O GLOBO - 04/09
O país tem uma série de oportunidades pela frente que poderão ser aproveitadas se conseguir provar ao mundo que a economia entrará nos eixos
A expansão de 1,5% no Produto Interno Bruto do segundo trimestre, de acordo com levantamento ainda preliminar do IBGE, foi um alento nesse momento em que parecia se disseminar um clima generalizado de desânimo na economia brasileira. Foram cometidos muitos equívocos nos últimos anos, mas mesmo assim não se pode desconsiderar que o país tem uma série de oportunidades pela frente, que, se bem aproveitadas, ajudarão a constituir um novo quadro.
Os números do IBGE mostraram o quanto é importante o Brasil dar prioridade ao investimento (em insuficientes 18% do PIB), especialmente em infraestrutura, para eliminar gargalos e obstáculos à atividade produtiva. Sem oferta de energia elétrica, telecomunicações adequadas, transportes racionalizados (não apenas no que se refere a cargas, mas também à mobilidade urbana), todo o esforço feito pelas empresas para obter ganhos de produtividade acaba se diluindo.
Investimentos precisam ser financiados essencialmente por poupança doméstica, gerada nos negócios das empresas e no esforço financeiro das famílias, e também no setor público, que é o maior agente da economia.
A inflação crônica durante décadas mascarou a situação de enorme desequilíbrio das finanças públicas. Só a partir do lançamento do real é que essa realidade veio à tona. Um ajuste fiscal foi posto em prática a partir de 1999, mas foi mais calcada em aumento de carga tributária do que em controle de gastos.
Um arcabouço institucional foi montado para tentar pôr a casa em ordem, e de fato ocorreram muitos avanços. Estados e municípios não podem se endividar a bel-prazer, as folhas de pagamentos estão limitadas a uma percentagem das receitas, incluindo as despesas com aposentadorias e pensões. E no caso do governo federal, os desvios da política de ajuste são punidos pelo mercado com perda de credibilidade —, o que efetivamente ocorreu e as autoridades governamentais têm prometido corrigir.
Mesmo aproximando-se do fim de mandato, o governo Dilma ainda tem tempo para contribuir para um processo de recuperação da economia brasileira se fizer com que o setor público volte a poupar. E nesse caso terá de “matar a cobrar e mostrar o pau”, porque todos já se cansaram dos artifícios para se chegar, contabilmente, a um bom resultado nas finanças públicas, sem que o desempenho concreto apareça.
No ano que vem, o Brasil será sede da Copa do Mundo. É o momento de também provar que a economia brasileira está entrando nos eixos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário