Sete meses depois do lançamento do marco regulatório dos portos e enquanto o governo federal segue na tentativa de fazer andar a medida provisória destinada a modernizar a área, o país assiste na prática aos prejuízos concretos da falta de providências oficiais. Diante da precariedade das rodovias de acesso aos portos, filas de caminhões carregados de soja, principalmente de Mato Grosso, se estendem por dezenas de quilômetros. Inconformada com os atrasos, a China, maior importador de grãos do Brasil, começa a cancelar pedidos de compra, o que é lamentável.
O caos só se instalou dessa forma no sistema portuário, entre outras razões, porque o setor público deixou de fazer o que lhe competia, que é assegurar infraestrutura adequada ou, na falta de condições, transferir a missão para quem se dispõe a encará-la. Só nos últimos cinco anos, a produção nacional de grãos saltou de 135 milhões para os atuais 183 milhões de toneladas. Enquanto isso, os investimentos ficaram mais no plano das intenções. Até 2017, a previsão é de que alcancem R$ 54,2 bilhões. Mas, para isso, será preciso aprovar as novas regras previstas na chamada MP dos Portos. Ao que tudo indica, esse será o nó mais difícil de ser desatado.
O certo é que o produtor brasileiro de grãos não pode continuar arcando com o ônus da falta de ação. A situação, hoje agravada pela chuva, tende a ficar pior ainda neste ano quando começarem os embarques de outros grãos, o que deve generalizar as perdas.
É inaceitável que um país com potencial tão grande para continuar ampliando sua produção, gerando excedentes a cada ano maiores para serem exportados, simplesmente não tenha como entregar o produto aos clientes pela ausência de ferrovias e rodovias adequadas, pela insuficiência de armazéns e silos e pela absoluta falta de condições dos portos de atender ao aumento da movimentação de cargas. Enquanto não conseguir acabar com esses gargalos, o país seguirá colhendo frustrações.
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