CORREIO BRAZILIENSE - 09/03
Qualquer economia é cíclica. A efetiva diferença está em como o governo de certo país, sozinho ou associado a outros, reage aos ciclos, curtos ou longos, favoráveis ou negativos e os marcados pelas turbulências episódicas. Conta a capacidade de induzir novos ciclos, para o bem ou para o mal. Bom teste para a tese será como o Brasil vai encarar os dilemas que emergiram logo depois do carnaval. Premido pelas pressões internacionais sobre os mercados emergentes (sustentadas pela crescente tensão militar na Ucrânia) e, ainda, pela perspectiva de redução mais acelerada dos estímulos da autoridade monetária americana, o Planalto terá, na quaresma, tempo de duras reflexões sobre os erros do passado recente e as escolhas a serem feitas no futuro próximo.
Entre os pecados que cobram penitência, estão os abusos cometidos na contabilização das contas públicas - em prejuízo da confiabilidade externa e doméstica - nas projeções da política econômica e na fixação de preços políticos para a conta de luz e para os combustíveis nas bombas. Os efeitos degenerativos de medidas que levaram a armadilhas para a balança comercial e o equilíbrio do abastecimento de eletricidade podem acarretar o temível rebaixamento da nota de risco de crédito do país. Em outras palavras: o contorcionismo de ontem está levando a fardo pesado demais para o Estado carregar. Converte-se, gradualmente, em punição mais severa para o bolso dos contribuintes e redução nas previsões de crescimento.
Nem mesmo a surpresa positiva decorrente do incremento de 0,7% do PIB no último trimestre de 2013, que impediu a confirmação de recuo e a recessão técnica, foi capaz de tornar o período de privações menos severo, em busca de renovação mais alentada ao chegar à Páscoa. O pibinho de 2,3% no ano passado deverá se repetir este ano, considerando melhora nos cenários cambial e das exportações. Mas o deficit acumulado na balança comercial nos dois primeiros meses deste ano, de US$ 6,2 bilhões, o maior desde 1994, mostra que a redenção não será fácil. O desempenho insuficiente no setor externo terá impacto na dívida soberana, nos juros e no PIB, sem ser aplacado por "exportações" de plataformas de petróleo do Brasil... para o Brasil.
A retração da economia argentina poderá, por exemplo, tirar US$ 3 bilhões das exportações brasileiras, mas a valorização das commodities deve compensar a perda. Certo é que as importações de óleo para mover o parque de usinas térmicas, garantia contra apagões, continuarão arrombando as contas da Petrobras. O deficit comercial de petróleo e derivados deve cair à metade este ano, para US$ 6 bilhões, desde que a produção da estatal não sofra reveses inesperados. Com tantos números vindos da aflição, não se pode falar em tendências definitivas para 2014. Contra o racionamento de energia, o rebaixamento das notas de crédito e surtos inflacionários, o governo deveria investir em diálogo e transparência. Sua maior limitação para fazer isso está, contudo, nos ditames do calendário eleitoral.
Entre os pecados que cobram penitência, estão os abusos cometidos na contabilização das contas públicas - em prejuízo da confiabilidade externa e doméstica - nas projeções da política econômica e na fixação de preços políticos para a conta de luz e para os combustíveis nas bombas. Os efeitos degenerativos de medidas que levaram a armadilhas para a balança comercial e o equilíbrio do abastecimento de eletricidade podem acarretar o temível rebaixamento da nota de risco de crédito do país. Em outras palavras: o contorcionismo de ontem está levando a fardo pesado demais para o Estado carregar. Converte-se, gradualmente, em punição mais severa para o bolso dos contribuintes e redução nas previsões de crescimento.
Nem mesmo a surpresa positiva decorrente do incremento de 0,7% do PIB no último trimestre de 2013, que impediu a confirmação de recuo e a recessão técnica, foi capaz de tornar o período de privações menos severo, em busca de renovação mais alentada ao chegar à Páscoa. O pibinho de 2,3% no ano passado deverá se repetir este ano, considerando melhora nos cenários cambial e das exportações. Mas o deficit acumulado na balança comercial nos dois primeiros meses deste ano, de US$ 6,2 bilhões, o maior desde 1994, mostra que a redenção não será fácil. O desempenho insuficiente no setor externo terá impacto na dívida soberana, nos juros e no PIB, sem ser aplacado por "exportações" de plataformas de petróleo do Brasil... para o Brasil.
A retração da economia argentina poderá, por exemplo, tirar US$ 3 bilhões das exportações brasileiras, mas a valorização das commodities deve compensar a perda. Certo é que as importações de óleo para mover o parque de usinas térmicas, garantia contra apagões, continuarão arrombando as contas da Petrobras. O deficit comercial de petróleo e derivados deve cair à metade este ano, para US$ 6 bilhões, desde que a produção da estatal não sofra reveses inesperados. Com tantos números vindos da aflição, não se pode falar em tendências definitivas para 2014. Contra o racionamento de energia, o rebaixamento das notas de crédito e surtos inflacionários, o governo deveria investir em diálogo e transparência. Sua maior limitação para fazer isso está, contudo, nos ditames do calendário eleitoral.
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