento é geral.

O embaixador do Brasil em Washington, Mauro Vieira — ocupa a cadeira que já foi de Joaquim Nabuco, Oswaldo Aranha, Amaral Peixoto, Roberto Campos, Azeredo da Silveira, Paulo de Tarso Flexa de Lima, Sérgio Correia da Costa, Marcílio Marques Moreira, Antônio Patriota, entre outros —, não sabe ainda o que se passa nos bastidores da crise entre o Brasil e os Estados Unidos. Está zonzo.

Aguarda a chegada do novo ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, que deve se encontrar com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, na quarta ou quinta-feira. Figueiredo está em Genebra (Suíça). Tem a missão de cobrar as explicações prometidas pelo presidente Barack Obama à presidente Dilma Rousseff. Participam da comitiva parlamentar os senadores Ana Amélia (PP-RS) e Vital do Rêgo (PMDB-PB); e os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Hugo Napoleão (PSD-PI), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Mendes Thame (PSDB-SP), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e Duarte Nogueira (PSDB-SP).

Petrobras
Mais irritada por causa das novas revelações de que os Estados Unidos espionam as atividades da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff divulgou nota oficial ontem reiterando declarações que tinha dado em Moscou. “Se forem confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem de dados do Brasil, que agora têm como alvo a Petrobras, não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.”

Segurança
O Palácio do Planalto resolveu ir além dos justos protestos, do tipo “espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas”. A presidente Dilma Rousseff, finalmente, determinou ao gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência e ao Ministério da Defesa a adoção de medidas “para proteger o país, o governo e suas empresas”.

Empresas
Não foi por falta de aviso. Técnicos da Abin há três anos advertiam os superiores que a Petrobras e, também, a Embrapa (embora não tenha surgido nenhuma denúncia, ainda) são alvos permanentes de espionagem dos Estados Unidos e de outros países, assim como outras empresas estratégicas, como a do programa espacial e do submarino nuclear. O programa desenvolvido para as comunicações estratégicas do Palácio do Planalto — o Criptogov — nunca foi levado a sério. Ou melhor, foi; mas com o sinal trocado.

Pré-sal
O senador Pedro Simon (foto), PMDB-RS, classificou como de “extrema gravidade” as denúncias de espionagem norte-americana na Petrobras. “A espionagem do governo dos Estados Unidos é usada como pirataria, inclusive para favorecer as empresas americanas”, afirmou. Simon sugeriu a suspensão do leilão do Campo de Libra, localizado na camada de pré-sal na Bacia de Santos (SP). Segundo o senador, muitos especialistas criticam os termos do edital.

Reservas
O Campo de Libra tem potencial de reserva entre 8 bilhões e
12 bilhões de barris

Garantido
A aposentadoria por invalidez do deputado José Genoino (foto), do PT-SP, requerida na quinta-feira passada, é considerada direito líquido e certo pela Mesa da Câmara. A junta médica da Casa Legislativa não deve contestar o laudo assinado pelo cardiologista Roberto Kalil, do Instituto do Coração de São Paulo (InCor ). Genoino receberá integralmente o salário de R$ 26,7 mil e escapará da cassação, embora tenha sido condenado na Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal.

O petróleo é nosso
“Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro” — presidente Dilma Rousseff, ontem, protestando contra a espionagem da estatal pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos .

Unasul
O presidente do Suriname, Dési Bouterse, que assumiu a presidência da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL), formada por Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, é foragido da Interpol. Foi condenado em 2002 pela Justiça da Holanda a 11 anos de prisão sob a acusação de tráfico de cocaína. Bouterse é acusado de organizar remessas de cocaína colombiana para a Europa, via Brasil, pelo menos até 2006.

Bahia
O secretário de Relações Internacionais da Bahia, Fernando Schmidt, tomou posse ontem no cargo de presidente do Esporte Clube Bahia. Ele deixou o governo de Jaques Wagner (PT) para assumir as novas funções.

Samurai
Ministro de Comunicação Social do governo Lula, Luiz Gushiken está em estado grave no Sírio e Libanês. Permanece lúcido, à base de morfina, e ainda recebe os amigos quando está acordado.

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