O GLOBO - 04/09
O PIB do segundo trimestre maior que o esperado renovou o ânimo, mas ontem veio a f ducha de água fria com a queda de 2% da indústria, em julho. Assim está a economia brasileira este ano. O sobe e desce da indústria confunde empresários, mas, apesar da instabilidade, ela cresceu na comparação com 2012. Na balança comercial, o ano é vermelho, mas o pior momento do déficit ficou para trás.
O terceiro trimestre começa mais negativo com a queda da produção industrial de 2% sobre junho, que foi maior do que o projetado no mercado. Tudo caiu, mas principal: mente o setor automotivo. Quando se compara com o mesmo mês do ano passado, há uma alta significativa dos bens de capital — de 15,7% — e isso quer dizer que, mesmo indo aos trancos e barrancos, a indústria tem investido.
Na balança comercial, o que tem puxado para baixo, e mantido o déficit, é a conta petróleo. O rombo passa dos US$ 16 bilhões. No PIB, festejado na sexta-feira, o mais interessante não é o resultado isolado de um período, mas o fato de que em 12 meses ele vem subindo. No primeiro trimestre deste ano, o crescimento subiu de 0,9% para 1,2%, e agora, no segundo trimestre, chegou a 1,9%. Essa taxa deve continuar subindo, para fechar 2013 em torrio de 2,5%. Resultado melhor do que no ano passado, mas aquém das nossas necessidades e possibilidades.
A indústria continua instável. A queda de 2% em julho eliminou o ganho de 2,1% de junho. Esse resultado colocou o setor industrial 3,6% abaixo do recorde de maio de 2011, mas o crescimento acumulado em 12 meses está subindo. Saiu de -2,6% em novembro do ano passado e saltou para 0,7% em julho. Isso quer dizer que a indústria parou de atrapalhar e vai contribuir com algum crescimento em 2013.
O Boletim Focus, com as projeções das instituições financeiras, estima alta da produção industrial de 2,1% no ano.
O resultado da balança comercial, divulgado na segunda-feira, mostra que há oito meses o país está com déficit acumulado no ano. Em parte, a estatística foi prejudicada pela estratégia de empurrar para este ano dados de importação de petróleo e combustíveis que deveriam ter entrado nos números de 2012.0 truque não deu certo, como era de se esperar, e revelou o centro do problema: a produção de petróleo e derivados não consegue atender ao consumo. O Brasil está crescentemente dependente de gasolina importada, pelo incentivo ao consumo do combustível fóssil.
A desvalorização do real, que foi tão desejada pelo governo e pela indústria, provocou turbulência ao chegar. Mas pode ajudar, incentivando as exportações, principalmente quando o câmbio estabilizar num novo patamar. O problema é que o dólar mais alto provoca a pressão inflacionária, que tem sido combatida com elevação de taxa de juros, que, por sua vez, pode esfriar mais a economia.
O cenário econômico de 2013 não tem sido fácil. Dados negativos e positivos se alternam mostrando que será preciso um pouco mais para a recuperação da confiança do investidor. Na sexta, o país teve a euforia da alta do PIB, na segunda, veio o superávit comercial de agosto, mas que não tirou a balança do negativo, e, na terça, veio o tombo da indústria.
A instabilidade dos indicadores econômicos mostra que o governo tem errado na condução da política econômica. O país não tem conseguido firmar uma trajetória de crescimento sustentado. Os estímulos ao consumo e o incentivo à indústria produzem números bons, mas passageiros, para de novo a economia registrar queda de algum indicador importante, como aconteceu ontem com a indústria.
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