domingo, março 09, 2014

De índios e petróleo DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 09/03

Ainda que resolva hoje alguma partícula de seus problemas com o PMDB, a presidente Dilma Rousseff não terá tranquilidade no Congresso, onde até os índios ameaçam o governo. Três caciques de tribos de Santa Catarina, Mato Grosso e Rondônia procuraram a Frente Parlamentar de Agricultura e Agropecuária para mudar a política indigenista brasileira. Querem ter liberdade para entrar no mundo dos negócios como qualquer outro brasileiro nato.

A ideia é tratar desse tema na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, enquanto, no plenário, a batalha ficará por conta do Marco Civil da Internet. Para completar o bolo, vem mais uma investida da oposição em prol da comissão externa para fiscalizar a Petrobras. Juntando esses problemas com a crise na área de energia — na qual não está descartado um novo aumento de tarifa — é confusão para mais de metro marcando a abertura política do ano eleitoral.

Coerência jurídica

Pelo visto, é certo que o voto do ministro José Antônio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), será a favor de que o processo contra o ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) volte para as instâncias inferiores. Afinal, Toffoli foi rápido no gatilho ao remeter o processo contra o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel (PT) de volta à primeira instância, porque ele deixou o cargo. Informação política jurídica: Dias Toffoli foi o último ministro indicado ao Supremo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sinais
A simetria das ações entre o senador Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tirou todas as dúvidas sobre a união deles num possível segundo turno na eleição presidencial. Em solo pernambucano, o PSDB fechou com o PSB, assim como em Minas Gerais, o PSB fechará com os tucanos. Para Lula e Dilma, esses movimentos mostram que o PT pode perder as esperanças de ver Eduardo de volta à base lulo-dilmista.

Continhas
Os peemedebistas fizeram as contas e descobriram que Dilma Rousseff não consegue mais isolar o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha. Isso porque o parlamentar fluminense tem total apoio da bancada e quase 200 votos na convenção do partido que analisará a hipótese de desembarque do governo. Para tirar esse poder, só mesmo se vier um ministro do partido mais forte do que Cunha para atrair os deputados.

PT deu “chapéu”
O PMDB, que se sente escanteado na reforma ministerial, percebeu agora que faz figuração na área de telecomunicações. O mesmo PT, que fez do deputado Vicente Candido presidente da CCJ, acaba de guindar o conselheiro Jarbas Valente ao posto de vice-presidente da Anatel. Valente é ligado a João Rezende e ao ministro Paulo Bernardo. O conselheiro Marcelo Bechara, que era uma das esperanças do PMDB para a vaga, ficou a ver navios.

CURTIDAS

O périplo de Joaquim I
Joaquim Barbosa estava na última sexta-feira em Angola, depois de passar por Gana e Quênia, segundo ele, “para colher experiências”. Em Angola, assistiu à abertura do Ano Judicial e foi recebido à tarde pelo presidente José Eduardo dos Santos.

O périplo de Joaquim II
Como nos outros países, o ministro proferirá uma palestra, mas sem a presença da imprensa. Disse que a conversa é entre magistrados e se recusa a conceder entrevistas. Depois da polêmica provocada durante sua visita à Costa Rica, quando ele criticou a imprensa brasileira, classificando-a como uma certa inclinação de direita, ele prefere os jornalistas bem longe de suas palestras mundo afora.

Restam cinco
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) fechou a candidatura ao GDF. Falta o mais difícil, aliados. Isso porque tem apenas quatro partidos fora das órbitas da reeleição de Agnelo Queiroz ou da dupla Arruda-Roriz: PDT, PSol, PPS, PSD e SDD. É por aí que ele buscará seus apoios.

Roaming
O deputado Eduardo Cunha passou o carnaval em... Veneza. E, a contar pelos tuítes que ele postou e os telefonemas que atendeu, os deputados que ficaram aqui imaginavam o líder sentado numa gôndola de celular e tablet em punho, em vez de se deixar levar pelos labirintos da cidade.

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