sábado, dezembro 08, 2012
Outubro, primeiro mês em que a indústria é otimista - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 08/12
A produção industrial do mês de setembro de 2012 foi recebida com uma decepção que os dados do trimestre das Contas Nacionais haviam confirmado. Esperava-se que outubro, primeiro mês do último trimestre do ano, oferecesse motivo para sair do pessimismo.
Com efeito, os indicadores divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) foram bem recebidos pela indústria. O otimismo contido do setor, no entanto, depende mais dos efeitos das recentes medidas tomadas pelo governo: redução do custo da energia, extensão da desoneração da folha de pagamentos a maior número de setores e redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
Os dados frios, no entanto, ficaram muito aquém do esperado. O faturamento real, em termos dessazonalizados, apresentou recuo pela segunda vez (de 1% em outubro). É um resultado que tem de ser interpretado com cuidado. Com efeito, comparado com o mesmo mês de 2011, registrou-se uma elevação do faturamento real de 6,2%. O fato mais importante, porém, é que o número de horas trabalhadas (também dessazonalizado) aumentou 0,5%.
Se consideramos que a Utilização da Capacidade Instalada ficou no mesmo nível de setembro (81%) e o emprego cresceu 0,2%, podemos concluir que houve uma melhora da produtividade, mas, especialmente, que as empresas por enquanto se recusam a investir. Elas aguardam, para tanto, um crescimento da demanda com caráter mais duradouro e preferem, nas vésperas das festas natalinas, aumentar as horas trabalhadas para atender a uma previsível melhoria do nível da demanda.
Essa é uma atitude que acompanha a elevação, por 34 meses seguidos, da massa salarial e que reflete, até agora, certo cuidado das empresas, num contexto econômico de quase pleno emprego, em oferecer salários elevados para não perder mão de obra. No entanto, seria preciso avaliar se este quadro de pleno emprego decorre de um fenômeno demográfico que esteja reduzindo a oferta de jovens no mercado de trabalho.
De fato, levando em conta os setores que acusaram aumento real do faturamento em outubro, constata-se que ele foi bastante comum (14 setores sobre 19). Alguns desses setores produziram mais em razão das festas de fim de ano (vestuário, por exemplo); outros, por causa de incentivos fiscais (automóveis e madeira), que se poderão traduzir em sérios problemas quando forem suprimidos.
Se acontecer de fato a redução de custos que o governo pretende, será necessário rever toda a política industrial.
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