GAZETA DO POVO - PR - 02/02
Foi em 2001 que o então economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O’Neill, cunhou o termo Bric, referindo-se a Brasil, Rússia, Índia e China. A ideia era designar potenciais motores da economia mundial que, até 2050, estariam entre os cinco maiores PIBs do mundo, deixando para trás tradicionais colossos industriais como Alemanha e Japão.
Hoje a atenção de O’Neill, e consequentemente do noticiário econômico internacional, volta-se para um novo acrônimo, criado muito recentemente: os países Mint: México, Indonésia, Nigéria e Turquia. Esses países não merecem menos atenção que os já constantemente observados Brics, e não é para menos. O México elegeu seu novo presidente em julho de 2012, e Enrique Peña Nieto tem realizado uma série de reformas em infraestrutura, aumentado a classe média, criado um grande mercado consumidor interno e diminuído as taxas de pobreza. De acordo com o Banco Mundial, as expectativas para o México em 2014 e em 2015 são de crescimento de 3,6% com uma taxa de inflação de pouco mais de 3,5%. As expectativas para o Brasil, considerando-se o mesmo período, são de um aumento de 2% do PIB e uma taxa de inflação média na casa dos 5,5%. Além disso, a agência Standard & Poor’s aumentou a nota do México em dezembro, e sugere que poderá rebaixar o rating brasileiro em breve.
A Indonésia, por sua vez, possui uma população de cerca de 240 milhões de pessoas, cerca de 20% a mais que a população brasileira. O país tem a maior economia do Sudeste Asiático, e o Goldman Sachs espera que até 2050 tenha também o nono maior PIB mundial, na casa dos US$ 6 trilhões anuais, bem acima dos atuais US$ 880 bilhões.
Boas perspectivas têm também a Nigéria e a Turquia, para as quais se espera que tenham o 13.º e o 14.º maiores PIBs, respectivamente, até 2050. Esse crescimento terá por base a continuidade das atuais políticas de modernização em infraestrutura, educação e energia. Istambul é, atualmente, a quarta cidade em número de bilionários no mundo, atrás apenas de Nova York, Moscou e Londres.
Paralelamente a essas notícias sobre os emergentes Mints, o Financial Times destaca que o Brasil perdeu cerca de US$ 284 bilhões em investimentos estrangeiros nos últimos três anos. Ao mesmo tempo, de acordo com o Banco Central brasileiro, a defasagem da conta externa subiu 50% em 2013, fechando o ano com um déficit de US$ 81,37 bilhões.
Tantos números, índices e projeções mostram que, a menos que o Brasil mude sua política econômica, nosso futuro não será nada promissor. Enquanto investimos em estádios faraônicos, a concorrência externa acirra-se cada vez mais. Em ano de eleição, quando se discutem novos planos de governo e novas possibilidades para o futuro, é importante dedicarmos alguma atenção à modernização de nossa sucateada infraestrutura e à retomada de nosso crescimento. Mais que isso: em vez de permanecermos “deitados eternamente em berço esplêndido”, é importante retomarmos a confiança do empresariado doméstico e dos investidores externos, antes que outros emergentes chamem para si a atenção que um dia foi nossa.
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