FOLHA DE S. PAULO - 09/03
Tirada nesta última semana, uma foto da praia de Ipanema pode acrescentar-se à coleção de precariedades que se verificam nos aeroportos, na segurança ou nas obras públicas, todas prontas a alimentar o pessimismo quanto ao estado do país quando começar a Copa.
No belo cenário, o lixo extravasava de vastos recipientes cor de laranja, espalhando-se pela areia. A imagem mostra os efeitos da greve dos garis no Rio de Janeiro. A movimentação, mantida à revelia do sindicato (o qual aceitou reajuste de 9%), tem a adesão significativa de profissionais da categoria.
A lei não lhes dá razão. A Justiça do Trabalho determinou sua volta ao trabalho, e --necessitando espantosamente de uma escolta privada-- caminhões da companhia de limpeza procederam à tarefa de recolher o material acumulado.
Uma partícula ínfima desse lixo, enquanto isso, ganhou notoriedade especial. Foi arremessada, não se consegue ver diretamente aonde, pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), enquanto ouvia um discurso em sua homenagem.
O vídeo, de 15 de fevereiro, circulou na internet. Pelo que se relata, Paes comia uma fruta durante o discurso. Joga para o alto um pedaço; joga outro logo em seguida.
Cabe lembrar que o prefeito tem se destacado, e chegou a crescer em popularidade, pela disposição punitiva com relação a comportamentos desse tipo. Numa versão da "tolerância zero" aplicada em outras cidades do mundo, determinou multas que vão até R$ 3.000 para quem jogar lixo na rua.
Dado o constrangimento da situação, a prefeitura produziu nota oficial. Argumenta que o pedaço da fruta não foi filmado no momento em que chegou ao solo. Paes, provavelmente, teria arremessado o detrito na direção de uma lixeira mais afastada, ou para que um de seus assessores (provavelmente treinado em peteca ou vôlei de praia) colhesse o resíduo e o depositasse no local adequado.
A nota pode ir, entretanto, para o cesto de papéis, uma vez que o prefeito --num lance de espírito esportivo-- determinou que lhe seja aplicada a multa devida.
Seria péssimo, de fato, se todos os infratores recorressem de punições semelhantes com esse tipo de argumento. Mas assessores de políticos são para isso mesmo: se não recolhem a sujeira a tempo, tratam ao menos de tentar limpá-la das mãos de quem a produziu.
No belo cenário, o lixo extravasava de vastos recipientes cor de laranja, espalhando-se pela areia. A imagem mostra os efeitos da greve dos garis no Rio de Janeiro. A movimentação, mantida à revelia do sindicato (o qual aceitou reajuste de 9%), tem a adesão significativa de profissionais da categoria.
A lei não lhes dá razão. A Justiça do Trabalho determinou sua volta ao trabalho, e --necessitando espantosamente de uma escolta privada-- caminhões da companhia de limpeza procederam à tarefa de recolher o material acumulado.
Uma partícula ínfima desse lixo, enquanto isso, ganhou notoriedade especial. Foi arremessada, não se consegue ver diretamente aonde, pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), enquanto ouvia um discurso em sua homenagem.
O vídeo, de 15 de fevereiro, circulou na internet. Pelo que se relata, Paes comia uma fruta durante o discurso. Joga para o alto um pedaço; joga outro logo em seguida.
Cabe lembrar que o prefeito tem se destacado, e chegou a crescer em popularidade, pela disposição punitiva com relação a comportamentos desse tipo. Numa versão da "tolerância zero" aplicada em outras cidades do mundo, determinou multas que vão até R$ 3.000 para quem jogar lixo na rua.
Dado o constrangimento da situação, a prefeitura produziu nota oficial. Argumenta que o pedaço da fruta não foi filmado no momento em que chegou ao solo. Paes, provavelmente, teria arremessado o detrito na direção de uma lixeira mais afastada, ou para que um de seus assessores (provavelmente treinado em peteca ou vôlei de praia) colhesse o resíduo e o depositasse no local adequado.
A nota pode ir, entretanto, para o cesto de papéis, uma vez que o prefeito --num lance de espírito esportivo-- determinou que lhe seja aplicada a multa devida.
Seria péssimo, de fato, se todos os infratores recorressem de punições semelhantes com esse tipo de argumento. Mas assessores de políticos são para isso mesmo: se não recolhem a sujeira a tempo, tratam ao menos de tentar limpá-la das mãos de quem a produziu.
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