FOLHA DE SP - 09/03
Parece piada, mas SP se tornou a capital com a menor taxa de homicídios, na contramão do país
SÃO PAULO É A capital menos perigosa do Brasil. Pelo menos, tem a menor taxa de homicídios, de longe. Para os paulistanos, vai parecer piada ou mentira. Não é.
A incredulidade dos moradores da cidade tem fundamento. Ainda em 2001, a capital paulista era a quinta cidade mais perigosa do país. A taxa de homicídios era cinco vezes maior. Muita gente perdeu parentes e amigos no morticínio, ou disso teve muita notícia.
Neste século, a baixa do número de homicídios em São Paulo foi notável. Trata-se de um sucesso dos governos tucanos, fracos em educação ou transporte, por exemplo.
O dado não é novo, embora ainda mal explicado e pouco conhecido, pois neste ano muito tem se falado da "violência descontrolada" na cidade, uma arenga autoritária que deve ser criticada, ainda mais em ano de eleição.
A taxa de homicídios no Brasil ronda os 27 por 100 mil habitantes desde 1997-98 (13,5 por 100 mil no Estado de São Paulo). Excluindo São Paulo, a média brasileira vai a 32 por 100 mil.
Além de São Paulo, sete Estados conseguiram baixar sua taxa de homicídios, mas para níveis ainda comparáveis aos dos seis ou sete países mais violentos do mundo. Neste século houve uma tendência de homogeneização das taxas de homicídio pelo país. Estados mais violentos em geral ficaram mais pacíficos, e vice-versa. Estados nordestinos, mais tranquilos do que São Paulo em 2001 (com exceção de Pernambuco), agora experimentam morticínio maior, assim como Minas e Paraná.
Como dá para perceber, não há relação entre nível de renda ou desigualdade e taxa de homicídios (o que não quer dizer que violências não têm nada a ver com pobreza e desigualdade, a depender dos tipos de urbanização, cultura, padrões de migração etc. O assunto é bem complicado).
O que houve em São Paulo? O desemprego caiu, a renda cresceu etc. Mas tudo isso aconteceu no resto do Brasil também.
Estudos preliminares indicam que a taxa de prisões e encarceramento esteve associada à redução do morticínio paulista, assim como a apreensão de armas e campanhas de desarmamento. Mais difícil de medir, o trabalho da polícia se tornou mais inteligente
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